NOVOS SABERES E PRÁTICAS EDUCACIONAIS NAS AULAS EM DIFERENTES CENÁRIOS DO PERÍODO PANDÊMICO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11062603


Fernanda Gonçalves de Castro, Gildací Gomes de Sá Carvalho, Eveline Gomes dos Santos, Eliana dos Santos, Gilsemary Clarice das Graças, Laís Giselle Nunes de Araújo, Adriana Santos, Ueudison Alves Guimarães


RESUMO

Este trabalho tem como desígnio principal gerar uma reflexão acerca dos desafios que a Educação vem confrontando por conta do ensino remoto, tencionando, por sua vez, mencionar e observar os impasses que impediram, de modo considerável, o ensino-aprendizagem durante o período pandêmico. As mudanças decorrentes da pandemia da Covid-19 fizeram com que as instituições de ensino tomassem medidas de emergência com o propósito de promover a aprendizagem, sem interrupções, mediante o isolamento social, contudo, trouxe consigo inúmeros desafios para a escola e todos os que dela fazem parte, tornando o processo de ensino-aprendizagem complexo e desafiador. Para tanto, esse trabalho buscou, por meio de fundamentação teórica de caráter bibliográfico e com base em autores especialistas na temática aqui apresentada, desenvolver uma abordagem reflexiva com o desejo de gerar um debate acerca do panorama educacional em meio ao período pandêmico e o modo como as aulas passaram a ser ministradas com o uso dessa nova ferramenta chamada de ensino remoto. Por outro lado, busca-se compreender de maneira mais ampla quais os desafios e os benefícios que o uso da tecnologia tem oferecido diante dessa nova realidade educacional. Contudo, durante a caminhada realizada para a organização e preparação desse trabalho, descobriu-se que um dos maiores desafios vividos pelo docente nesse período transcorreu por conta do despreparo que a escola brasileira, em geral, apresentou ao confrontar com todo o processo de mudanças ocorrido em tão pouco tempo.  

Palavras-chave: Aprendizagem. Docência. Pandemia. Tecnologia.

ABSTRACT

This work’s main purpose is to generate a reflection on the challenges that Education has been facing due to remote teaching, intending, in turn, to mention and observe the impasses that considerably impeded teaching-learning during the pandemic period. The changes resulting from the Covid-19 pandemic caused educational institutions to take emergency measures with the purpose of promoting learning, without interruptions, through social isolation, however, it brought with it numerous challenges for the school and all those who participate in it. are part of, making the teaching-learning process complex and challenging. To this end, this work sought, through theoretical foundations of a bibliographic nature and based on authors specialized in the theme presented here, to develop a reflective approach with the desire to generate a debate about the educational panorama in the midst of the pandemic period and the way in which Classes began to be taught using this new tool called remote teaching. On the other hand, we seek to understand more broadly what challenges and benefits the use of technology has offered in the face of this new educational reality. However, during the journey carried out to organize and prepare this work, it was discovered that one of the biggest challenges faced by teachers during this period was due to the lack of preparation that Brazilian schools, in general, presented when faced with the entire process of changes that occurred. in so little time.

Keywords: Learning. Teaching. Pandemic. Technology.

INTRODUÇÃO

É notório que a chegada da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) trouxe consigo inúmeros desafios no que se refere a Educação brasileira, sendo esse processo identificado mediante as exigências que foram surgindo, preocupadas em manter a população segura e longe de qualquer dano que ferisse a saúde, dentre elas, o distanciamento social, o qual afetou consideravelmente a vida de todas as pessoas. Para tanto, como um caminho necessário “a atuação dos professores tem sido mediada pela tecnologia do ensino à distância, por meio das plataformas digitais, bem como outros recursos tecnológicos de fácil acesso a docentes e discentes” (BRASIL, 2020).

Não é nenhuma novidade que a Educação brasileira sempre viveu momentos de muita dificuldade, contudo, com a chegada da pandemia da Covid-19, em 2019, a situação superou as expectativas do abismo, afetando não somente a escola como também apresentando mudanças drásticas de ordem sanitária, as quais trouxeram para a vida das pessoas medos, angústias, incertezas e inúmeros desafios.

Diante dessa premissa, não se pode esquecer jamais que a Educação deve parar, ou seja, precisa ser uma constante na vida das pessoas, especialmente, quando os desafios superam as expectativas, nesse caso, faz-se referência ao “isolamento social”, o qual obrigou o mundo a viver trancado dentro de suas residências por período indeterminado.

De acordo com Mandela (2003, p.115) a arma mais poderosa para mudar o mundo é a Educação. Assim sendo, é preciso avaliar o momento vivido e perceber que em pleno século XXI o avanço tecnológico tem sido uma constante, o que permite colocá-lo em prática com o propósito de oferecer aos alunos o que lhes é de direito, uma Educação de qualidade, sem interrompê-la por qualquer circunstância.

Sabe-se que mesmo diante de tantas possibilidades tecnológicas não foi uma tarefa fácil ministrar aulas no vazio de suas residências, sem alunos, sem giz, lousa e o contato presencial.

Mesmo assim, o docente com todas as suas dificuldades e limitações buscou oferecer o melhor, promovendo um ensino diferente de tudo que ele já viu, contudo, serviu como um caminho para dar continuidade àquilo que jamais deverá parar mediante as aulas online ou ensino remoto.

Segundo Braga (2009, p.14), nem todas as escolas brasileiras estão preparadas para garantir um ensino de qualidade quando se pensa na tecnologia como uma ferramenta efetiva para esse fim, pois, pensando na realidade das escolas públicas, os desafios ultrapassam limites.

Além do despreparo das instituições com o uso das ferramentas tecnológicas, são muitos os alunos que não possuem computador, celular e a conexão com a internet, o que dificulta ainda mais a efetividade dessa prática. Além disso, falta o processo de capacitação docente voltado para o uso das ferramentas e mecanismos tecnológicos.

Assim sendo, é imprescindível que se consiga reconhecer não somente os desejos advindos dos docentes como também os desafios que se revelam presentes na prática educacional com o intuito de transformar o seu trabalho diário visando o contexto pandêmico, pois assim conseguirá desenvolver estratégias necessárias e atuar de maneira consciente quando tiver de tomar decisões.

METODOLOGIA

A elaboração deste trabalho contou com o respaldo de uma pesquisa bibliográfica centrada no tema proposto para discussão neste estudo.  Essa abordagem permite a síntese de pesquisas já concluídas e a formulação de conclusões a partir de um tema de interesse.

A pesquisa bibliográfica, também conhecida como revisão da literatura, é uma análise crítica, minuciosa e abrangente das publicações vigentes em uma determinada área do conhecimento (TRENTINI e PAIM, 1999).

De acordo com Marconi e Lakatos (2007), esse processo pode ser enriquecido por consultas a bases de dados, periódicos e artigos indexados, com o intuito de ampliar o escopo da pesquisa. Essa abordagem visa colocar o pesquisador em contato direto com todo o material já produzido, dito ou filmado sobre o tema em questão.

Gil (2004) descreve a pesquisa bibliográfica como uma ação voltada para o material já existente. Trentini e Paim (1999, p.68) afirmam que “a seleção criteriosa de uma revisão de literatura pertinente ao problema significa familiarizar-se com textos e, por meio deles, reconhecer os autores e o que eles estudaram anteriormente sobre o problema a ser investigado”.

REFERENCIAL TEÓRICO
O ensino remoto e as tecnologias digitais na educação

As novas tecnologias da informação e comunicação trouxeram inúmeras transformações para a sociedade, as quais foram responsáveis pelos rompimentos ocorridos em todos os setores.

Desse modo, as instituições de ensino de todo o país e do mundo não ficaram para atrás, pois tiveram de abandonar as práticas de ensino formais para seguirem com um novo modelo de ensino, pautado nos recursos tecnológicos.

Nem todas as escolas, contudo, se mostram ainda hoje preparadas para as mudanças advindas pelas novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Para que isso ocorra, tudo irá depender de como o grupo gestor e os docentes encaram essa nova realidade, pois a sua aceitação fará com elas venham ser inseridas na Educação e tragam benefícios mediante as novas tecnologias, sendo, por sua vez, desenvolvidas dentro do ambiente escolar, inclusive, no período pandêmico, com proficuidade.

Assim sendo, cabe a escola abrir caminhos para o uso das novas tecnologias como estratégia pedagógica, para que possa se distanciar cada vez mais de práticas antigas e dar lugar ao novo.   Em contrapartida, é relevante salientar que o domínio acerca do uso das ferramentas não é suficiente, exige-se também a aquisição de habilidades e competências para se trabalhar com o letramento digital, idealizado por Rojo (2004, p.11), como multiletramentos.

Diante dessa premissa, espera-se que o docente esteja apto para desenvolver estratégias metodológicas eficientes, pois o simples manipular da ferramenta não faz do ensino algo novo, sendo preciso que a criatividade esteja presente durante a prática, uma exigência atualizada da sociedade para manter um trabalho ativo no mundo moderno.

Lima (2021, p.57) assegura ao professor, tendo em vista essa nova realidade, que ele necessita ter ciência de que não será trocado pelas novas tecnologias da informação e comunicação, pois os mecanismos tecnológicos devem ser vistos por ele como um aporte, uma alternativa didática valiosa e não como um adversário prestes a tomar a sua posição.

Santos apud Lima (2021, p.4) afiança que, “o papel do professor não muda perante as novas metodologias”. Com isso, entende-se que o docente é um mediador de conhecimento e, com a chegada das novas tecnologias educacionais, ele verá que elas se tornarão as suas companheiras, as quais darão suporte e oferecerão novas possibilidades para que ocorram as novas práticas de ensino no modo presencial ou híbrido.

Diante do exposto, é relevante destacar que se mostra preciso redesenhar a sala de aula para que se torne mais ajustável, com o propósito de propiciar o desenvolvimento do aprendiz em sua plenitude, o que requer prepará-lo para a sociedade moderna, visando a aquisição de habilidades e competências em conexão com as cognitivas, conhecidas como competências socioemocionais.

De acordo com alguns especialistas, as competências mencionadas já foram intituladas de competências híbridas. Ramos (2021, s/p), neste sentido, mostra que “vale ressaltar que essas habilidades e essas competências, que são tão importantes para se viver no século XXI, não se ensinam, elas se desenvolvem no processo ensino/aprendizagem”.

É indigente, então, que se saiba que a prática pedagógica mediante o uso das novas tecnologias da comunicação e informação podem ser realizadas em qualquer espaço de aprendizagem, além da sala de aula regular, contudo, para que isso ocorra, é necessária a presença do docente. 

Assim sendo, deseja-se que, diante do panorama em que se vive, o docente mantenha-se sempre atualizado e pronto para suprir as carências de aprendizagem de seus aprendizes, assim como conduzir o desenvolvimento e o crescimento tecnológico, o que exige a presença de um docente qualificado, criativo, inovador e preparado para promover o conhecimento que a sociedade moderna anseia, especialmente, nesse período pandêmico. 

Os educadores e as ferramentas Google

Santos (2020), afiança que “o cerne de qualquer espaço escolar é a sala de aula”. Com a chegada da pandemia do coronavírus, as instituições de ensino de todo o país e do mundo se sentiram obrigadas a selarem suas portas, causando grande impacto na vida de alunos e professores, os quais tiveram de se enquadrar em uma nova realidade escolar, abandonando a lousa e o giz, para assumirem um novo jeito de ensinar, empregando em suas aulas as novas tecnologias da informação e comunicação, pois a escola não poderia parar e o ensino remoto passou a ser um fato a ser encarado sem medo.

Com essas mudanças repentinas no sistema educacional, percebeu-se que as ferramentas do Google se tornaram mais evidentes, sendo vistas como ferramentas essenciais para continuar, de maneira virtual, com o processo de ensino-aprendizagem, com seu conteúdo tão complexo e necessário.

Para que se compreenda melhor cada ferramenta Google usada por tantos docentes, tendo em vista a sua contribuição para uma aula profícua e rica, buscar-se-á, a seguir, delinear, detalhadamente a acuidade de cada uma para o ensino-aprendizagem, tendo em vista o “novo normal”.

O famoso Google Drive

O Google Drive é um mecanismo muito importante para que se possa compartilhar conhecimento, inclusive, quando se pensa no período que vive a sociedade nesse momento, afastada do meio social por conta do coronavírus.

Por outro lado, descobre-se por meio do uso constante da ferramenta Google Drive que ela compreende o Google Docs., outro mecanismo essencial, o qual oportuniza diversas preferências de aplicações e produções dos mais diversos padrões, podendo ser compartilhadas em rede, permitindo a edição de apresentações, vídeos, mapas, fotos, documentos, planilhas de cálculos, dentre outros.

OGoogle Drive apoia-se na ideia de computação em nuvem, ou seja, um espaço virtual onde é possível armazenar arquivos, compartilhar por meio de links de compartilhamentos, gerenciados uma conta Gmail ou pelo administrador da ferramenta Google Sala de Aula, devido ao seu trabalho de conexão com esse aplicativo.

Diante de todos esses benefícios, o Google Drive disponibiliza para o usuário uma série de aplicativos on-line, sem a necessidade de instalação e podendo ser utilizado a qualquer momento e de qualquer lugar.

Conhecendo o Youtube Edu

De acordo com Santos (2018, p.123), “no ano de 2006, a plataforma YouTube foi comprada pela Google, que a transformou numa das maiores plataformas de compartilhamentos de vídeos, da atualidade”.

Tendo em vista o grande avanço da profissão de “youtuber”, a ferramenta Google em questão buscou premiar vários usuários comuns por seus próprios conteúdos criados na plataforma, tendo como benefício a manipulação de imagens e vídeos, além de poder enviá-los para a nuvem.

A ferramenta YouTube é voltada ainda para a área da Educação, lugar esse em que ficam armazenadas as videoaulas de docentes para o aprendizado dos alunos, a qualquer hora, qualquer lugar e momento escolhido por quem deseja estudar.

Santos (2018, p.128) salienta que:

O YouTube Edu é uma parceria entre a Fundação Lemann e o Google que reúne os melhores conteúdos educacionais do YouTube. Com curadoria da Fundação Lemann, a plataforma tem conteúdo para o Ensino Fundamental e Ensino Médio, englobando as disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências (Química, Física e Biologia), História, Geografia, Língua Espanhola e Língua Inglesa (SANTOS, 2018, p. 7).

O autor ainda afiança que “os vídeos disponibilizados na plataforma podem ser organizados nas categorias “Favoritos” e “Assistir mais tarde”. Assim sendo, percebe-se que essas novas ferramentas facilitam ainda mais o aprendizado, permitindo que os docentes possam separar os materiais necessários segundo os seus interesses para que ocorra a aprendizagem, podendo ainda organizá-las em sua própria conta. 

O YouTube é considerado um ambiente virtual particular para a aprendizagem, pois, além de apresentar uma gama de assuntos acerca dos diversos campos do conhecimento, também há o intercâmbio entre quem usa e os mecanismos oferecidos. 

O chamado Google E-books ou Google Livros

Conhecida como uma ferramenta do Google, responsável por fornece diversos livros e E-books virtualmente, ela ainda torna possível a leitura de livros e revistas, assim como o download de todos eles, podendo consultá-los, traduzi-los e citá-los.

O material disponibilizado na plataforma é fornecido por editoras enquanto alguns são digitalizados e enviados para a nuvem mediante o Projeto Biblioteca do Google, sendo que todo o material é originário de inúmeras fontes e disponibilizado de maneira gratuita. 

Assim sendo, Santos (2018, p.14) assegura que “esse recurso da Google pode ser disponibilizado para os professores utilizarem como recursos didáticos, na elaboração e execução de suas aulas. A busca por estes materiais pode ser realizada por título, autor, ISBN ou palavras-chaves”.

Diante dessa caminhada e de todos os recursos mostrados acima, percebeu-se que a Google possui uma diversidade de mecanismos tecnológicos, os quais se tornam essenciais dentro do ambiente escolar ou em qualquer outro espaço em que a aprendizagem esteja sendo desenvolvida, contudo, não limitando-se apenas a esse momento de isolamento social, mas deve ser utilizado sempre que o desígnio seja a aquisição intelectual do sujeito.

O impacto dos cenários educacionais na prática pedagógica

Santos (2020), em seus estudos, explica que a prática pedagógica, essencial no processo de ensino-aprendizagem, é profundamente influenciada pelos cenários educacionais em que se insere. Assim sendo, nota-se que o impacto destes cenários na educação é um tema de relevância altamente crescente, especialmente em uma era caracterizada por rápidas transformações tecnológicas e sociais, as quais corroboram que a compreensão de como diferentes ambientes educativos moldam as práticas de ensino é fundamental para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas eficazes e inclusivas.

Nos espaços educativos tradicionais, como as salas de aula físicas, de acordo com Santos (2020), a interação constante entre docentes e alunos tem sido a pedra angular da prática educativa, para a maioria desses profissionais manter o engajamento dos alunos e adaptar as metodologias de ensino para atender às necessidades individuais dentro de um grupo diverso é, de fato, um enorme desafio. Em meio a essas dificuldades, estratégias como o ensino diferenciado e a aprendizagem baseada em projetos surgem como respostas a esses desafios, buscando tornar a aprendizagem mais personalizada e significativa.

Em contrapartida, para o autor, o avanço do ensino à distância e das plataformas digitais de aprendizagem criou paradigmas na educação, pois a educação online desafia os docentes da atualidade a manterem a eficácia pedagógica sem a interação presencial. No entanto, isto exige, além da familiaridade com as ferramentas tecnológicas, a habilidade adequada para criar conteúdo digital que seja envolvente e acessível para alunos de diversos contextos. Levando em consideração o contexto apresentado, acrescenta-se que tanto a flexibilidade quanto a autoaprendizagem se mostram como componentes fundamentais, os quais requerem dos docentes novas abordagens para motivar e orientar os alunos nesse processo de ensino à distância.

Além disso, segundo Santos (2020), cabe aqui ressaltar que a crescente diversidade nas salas de aula, seja em termos culturais, socioeconômicos ou de capacidades de aprendizagem, impõe a necessidade de uma pedagogia inclusiva e adaptativa. Desse modo, os docentes começam a enfrentar o desafio de criar um ambiente de aprendizagem que reconheça e valorize essa diversidade, colocando em ação estratégias como a educação multicultural e práticas inclusivas, as quais são fundamentais para atender a todos os alunos de maneira igualitária.

Para Santos (2020), o avanço tecnológico trouxe para a sociedade, ao longo dos anos, inúmeros benefícios significativos no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem, por outro lado, também inseriu em sua bagagem um combo de desafios que precisam ser superados pelos docentes, objetivando a melhora da qualidade do ensino.

Dentro dessa nova realidade, percebe-se, segundo Santos (2020), que especialmente em ambientes rurais ou em comunidades com recursos limitados, os desafios são ainda mais específicos. Isso ocorre devido à ausência de recursos tecnológicos e de material didático adequado, que exige dos docentes uma criatividade e uma adaptabilidade ainda maiores para proporcionar uma educação de qualidade. Tendo em vista esse tipo de contexto, verifica-se que a prática pedagógica muitas vezes se concentra em métodos mais tradicionais, mas com uma ênfase crescente na incorporação de recursos locais e na valorização da cultura e conhecimentos locais.

Assim sendo, compreende-se que o impacto dos cenários educacionais na prática pedagógica, tema principal deste capítulo, se apresenta de maneira múltipla e intensa, pois cada ambiente educacional apresenta seus próprios desafios e oportunidades, exigindo dos educadores uma constante adaptação e inovação em suas abordagens. Todavia, acrescenta-se que compreender e responder eficazmente a essas dinâmicas é essencial para promover uma educação que seja verdadeiramente inclusiva, engajadora e capaz de preparar os alunos para um mundo em constante mudança.

O ensino em sala de aula

O processo de ensino-aprendizagem em sala de aula, considerado o elemento central do sistema educacional, para Braga (2009), permanece como um dos espaços mais significativos para a aprendizagem. Assim, toma-se ciência de que apesar da crescente diversificação dos métodos educativos e do advento da tecnologia, a sala de aula tradicional mantém seu papel fundamental na educação, pois é neste ambiente onde ocorrem a transmissão de conhecimentos, assim como a formação de habilidades sociais, o desenvolvimento cognitivo e a construção de valores.

É inegável para o autor que a dinâmica da sala de aula é complexa e desafiadora, por isso, os docentes precisam equilibrar a entrega de conteúdo curricular com o atendimento às necessidades individuais dos alunos, pois cada sala de aula é um microcosmo, abrigando uma diversidade de personalidades, estilos de aprendizagem e níveis de compreensão. Tendo em vista este contexto, mostra-se claramente que o docente passa a ser um profissional que desempenha múltiplos papéis, e deixa de lado a postura de detentor dos saber, atuando com um transmissor de conhecimento, um facilitador da aprendizagem, um mediador de conflitos e um mentor.

Cabe aqui acrescentar que as metodologias de ensino em sala de aula têm evoluído muito ao longo dos anos. Por conta disso, percebe-se que a abordagem tradicional, centrada no professor, vem gradualmente dando espaço para métodos mais interativos e centrados no aluno, pois acredita-se que a utilização de técnicas como a aprendizagem colaborativa, o ensino baseado em projetos e o uso de tecnologias educacionais está sendo aplicada para tornar as aulas mais envolventes e eficazes. Com isso, torna-se evidente que essas abordagens são muito valiosas, pois promovem um ambiente de aprendizagem ativo, onde os alunos são encorajados a explorar, questionar e aplicar o conhecimento de maneira prática.

Braga (20094) explica que a inclusão de tecnologia na sala de aula tem sido caracterizada como undamental a efetivação do ensino moderno, já que as ferramentas digitais, como tablets e laptops, são cada vez mais comuns, oferecendo novas maneiras de aprender e ensinar.

Desse modo, verifica-se que as tecnologias acima mencionadas permitem o acesso a uma gama de recursos educacionais e facilitam a personalização da aprendizagem, sem a necessidade de substituir o papel do docente, que é de extrema importância, servindo como um complemento que enriquece a experiência educativa.

Além disso, segundo Braga (2009, p.14), a gestão da sala de aula é caracterizada também como um elemento essencial nesse processo, visto que estabelecer um ambiente de respeito mútuo, promover a participação ativa dos alunos e manter um clima propício para a aprendizagem são tarefas fundamentais para o educador, tendo em vista que a habilidade de gerenciar eficazmente a sala de aula influencia diretamente a qualidade da educação e o engajamento dos alunos.

Nesse sentido, elucida-se que o ensino em sala de aula é um componente vital do sistema educacional, que apesar dos desafios e das mudanças contínuas nas práticas pedagógicas, ela continua sendo o palco onde se desenrolam os processos fundamentais de ensino e aprendizagem.

Portanto, a capacidade dos educadores de adaptar suas metodologias, integrar tecnologias e gerenciar efetivamente este espaço tem sido de grande relevância para o sucesso educativo e para o desenvolvimento integral dos alunos.

É relevante destacar que além dos aspectos já mencionados, o ensino em sala de aula é profundamente influenciado pelo clima escolar e pelas relações interpessoais que nele se desenvolvem. Isso evidencia que o ambiente de ensino-aprendizagem não permanece preso apenas aos aspectos físicos, como a disposição das carteiras ou a decoração da sala. Na verdade, ele também envolve o ambiente emocional e psicológico. Assim, entende-se que um ambiente acolhedor, seguro e estimulante é essencial para promover o bem-estar dos alunos e facilitar a aprendizagem efetiva.

O processo de interação entre colegas e a relação aluno-professor são fundamentais neste contexto, pois um bom relacionamento pedagógico é baseado no respeito mútuo, na confiança e no apoio.

Dentro dessa perspectiva, revela-se que os docentes que conseguem estabelecer uma conexão positiva com seus alunos tendem a ter maior sucesso em motivá-los e engajá-los no processo de aprendizagem. Além disso, torna-se claro que encorajar a interação e a colaboração entre os alunos promove habilidades sociais valiosas, como comunicação, trabalho em equipe e resolução de conflitos.

A avaliação, de acordo com Braga (2009, p.14),  destaca-se neste estudo como um elemento imprescindível para a efetivação ensino em sala de aula. Por isso, deve ser aplicada tanto para medir o desempenho dos alunos, que é algo necessário, assim como um meio para informar e aprimorar as práticas de ensino, pois as avaliações formativas, que fornecem feedback contínuo aos alunos sobre seu progresso, são particularmente úteis para apoiar o desenvolvimento contínuo e ajustar as estratégias de ensino às necessidades dos alunos.

Além das tendências pedagógicas e tecnológicas, as quais foram apresentadas durante o percurso de construção deste estudo, evidencia-se que os desafios contemporâneos, como a necessidade de abordar questões globais e promover a cidadania ativa, também estão remodelando o ensino em sala de aula.

Por conta disso, nota-se que os docentes estão cada vez mais buscando integrar temas como sustentabilidade, diversidade e direitos humanos em seu currículo, preparando os alunos para serem cidadãos responsáveis e conscientes em um mundo amplamente global e digital.

Desse modo, como mostra Braga (2009), o ensino em sala de aula, apesar de suas transformações e desafios, continua sendo um aspecto fundamental da jornada educacional, no entanto, o sucesso neste ambiente depende exclusivamente da capacidade dos docentes de se adaptarem, inovarem e responderem às necessidades e aos interesses de seus alunos.

Nesse sentido, utilizando uma abordagem universal e flexível, a qual valoriza tanto o conhecimento acadêmico quanto o desenvolvimento pessoal, afirma-se que a sala de aula pode continuar a ser um espaço onde cada aluno tem a oportunidade de crescer, aprender e prosperar com sujeito.

Estratégias pedagógicas convencionais

As estratégias pedagógicas convencionais, as quais têm formado a espinha dorsal do sistema educativo durante décadas, segundo Santos (2018), constituem um conjunto de abordagens e técnicas que visam a transmissão de conhecimentos e habilidades de maneira estruturada e sistemática. Assim sendo, compreende-se que estas práticas, embora tradicionais, continuam a ter um papel significativo no panorama educativo atual, proporcionando uma base sólida sobre a qual métodos inovadores podem ser construídos e integrados.

Tendo em vista esse modelo de abordagem, acrescenta-se que uma das características mais distintivas das estratégias pedagógicas convencionais é a aula expositiva, que é vista como um método, centrado no professor, o qual envolve a apresentação de informações de maneira direta, com os alunos atuando principalmente como receptores passivos do conhecimento. Apesar de serem muito contestadas no processo educacional contemporâneo, as aulas expositivas são eficazes para cobrir grandes quantidades de conteúdo de forma eficiente e são particularmente úteis em disciplinas que requerem memorização ou compreensão de conceitos fundamentais.

Para Santos (2018), quando se trata de discorrer acerca das estratégias convencionais na atualidade, percebe-se que a ênfase na aprendizagem individual é considerada um elemento bastante significativo. Esse modelo de ensino se preocupa em preparar exercícios e atividades com muita frequência para serem realizados individualmente, permitindo que os alunos trabalhem no seu próprio ritmo e segundo as suas capacidades, pois acredita-se que quando o foco está na aprendizagem individual, os alunos desenvolvem a autodisciplina e a independência, qualidades importantes para o sucesso acadêmico e profissional.

Santos (2018) ainda explica que a avaliação tradicional, geralmente na forma de testes e exames escritos, também é vista como um componente central dessas estratégias, pois estes métodos de avaliação são projetados para medir o conhecimento e a compreensão dos alunos de forma objetiva e quantificável. Assim sendo, revela-se que embora frequentemente criticados por sua natureza unidimensional, eles fornecem um meio eficaz de avaliar o progresso acadêmico e identificar áreas que precisam de reforço.

Vale ressaltar que as estratégias pedagógicas convencionais também incluem a prática de tarefas de casa e exercícios de reforço, já que estas atividades estendem a aprendizagem para além da sala de aula, permitindo aos alunos consolidarem o conhecimento adquirido e desenvolver habilidades independentes de estudo.

Todavia, para Braga (2009, p.14), é importante notar que, embora essas estratégias sejam entendidas como eficazes em certos contextos, elas não atendem a todas as necessidades e estilos de aprendizagem dos alunos. Assim, percebe-se que a crítica mais comum a essas abordagens é que elas podem promover uma aprendizagem passiva e não estimulam suficientemente o pensamento crítico, a criatividade e as habilidades de resolução de problemas, enfatizando exclusivamente a memorização e a repetição, que podem limitar a capacidade dos alunos de aplicar o conhecimento de maneira prática e significativa.

Desse modo, embora as estratégias pedagógicas convencionais continuem a ser uma parte importante do repertório de um educador, é cada vez mais reconhecido que elas devem ser complementadas com métodos mais interativos e centrados no aluno. Assim, compreende-se que a integração de abordagens pedagógicas inovadoras, que encorajam a participação ativa, a colaboração e a aplicação prática do conhecimento, é essencial para criar um ambiente de aprendizagem equilibrado e eficaz, pois aos fazê-lo, os educadores podem proporcionar uma experiência educativa mais rica e envolvente para todos os alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A caminhada percorrida para a realização desse trabalho se incumbiu de apresentar os inúmeros desafios e possibilitar a sua identificação mediante a prática desenvolvida com a chegada do ensino de emergência, sendo também compreendido como uma possibilidade para que o ensino mantivesse o seu curso e não fosse interrompido por conta do isolamento social, causado com o surgimento da pandemia da Covid-19, tendo em vista o distanciamento entre professor e alunos e as dificuldades para a efetivação do ensino-aprendizagem.

Com isso, percebe-se que a trajetória de averiguação desenvolvida até aqui permitiu uma compreensão favorável a respeito do ensino durante o período pandêmico, esclarecendo que foi um dos momentos mais difíceis no que se refere o ensinar para o docente dessa matéria. 

A Educação tem passado por momentos de muita insegurança, tendo em vista o medo de se contaminar com a doença que assola o mundo, fato esse que mudou consideravelmente o jeito normal de ensinar, sendo obrigado a mudar antiquadas estratégias, a ficar preso em casa, longe dos alunos e colegas de trabalho, distante de seus familiares, tendo uma vida repleta de obstáculos e, ainda por cima, sendo preciso estar preparado para lidar com todos esses sentimentos, bem como se moldar a uma nova realidade para que o ensinar não fosse esquecido em meio a essa confusão causada pela pandemia da Covid-19.

Os desafios existentes nesse período atual não se comparam àqueles costumeiramente enfrentados pelos docentes, contudo, é necessário acrescentar que o docente, pelo fato de viver numa sociedade tecnológica, já fazia uso dessas ferramentas em sua vida cotidiana, contudo, elas eram vistas apenas como um elemento adicional e que serviam de suporte para a melhoria do ensino em sala de aula. Desse modo, com o desafio do período pandêmico, elas passaram a serem vistas e exigidas como o único caminho que leva o conhecimento ao aprendiz mediante as aulas online.

Por fim, acredita-se que com uma sociedade repleta de desafios, viver esse momento tão diferente e, ao mesmo tempo, tenebroso para o mundo é caminhar para uma realidade educacional que não se revelava antes da pandemia.

Hoje, é possível perceber que a Educação nunca mais será a mesma e que os mecanismos tecnológicos que serviram como aparato emergencial para suprir a necessidade de um único momento, tornar-se-á presente em nossos dias, trazendo cada vez mais benefícios para o processo de ensino-aprendizagem, mudando de maneira plena o sistema educacional.

REFERÊNCIAS

BRAGA, D. B. Práticas letradas digitais: considerações sobre possibilidades de ensino e de reflexão social crítica. In: RODRIGUES-JÚNIOR, A.S. A internet & ensino: novos gêneros, outros desafios. Rio de Janeiro: Singular, 2009, 2ª edição.

BRASIL. Nota técnica ensino a distância na educação básica frente à pandemia da covid-19. Ministério da Educação, Brasil, 2020.

LIMA, José Maria Maciel. Plataforma Moodle: A educação por mediação tecnológica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 01, Vol. 09, 2021.

MANDELA, N. Discurso no lançamento da Mindset network. Rio de Janeiro,2003.

RAMOS, Mozart Neves. O ensino híbrido: o futuro chegou, e agora? PUCPR + FTD | Novo Ensino Médio: Intencionalidade no planejamento por uma educação integradora, 2021.

ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo, 2004. 

SANTOS, Priscila Costa. Ferramentas do Google: Google Livros, Google Notícias, Google Alerta, YuTube e Google Acessibilidade. Must University, e-book, 2018.

MARCONI, M.A. & LAKATOS, E.M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 6ª edição, São Paulo: Atlas, 2007.

TRENTINI, M.; PAIM, L. Pesquisa em Enfermagem. Uma modalidade convergente-assistencial. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999.