ESTUDO DECENAL DOS PADRÕES EPIDEMIOLÓGICOS DE NEOPLASIA MALIGNA DO ESÔFAGO NAS UNIDADES GEOGRÁFICAS DO BRASIL (2013-2023): ANÁLISE DE VARIAÇÕES TEMPORAIS E ESPACIAIS 

TEN-YEAR STUDY OF EPIDEMIOLOGICAL PATTERNS OF MALIGNANT NEOPLASMS OF THE ESOPHAGUS IN GEOGRAPHIC UNITS OF BRAZIL (2013-2023): ANALYSIS OF TEMPORAL AND SPATIAL VARIATIONS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11120903


Marcelo Vinícius Pereira Silva¹; Rita Correia Furtado¹;  Beatriz Ferraz Siqueira¹;  Anne Vitoria Nogueira de Almeida¹;  Maria Camilly Gomes de Oliveira¹;  Elielson Mendonça de Oliveira¹;  Fernando Albino do Nascimento¹;  Fernanda Mayara Oliveira Claros¹;  Júlia Bissoli Alves¹; Stênio Alves Leite de Andrade²


Resumo em Português: 

Introdução: A neoplasia de esôfago possui uma significativa incidência no Brasil e no mundo, sendo a sexta neoplasia mais frequente entre os homens e a décima quinta entre as mulheres, destacando-se devido a sua alta taxa de mortalidade quando maligna. Metodologia: Com o objetivo de examinar e comparar as propensões de neoplasia maligna do esôfago, foram selecionados dados de 2013 a 2023 de fontes como o Sistema de Informações de Câncer (SISCAN) e outras, abrangendo as cinco regiões geográficas brasileiras, tendo apenas os casos que possuem diagnóstico detalhado como critério de seleção. Resultados: Durante a pesquisa, foi possível observar que a incidência de diagnóstico dessa neoplasia na última década foi maior nas regiões sudeste e sul, seguido por nordeste, centro-oeste e norte, através de uma análise total, alterando apenas as regiões sul e sudeste quando considerado a densidade populacional. Discussão: O crescimento do número de casos em algumas regiões pode ser explicado devido aos fatores de risco serem mais prevalentes nessas áreas, além dessa neoplasia, na maioria dos casos, contar com um diagnóstico tardio pois os sintomas costumam aparecer somente em estados mais avançados da doença. Conclusão: Medidas de prevenção, através da propagação e divulgação dos fatores de risco e o diagnóstico precoce são as principais intervenções que podem colaborar com a diminuição da taxa de mortalidade causada pela neoplasia de esôfago, com foco nas regiões sul que apresentou maior incidência demográfica e sudeste com maior incidência total, visando minimizar os danos causados pela doença. 

Palavras-chave em Português: Neoplasias Esofágicas, Brasil, Epidemiologia Analítica.

Abstract 

Introduction: Esophageal neoplasia has a significant incidence in Brazil and worldwide, ranking as the sixth most common neoplasm among men and the fifteenth among women, standing out due to its high mortality rate when malignant. Methods: In order to examine and compare the propensities of esophageal malignant neoplasia, data from 2013 to 2023 were selected from sources such as the Sistema de Informações de Câncer (SISCAN) and others, covering the five Brazilian geographic regions, with only cases that have detailed diagnosis as a selection criterion. Results: During the research, it was possible to observe that the incidence of diagnosis of this neoplasia in the last decade was higher in the southeast and south regions, followed by northeast, central-west, and north, through a total analysis, with only the south and southeast regions changing when considering population density. Discussion: The growth in the number of cases in some regions can be explained by the fact that risk factors are more prevalent in these areas, and this neoplasia, in most cases, is diagnosed late because symptoms usually appear only in more advanced stages of the disease. Conclusion: Prevention measures, through the dissemination and promotion of risk factors and early diagnosis, are the main interventions that can contribute to reducing the mortality rate caused by esophageal neoplasia, focusing on the southern region, which showed higher demographic incidence, and the southeast with the highest total incidence, aiming to minimize the damage caused by the disease. 

Keywords:Esophageal Neoplasms, Brazil, Analytical Epidemiology

1. INTRODUÇÃO 

As neoplasias do esôfago representam um desafio significativo para a saúde pública em todo o mundo, com impactos consideráveis na qualidade de vida e na sobrevida dos pacientes (1). Esta neoplasia, está entre as 10 mais incidentes no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (2), o câncer de esôfago está em sexto lugar da neoplasia mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres. Mundialmente, ele é o oitavo mais frequente e sua incidência em homens é cerca de duas vezes maior do que em mulheres (2,3). No contexto brasileiro, o diagnóstico e a abordagem dessas neoplasias têm evoluído ao longo dos últimos 10 anos, refletindo avanços tanto no entendimento da biologia tumoral e sua incidência quanto nas modalidades de diagnóstico e tratamento (3). O esôfago é suscetível a diversos tipos de tumores, sendo o carcinoma esofágico o mais prevalente. 

Estudos epidemiológicos têm destacado uma variedade de fatores de risco associados ao desenvolvimento de neoplasias do esôfago no contexto brasileiro. Entre esses fatores, incluem-se o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, a exposição a substâncias carcinogênicas e condições como a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) (4). A análise desses fatores é crucial para a compreensão da etiologia das neoplasias esofágicas no país e pode fornecer estratégias de prevenção e intervenção, visto que, com uma variedade de fatores de risco, a compreensão desses fatores é crucial para a prevenção e diagnóstico precoce (4,5). 

Nos últimos anos, avanços em técnicas de imagem, como endoscopia de alta resolução, têm desempenhado um papel crucial no diagnóstico precoce dessas neoplasias, permitindo a identificação de lesões em estágios iniciais (5). Além disso, a pesquisa continua a explorar biomarcadores e técnicas de imagem mais sensíveis, buscando melhorar a precisão diagnóstica e otimizar as estratégias de rastreamento em populações de risco, a implementação de protocolos de rastreamento em populações de alto risco tem se mostrado promissora na detecção precoce e no aumento das taxas de sobrevida (4,5,6). 

A neoplasia maligna do esôfago, principalmente o carcinoma esofágico, destaca-se devido à sua alta morbidade e mortalidade. A análise detalhada dessa neoplasia é justificada pela necessidade de compreender suas características específicas, como subtipos histológicos, padrões de metástase e resposta a diferentes modalidades de tratamento (4,6). Focar na neoplasia maligna do esôfago permite uma abordagem mais direcionada para melhorar a prevenção, diagnóstico e tratamento, maximizando os recursos de saúde (7). 

O estado atual do conhecimento sobre as neoplasias de esôfago no Brasil é dinâmico, com pesquisas recentes explorando novas facetas da epidemiologia, biologia molecular e terapêutica. Contudo, lacunas ainda persistem, especialmente em relação às disparidades regionais, acessibilidade aos serviços de saúde e eficácia das estratégias preventivas. Uma revisão abrangente do estado atual do conhecimento é crucial para identificar áreas prioritárias para pesquisa futura (3,7). 

Este estudo tem como objetivo principal aprofundar a compreensão das neoplasias de esôfago diagnosticadas no Brasil nos últimos 10 anos, por meio de uma análise epidemiológica abrangente. Os objetivos específicos incluem a identificação de tendências temporais, a avaliação dos fatores de risco predominantes, a caracterização dos subtipos histológicos e a análise da eficácia das intervenções existentes. A pesquisa visa fornecer dados críticos para orientar políticas de saúde e estratégias clínicas mais efetivas que possam impactar positivamente a trajetória dessas neoplasias no cenário brasileiro. 

2. METODOLOGIA 

Conduziu-se uma investigação analítica, de escopo nacional, observacional e retrospectiva, visando examinar e comparar as tendências temporais e regionais nas taxas padronizadas de diagnóstico detalhado de neoplasia maligna do esôfago (C15) no Brasil, abrangendo o período de 2013 a 2023. As fontes de dados utilizadas foram o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), por meio do Boletim de Produção Ambulatorial Individualizado (BPA-I), a Autorização de Procedimento de Alta Complexidade, o Sistema de Informação Hospitalar (SIH), e o Sistema de Informações de Câncer (SISCAN). 

Os dados foram coletados de forma integral e abrangente, incluindo todas as cinco regiões geográficas do Brasil: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A especificidade da análise focou nos casos de neoplasia maligna do esôfago (C15) identificados por diagnóstico detalhado, desagregados por região geográfica. 

Para o estudo, não foram considerados critérios como sexo, idade e escolaridade como critério de inclusão, sendo a análise dos casos de neoplasia maligna do esôfago realizada com base na região de diagnóstico. A submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa não foi considerada obrigatória, uma vez que o estudo se baseou em dados secundários, desprovidos de quaisquer elementos identificáveis dos participantes, conforme respaldo na Resolução nº 466 do Conselho Nacional de Saúde, datada de 12 de dezembro de 2012. Esta resolução isenta a obtenção de aprovação ética quando a pesquisa se restringe à análise de informações secundárias, eliminando, assim, a potencialidade de revelação de dados pessoais dos sujeitos envolvidos. 

3. RESULTADOS 

3.1 REGIÃO CENTRO-OESTE 

Os resultados dos casos de neoplasia maligna do esôfago na Região Centro-Oeste demonstra uma tendência de aumento de diagnósticos de 2013 a 2021, atingindo o pico de 399 casos. Contudo, houve uma redução significativa em 2022 (408 casos) e 2023 (310 casos). O ano com o maior número de diagnósticos foi 2020, com 397 casos. Esses dados indicam variações anuais, destacando a necessidade de monitoramento contínuo e a implementação de estratégias de saúde pública. 

3.2 REGIÃO NORDESTE 

Os resultados dos diagnósticos de câncer de esôfago na Região Nordeste demonstram um aumento constante de 2013 a 2021. A quantidade de casos aumentou de 758 em 2013 para 1.379 em 2021, indicando uma trajetória ascendente consistente. Notavelmente, 2020 testemunhou o maior número de diagnósticos, com um total de 1.298 casos. No entanto, o ano de 2022 registou um novo aumento, atingindo um pico de 1.412 casos, seguido de um declínio substancial em 2023, com apenas 885 casos notificados. 

3.3 REGIÃO NORTE 

A avaliação dos diagnósticos de neoplasia maligna esofágica na Região Norte evidencia uma dinâmica temporal notável. Além disso, cabe ressaltar que essa região apresenta o menor número absoluto e relativo de casos de neoplasia maligna esofágica observado durante todo recorte de tempo observado. No ano de 2013, a notificação registrou a ocorrência de 85 casos, experimentando uma redução em 2016 para 67 casos. A partir do ano de 2017, observou-se um acréscimo progressivo, culminando no ápice de 181 casos em 2022. Entretanto, em 2023, uma diminuição foi notada, totalizando 143 casos. 

3.4 REGIÃO SUDESTE 

Os diagnósticos de neoplasia maligna esofágica na Região Sudeste apresentam uma trajetória temporal que revela flutuações ao longo dos anos. Em 2013, foram registrados 2.262 casos, com um leve incremento para 2.386 em 2014, seguido por uma relativa estabilidade em 2015 (2.368 casos) e 2016 (2.312 casos). No ano subsequente, 2017, houve um novo aumento para 2.388 casos, iniciando uma tendência ascendente que se perpetuou nos anos subsequentes. Notavelmente, em 2019, a incidência atingiu um patamar significativo, alcançando 4.022 casos, e em 2020 manteve-se elevada, registrando 4.070 casos. O ano de 2021 apresentou uma leve redução, contabilizando 3.955 casos, seguida por uma diminuição mais expressiva em 2022, com 3.598 casos. No último ano registrado, 2023, observou-se uma queda mais acentuada, totalizando 2.847 casos. 

3.5 REGIÃO SUL 

A apreciação temporal dos diagnósticos concernentes à neoplasia maligna esofágica na Região Sul elucida uma cadência marcada por oscilações ao longo dos anos. No ano de 2013, a incidência foi meticulosamente documentada, totalizando 1.162 casos, experimentando, sequencialmente, um incremento moderado para 1.230 em 2014. Subsequentemente, evidenciou-se uma evolução contínua nos anos de 2015 (1.269 casos) e 2016 (1.322 casos). Os anos consecutivos, 2017 e 2018, foram caracterizados por um acentuado ascenso, culminando em 1.365 e 1.526 casos, respectivamente. O exercício subsequente do ano de 2019 foi marcado por uma distinta ampliação, atingindo notáveis 1.899 casos, sustentando-se em patamares expressivos em 2020, com 1.853 casos, e em 2021, com 1.949 casos. Contudo, em 2022, evidenciou-se uma atenuação sutil para 1.916 casos, sucedida por uma redução mais pronunciada em 2023, contabilizando 1.302 casos.

3.6 TOTAL DE DIAGNÓSTICO 

Ao longo da última década, os diagnósticos de neoplasia maligna do esôfago no Brasil apresentaram uma trajetória ascendente. Em 2013, foram registrados 4.542 casos, seguindo para 4.751 em 2014, 4.870 em 2015, 4.896 em 2016 e 5.088 em 2017. Os anos subsequentes continuaram essa tendência, atingindo um marco significativo em 2019, com 7.684 casos diagnosticados. Os anos consecutivos mantiveram altos índices, com 7.793 casos em 2020, 7.856 em 2021 e 7.515 em 2022. No entanto, em 2023, observou-se uma queda para 5.487 casos. 

GRÁFICO 01 – Incidência de Diagnóstico de Neoplasia Maligna do Esôfago por Região no Brasil (2013-2023) 

FONTE: Gráfico Confeccionado Pelos Próprios Autores Através Dos Dados Do DATASUS. 

3.7 COMPARAÇÃO ENTRE AS REGIÕES 

Durante o período de 2013 a 2023, os diagnósticos de neoplasia maligna esofágica variaram nas diferentes regiões do Brasil. Na Região Centro-Oeste, foram registrados 3.548 casos. Já na Região Nordeste, observou-se uma incidência mais substancial, totalizando 11.631 casos. A Região Norte apresentou um total de 1.366 casos, enquanto a Região Sudeste registrou uma carga epidemiológica expressiva, com 32.876 casos. Por fim, na Região Sul, o total de diagnósticos foi de 16.793 casos. Esses números destacam a diversidade na incidência da neoplasia maligna esofágica ao longo das diferentes áreas geográficas do país.

GRÁFICO 02 – Incidência Total de Diagnóstico de Neoplasia Maligna do Esôfago por Região no Brasil (2013-2023) 

FONTE: Gráfico Confeccionado Pelos Próprios Autores Através Dos Dados Do DATASUS. 

Todavia, para uma compreensão mais abrangente e contextualizada dos resultados dos diagnósticos de neoplasia maligna esofágica entre 2013 e 2023, é imperativo considerar a relação desses dados com a densidade populacional em cada região do Brasil. 

Dessa forma, de acordo com os dados emanados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao ano de 2022, a Região Sudeste ostenta uma densidade populacional preeminente, contabilizando uma cifra de 84.847.187 habitantes. Esta região destaca-se como o epicentro demográfico mais acentuadamente povoado do Brasil. A Região Nordeste, por sua vez, figura com uma população de 54.644.582 indivíduos, constituindo uma significativa fatia do contingente nacional. A Região Sul, evidenciando um perfil demográfico distintivo, alberga 29.933.315 habitantes, seguida pela Região Norte, que acolhe 17.349.619 residentes. Por fim, a Região Centro-Oeste, cujo efetivo populacional alcança 16.287.809, contribui para a heterogeneidade demográfica do país. Esses dados fornecem um substrato demográfico essencial para a contextualização e interpretação da incidência de eventos de saúde, a exemplo dos diagnósticos de neoplasia maligna esofágica. 

Ao relacionar a quantidade de diagnósticos de neoplasia maligna esofágica com a população de cada região, observa-se que na Região Centro-Oeste, essa condição representa 0.021783% da população. No Nordeste, a incidência corresponde a 0.021285%, enquanto no Norte, esse percentual é de 0.007873%. Na Região Sudeste, a relação é de 0.038747%, e na Região Sul, de 0.056101%.

GRÁFICO 03 – Incidência Relativa de Neoplasia Maligna Esofágica por Região (2013-2023) 

FONTE: Gráfico Confeccionado Pelos Próprios Autores Através Dos Dados Do DATASUS. 

4. DISCUSSÃO 

Nesse contexto, as análises foram atinentes à neoplasia maligna do esôfago nas regiões território brasileiro do decenal 2013-2023, onde foram observados cenários com amostras diferentes entre si nas regiões apresentadas. Diante disso, levando em consideração fatores de risco que influenciam no contexto do país, notando-se que alguns são mais comuns em algumas áreas, o que pode favorecer para altos índices da patologia. 

O Centro-Oeste, notou-se um aumento do número de pacientes entre os anos de 2013 a 2021, no entanto, mostrou um novo contexto, apresentando uma queda do número de casos nos anos de 2022, assim, a incidência de câncer nessa região, mostrou-se heterogênea, embora observe- se uma prevalência da taxa do sexo masculino em relação ao feminino (8), sinalizando, que ainda há uma limitação de dados que são de fundamental importância para avaliar o controle do câncer e como as ações estão sendo desenvolvidas nessa região. 

Nesse sentido, na região Nordeste, constatou- se um aumento nos dados dos de 2013 a 2021, havendo destaque no ano de 2020 com 1.298 casos, aumentando também o número de registros nos dois anos consecutivos, o que segundo os autores “devido a temperaturas quentes, a população ingerem mais bebidas frias o que pode influenciar para tais dados” (9). Entretanto, seguindo a linha de outros estados, apresentou também um declínio nas notificações, portanto, ao buscar fontes que explique o porquê dos resultados encontrados, constata-se a falta de matérias sobre o assunto, desse modo, percebe-a falta de pesquisas falando do atual contexto da região, portanto é possível a existência de subnotificações. Por sua vez, na região Norte, foi apresentado o menor números de casos, sendo importante ressaltar que é a segunda região com menor números de habitantes, estando acima apenas da região Centro-Oeste, mesmo assim, apresentando uma atenuação dos valores de 2013 até 2016, o que 2017 observou um aumento que perdurou até o ano de 2022, o que em 2023 apresentou um panorama distinto, com queda dos números, a partir disso, nota-se, poucos registros dessa região, de estudos que consigam justificar os prováveis motivos de tais oscilações, sendo considerado que pode haver casos não notificados, logo, é de extrema relevância pesquisas mais aprofundadas sobre a atual situação, para conseguir ações preventivas mais eficazes. 

Por conseguinte, na região Sudeste foi o local que apresentou maior número de casos, que vem demonstrando modificações com o passar dos anos, de 2013 a 2017 houve constância no aumento dos casos, todavia, no ano de 2019 cresceu significativamente as ocorrências tendo uma diferença de 2017 para 2020 um quantitativo de 1634 casos novos, e em 2021 até o ano de 2022 apresentou uma diminuição do número de registros. Apesar desse decréscimo, foi a região que apresentou maior incidência de casos, que entre os vários fatores de risco que teriam, o tabagismo, alcoolismo e estilo de vida baseado em gorduras, estariam os principais fatores de risco da doença (9, 10). Assim, sinaliza possíveis desafios estruturais nas políticas públicas no Brasil, uma vez que, políticas bem desenvolvidas não resultam em dados oscilatórios de casos, sendo que a maioria dos fatores são evitáveis com boas práticas. 

Além disso, no Sul mostra um padrão de crescimentos de 2013 até 2016 de forma contínua, sendo a incidência de 2013 de 1162 casos e 2016 com 1322 casos, visto que, a partir de 2017 foi caracterizado por uma acentuada elevação dos números com o total de 1365, o que impulsionou ainda mais para os quocientes do ano de 2018, tendo um aumento nesse intervalo de tempo para 1526 casos , o que prosseguiu expandindo para os anos posteriores, chegando ao maior quantitativo em 2021 que apresentou 1949 casos. Nesse sentido, no estudo isso deve-se, pela ampliação dos casos seria pelos hábitos de vida, como fumo e álcool, mais é enfatizado, nesse mesmo estudo, a significância da ingestão de bebidas quentes com um dos principais motivos, isso devido o clima frio na maior parte do ano (12). Outro fator, relevante, seria uma dieta rica em proteína animal, sendo o Sul uma significativa produtora e consumidora, até mesmo por ser aspectos culturais da localidade. Entretanto, em 2022 e 2023 houve redução, sendo considerável do ano de 2023 com 1302 casos, tais fatos podem ser resultantes de alterações em programas de saúde, conscientização ou acessibilidade aos serviços. 

Do mesmo modo, quando se verifica todos os resultados apresentados por cada região, apresentam variações em todos os dados fornecidos referentes aos anos citados, outra circunstância, que se repetiu em todos os locais foi a atenuação do quadro em 2022 e 2023. No entanto, segundo o Instituto Nacional do Câncer (13) “são esperados 704 mil novos casos no Brasil para cada triênio de 2023 a 2025”, dado que, conforme o “número estimado para neoplasia de esôfago para o Brasil, para cada ano de 2023 a 2025 é 10.990 casos, na qual já ocupa o 13ª no país” (14), pode vir apresentar mais casos, sendo importante salientar que pode acarretar em altas taxas de mortalidade, precisando de alternativas para reduzir cada vez mais essas estatísticas, sendo que, é uma das neoplasias que mais tem o diagnóstico tardio, em virtude de, muitos pacientes apresentarem sintomas quando estão em estados graves da doença. 

Diante do exposto, pode-se observar que, as regiões em que houveram estudos sobre os possíveis fatores de risco que estariam influenciados um número maior de casos de câncer de esôfago, abordava sobre a os hábitos de vida da população como uso etilismo, tabagismo, proteína animal, não deixando de citar fatores genéticos, ao observar esse cenário, os locais onde essas práticas eram mais rotineiras, apresentava uma alta incidência da doença. Outro aspecto, assistido, foram dificuldades referentes aos registros para que a coleta de dados seja completa, uma vez que, isso pode resultar em casos subnotificados, influenciado dessa forma, de forma negativa no desenvolvimento de campanhas direcionadas ao câncer de esôfago no Brasil, seguindo a linha do que já foi exposto, as ações preventivas primárias se bem desenvolvidas, diminui os fatores associados à incidência dos casos. 

5. CONCLUSÃO 

O atual estudo de decenal sobre os padrões epidemiológicos das neoplasias malignas do esôfago nas unidades geográficas brasileiras fornece uma contribuição importante e traz insights relevantes para a compreensão desta doença. A análise das mudanças temporais e espaciais fornece informações valiosas sobre fatores de risco e distribuição geográfica. 

A análise temporal permitiu observar possíveis alterações nas taxas de incidência ao longo dos anos, o que pode indicar alterações na exposição a fatores de risco como tabagismo, consumo de álcool, dieta alimentar e refluxo gastroesofágico. Percebe-se também ao longo dos anos na pesquisa que todos os locais analisados recebem uma atenuação de casos notificados. Nos levando a ter o raciocínio de que o aumento de casos de neoplasia do esôfago é algo esperado já pela Instituição Nacional do Câncer. Porém, por mais que seja esperado esse aumento durante os anos, as intervenções têm que ser voltadas para a prevenção e promoção, tendo em vista a mudança do estilo de vida da população e rastreio do diagnóstico precoce da neoplasia do esôfago. Tendo o objetivo de diminuição da taxa de mortalidade. Esta informação é fundamental para orientar os programas de intervenção e prevenção em saúde pública. 

A caracterização espacial da doença revela variação geográfica na incidência de malignidade esofágica, fornecendo evidências de possíveis determinantes socioeconômicos, ambientais e culturais associados à doença. Como ficou evidente que a região sudeste mostrou ter uma alta incidência de diagnósticos em relação às outras regiões, o que pode ser facilmente explicado por ser uma região mais populosa em comparação às outras. E a região Sul que mostra ter a mais alta incidência relativa em relação às outras. Mas que nos mostra evidentemente o aumento da incidência na região Sul pode ser explicado pelo fator cultural forte na região sul com o costume de ingerir bebidas quentes, sendo esse um dos principais fatores de risco em relação aos outros. 

Há uma necessidade de estudar a influência de fatores genéticos e moleculares na malignidade esofágica, incluindo a identificação de biomarcadores específicos que auxiliem no diagnóstico precoce. Além de estudar o impacto das mudanças no estilo de vida (por exemplo, mudanças nos hábitos alimentares, redução do consumo de tabaco e álcool) na incidência de doenças malignas do esófago em diferentes áreas geográficas. Visando ter um melhor conhecimento de como essa doença causa seu impacto em diferentes regiões. 

Além de colaborar com pesquisas científicas para avaliar a eficácia dos programas de prevenção e detecção precoce de doenças malignas do esôfago em diversos ambientes geográficos. 

Em suma, este estudo de decenal sobre padrões epidemiológicos de malignidades esofágicas fornece uma visão abrangente da doença no Brasil. As contribuições para a análise das mudanças temporais e espaciais podem ajudar a orientar as intervenções de saúde pública e direcionar pesquisas futuras para mitigar este problema de saúde e melhorar o diagnóstico e o tratamento.

Conflito de Interesse: Os autores declaram de maneira transparente que não há qualquer conflito de interesse que possa influenciar a imparcialidade ou integridade deste relato. 

Financiamento: Os autores declaram de forma transparente que este relato não recebeu qualquer financiamento externo, garantindo a independência e imparcialidade das análises apresentadas.

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¹Autor, discente do curso de medicina, Centro Universitário São Lucas – UniSL;
²Orientador, docente do curso de medicina, Centro Universitário São Lucas – UniSL