A INFLUÊNCIA DO FORTALECIMENTO MUSCULAR NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS COM OSTEOARTRITE DE JOELHO: REVISÃO SISTEMÁTICA

THE INFLUENCE OF MUSCLE STRENGTHENING IN THE PREVENTION OF FALLS IN ELDERLY PEOPLE WITH KNEE OSTEOARTHRITIS: SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11115856


Geovana Evilly de Carvalho Rodrigues1
Maryelle Merval Oliveira2
Christiane Lopes Xavier3


RESUMO

A Osteoartrite caracteriza-se por dor, deformidade, limitação do movimento e progressão lenta para a perda da função articular. As quedas são consideradas uma síndrome geriátrica que está associada a fatores extrínsecos e intrínseco. O fortalecimento muscular é importante na vida do idoso, pois minimiza o risco de quedas e uma melhora na qualidade de vida.  O objetivo deste estudo é analisar como o fortalecimento muscular pode influenciar na prevenção de quedas em idosos que sofrem de osteoartrite de joelho. Trata-se de uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, realizada por meio das bases de dados: National Library of Medicine (PUBMED), Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL). Foram incluídos quatro ensaios clínicos randomizados que abordavam o fortalecimento muscular em idosos com osteoartrite de joelho na prevenção de quedas, sendo utilizada a escala PEDro para analisar a qualidade metodológica dos artigos.Os estudos revisados ressaltam a importância do exercício físico, especialmente o fortalecimento muscular, no aprimoramento da função física e equilíbrio em idosos com osteoartrite de joelho e maior predisposição de quedas.

Palavras chaves: Artrose de joelho. Fraqueza muscular. Limitação do Movimento. Acidente por quedas. Idoso.

ABSTRACT

Osteoarthritis is characterized by pain, deformity, limited movement and slow progression to loss of joint function. Falls are considered a geriatric syndrome that is associated with extrinsic and intrinsic factors. Muscle strengthening is important in the lives of elderly people, as it minimizes the risk of falls and improves quality of life. The objective of this study is to analyze how muscle strengthening can influence the prevention of falls in elderly people suffering from knee osteoarthritis. This is a systematic review of randomized clinical trials, carried out using the following databases: National Library of Medicine (PUBMED), Physiotherapy Evidence Database (PEDro) and Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL). Four randomized clinical trials were included that addressed muscle strengthening in elderly people with knee osteoarthritis to prevent falls, using the PEDro scale to analyze the methodological quality of the articles. The studies reviewed highlight the importance of physical exercise, especially muscle strengthening, in improving physical function and balance in elderly people with knee osteoarthritis and a greater predisposition to falls.

Keywords: Knee osteoarthritis. Muscle weakness. Limitation of Movement. Fall accident. Elderly.

1 INTRODUÇÃO

A Osteoartrite é um distúrbio degenerativo crônico que afeta principalmente a cartilagem das articulações sinoviais, levando a remodelamento e crescimento ósseo nas margens das articulações. Ocorre progressão do espessamento sinovial e capsular, o que resulta em derrame articular. A Osteoartrite (OA) caracteriza-se por dor, deformidade, limitação do movimento e progressão lenta para a perda de função. Além disso, é considerada comumente como uma consequência inevitável do envelhecimento, uma manifestação do desgaste ou resultado de uma mecânica anormal (Kisner; Colby; Borstad, 2021).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 343 milhões de pessoas são afetadas por alguma forma de OA, e a incidência é maior em mulheres do que em homens. Dados mundiais apontam prevalência de OA sintomática dos joelhos, uma das formas mais comuns, com confirmação radiológica, estimada em 3,8%, sendo quase duas vezes maior em mulheres (4,8%) que em homens (2,8%), com pico aos 50 anos de idade. Um estudo realizado no Brasil encontrou prevalência de 4,1% de osteoartrite de joelhos. AO está intrinsecamente associada às quedas (Vasconcelos et al., 2019).

As quedas são consideradas uma síndrome geriátrica que está associada a fatores extrínsecos e intrínsecos e têm o potencial de aumentar o risco de desenvolvimento ou agravamento da Osteoartrite. As causas extrínsecas geralmente estão relacionadas ao ambiente doméstico, como tapetes, escadas, má iluminação, entre outros, enquanto as causas intrínsecas estão relacionadas ao comprometimento do equilíbrio ou da marcha, fraqueza muscular, presença de doença crônica, hipotensão postural ou uso de medicação psicotrópica. Medidas preventivas são essenciais para minimizar quedas em idosos (Ishigaki et al., 2014).

O idoso, sobretudo de 70, 80 anos de idade ou mais, tem perda de massa muscular nos membros inferiores, de força e estabilidade de tronco e está associada a uma deterioração gradual das habilidades funcionais e um aumento na frequência de quedas (Kisner; Colby, 2016). As quedas em idosos representam um evento adverso que exerce um impacto significativo na qualidade de vida desses indivíduos. Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, a estimativa entre os idosos com 80 anos ou mais, é que 40% sofram quedas todos os anos (Cnn, 2023).

Diante do exposto, entender como o fortalecimento muscular pode desempenhar um papel fundamental na prevenção de quedas é essencial para abordar de forma mais eficaz essa questão de saúde pública e melhorar o bem-estar dos idosos afetados pela OAJ. Essa abordagem pode demonstrar redução da fraqueza, resultando em uma diminuição dos riscos de quedas e contribuindo, consequentemente, para a melhoria da autonomia e qualidade de vida desses pacientes. Diante disso, o presente estudo tem objetivo de analisar a influência do fortalecimento muscular na prevenção de quedas em idosos com osteoartrite de joelho.

2 METODOLOGIA

O presente estudo refere-se a uma revisão sistemática. Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizou-se a Estratégia PICO, na qual sua função é facilitar a busca por evidências, a mesma constituiu-se em quatro itens: P: Idoso com Osteoartrite de Joelho; I: Fortalecimento muscular; C: Não apresenta comparação com nenhuma intervenção, O: prevenção de quedas. Esta revisão sistemática, foi submetida no Registro Prospectivo Internacional de Revisões Sistemáticas (PROSPERO) segundo os padrões exigidos. O registro foi realizado no dia 12 de dezembro de 2023 contendo o número CRD42023488460.

A coleta de dados ocorreu em 2024, por meio das bases de dados National Library of Medicine (PUBMED), Physiotherapy Evidence Database (PEDro) e Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL). Foram utilizados os descritores em inglês “Knee Osteoarthritis”, “Muscle Strengthening”, “Falls in the elderly”, associado aos operadores booleanos AND/OR para combinar os termos ou deixá-los sozinhos e otimizar as buscas.

Foram utilizadas as estratégias de busca em inglês, nas plataformas National Library of Medicine (PUBMED) e Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL): (Knee Osteoarthritis and Muscle Strengthening), (Knee Osteoarthritis and Falls in the elderly) e (Falls in the elderly and Muscle Strengthening). Na plataforma Physiotherapy Evidence Database (PEDro) a pesquisa aconteceu sem o emprego de operadores booleanos, sendo utilizado a seguinte estratégia: Knee Osteoarthritis* Muscle Strengthening* Falls in the elderly *.

Na pesquisa foram incluídos ensaios clínicos randomizados (ECRs), trabalhos que tiveram como alvo pacientes idosos de ambos os sexos, pessoas idosas de 60 a 80 anos, trabalhos que tiveram intervenção fisioterapêutica de fortalecimento muscular e artigos completos. Os critérios de exclusão consistiram em estudos nos quais a descrição da intervenção não estava clara ou estava mal definida, além de estudos que não abordaram diretamente o tema de interesse da pesquisa.

A seleção dos artigos foi realizada de forma independente. Inicialmente, foi feita uma avaliação com base no título e resumo, seguida pela análise dos critérios de inclusão e exclusão. Os dados extraídos foram então apresentados em tabelas, destacando as principais características de cada estudo para permitir comparações e discussões, restando aqueles que atendiam aos critérios de elegibilidade da escala PEDro.

Nos ensaios clínicos randomizados foi utilizada a escala PEDro para avaliar a qualidade metodológica, possibilitando a identificação daqueles que demonstraram validade interna e forneceram dados estatísticos suficientes para uma interpretação precisa dos resultados. Esta escala consiste em 11 critérios, dos quais dez são utilizados para calcular a pontuação dos estudos, que pode variar de 0 a 10 pontos.

Fluxograma 1 – Pesquisa e triagem dos estudos relacionados nos bancos de dados, conforme a plataforma PRISMA. Teresina-PI, 2024.

Fonte: Autoras, 2024.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Quadro 1 refere-se à avaliação metodológica dos artigos por meio da escala de qualidade PEDro organizada em critérios de 1 a 11, autor e ano de publicação.

Quadro 1 – Análise da qualidade metodológica dos estudos por meio da escala PEDro. Teresina-PI, 2024.

Critérios / Artigos Chittrakul J et al., 2020Qiu J et al., 2023Josué AM et al., 2014Isaramalai SA et al., 2018
1. Os critérios de elegibilidade foram especificadosSIMSIMSIMSIM
2. Os assuntos foram distribuídos aleatoriamente por grupos (num estudo cruzado, os assuntos foram apresentados em grupos de forma solicitada de acordo com o tratamento recebido)SIMSIMSIMSIM
3. A distribuição dos assuntos foi cegaSIMSIMSIMNÃO
4. Inicialmente, os grupos eram semelhantes no que diz respeito aos indicadores de prognóstico mais importantesSIMSIMNÃOSIM
5. Todos os sujeitos participaram de forma cega no estudoNÃONÃONÃONÃO
6. Todos os fisioterapeutas que administraram a terapia fizeram-no de forma cegaNÃONÃONÃONÃO
7. Todos os avaliadores que mediram pelo menos um resultado-chave, fizeram-no de forma cegaSIMSIMSIMNÃO
8. Satisfação de pelo menos um resultado-chave foram obtidos em mais de 85% dos sujeitos inicialmente distribuídos pelos gruposSIMSIMNÃONÃO
9. Todos os sujeitos a partir dos quais foram obtidos resultados calculados de acordo com a distribuição ou, quando não foi esse o caso, fez-se a análise dos dados para pelo menos um dos-chave por “intenção de tratamento”SIMNÃOSIMNÃO
10. Os resultados das comparações estatísticas inter-grupos foram descritos para pelo menos um resultado-chaveSIMSIMSIMSIM
11. O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade para pelo menos um resultado-chaveSIMSIMSIMSIM
TOTAL8/107/106/104/10

Fonte: Autoras, 2024.

O Quadro 2 apresenta as principais características dos estudos, organizadas por autor, amostra, objetivos, intervenção e resultados. Essa disposição visa facilitar a organização e comparação das informações.

Quadro  2 – Dados gerais sobre os artigos selecionados para obtenção dos resultados. Teresina-PI, 2024.

AUTOR/ANOAMOSTRAOBJETIVOINTERVENÇÃORESULTADOS
Chittrakul J et al., 202072O objetivo foi determinar a eficácia de um Exercício Físico Multissistêmico (EFM) na prevenção de quedas e na Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) em idosos pré-frágeis.A intervenção consistiu principalmente em propriocepção, fortalecimento muscular, tempo de reação e treinamento de equilíbrio e foi realizada três dias por semana durante 12 semanas. O grupo controle recebeu treinamento de exercícios de flexibilidade três vezes por semana do programa. O desfecho primário foi o risco de queda avaliado por meio de PPA 12 semanas após o início do estudo e após 24 semanas de acompanhamento.Diferenças significativas foram encontradas na melhora no risco de queda, propriocepção, força muscular, tempo de reação e oscilação postural, e medo de cair nos escores no grupo MPE em comparação com os controles nas semanas 12 e 24. Além disso, a QVRS aumentou significativamente no grupo MPE grupo em comparação aos controles. O programa MPE aumentou significativamente a força muscular e melhorou a propriocepção, o tempo de reação e a oscilação postural, levando à redução do risco de queda em idosos com pré-fragilidade. Portanto, o programa MPE é recomendado para uso na prática diária da atenção primária na população pré-frágil.
Qiu J et al., 202342O objetivo do estudo é avaliar o efeito da adição do fortalecimento dos abdutores e adutores do quadril ao fortalecimento do quadríceps na força dos membros inferiores, dor no joelho e função física em pacientes com osteoartrite do compartimento medial do joelho.O grupo AH realizou fortalecimento dos abdutores e adutores do quadril, além do tratamento geral de reabilitação. A força muscular do joelho e do quadril, o Five Times Sit-to-Stand Test (FTSST), o Timed Up and Go Test (TUGT), a Escala de Avaliação Numérica (NRS) e as pontuações do Índice de Osteoartrite das Universidades Western Ontario e McMaster (WOMAC) foram avaliado no início do estudo e 6 semanas. Um teste t não pareado bilateral de 2 amostras foi realizado para comparar a diferença nas pontuações médias de mudança entre os grupos AH e GT.36 participantes completaram o estudo: ambos os grupos consistem em 18 participantes. O grupo AH teve uma melhora maior na força de extensão do joelho (alterações médias, 7,84 versus 36,48; P<0,001) e na força de abdução do quadril (alterações médias, 5,05 versus 26,62; P=0,001) do que o grupo de controle. Da mesma forma, o grupo AH teve uma melhora maior no tempo FTSST (alterações médias, 0,40 s versus 3,57 s; P<0,001) e no tempo TUGT (alterações médias, 0,18 s versus 1,67 s; P=0,002) do que o grupo GH. Nenhuma diferença estatística foi encontrada na mudança dos escores de dor WOMAC e NRS entre os dois grupos.
Josué AM et al., 201454O objetivo de avaliar a eficácia do programa individualizado de treinamento de força resistida progressiva (PRT) na melhoria do equilíbrio para limites anteriores de estabilidade em idosos com comprometimento do equilíbrio, em comparação ao exercício de equilíbrio tradicional (TBE) e combinação de ambos (COMBI).O grupo TBE recebeu exercícios de equilíbrio tradicional de 8 componentes; 4 vezes por semana durante 6 meses. O grupo PRT recebeu treinamento resistido para os principais músculos das extremidades inferiores, utilizando o protocolo DeLormes e Watkins. O grupo COMBI recebeu PRT e TBE alternadamente (2 dias de PRT e 2 dias de TBE por semana). O teste de alcance funcional (FRT) foi utilizado para medir os limites frontais de estabilidade. Os dados foram analisados no Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 15.Apenas 45 dos participantes restantes foram incluídos para a análise dos dados. Para alcance funcional, o PRT teve uma progressão constante desde o início até 6 meses, o que foi altamente significativo estatisticamente (p<0,001). Os grupos TBE e COMBI apresentaram melhora considerável desde o início até o terceiro mês e além do qual foi observada melhora moderada. Ambos os métodos de análise revelaram uma melhoria estatisticamente significativa para o grupo COMBI (p<0,001) e uma melhoria significativa para o grupo TBE (p=0,006). As mudanças nas pontuações do FRT foram significativamente melhores para o PRT do que para o TBE.
Isaramalai SA et al., 201875Este estudo tem objetivo de investigar o efeito do PEM-NWE, PEM-PRE e do tratamento padrão (TS) no autocuidado e na capacidade funcional da população idosa.O grupo ST recebeu serviços de cuidados habituais, com base em protocolos padrão, juntamente com uma sessão educacional reforçada de 2 horas, enquanto o PEM-NWE e o PEM-PRE receberam atividades em centros e em casa. Ambos os programas de exercícios, todos os participantes foram obrigados a completar os seus próprios programas de exercícios pelo menos 3 dias por semana durante 8 semanas. O livreto NWE explicava nove exercícios de movimento de pernas sem peso, enquanto o livreto PRE descrevia nove exercícios com sacos de areia. A comparação média desses resultados ao longo do tempo foi feita usando Modelos Lineares Mistos Generalizados (GLMMs).As análises do GLMM revelaram diferenças estatisticamente significativas na capacidade funcional entre os grupos em o modelo de efeito misto em que todos os pontos de tempo foram (p,0,001; R2 incluídos =0,93). PEM-NWE e PEM-PRE mostraram diferença significativa do TT no escore médio total de capacidade funcional (p<0,05). Em comparação com o tratamento padrão, as médias de ambos os grupos, PEM-NWE e PEM-PRE, aumentaram significativamente no autocuidado e na capacidade funcional. No entanto, não foi encontrada diferença significativa entre PEM-NWE e PEM-PRE.

Fonte: Autoras, 2024.

Para esta revisão sistemática, foram encontrados 4 artigos nas bases de dados (PEDro, PUBMED e CENTRAL), que relatava do fortalecimento muscular em idosos. Desse modo, tendo o objetivo de investigar a eficácia desta intervenção na prevenção de quedas em idosos com osteoartrite de joelho.

O estudo de Chittraku et al. (2020) demonstrou que o programa de Exercício Físico Multissistêmico (MPE) de 12 semanas teve um efeito significativo na melhoria da propriocepção, tempo de reação, extensão do joelho e equilíbrio em adultos pré-frágeis, refletindo um melhor desempenho físico geral e redução do risco de queda. Além disso, a intervenção com exercícios foi eficaz na redução do medo de quedas em idosos frágeis e pré-frágeis, o que é fundamental para promover a segurança e a qualidade de vida nessa população.

De acordo com o estudo de Chittraku et al. (2020) utilizou o questionário SF-36 para avaliar a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS). Os resultados destacam a eficácia do programa MPE na melhoria da QVRS dos participantes, indicando que a prática regular de exercícios e atividades físicas pode ter impactos positivos no bem-estar físico e mental. Estudos anteriores ressalta a evidencia dos benefícios do exercício na qualidade de vida de idosos frágeis e pré-frágeis. Isso ressalta a importância de programas estruturados de exercícios, como o MPE, na promoção da saúde e bem-estar em grupos vulneráveis, como os idosos.

Por outro lado, o estudo de Qiu et al. (2023) destacou a importância do fortalecimento combinado dos músculos do quadril e do quadríceps na melhoria da função dos membros inferiores e na redução do tempo de execução de testes de desempenho físico, como o tempo de sentar e levantar (FTSST) e o tempo do teste Timed Up and Go (TUGT). Esses resultados ressaltam a relevância do fortalecimento muscular na estabilização da pelve e do tronco, contribuindo para uma melhor função de equilíbrio e redução do risco de queda.

Além disso, o estudo de Josué et al. (2014) evidenciou que o treinamento de força (PRT) apresentou melhorias significativas no equilíbrio em comparação com o treinamento de equilíbrio tradicional (TBE). Isso sugere que o fortalecimento muscular pode ser tão eficaz, senão mais, na melhoria do equilíbrio incluindo o aumento da massa muscular, força, coordenação neuromuscular e na prevenção de quedas em idosos com osteoartrite de joelho.

O estudo de Isaramal et al. (2018) examina os efeitos da integração do PEM no autocuidado e na capacidade funcional em trabalhadores idosos com OA de joelho. Os resultados destacam melhorias significativas nessas áreas, especialmente quando combinadas com exercícios de fortalecimento muscular, destacando a importância do exercício de fortalecimento muscular como componente-chave do tratamento conservador.

O estudo de Qiu et al. (2023) identifica a dor como um sintoma da osteoartrite do joelho (OAJ) e observa que a inclusão inicial de exercícios para o quadril pode proporcionar alívio rápido, embora esse efeito possa diminuir com o tempo. Por outro lado, o estudo de Isaramal et al. (2018) também destaca a dor e a rigidez como sintomas, relatando uma melhoria significativa nas pontuações WOMAC. No entanto, aponta que o programa de exercícios PEM-NWE é mais eficaz na redução da dor, enquanto o programa PEM-PRE demonstrou ser mais eficaz na melhoria da função física.

A prática de exercícios, conforme observado por Chittraku et al. (2020), pode melhorar as vias sintéticas das proteínas contráteis musculares, resultando em um aumento da força muscular. Esta intervenção com exercícios também tem sido eficaz na melhoria do desempenho físico e na redução do risco de quedas em idosos frágeis e pré-frágeis. Além disso, o estudo de Qiu et al. (2023) destaca que exercícios para o quadril têm sido associados à ativação do quadríceps sem gerar desconforto no joelho, sugerindo que a inclusão desses exercícios após o fortalecimento do quadríceps pode intensificar sua ativação e, assim reduzindo a fraqueza muscular.

Segundo Josué et al. (2014) o treinamento de força aumenta o tamanho muscular, especialmente nas fibras musculares do tipo II, que são essenciais para reações rápidas e equilíbrio. Isso, junto com melhorias na massa muscular, força e outras características físicas, pode ter contribuído para o aprimoramento do equilíbrio no grupo PRT. Além disso, o estudo sugere que o aumento da força, especialmente nos músculos ao redor do tornozelo, pode ter proporcionado maior estabilidade durante atividades dinâmicas, como o alcance funcional.

O estudo de Isaramal et al. (2018) destaca que o exercício de fortalecimento muscular resulta em significativo aumento da função de diversos grupos musculares, incluindo quadríceps, abdutores do quadril, extensores do quadril, isquiotibiais e músculos da panturrilha. Esses músculos são particularmente importantes para indivíduos com OAJ. A melhoria da força nos quadríceps, por exemplo, pode ajudar a absorver o impacto do movimento e reduzir as forças de reação do solo, o que pode minimizar a dor durante atividades como levantamento de peso para pessoas com OAJ.

O estudo de Chittraku et al. (2020) investigou o medo de quedas em indivíduos, encontrando diferenças significativas entre os grupos de intervenção e controle. Além disso, observou-se uma redução significativa no nível de depressão com o programa de exercícios (MPE). É importante ressaltar que a depressão pode ser uma causa intrínseca, iniciando-se muitas vezes pelo medo de cair, o que pode gerar um ciclo de depressão. Estudos anteriores têm relatado que intervenções com exercícios são eficazes na redução tanto da depressão quanto do medo de quedas em idosos frágeis.

Segundo Isaramal et al. (2018) A visita domiciliar é uma causa extrínseca importante na promoção dos comportamentos de autocuidado. Ao fornecer orientação, autoavaliação e autorreflexão para a população idosa trabalhadora, facilita a implementação da confiança ergonômica no autocuidado. O feedback positivo contínuo oferecido durante essas visitas também ajuda a motivar os idosos a alcançarem seus objetivos de saúde. Estudos prévios destacaram a visita domiciliar como um fator significativo na melhoria da qualidade de vida em indivíduos com osteoartrite de joelho.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos revisados ressaltam a importância do exercício físico, especialmente o fortalecimento muscular, no aprimoramento da função física e equilíbrio em idosos com osteoartrite de joelho e maior predisposição de quedas. Programas de exercícios combinados demonstraram eficácia na redução da dor, rigidez e fortalecimento muscular, além de otimizar o desempenho físico e minimizar o risco de quedas. Essa abordagem também promove uma sensação de confiança e bem-estar, fundamentais para a independência dos idosos, destacando o exercício como essencial para um envelhecimento saudável.

REFERÊNCIAS

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1Centro Universitário Santo Agostinho, Brasil
2Centro Universitário Santo Agostinho, Brasil
3Centro Universitário Santo Agostinho, Brasil