PROJECT ENCOURAGING LIVES: PATHS TO ORGAN AND TISSUE DONATION
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11116521
Carla Zanatelli1
Arlete do Monte Massela Malta2
Zélia de Oliveira Saldanha3
Luciano Cicero da Silva4
Resumo
O projeto “Incentivando Vidas: Caminhos para Doação de Órgãos e Tecidos” destaca a doação de órgãos e tecidos como um ato de generosidade que oferece uma segunda chance de vida e aborda a importância dos transplantes para o tratamento de diversas patologias e condições. Apesar dos avanços na medicina e da crescente demanda por transplantes, o número de doações ainda é insuficiente, sendo um dos principais desafios a falta de informação e conscientização. O projeto visa elaborar um plano estratégico de ações voltado para a sensibilização sobre a importância da doação, direcionado tanto às equipes de saúde, acadêmicos da saúde, quanto à sociedade doadora. O objetivo é disseminar informações precisas, quebrar mitos e preconceitos, e promover uma mudança cultural em relação à doação de órgãos. O trabalho apresentará a metodologia, as estratégias e as etapas do projeto, destacando a importância do esclarecimento quanto ao ato de doar e os desafios enfrentados diante da escassez de doações. A recente aprovação da “Lei Tatiane” evidencia a urgência de uma mudança na percepção da doação de órgãos e tecidos e como o projeto “Incentivando Vidas” se posiciona como um agente dessa transformação, buscando salvar vidas e oferecer esperança a quem aguarda por um transplante.
Palavras-chaves: Organ and Tissue Donation, Continuing Education, Health Promotion, Awareness.
Abstract
The project “Encouraging Lives: Pathways to Organ and Tissue Donation” addresses the importance of organ and tissue transplants for the treatment of various diseases, highlighting donation as an act of generosity that offers a second chance at life. Despite advances in medicine and the growing demand for transplants, the number of donations is still insufficient, with one of the main challenges being the lack of information and awareness. The project aims to develop a strategic action plan focused on raising awareness about the importance of donation, directed at both health teams and the donor society. The goal is to disseminate precise information, break myths and prejudices, and promote a cultural change regarding organ donation. The work will present the methodology, strategies, and stages of the project, highlighting the importance of awareness and the challenges faced due to the scarcity of donations. The recent approval of the “Tatiane Law” highlights the urgency of a change in the perception of organ and tissue donation and how the project “Encouraging Lives” positions itself as an agent of this transformation, seeking to save lives and offer hope to those waiting for a transplant.
Key-words: Organ and tissue donation, Organ and tissue transplantation, Continuing education, Health Promotion, Awareness.
1 .INTRODUÇÃO
Atualmente, o transplante de órgãos e tecidos é o tratamento para diversas doenças e permite melhora na qualidade de vida e aumento da sobrevida aos pacientes que necessitam passar por esse procedimento. Sendo a doação de órgãos e tecidos um ato fundamental e uma ação de generosidade que oferece uma segunda chance de vida para aqueles que passam por doenças graves e potencialmente fatais (Menezes, 2000).
No entanto, apesar dos avanços na medicina e da crescente demanda por transplantes em todo o mundo, o número de doações de órgãos ainda não atende às necessidades daqueles que aguardam por uma oportunidade de transplante (Marinho, 2006). Um dos principais desafios que se interpõem a esse gesto nobre é a falta de informação e conscientização, tanto entre a sociedade em geral quanto entre os profissionais de saúde, que muitas vezes desconhecem os processos e mitos envolvidos na doação (Moraes, 2007).
As notícias sobre tráfico de órgãos, os comentários sobre benefício irregular de entradas para lista de transplantes via pagamento, histórias inventadas sobre óbitos causados para retirada precoce de órgãos, a ausência de programas permanentes voltados para a conscientização da população e o incentivo à captação de órgãos contribuem para alimentar dúvidas sobre ser doador e propagar mitos e preconceitos sobre doação (Morais; Morais, 2012).
O ato de doar órgãos e tecidos é algo no qual em geral a sociedade tem a visão de um ato de solidariedade e amor dos familiares, porém, é uma decisão que demanda a sua afirmação em um momento de extrema dor e sofrimento, gerados pelo impacto advindo da morte de um familiar, no qual esse momento ainda pode ser cercado de tabus e incertezas para grande parte da população, pois, no país, a doação de órgãos e tecidos deve ser autorizada pela família em até segundo grau de parentesco (Morais; Morais, 2012; Silva et al. 2023).
Em 2005, foi instituída a regulação dos transplantes no Sistema Único de Saúde e através da Portaria 1.752 do Ministério da Saúde, estabelecida a constituição de Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) em todos os hospitais privados, públicos e filantrópicos com mais de 80 leitos, a fim de melhorar a organização do processo de captação de órgãos e viabilizar a ampliação qualitativa e quantitativa do transplante de órgãos, sendo esta comissão formalmente instituída pelos hospitais, onde seus integrantes possuam conhecimento sobre morte encefálica e atividades envolvidas em todo o processo de doação (Arcanjo; Oliveira; Silva, 2013; Lima et al., 2020).
A partir de um estudo avaliativo de abordagem quantitativa que Lima e colaboradores (2020) desenvolveram com CIHDOTTs de hospitais públicos, privados e filantrópicos, os profissionais foram avaliados antes e após capacitação via reuniões sobre o tema da doação, e o estudo identificou que os profissionais apresentaram melhor desempenho relacionado à atitude, seguido da prática e do conhecimento, indicando que os profissionais sabem as atitudes que devem assumir, porém, acabam agindo em menor proporção e com pouca fundamentação teórica.
É nesse contexto que o projeto de intervenção “Incentivando Vidas” se propõe a agir. Este projeto, tem como objetivo geral elaborar um plano estratégico de ações voltado para a conscientização sobre a importância da doação de órgãos e tecnologias, direcionado tanto às equipes de saúde quanto à sociedade doadora. Por meio de objetivos específicos cuidadosamente delineados, buscando disseminar informações precisas, quebrar mitos e preconceitos, e promover uma mudança cultural em relação à doação de órgãos e tecidos.
Este trabalho apresentará em detalhes a metodologia, as estratégias e as etapas que compõem o projeto “Incentivando Vidas: Caminhos para Doação de Órgãos e Tecidos”. Além disso, abordará a importância da conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos, destacando os desafios enfrentados por pacientes e profissionais de saúde diante da escassez de doações. Será explorada a relevância social e humanitária desse tema, bem como os potenciais impactos positivos que podem ser realizados por meio de ações de sensibilização.
No ano de 2019, mais de 5 mil famílias se recusaram a doar órgãos de seus parentes. No mesmo período, quase 220 pessoas morreram esperando por um coração, sendo uma das razões para a recusa, a falta de conhecimento. A lei, recém aprovada em novembro de 2023, cria a Política Nacional de Conscientização e Incentivo à Doação e Transplante de Órgãos e tecidos (Lei 14.722/2023), que entra em vigor em 90 dias (Brasil, 2023).
Oriunda do Projeto de Lei 2839/2019, o texto ficou conhecido como “Lei Tatiane”, em homenagem à paulista Tatiane Penhalosa, que perdeu a vida aos 32 anos por não conseguir um transplante de coração. Os objetivos da nova lei, incluem informar e conscientizar a população sobre a relevância da doação de órgãos e tecidos, contribuir para o aumento do número de doadores, promover a discussão e o esclarecimento científico do tema, além de aprimorar o sistema nacional de transplantes. O texto também visa que a formação continuada de profissionais da saúde e da educação sejam, posteriormente, objeto de regulamento (Agência Senado, 2023).
A conscientização é a chave para salvar vidas e oferecer esperança a milhares de pessoas que aguardam ansiosamente por órgãos e tecidos. Neste contexto, este projeto se apresenta como uma contribuição valiosa para a sociedade, um chamado à ação e um convite para que todos se tornem agentes de mudança na busca por uma realidade onde a doação de órgãos e tecidos seja vista como um ato de amor e solidariedade que pode, de fato, promover vidas.
1.1. JUSTIFICATIVA
A doação de órgãos e tecidos é uma questão cercada de desafios, desde a identificação de potenciais doadores, aceite familiar até a concretização da doação. Um dos principais obstáculos enfrentados é a falta de informação e conscientização acerca do tema, tanto por parte da sociedade quanto por parte dos próprios profissionais da saúde, que muitas vezes desconhecem sobre o tema (Morais; Morais, 2012).
O desconhecimento, aliado a mitos e preconceitos, resulta muitas vezes em hesitações e recusas, que impedem que a doação ocorra e que vidas possam ser salvas, através desse gesto. Sendo necessário, buscar fortalecer o debate da doação, através do conhecimento compartilhado e de espaço de diálogo que seja estabelecido, visando ampliar a consciência sobre a importância da doação de órgãos e tecidos (Moraes, 2007).
A doação de órgãos e tecidos é um tema de suma importância na área da saúde, com impactos significativos na vida de muitas pessoas. A necessidade de transplantes para salvar vidas ou melhorar a qualidade de vida dos pacientes é uma realidade incontestável. No entanto, a disparidade entre a demanda por órgãos e tecidos e a oferta disponível é um desafio persistente. Morais e Morais (2012), destacam que essa escassez é agravada pela falta de informação e conscientização, que impede que mais pessoas se tornem doadoras.
Outro obstáculo que circunda o processo na doação de órgãos e tecidos é a presença de mitos e preconceitos. Esses mitos podem incluir preocupações infundadas sobre o tratamento do doador ou crenças errôneas sobre o processo de doação. A educação e a informação adequada são ferramentas poderosas para desmistificar esses equívocos e encorajar mais pessoas a se tornarem doadoras (Andrade et al., 2018; Traiber; Lopes, 2006).
A autorização da família é outro ponto crítico no processo de doação. Mesmo que um indivíduo tenha registrado sua vontade de ser doador, a decisão final cabe à família no momento da doação. A falta de discussões prévias sobre o assunto pode levar a recusas familiares, mesmo diante da vontade expressa do potencial doador. Portanto, é essencial promover o diálogo sobre a doação de órgãos e tecidos dentro das famílias, para garantir que a vontade do doador seja respeitada (Meneses; Castelli; Costa Junior, 2018).
Além disso, é preocupante que alguns profissionais de saúde possam não estar adequadamente informados sobre aspectos cruciais da doação de órgãos e tecidos, isso pode resultar em atrasos no processo de doação ou em decisões equivocadas. É imperativo que os profissionais de saúde recebam educação contínua para estarem preparados para orientar doadores e famílias de maneira eficaz (Segovia; Serrano, 2017).
Diante desses desafios, fica claro que trabalhar a temática da doação de órgãos e tecidos é crucial para superar os obstáculos e salvar vidas. Isso envolve não apenas educar a sociedade e desmistificar mitos, mas também promover a conscientização e garantir que os profissionais de saúde estejam bem-preparados. O conhecimento compartilhado e a criação de espaços de diálogo são fundamentais para aumentar a conscientização sobre a importância da doação e, consequentemente, elevar a disponibilidade de órgãos e tecidos para aqueles que necessitam (Morais; Morais, 2012).
Uma abordagem eficaz para a promoção da doação de órgãos e tecidos deve se basear em referências sólidas e em estratégias comprovadamente eficazes. São inúmeras as referências e fontes de informações que podem ser utilizadas para embasar essa abordagem tais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e o Sistema Nacional de Transplantes de Órgãos do Ministério da Saúde (ABTO, 2023).
Dentro desta perspectiva, a complexidade envolvida no processo de doação de órgãos e tecidos demanda uma abordagem abrangente e sustentada. A conscientização, desmistificação, diálogo e educação contínua são elementos essenciais para superar os desafios existentes e, assim, aumentar significativamente a disponibilidade de órgãos e tecidos para aqueles que aguardam por uma chance de vida (Batista et al., 2019).
Além disso, existem leis e regulamentos relacionados à doação de órgãos, fator fundamental na realização das doações de maneira ética, portanto é necessário compreender as diretrizes legais que regem a doação. Em outro front existem os estudos e pesquisas científicas sobre a doação de órgãos e tecidos, que são fontes valiosas de informações e fornecem insights sobre os desafios, as melhores práticas e os resultados da doação de órgãos e tecidos. Lembrando que as abordagens devem ser adaptadas às realidades locais e às necessidades específicas da comunidade (Victorino; Ventura, 2017).
A promoção da doação de órgãos e tecidos requer uma mobilização estratégica que vá além do mero compartilhamento de informações. A implementação de ações educativas e de divulgação deve ser direcionada profissionais de saúde quanto à população em geral, formando uma rede sólida de apoio à causa.
2. REVISÃO DE LITERATURA
O primeiro transplante de tecido no Brasil foi de córneas e ocorreu em 1954, realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 2003). Enquanto o primeiro transplante de órgãos brasileiro, realizado de forma pioneira também na América do Sul, ocorreu em 1968, feito em São Paulo, sendo o primeiro transplante cardíaco homólogo (Rodrigues da Silva, 2008). Porém, o sistema brasileiro de transplantes, como conhecido hoje, só foi criado muito tempo após, em 1997.
O atual sistema de transplantes brasileiro, é um dos maiores do mundo, sendo regulamentado pela Lei 9.434 de fevereiro de 1997, sendo reconhecido internacionalmente por ser inteiramente público e gratuito, oferecendo desde os exames preparatórios, cirurgia, até o acompanhamento pós transplante. O modelo de transplantes do Brasil é um sistema que foi inspirado, principalmente, no modelo Espanhol, considerado um dos mais eficientes do mundo (Coelho; Bonella, 2019; Brasil, 1997).
Nos hospitais que trabalham com captação de órgãos e tecidos, as equipes de saúde, realizam vários procedimentos para avaliar e habilitar um possível doador como potencial doador (PD) e para realizar isso, contam com apoio de equipes, como, as CIHDOTTs, as Centrais de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos dos Estados (CNCDO), as Organizações de Procura de Órgãos (OPO) e os Bancos de Tecidos (pele, córneas e musculoesqueléticos), sendo fundamentais para o processo de doação e transplante de órgãos (Lima et al., 2020).
Essas equipes desempenham um papel importante na busca ativa de possíveis doadores, suporte no diagnóstico de morte encefálica (ME) , acolhimento e entrevista com as famílias doadoras, planejamento e organização da captação de órgãos e tecidos junto às equipes médicas, captação dos órgãos e tecidos, processamento e envios para transplante, conscientização da sociedade e treinamento de equipes de saúde (Lima et al., 2020).
As técnicas de transplantes e drogas imunossupressoras – nos casos de órgãos – utilizadas, tiveram muitos avanços desde seus primórdios, proporcionando melhores resultados nas cirurgias, maior qualidade de vida aos receptores e fazendo com que o paciente transplantado, também sobreviva por mais tempo, se comparado com a expectativa de vida sem o procedimento (Freitas et al., 2023).
Apesar de o Brasil ser um dos países que mais realiza transplantes no mundo, enfrenta um desafio significativo devido à crescente demanda por órgãos e tecidos, com uma fila de espera de 60 mil pessoas em agosto de 2023 (ABTO, 2023; Coelho; Bonella, 2019; Secom, 2023). A situação também é desafiadora para o transplante de tecidos, tendo em vista a facilidade de obtenção de córneas, cuja retirada pode ser feita até 6 horas após a morte por parada cardiorrespiratória, que é simples e que sequer necessita de centro cirúrgico para sua retirada, sendo difícil justificar as filas de espera para transplante, principalmente nas grandes cidades ou no caso da pele, tecido que tem sua doação prejudicada pelo tabu gerado pela desinformação sobre a doação, levando a estoques zerados, o que acaba impossibilitando o envio de pele para tratamento de grandes queimados (Hirschheimer, 2016; Ré, 2022).
A carência de órgãos e tecidos é um problema crítico, com longas listas de espera e muitas mortes durante a espera por um transplante (Marinho, 2006). Além disso, a falta de recursos humanos especializados, dificuldades logísticas e de estrutura dos serviços de saúde, como escassez de leitos de unidades de tratamento intensivo (UTIs) e falta de equipamentos para o diagnóstico de ME, são grandes empecilhos para a efetividade do processo de doação de órgãos e tecidos (Freire et al., 2015).
As causas de negativa familiar são diversas, vão desde a ausência de confirmação do diagnóstico de ME e o desencontro das informações transmitidas à família, o que gera dúvidas sobre o quadro do paciente, ou o medo do comércio de órgãos, onde há a crença de que a morte do parente possa ser antecipada ou induzida objetivando a doação dos órgãos, até a não aceitação da manipulação do corpo, onde os familiares têm dificuldade em aceitar a manipulação do corpo do parente com a finalidade de retirada de órgãos para transplante, por acreditarem que o corpo é o templo sagrado de Deus e é intocável (Moraes; Massarollo, 2009).
O diagnóstico de ME no Brasil, é realizado em centro de terapia intensiva, por dois médicos diferentes, capacitados para a realização do protocolo de ME, no qual são realizados dois exames clínicos, e um teste de apneia, cada um feito por um médico, e um terceiro médico é acionado para a realização de um exame complementar (Silva et al., 2023).
A complexidade das decisões tomadas em unidades de terapia intensiva (UTIs) relacionadas à doação de órgãos são associadas ao processo de comunicação e a decisão de doar que por vezes se apresentam desafiadoras, muitas vezes envolvendo dilemas éticos e emocionais para as famílias e profissionais de saúde (Menezes, 2000).
Em um estudo realizado pela equipe de Coordenação de Transplantes do Hospital Regional Carlos Haya de Málaga, entre as famílias que negaram a doação, 30% relataram que mudariam a decisão se o fato ocorresse novamente, entre as razões que levaram as famílias a recusarem a doação, destaca-se o não entendimento de que a morte encefálica significa a morte da pessoa. Além disso, também relatam o mau atendimento e a falta de atenção por parte dos profissionais da saúde (Segovia; Serrano, 2017).
No processo de comunicação com as famílias, diferentes estudos demonstram que manejar a dor das famílias e solicitar a doação é uma fonte geradora de tensão que, às vezes, produz reações que podem entrar em confronto com a dor e o processo de luto (Segovia; Serrano, 2017).
A decisão familiar pode ser influenciada por questões emocionais, pois famílias insatisfeitas com atendimento, são menos propensas a decidir pela doação de órgãos e tecidos. Sendo a realização do gerenciamento de situação crítica uma habilidade da equipe de saúde, essencial para garantir a confiança, a clareza e a objetividade da informação para as famílias e responsáveis legais (Andrade et al., 2018; Moraes, 2007).
Na comunicação de uma má notícia, a maneira como ocorre a abordagem familiar, tem papel fundamental. Uma má notícia em saúde, pode ser definida como qualquer informação que envolve uma mudança drástica à perspectiva de futuro de um indivíduo, em um sentido adverso, onde pode-se considerar a comunicação de ME como um exemplo característico (Meneses; Castelli; Costa Junior, 2018).
A entrevista familiar para doação de órgãos e tecidos é uma etapa complexa do processo de doação, marcada pela fragilidade emocional dos familiares e profissionais devido à perda. Durante essa entrevista, que ocorre após a constatação da morte, são abordados a comunicação da morte, o suporte emocional e informações sobre a doação. Fatores intrínsecos à condição vulnerável dos familiares são considerados, podendo causar sofrimento físico, emocional, social e espiritual (Knhis et al., 2021).
No Brasil, a Lei 10.211 de 2001, o consentimento informado e esclarecido é dado por cônjuge ou familiar até 2º grau e requer duas testemunhas. Se o potencial doador for menor de idade, ambos os pais, se vivos, ou responsáveis legais devem consentir pelo ato de doação de órgãos e tecidos, portanto, o modo de condução da família no momento de realizar a entrevista para doação é essencial. (Hirschheimer, 2016; Brasil, 2001).
Ao realizar a entrevista familiar, podem ser utilizadas ferramentas como guidelines, guias, protocolos e modelos de entrevista familiar, facilitadores do processo que tendem a tornar a comunicação mais efetiva, além de apoiar a equipe de saúde nas etapas desse processo (Knhis et al., 2021).
Variáveis relevantes na realização da entrevista e comunicação ME (Meneses et al., 2018):
- Levantar dados do possível doador previamente (nome, idade, histórico e familiares que acompanharam a internação);
- Apresentar-se e estabelecer um vínculo com os familiares, convidando-os para uma conversa em local adequado;
- Garantir uma ambientação física e profissional adequada, com local apropriado e treinamento para escuta;
- Avaliar os momentos e reações emocionais dos familiares, direcionando a comunicação para o familiar com maior equilíbrio emocional e acolhendo reações emocionais;
- Comunicar sobre a ME, explicando sua irreversibilidade e o protocolo de confirmação, utilizando linguagem apropriada;
- Explicar sobre a doação de órgãos, desmistificando estigmas, questionando a percepção sobre doação do possível doador apresentando os próximos passos e obtendo o consentimento dos familiares;
- Auxiliar os familiares independentemente do consentimento à doação, fornecendo suporte emocional e encaminhamentos apropriados (psicológicos, psiquiátricos, sociais, jurídicos).
Apesar de a maioria da população ser favorável à doação, existe uma porcentagem de famílias que se nega a doar no momento da perda de um ente querido. Um elemento necessário de ser lembrado é que a doação é necessariamente solicitada em um dos momentos mais difíceis para as famílias, tornando-se difícil processar e assimilar as informações. Sendo de vital relevância, que a relação de ajuda seja eficaz e esteja centrada na pessoa que está sendo ajudada (Segovia; Serrano, 2017).
Atualmente, os meios de comunicação são os principais artifícios utilizados para obtenção de informações sobre a doação de órgãos e tecidos. Porém, mais importante que o veículo de informação, parece ser a qualidade da mesma, um estudo Espanhol comprovou que muitas informações divulgadas na mídia, por vezes, reproduzem informações distorcidas, com vários mitos e preconceitos que não favorecem o comportamento positivo da população relacionado à doação de órgãos e tecidos (Andrade et al., 2018; Traiber; Lopes, 2006).
Em outro estudo, realizado em 2020 com 406 pessoas, que investigou o conhecimento populacional sobre a doação de órgãos, obteve-se como resultados, que 93,10% dos participantes eram favoráveis à doação de órgãos e 73,40% relataram ter manifestado o desejo de doação aos familiares, embora 71,10% acreditasse na comercialização dos órgãos e tecidos, o que explicita a necessidade de aprofundamento do conteúdo das campanhas como meio para elucidar à população sobre o tema (Da Silva et al., 2021).
A educação como abordagem informativa é uma ferramenta fundamental para o avanço do tema da doação de órgãos e tecidos, sendo uma maneira eficaz de superar mitos e preconceitos, aumentar a conscientização e incentivar mais pessoas a se tornarem doadoras (Morais; Morais, 2012). Particularmente, na doação de órgãos e tecidos, a educação permanente dos profissionais, é fator decisivo para o refinamento técnico do transplante, a abordagem à família e a melhora do índice de doação e captação de órgãos (Lima et al., 2020).
Segundo Andrade et al. (2018), a baixa distribuição de cursos de capacitações oferecidos pelo Ministério da Saúde para as Centrais de Transplantes, faz com que os profissionais não tenham atualizações frequentes. Portanto, são necessários cursos contínuos à equipe multidisciplinar, para melhorar a comunicação e as capacitações nos locais de captação de órgãos e tecidos para otimizar o trabalho da OPO.
A subnotificação é regra no Brasil, sendo um dos inúmeros obstáculos para a melhora da captação de órgãos. Mesmo sendo obrigatório por lei, vários hospitais, principalmente os privados, não informam aos centros de captação o número de pacientes com possível diagnóstico ME (Silva et al., 2023). Fatores como o desconhecimento de como funcionam os protocolos de notificação de ME ou mesmo falta de informações de como avaliar um possível doador, podem ser geradores dessas falhas que culminam em menos doadores, o que poderia ser revisado através de cursos com as equipes de saúde.
Programas de educação específicos, que busquem suprir a defasagem no conhecimento de profissionais de CIHDOTTs, como os relatados pelo estudo de Lima et al. (2020), revelou através da análise de questionários, que no quesito conhecimento, demonstrou ser incipiente. Uma CIHDOTT, formada por equipe multiprofissional especializada em captação de órgãos e tecidos, oportuniza esclarecimentos a outros profissionais do hospital sobre as boas práticas em captação de órgãos e tecidos, transplantes, educação da sociedade, transmite segurança e aprimora o acolhimento familiar.
Um estudo sobre estudantes de medicina canadenses mostrou que apenas 64% sabiam que a morte encefálica significava morte e não coma, e apenas 50% acreditavam que todas as religiões aceitariam a doação (Andrade et al., 2018; Traiber; Lopes, 2006). Na Itália, houve uma atitude positiva com 96% de aceitação à doação de órgãos, sem diferença ao longo do curso. No Brasil, 76% dos estudantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo se declararam doadores, 27% nunca discutiram doação com a família, 70% conheciam o conceito de ME, mas apenas 35% tinham bom conhecimento do diagnóstico (Andrade et al., 2018; Traiber; Lopes, 2006).
As equipes que atuam na área da saúde, têm significativo papel na disseminação da informação sobre a doação de órgãos e tecidos, uma vez que esses profissionais acessam grande parte da população, além de causar impacto maior que outros meios de comunicação nas atitudes em relação à doação de órgãos. Campanhas de esclarecimento à doação deveriam ocorrer dentro das próprias instituições, com a participação de todo corpo técnico que trabalha no hospital (Andrade et al., 2018; Traiber; Lopes, 2006)
As crenças religiosas foram apontadas como um dos principais motivos de recusa em doar órgãos, encontradas em 16,1% a 30% dos motivos de estudo realizado na Turquia e em 33% em um estudo no Paquistão, porém, sabe-se que a religião não é contra a doação de órgãos, e como na maioria dos estudos, a educação é o fator chave. Depois de promovida uma ação educativa, as taxas de doação de órgãos melhoraram significativamente, a informação científica e religiosa sobre a doação de órgãos fornecida por um médico com as técnicas ilustrativas nesse caso foi eficaz mesmo numa população com baixos níveis econômicos e de escolaridade (Yilmaz, 2011).
Crenças erradas sobre religião não são imutáveis, se explicadas de forma lógica, e podem ser corrigidas na maioria dos adultos, no estudo citado anteriormente, apenas 10 participantes (7,8%) não mudaram sua opinião. Além das crenças religiosas, embora nenhum dos participantes soubesse o que fazer para doar órgãos antes da aula, eles preferiram conversar com parentes após a aula, esse debate é uma forma de difundir informação e conscientizar sobre a doação de órgãos (Yilmaz, 2011).
A recente aprovação da “Lei Tatiane” (Brasil, 2023), que cria a Política Nacional de Conscientização e Incentivo à Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos, destaca a importância do governo e das políticas públicas na promoção da doação. Essa lei visa informar, conscientizar sobre a importância da doação, promover treinamentos aos profissionais, aumentar o número de doadores, além de aprimorar o sistema nacional de transplantes.
A partir desses insights da literatura, o projeto “Incentivando Vidas” pode direcionar suas ações para educar a sociedade, quebrar mitos e preconceitos, capacitar profissionais de saúde e envolver a comunidade na promoção da doação de órgãos e tecidos. Além disso, a nova legislação, a “Lei Tatiane”, pode ser uma ferramenta valiosa para fortalecer as iniciativas de conscientização e incentivo à doação.
3. METODOLOGIA
Este estudo é um PI, que tem como base proposta uma estrutura de ação sobre a questão da doação de órgãos e tecidos, com vistas a oferecer alternativas de solução com base em um modelo de ações que impactem positivamente nos desafios enfrentados por profissionais de saúde em relação a rotina da doação de órgãos e tecidos, além de elucidar dúvidas, facilitar a compreensão e promover ensino em saúde para a sociedade civil, futuros profissionais e profissionais de saúde relativos ao ato de doar órgãos e tecidos.
O projeto será desenvolvido em: hospitais da região metropolitana de Porto Alegre atendidos pelas OPO’s e que possuam CIHDOTTs ou tenham interesse na criação desta Comissão; universidades públicas e privadas locais; e em ambientes de domínio público, de forma presencial (praças ou salas de espera de estabelecimentos de saúde) ou remota (através de redes sociais e site).
O projeto de intervenção será realizado para dois públicos: profissionais e acadêmicos da área da saúde (envolvendo a equipe multiprofissional que trabalhe em hospitais, unidades de terapia intensiva (UTIs), centros de transplante e central de transplantes, e acadêmicos de cursos multidisciplinares da área da saúde); e sociedade civil potencialmente doadora (envolvendo os indivíduos elegíveis para se tornarem doadores de órgãos e tecidos).
Para o desenvolvimento deste PI, serão selecionados materiais validados e publicados, que farão parte do embasamento teórico e serão auxílio nas abordagens de intervenção deste estudo. Como exemplos: infográficos e protocolos de campanhas de órgãos governamentais, associações e outros disponíveis online.
Os treinamentos voltados para doação de órgãos e tecidos junto as equipes de saúde, serão construídos durante o projeto, com auxílio das equipes parceiras: OPOs e Equipes dos Bancos de Tecidos e por estas aplicadas nos hospitais selecionados, conforme interesse dos mesmos e localização na região metropolitana de Porto Alegre.
Os demais materiais distribuídos e utilizados, durante palestras com acadêmicos da área da saúde, serão realizados nas universidades que possuírem interesse, e serão materiais já existentes, que possuam livre acesso, disponibilizados online (folhetos, cartazes e infográficos). Serão selecionados materiais que explicam o processo de doação de órgãos e tecidos, desmistificam mitos e destacam a importância da doação, além de outros que auxiliam no processo das aulas.
Para a intervenção com a sociedade civil, as atividades serão realizadas em parques e praças públicas (aos finais de semana), para tal, será solicitado apoio à Prefeitura Municipal e Hospitais colaboradores para organização de datas e liberação do espaço. Nestas ações serão montadas tendas para panfletagem de materiais educativos já existentes, que possuam livre acesso, disponibilizados online (folhetos, cartazes e infográficos), que facilitem as ações sociais e abram caminhos para o diálogo da comunidade com profissionais da saúde para esclarecimentos sobre o a doação de órgãos e tecidos.
5 ETAPAS PARA APLICAÇÃO DA INTERVENÇÃO
A intervenção busca educar e sensibilizar futuros profissionais de saúde, preparando-os para lidar com questões relacionadas à doação de órgãos e tecidos em suas futuras carreiras. Sendo assim, a aplicação do estudo será dividida em três etapas que serão exploradas abaixo:
3.5.1 Etapa 1: Levantamentos das necessidades do público-alvo e elaboração de material didático
Para buscar estabelecer uma linha de atuação clara e objetiva, de acordo com os objetivos deste estudo, inicialmente os pesquisadores irão realizar um levantamento junto ao público-alvo dos principais desafios deste tema e o que seria necessário para o aumento na adesão e escolha pela doação.
Após essa atividade, serão identificados quais as respostas dessa intervenção inicial e serão escolhidas os temas, frases e vias de comunicação mais eficazes, organizando-as em critérios de ação de pequeno, médio a longo prazo. Além disso, serão criados e selecionados os materiais informativos que serão utilizados na intervenção.
Nesta etapa também serão selecionados os materiais validados. que explicam o processo de doação de órgãos e tecidos, desmistificam mitos e destacam a importância da doação para que possam compor a base bibliográfica das atividades que serão
3.5.2 Etapa 2: Organização das ações interventivas
Visando envolver os diferentes atores sociais e profissionais de saúde no processo, maximizando o alcance e a eficácia das ações planejadas. Nesta etapa, serão elencadas as formas de abordagem direcionada para o público-alvo deste estudo.
Para a equipe profissionais e acadêmicos da área de saúde:
- Para profissionais de saúde e estudantes, serão desenvolvidos módulos de treinamento online, abordando tópicos relevantes relacionados à doação. Esses módulos serão acessíveis por meio de uma plataforma online e realizados nos hospitais que realizam captação de tecidos ou tem interesse em iniciar captações.
- Aos acadêmicos serão realizadas de roda conversa com a participação de profissionais do campo da doação de órgãos no ambiente escolar, através de palestras e distribuição de material informativo nas universidades em que houver parceria.
Na realização dos treinamentos citados acima, serão disponibilizados de forma online os materiais previamente selecionados e em livre acesso aos profissionais, além de outros materiais (folhetos, cartazes e infográficos) para que possam auxiliar no processo de divulgação de temática em outros momentos, como em aulas, treinamentos e ações sociais.
Para a sociedade civil em geral:
- Rodas de conversas e treinamentos de entrevista familiar sobre o tema da doação serão promovidas via as equipes das OPO’s e profissionais disponibilizados pelos Bancos de Tecidos, com os profissionais que são referências nos hospitais credenciados como captadores de órgãos e com profissionais que ainda não atuam na área de doação de órgãos juntos a hospitais que podem vir a contribuir com a causa, visando aperfeiçoar e debater questões de melhoria nos locais que já promovem doação e levar conhecimento nos locais que ainda não realizam captação e transplantes.
3.5.3 Etapa 3: Avaliação da intervenção
Durante o processo de desenvolvimento do projeto, será realizado uma avaliação da intervenção de forma contínua e abrangerá os seguintes aspectos:
- Avaliação de Conhecimento: Serão aplicados questionários antes e depois da intervenção para medir o aumento do conhecimento sobre a doação de órgãos e tecidos e nos profissionais da saúde conhecimentos específicos quanto ao processo de doação.
- Avaliação da Atitude e Comportamento: Serão realizadas pesquisas para avaliar a atitude e comportamento em relação à doação, incluindo o índice de intenção de ser ou não doador de órgãos e tecidos após a aplicação das dinâmicas. Com os profissionais da saúde, serão medidos os índices de doação de tecidos dos hospitais após treinamento de entrevista familiar.
- Feedback dos Participantes: Será coletado feedback dos participantes, incluindo profissionais de saúde, estudantes e membros da sociedade civil, para entender o impacto das atividades e identificar áreas de melhoria.
- Acompanhamento Estatístico: Será realizado um acompanhamento estatístico do número de doações de órgãos e tecidos na região, antes e após a intervenção, para avaliar seu impacto quantitativo.
A avaliação contínua permitirá ajustar as estratégias conforme necessário e garantir que a intervenção seja eficaz na promoção da doação de órgãos e tecidos e na conscientização da sociedade.
3.6 PARCEIROS OU INSTITUIÇÕES APOIADORAS
Possíveis parceiros: Bancos de Tecidos da região metropolitana de Porto Alegre e Organizações de Procura de Órgãos de Porto Alegre.
3.7 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PI
Fonte: Elaboração das Autoras, (2024).
3.8 RESULTADOS ESPERADOS
A partir da aplicação das campanhas com a sociedade, e realização dos cursos e treinamentos com as equipes de saúde e futuros profissionais de saúde, espera-se que haja o aumento da conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos entre profissionais de saúde, estudantes e a sociedade civil; A redução de mitos e preconceitos relacionados à doação e discussões abertas e positivas sobre a importância da doação.
Além de qualificação no preparo dos profissionais de saúde para identificar potenciais doadores e lidar com famílias com maior facilitação, desenvolvimento dos profissionais que já são atuantes e abertura de espaço que fomente os debates e as trocas de ideias sobre o tema. Com a sociedade, a partir da maior distribuição de informações, espera-se que seja oportunizada uma abertura ao diálogo familiar sobre a doação de órgãos e tecidos, facilitação nos aceites das entrevistas familiares na região onde a ação foi promovida e aumento no número de doadores. O conjunto de ações visa o consequente aumento no número de transplantes realizados e a melhoria do sistema de transplante de órgãos e tecidos na região.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto “Incentivando Vidas: Caminhos para Doação de Órgãos e Tecidos” representa um passo significativo em direção à conscientização e ao aumento das taxas de doação de órgãos e tecidos. Através de uma abordagem estratégica e multidisciplinar, o projeto visa não apenas informar, mas também transformar percepções e atitudes em relação à doação.
A importância da doação de órgãos e tecidos é incontestável, dada a crescente demanda por transplantes e a escassez de doadores. O projeto “Incentivando Vidas” abordou este desafio de forma proativa, promovendo a educação e a sensibilização entre profissionais de saúde, estudantes e a sociedade em geral.
Os resultados esperados do projeto incluem o aumento da conscientização, a redução de mitos e preconceitos, o aprimoramento da preparação dos profissionais de saúde e, finalmente, o aumento do número de doadores registrados. Esses resultados contribuirão para a melhoria do sistema de transplantes na região e, mais importante, para a salvar vidas.
“Incentivando Vidas” será desenvolvido com o objetivo de promover a doação de órgãos e tecidos e com a esperança de criar um futuro em que a espera por um transplante não seja mais uma sentença de morte, mas a promessa de uma nova vida.
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1Graduada em Biomedicina com habilitação em Biologia Molecular, Microbiologia e Patologia Clínica (UFCSPA).
Mestre em Ciências da Saúde: Biologia Celular e Molecular (UFCSPA)
LATTES: http://lattes.cnpq.br/6527034232628187
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8465-5711
e-mail: zanatellidocs@gmail.com
2Médica e Advogada.
Doutoranda em Saúde Pública pela Universidad de Ciência Empresariales y Sociales/UCES
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3439-0003
LATTES: http://lattes.cnpq.br/1998775830804137
e-mail: arletemonte@mmmdireitomedico.com
3Enfermeira, pesquisadora e doutoranda em Enfermagem (2020-2024) do Laboratório Interdisciplinar de Tecnologias Educacionais em Saúde (LITES) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Mestre em enfermagem pela Universidade do Estado do Pará (2017)
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4953618587343659
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3526-5952
e-mail: enf.zeliasaldanha@gmail.com
4Doutorando em Saúde Pública
Instituição: universidad de ciências empresariales e Sociales/CABA/AR(UCES)
Endereço da instituição: paraguay,1239,piso 2, C1057,CABA/AR
ORCID: 0009-0009-1729-1936
LATTES: http://lattes.cnpq.br/2321160943339187
E-mail: cicero.luciano@yahoo.com.br
LATTES: http://lattes.cnpq.br/2321160943339187
E-mail: cicero.luciano@yahoo.com.br