AQUÁRIO DIGITAL JACQUES HUBER DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI: EXPANSÃO E SALVAGUARDA DA MEMÓRIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10985745


Débora Blois¹;
Lorena de Freitas².


RESUMO:

Ao longo dos anos os profissionais das instituições museológicas vêm deixando de se comportar como colecionadores em gabinetes de curiosidades, passando a desenvolver tarefas multifacetadas. Museólogos, arquitetos e demais pesquisadores ressignificam o seu acervo tornando-o um patrimônio a serviço da educação e da cultura. Com o intuito de expandir a vivência e a comunicação com o público para consequentemente possibilitar maior democratização do conhecimento, os museus se consolidam também no ciberespaço. As diferentes tipologias de museu como: Museu Virtual, Web Museu, Museu Online, dentre outros; têm por finalidade a mediação e a relação de patrimônio com seus usuários através da rede de computadores. Trabalharemos nesse artigo com o conceito de Museu Digital, por proporcionar ao visitante uma experiência imersiva e sensorial. Nosso objeto de estudo o Museu Paraense Emílio Goeldi expande parte de sua exposição por meio da digitalização do Aquário Jacques Huber, a qual ficará aberta constantemente para visitação. Esta pesquisa teórico/prática dialoga com autores que corroboram com os ideais museológicos e arquitetônicos na contemporaneidade como: Castells (2003) quando afirma que a revolução ligada a tecnologias da informação está remodelando a base social da humanidade; Lévy (1999) que através de um olhar filosófico entende que a virtualização é um eterno “devir” cujo alimento é o real; Santana (2011) ao tratar da comunicação dialógica entre museu e entorno; entre outros. A Museologia, ciência multidisciplinar, junto a Arquitetura, ciência da criação de espaços e ambientes organizados, visam refletir sobre essa nova ambiência de salvaguarda, abrangendo vias para pensar a ampliação socioespacial da memória e do patrimônio.

Palavras-chave: Museu Paraense Emílio Goeldi; Aquário Jacques Huber; museu digital; democratização do conhecimento; memória, patrimônio.       

ABSTRACT:

Over the years, professionals at museum institutions have stopped behaving like collectors in cabinets of curiosities, starting to develop multifaceted tasks. Museologists, architects and other researchers give new meaning to their collection, making it a heritage at the service of education and culture. With the aim of expanding experience and communication with the public and consequently enabling greater democratization of knowledge, museums are also consolidating themselves in cyberspace. The different types of museum such as: Virtual Museum, Web Museum, Online Museum, among others; their purpose is mediation and asset relationships with their users through the computer network. In this article we will work with the concept of Digital Museum, as it provides the visitor with an immersive and sensorial experience. Our object of study, the Museu Paraense Emílio Goeldi, expands part of its exhibition through the digitalization of the Jacques Huber Aquarium, which will be constantly open for visits. This theoretical/practical research dialogues with authors who corroborate contemporary museological and architectural ideals such as: Castells (2003) when he states that the revolution linked to information technologies is remodeling the social basis of humanity; Lévy (1999) who, through a philosophical perspective, understands that virtualization is an eternal “becoming” whose nourishment is the real; Santana (2011) when dealing with dialogical communication between the museum and its surroundings; among other. Museology, a multidisciplinary science, together with Architecture, the science of creating organized spaces and environments, aim to reflect on this new environment of safeguarding, covering ways to think about the socio-spatial expansion of memory and heritage.

Keywords: Paraense Emílio Goeldi Museum; Jacques Huber Aquarium; digital museum; democratization of knowledge; memory; patrimony.

INTRODUÇÃO

A transformação da sociedade mundial ocorre de forma lenta e gradual, a implantação de novos meios tecnológicos desde a concepção da escrita até a internet são a prova de que o ser humano sempre busca a expansão de seus espaços comunicativos. Ainda que apenas uma parcela da população tenha acesso ao ciberespaço, a globalização do conhecimento, as redes de discussão na web e o eterno devir na construção do conhecimento são hoje a realidade desse processo de virtualização do saber. Novas formas de comunicar os acervos de museus surgem a cada dia, desde o CD-ROM a arquivos em plataformas de armazenamento em rede. Nesse artigo intitulado “Aquário Digital Jacques Huber do Museu Paraense Emílio Goeldi: expansão e salvaguarda da memória” propomos expandir o acesso à exposição presente no Aquário Jacques Huber do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi por meio da digitalização. Visamos assim aproximá-lo do público e despertar o interesse das gerações futuras pela Ciência e o conhecimento. 

A visitação aos espaços museais devido às distâncias e ao custo restringe o acesso à informação presente nas exposições. De acordo com os conceitos-chave de Museologia estabelecidos por (DESVALLÉES, André; MAIRESSE, François) e traduzidos por Bruno Brulon e Marília Xavier Cury (2013), o processo de musealização ou a ação dos museus perpassa por cinco etapas: seleção, aquisição, preservação, pesquisa e comunicação. Ou segundo o modelo estabelecido pelo museólogo tcheco Stránský (2008): seleção, tesaurização, apresentação. Sendo assim, o objetivo que buscamos com a digitalização do Aquário Jacques Huber é o de expandir a vivência e a comunicação com o público, criando um espaço museal digital em paralelo com o espaço físico através de ferramentas tecnológicas utilizadas pela Arquitetura. Esse espaço virtual visa diminuir distâncias a fim de comunicar o cientificismo presente nas exposições.

Ao longo dos anos os profissionais dos museus vêm deixando de se comportar como colecionadores passando a desenvolver tarefas multifacetadas. Museólogos, arquitetos, biólogos, antropólogos, arqueólogos, linguistas, entre outros; ressignificam seus acervos tornando-os um patrimônio a serviço da educação e da cultura. Para isso a inserção do público se faz necessária para que a mensagem seja comunicada e disseminada. Com o intuito de maior abrangência das visitações e por consequência maior democratização do conhecimento, os museus se consolidam também no ciberespaço. Museu Virtual, Webmuseu, Cibermuseu, Museu 3i, Museu Eletrônico, Museu Online, Hypermuseu, Museu Digital, entre outros; têm por finalidade a mediação e a relação do patrimônio com seus usuários através da rede de computadores. Sendo assim, esses museus divulgam e expandem as ações museológicas de instituições físicas ou não para o ciberespaço. Criando um outro espaço de memória e de vivência.

A propagação de visitas se faz por meio de páginas web, nem sempre ligadas ao museu ou que não necessariamente estão online e esta é uma realidade dos museus brasileiros. A virtualização possibilita aos visitantes uma imersão às instituições. Hoje a abertura desses espaços está muito mais acessível, podemos visitar museus do mundo inteiro com apenas alguns cliques ou toques de tela. A maioria dos espaços museológicos funciona em horário comercial, algo que dificulta bastante a visitação para a maioria da população. O Museu Digital, no entanto, facilita o acesso, pois está sempre de portas abertas, é o museu que nunca fecha. Passando a ser um espaço que privilegia a divulgação, a preservação da memória e a comunicação como forma de interação com o patrimônio. Desde a internet discada, nos primórdios da rede mundial de computadores, a tendência dos desenvolvedores já era a de proporcionar entretenimento, lazer e cultura. Logo, o futuro dos museus está entrelaçado à arquitetura, à tecnologia da informação, às artes, à história, à comunicação; ao patrimônio e as mais distintas ciências. O museu por ser um espaço dinâmico, já conta na web a história da própria web – o Web Archive conta com diversas páginas antigas cujo acesso já caiu em desuso, mas que podem ser revisitados. Para Lucia Santaella (2005) a comunicação e as artes possuem inter-relações que se originam desde a antiguidade, com o advento da fotografia esses laços se estreitaram ainda mais em parceria com a revolução tecnológica. Seguramente são essas facetas humanas que permitiram a criação do Aquário Digital Jacques Huber.

“Navegar é Preciso” conforme afirmara Camões; por isso as pesquisas em tecnologia da informação e sua relação com os museus se desenvolvem a cada dia, a navegação em busca de novos horizontes, virtualmente falando, busca a democratização do conhecimento humano, a participação cada vez mais íntima do público com seu patrimônio e a ampliação de seus “repertórios” na construção e reconstrução da sociedade; cada vez mais conectada entre si e com o mundo na vivência de suas multiplicidades.

A expansão do patrimônio para a rede mundial de computadores é crescente, assim como a socialização do conhecimento através da internet, a sedimentação dessas relações foi gradualmente alcançando uma ambiência para onde a sociedade se expande. Pensadores como Pierre Lévy (1999) defendem que: “É virtual toda identidade ‘desterritorializada’, capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem, contudo, estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em particular” (LÉVY, 1999, p. 47). Cabe então nessa investigação propagar em rede o patrimônio arquitetônico, histórico, cultural, científico, arqueológico, biológico e artístico brasileiro, em especial, o paraense. Ampliando novos usos dos Museus, do Patrimônio e da Memória na web. Estabelecendo uma nova forma de acesso ao Aquário Jacques Huber do Museu Paraense Emílio Goeldi para uma sociedade cada vez mais conectada e que busca a participação ativa junto a seu patrimônio. Nossa pesquisa está amparada também em reflexões das Ciências Sociais Aplicadas, com destaque para a Museologia, em diálogo com a Arquitetura, a História, a Comunicação, a Arqueologia, a Biologia, o Patrimônio e as Artes. Em entrelaçamentos contemporâneos com a Tecnologia da Informação e seu impacto crescente no nosso cotidiano.

Preservar a memória de forma documental é a chave para analisarmos a história da humanidade e para a construção social da civilização. É através de associações cronológicas e étnicas que se promove a concepção contemporânea de cultura, aspectos como: a linguagem, os feitos, os valores sociais e até mesmo a culinária contribuem para a formação da identidade. Muitos métodos de preservação foram utilizados, métodos de informação também, dessa forma o registro aqui proposto busca contribuir com esse processo. É por meio dessa premissa que esse trabalho se apoia. A democratização do conhecimento, a preservação do patrimônio, a difusão da pesquisa, a abertura de mais um espaço de comunicação cultural são o ponto de partida para a criação do Aquário Digital Jacques Huber. De acordo com a visão contemporânea de museu de Van Praët (2005): 

[…] os museus devem permitir ao maior número de pessoas ter contato com a ciência e com a explosão de conhecimentos científicos para ajudá-las a dominar certos pontos de referência, a compreender os modos de organização e trabalho da comunidade científica e lhes permitir conhecer a diversidade das possibilidades de comunicação que as ajudarão nas suas escolhas cidadãs. (PRAËT, 2005, p. 352)

Contudo, o desconhecimento e a burocracia de acesso ao acervo, desnorteiam o processo de preservação da cultura; bem como desencoraja o visitante a retornar ao museu. Diante disso, como uma forma de transcender as barreiras sociais, intelectuais e culturais, os acervos e espaços museológicos digitalizados devem ser disponibilizados ao público em geral, caso seja possível. Pois, desse modo, há o fomento à própria memória nacional, contribuindo para que nosso legado seja amplamente difundido. Informações apresentadas de forma dinâmica, e não de modo enciclopédico, levará às comunidades do entorno ao autoconhecimento, a formação e a raiz das identidades coletivas. Num diálogo com o Outro, no sentido de preservação e valorização de sua cultura.

Na computação gráfica, os moldes sintéticos são construídos por meio de técnicas complexas. Observa-se ainda, que essa construção perpassa por um custo relativamente alto; pois exige horas e até mesmo dias de trabalho na modelagem, mesmo de objetos simples. Pensando nisso, resolvemos abordar outras técnicas para facilitar o processo de digitalização e virtualização de modelos reais. O Aquário Digital Jacques Huber foi desenvolvido a partir dessas técnicas, que especificaremos mais adiante.

Esperamos, contudo, que mais instituições lancem mão dos artifícios da digitalização, pois isso propicia a consolidação de um novo paradigma para a constituição dos museus e quem sabe de uma nova especialidade para os profissionais da Museologia e da Arquitetura, o museólogo ou arquiteto especialista em acervos digitais. Sabemos que por vezes, a falta de uma visão mais moderna de preservação prejudica as coleções.

Diante desses e de outros questionamentos os tópicos subsequentes trazem através da teoria e da prática museológicas e arquitetônicas algumas sugestões e alternativas viáveis na busca da preservação cultural. Os tópicos a seguir versam sobre o patrimônio e a memória conceitos caros à Museologia relacionados à cultura e à alteridade; trazendo um breve histórico do Museu Paraense Emílio Goeldi, objeto de estudo no qual o Aquário Jacques Huber está edificado, mostra também a metodologia de digitalização e criação do aquário digital, e apresenta-o enquanto espaço expandido da memória e recurso didático para uso no cotidiano. Sendo assim, o Aquário Jacques Huber, o aquário público mais antigo do Brasil, localizado no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi, torna-se um ambiente em expansão, por meio da digitalização do seu espaço e de seu acervo.

Alçamos, por meio desse trabalho, que futuros pesquisadores descubram uma fonte para suas investigações, encontrem caminhos para ampliar a comunicação museal, bebam da história e divulguem em suas redes sociais. A Museologia e a Arquitetura em elos interdisciplinares com a História, a Comunicação, a Biologia, as Artes e a Tecnologia fomentam novos olhares na construção do conhecimento, rompem fronteiras e, ao mesmo tempo, aproximam campos científicos, diante dos desafios na preservação da memória e do patrimônio.

1. PATRIMÔNIO DIGITAL E MEMÓRIA SOCIAL 

Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira  (Art. 216 da CONSTITUIÇÃO FEDERAL)  

Patrimônio: para a Língua Portuguesa: ETIM lat. patrimonĭum, ĭi, patrimônio, bens de família, herança. Em Direito: patrimônio ou património são os bens, direitos e obrigações de valor econômico e pertencentes a uma pessoa ou empresa. Em Contabilidade: é a parte jurídica e material da azienda³. Nas Artes: é o conjunto de todos os bens, manifestações populares, cultos, tradições tanto materiais quanto imateriais (intangíveis), que reconhecidos de acordo com sua ancestralidade, importância histórica e cultural de uma região (país, localidade ou comunidade) adquirem um valor único e de durabilidade representativa simbólica/material. Definições transcritas do Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1987). Todos esses conceitos de patrimônio vêm da origem etimológica da palavra pater, que significa pai, e tem origem no latim. Patrimônio, portanto, é o que o pai deixa de herança para o seu filho. Sendo assim, usamos essa palavra para nos referirmos aos bens ou riquezas de uma pessoa.

Comumente, no dia-a-dia, referirmo-nos a patrimônios civis, patrimônios de família, patrimônios empresariais, patrimônio nacional, patrimônio da humanidade; em outros casos, usamos o termo patrimônio cultural, histórico, artístico, arquitetônico. Recentemente no Brasil, surgiu o termo patrimônio imaterial ou intangível (UNESCO, 2003), para ser utilizado na salvaguarda de saberes e fazeres. O conceito de patrimônio como conhecemos hoje adquiriu sentido de propriedade coletiva com a Revolução Francesa durante o século XVIII. Mais adiante veremos o conceito de patrimônio digital tema deste artigo. A natureza interdisciplinar da Museologia leva-nos a analisar, as definições de patrimônio para as mais diferentes áreas da Ciência, essas definições são inúmeras; e a partir do momento que nós pesquisadores nos envolvemos com questões de patrimônio, dificilmente há conclusões definitivas; pois a cada novo olhar, a cada nova reflexão, a cada nova indagação, haverá novas possibilidades de análise. De acordo com Béghain (2012): 

“[…] O conceito de patrimônio foi gradualmente aplicado em todo o mundo a todos os tipos de realidades materiais e imateriais: objetos do cotidiano, tradições populares, práticas sociais, artes culinárias; no campo da criação: cinema, artes cênicas, música, literatura; ao ambiente: onde é referido como patrimônio natural. (BÉGHAIN, 2012, p. 5, tradução nossa)

Algumas dessas noções em torno do conceito de patrimônio foram apresentadas pelo antropólogo José Reginaldo Santos Gonçalves (2003), na mesa redonda de comunicação “Patrimônios emergentes e novos desafios: do genético ao intangível” realizado em Caxambu – MG. Baseado em estudos das categorias de pensamento originalmente de tradição antropológica, Gonçalves diz parecer não haver limites para o processo de qualificação dessa palavra e propõe o uso de “patrimônio cultural” como uma categoria de pensamento que deveria contribuir para o entendimento da vida cultural e social. Segundo o autor o Patrimônio está ligado às práticas de “colecionamento” e à ideia de “propriedade”. Esta práxis de colecionar é o processo de formação do patrimônio. No entanto, o autor ressalta que nem todas as sociedades humanas possuem o hábito dessa prática, algumas delas acumulam bens com o propósito de redistribuir, ou por vezes, deixamnos para se destruir. De acordo com Mauss, (1974); Malinowski, (1976); apud Gonçalves, (2003, p. 5). “Dar é destruir, um sacrifício, associado à morte do objeto, porém tirando-lhe a vida regenera-se a vida do doador”.

Necessário focar nessa discussão a possibilidade de transição do termo patrimônio pelas diversas Ciências e suas categorias de conceito e de pensamento. Modernamente encontramos essas delimitações, porém nem sempre foi assim. Contudo, devemos nos questionar até que ponto o patrimônio como categoria individualizada nos é útil para entender a ideia contemporânea de Patrimonialização e de refletir sobre a diferença do patrimônio individual e do coletivo. Segundo Farjalla (2012): 

A Patrimonialização, assim, configurou-se como ato que incorpora à dimensão social o discurso da necessidade do estatuto da Preservação. Conservação a ser praticada por instância tutelar, portanto, dotada de responsabilidade (competência) para custodiar os bens. E conservar, conceito que sustenta o Patrimônio, consiste em proteger o bem de qualquer efeito danoso, natural ou intencional, com intuito não só de mantê-lo no presente, como de permitir sua existência no futuro, ou seja, preservar. E a palavra salvaguarda, tão usada pelas entidades competentes nos seus documentos normativos, exprime, adequadamente o pensamento e a ação que aplicam. (LIMA, 2012, p. 34) 

Com o advento da II Grande Guerra, a Organização das Nações Unidas (ONU), deu início a uma série de normas internacionais para a salvaguarda de bens culturais. O Encontro ocorrido no Chile, conhecido como “Mesa-Redonda de Santiago” em 1972, a pedido da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), e organizado pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), impulsiona o desafio de pensar o museu como uma instituição a serviço da sociedade. Uma instituição com participação integrante na formação da consciência da comunidade a qual integra. A mais recente proposta de salvaguarda é a criação de uma “rede de locais seguros”, para isso, os países devem criar inventários nacionais e partilhar dados da herança cultural com agências como a Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL) e UNESCO.

Com o intuito de padronizar o reconhecimento do Patrimônio Nacional Brasileiro, em 15 de agosto de 2017 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), lançou o Emblema do Patrimônio Cultural Brasileiro (Imagem 1). A partir de então, todos os bens patrimoniais brasileiros possuem uma identidade visual única. Cores nacionais envoltas por simbologia abstrata premiaram o designer Fabio Lopez, idealizador do emblema, durante o Seminário Internacional Gestão do Patrimônio Moderno realizado pelo IPHAN no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte – MG. Segundo o texto publicado no site do instituto pela sua Assessoria de Comunicação “Este é um novo marco para a promoção, difusão, sinalização e proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro, que deve ser utilizado não só pelo IPHAN, mas por todos os parceiros na preservação, em especial as comunidades detentoras desses bens”.

Imagem 1 – Emblema do Patrimônio Cultural Brasileiro

Fonte: IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 

Essa discussão em torno do patrimônio leva-nos ao propósito de fomentar o uso contemporâneo do termo “patrimônio digital”. Esse conceito ligado à tecnologia da informação e da comunicação surge da intersecção de patrimônio cultural e do uso de mídias digitais na preservação do patrimônio. Diversas mudanças nas questões do patrimônio cultural devem-se ao reconhecimento do cotidiano das pessoas, verdadeiras donatárias do bem cultural com valor de testemunho histórico. Nesse contexto, os modelos de patrimônio digital e sua inserção estão intimamente ligados a novos recursos que foram sendo desenvolvidos. Assim, ressaltamos as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), como um espaço no qual essa categoria de patrimônio foi se constituindo e institucionalizando. Segundo a definição da UNESCO (2003): 

O patrimônio digital é constituído por recursos exclusivos do conhecimento e da expressão humana. Abrange os recursos culturais, educacionais, científicos e administrativos, bem como os técnicos, jurídicos, médicos e outros tipos de informação criados digitalmente, ou convertidos em formato digital a partir de recursos analógicos existentes. Quando os recursos são “nascidos digitais”, não há nenhum outro formato, a não ser o objeto digital. Os materiais digitais incluem textos, bases de dados, imagens fixas e em movimento, áudio, gráficos, aplicativos e páginas web, entre uma vasta e crescente gama de formatos. Por serem frequentemente efêmeros, requerem a produção, manutenção e gestão específicas para a manutenção. Muitos desses recursos têm valor e significado duradouros, portanto, constituem um patrimônio que deve ser protegido e preservado para as gerações atuais e futuras. Essa herança sempre presente pode existir em qualquer língua, em qualquer parte do mundo, e em qualquer área do conhecimento e expressão humana. (UNESCO, 2003) 

Sendo assim, o patrimônio assume novas vertentes, aportes e linguagens digitais. Esses recursos buscam desenvolver a sociedade, por meio do conhecimento adquirido e difundido de múltiplas formas, valorizando, preservando e salvaguardando o patrimônio, fonte da identidade de um povo, de uma comunidade, de uma nação. 

Auferir proveito da tecnologia tem sido a aposta de museus no mundo inteiro na tentativa de prolongar a vida dos acervos. Contudo, a digitalização das coleções em 3D e a renderização ou humanização das edificações servem como objeto de referência daquilo que é ou que já foi; não substituindo, é óbvio, uma peça histórica. Por vezes, as instituições possuem tecnologia de última geração, mas não se valem de pessoal treinado ou preparado para fazer a manutenção do acervo digital ou para lidar com possíveis sinistros. Logo, de nada vale o esforço tecnológico sem o profissional adequado a sua mutação.

Não há dúvidas de que os programas de inovação tecnológica podem trazer benesses no campo do patrimônio cultural. No entanto, nos questionamos: de que forma o Museu Paraense Emílio Goeldi poderia expandir a vivência e a comunicação com o público criando um outro espaço expositivo por meio da tecnologia? Nossa resposta imediata foi a digitalização das coleções através de sistemas de informação viáveis como: o AutoCAD, o SketchUp, e o Lumion opções atuais de desenvolvedores capazes de suprir as digitalizações de coleções, pois são ferramentas práticas e fáceis para a modelagem dos mais diferentes objetos e espaços físicos. Essas especificidades serão mais bem explicitadas posteriormente no tópico referente à criação e metodologia empregada no processo de digitalização do Aquário Jacques Huber.

A expansão do patrimônio para o ciberespaço contribui para o fomento na construção da memória coletiva; e na interpretação ativa dos sujeitos. Com relação a sua preservação, Vera Dodebei (2006, p. 10) estabelece que “a preservação do patrimônio transforma-o em objeto informacional, que a forma de representá-lo digitalmente garante sua proteção contra o perigo da perda, assim como garante sua autenticidade, sem negar sua condição de circunstancialidade processual”.

O patrimônio digital presente na contemporaneidade, principalmente o desenvolvido dentro dos museus, cumpre uma função fundamental na preservação da identidade social. A digitalização de acervos e coleções serve de base para a socialização do conhecimento coletivo. Esse método de salvaguarda no âmbito de construção da memória social é uma estratégia e uma opção para a preservação da cultura. O incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro, a mais antiga instituição científica museológica do país, despertou o alerta para os riscos que a falta de uma visão mais moderna de preservação dos acervos provoca. Os prejuízos são inúmeros em se tratando de pesquisa e coleções. Dessa forma, lançar mão da tecnologia na criação de modelos digitalizados de instituições museológicas, assim como de seu acervo, constitui uma aposta na preservação patrimonial.

Passamos assim para o segundo tópico, que versa sobre Museus e Arquitetura e de como essas Ciências usam de métodos e estratégias para abordar a pluralidade de experiências, formas de produção do conhecimento e de suas relações com o passado.

2. HISTÓRICO: MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI E AQUÁRIO JACQUES HUBER

No cotidiano falamos bastante no tempo, tempo para trabalhar, tempo para estudar, tempo para o lazer e até mesmo tempo para descansar; o tempo é de suma importância para o cumprimento de nossas atividades diárias, regulamos o tempo para tudo.

O deus primordial Chronos, mito grego que representa o tempo, é sem dúvida uma das figuras mitológicas mais conhecidas da literatura mundial. Sua relação com o tempo é o cronológico, está relacionado aos horários, duração, prazos, atrasos; Entretanto poucos conhecem o deus grego Kairós que também representa o tempo; porém de maneira diferente, sua relação com o tempo tem mais a ver com qualidade e valores, o tempo oportuno, o tempo certo, o tempo preciso. 

Nossas vidas são marcadas por essas duas entidades correlacionadas, pois enquanto Chronos quantifica, Kairós qualifica. Nesse sentido, prestar atenção aos detalhes diários pode nos ajudar a seguir em uma existência mais plena; em como dispensamos nosso tempo; porém não podemos fugir de Chronos, conviver com esse ceifador é algo extremamente difícil para alguns. Mitos à parte, podemos dizer que a cronologia transforma, modifica, encerra, devora e regurgita. Seu poder está acima de tudo. Mas tentamos salvaguardar histórias, memórias, e fatos através do tempo; em fotografias, lembranças ou por meio da transmissão do conhecimento.

Fundado em 06 de outubro de 1866 o Museu Paraense é a instituição de pesquisa mais antiga da Amazônia; por meio de um decreto nos idos anos de 1900, Emílio Goeldi, recebeu uma homenagem do governo do estado, que acrescentou ao nome Museu Paraense, o nome do viajante amazônico, alterando-o assim, para Museu Paraense Emílio Goeldi. Este museu científico está vinculado ao Governo Federal por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil. Localizado na cidade de Belém, no estado do Pará; tem por “missão: realizar pesquisas, promover a inovação científica, formar recursos humanos, conservar acervos e comunicar conhecimentos nas áreas de ciências naturais e humanas relacionadas à Amazônia”. (GOELDI, 2019). Todas essas ações concentram-se no estudo científico dos sistemas naturais e socioculturais da região.

O Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi possui “5,4 hectares de área” (GOELDI, 2019). Abrigando diversas exposições, suas coleções abrangem artefatos arqueológicos, discursos de alteridade antropológica, espécimes vivos de flora e fauna, de grande diversidade biológica. Dividido em setores: educação, museologia, arqueologia, paleontologia, etnologia, entre outros; promove a cultura e o conhecimento nas mais diversas áreas do saber humano. As exposições se integram no parque por meio de trilhas. A Rocinha, o Castelinho, as Coleções – animais e plantas – e o Aquário Jacques Huber são algumas dessas atrações. 

Em paralelo ao Parque Zoobotânico, há o Campus de Pesquisa do (MPEG), localizado na Avenida Perimetral, 1901, em Belém. “Essa área de 12 hectares foi adquirida em 1978 e inaugurada em 1980, abriga as coordenadorias de Pesquisa e Planejamento, laboratórios, e 17 coleções científicas das áreas de botânica, zoologia, arqueologia, etnografia, linguística, paleontologia, minerais e rochas”. (GOELDI, 2019). No campus podemos encontrar ainda a Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, o arquivo Guilherme da La Penha, o Núcleo de inovação e Transferência de Tecnologia (NITT), e os cursos de Pós-Graduação. O campus realiza diversas atividades educativas junto à comunidade, além de formar recursos humanos do mais alto nível na região amazônica. O MPEG conta ainda com uma base científica avançada na Floresta Nacional de Caxiuanã, localizada a 450 km de Belém. No quadro 1, há imagens relacionadas às exposições do Parque Zoobotânico e ao Campus de Pesquisa do MPEG.

Quadro 1 – Imagens das exposições do Parque Zoobotânico do MPEG e Campus de Pesquisa

Fonte: MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi

E é de posse desses documentos salvaguardados no repositório do Museu Paraense Emílio Goeldi que contaremos a história do aquário público mais antigo do Brasil e de seu fundador, o botânico suíço, Jacques Huber (1867-1914). Formado em Ciências Naturais pela Universidade da Basiléia (Suíça), foi chamado pelo então diretor do museu, Emílio Augusto Goeldi, para colaborar no processo de reestruturação da instituição. Jacques Huber, atendendo ao convite, chega à Belém em 1895, tornando-se diretor do departamento de botânica. Em 1907, com o retorno de Emílio Goeldi para a Europa, Huber assume a direção do museu, participa de congressos, palestras e exposições internacionais divulgando as pesquisas realizadas em solo brasileiro, alavancando cada vez mais a importância da instituição para o mundo. Em 1911, com a ajuda do desenhista alemão Ernst Lohse (1873-1930), responsável pela fachada ‘Art nouveau’ do prédio, é inaugurado o Aquário Jacques Huber cujo objetivo é integrar os estudos e as pesquisas realizadas na região, comunicando para o público visitante, por meio das exposições, os avanços científicos realizados com a captura de espécimes aquáticos e répteis, oriundos das constantes expedições à Amazônia. 

Em 1912 em meio à desvalorização da economia paraense, devido à queda da exportação da borracha amazônica, “Huber foi designado pelo governador do estado para ir à Ásia, pois o Pará perdia espaço no mercado internacional para a produção da Borracha asiática”. (GOELDI, 2019). Além de fundar o aquário, o pesquisador continuou desenvolvendo pesquisas sobre a natureza amazônica, dedicando-se prioritariamente, a floresta. Em 1913 o botânico contribui com o “Serviço de Assistência dos Plantadores de Cacau do rio Tocantins” (GOELDI, 2019), um dos seus derradeiros trabalhos. Jacques Huber morrera em Belém, terra que acolhera para viver, em 18 de fevereiro de 1914.

Abraçado pelo deus Chronos, que a tudo devora, ao longo dos anos o Aquário Jacques Huber foi sendo restaurado e modificado, após a realização de uma reforma nos anos 1970, com a “onda” do Movimento Modernista, sua fachada foi parcialmente descaracterizada conforme vemos no quadro 2, abaixo. 

Quadro 2 – Mudanças arquitetônicas do Aquário Jacques Huber (1911 – 2019)

Fonte: MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi

Em 2005 o aquário passara por reforma novamente, dessa vez, foram reconstituídas ao prédio, torres semelhantes ao de sua arquitetura original, retiradas em 1970.

Em 2019 o aquário passa por nova reforma e fica fechado por quatro meses, de junho a outubro de 2019, dessa vez foram executadas obras de novas instalações hidráulicas, elétricas e de conforto acústico. Sua reinauguração ocorreu concomitantemente às festividades de 153 anos de fundação do Museu Paraense Emílio Goeldi. Com o apoio de investidores como o Instituto Peabiru, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e da Rede Celpa, Concessionária de energia elétrica do norte do Brasil, que juntas trabalham pelo desenvolvimento da Amazônia, sua estrutura foi modernizada, algo que possibilitou a montagem de novas exposições, pois agora pôde acolher melhor o acervo, e trazer maior segurança e conforto para o público visitante.

Demais modificações foram feitas, segundo a direção do museu, umas perceptíveis outras nem tanto, por exemplo, as que estão visíveis contam com “seis novas espécies de peixes que foram introduzidas no plantel, dentre elas o poraquê, popularmente conhecido como peixe elétrico, porém, este exemplar é de uma espécie nova o (Electrophorus voltai) que foi recém-descoberto pela ciência e descrita em artigo do mês de setembro de 2019 pela Revista Nature”. (GOELDI, 2019). E as “invisíveis” que, segundo a arquiteta responsável pelas obras, Martha Carvalho, foram necessárias para trazer maior conforto acústico para os animais e para o público, “entre o forro e a laje foram aplicadas placas fininhas de metal, esse isolamento evita a reverberação de ruídos dentro do aquário, que exige menos de 80 decibéis para proteção dos espécimes e da audição humana”. (GOELDI, 2019).  

Nas dependências do aquário ocorrem duas exposições: a de curta e a de longa duração. A primeira; denominada “Baleia à Vista”, que ficará montada por dois anos, segundo a Dra. Sue Costa, bióloga responsável pela exposição, é formada pela coleção da ossada de quatro baleias encontradas na região amazônica que são das espécies: Cachalote, Jubarte, Azul e Minc; essa exposição conta um pouco sobre o habitat desses animais e a história de como esses mamíferos chegaram a nossa região. A segunda; apresenta peixes e répteis que habitam a Amazônia, dentre as novas espécies estão: “o aruanã (Osteoglossum bicirrhosum), o tamoatá (Hoplosternum littorale), a piranha-caju (Pygocentrus nattereri), o ituí-terçado (Gymnotus carapo), o ituí-cavalo (Apteronotus albifrons), e o muçum (Synbranchus marmoratus). Além de répteis como: os lagartos: jacuraru (Tupinambis teguixin); e as serpentes: periquitamboia (Corallus caninus), e jiboia (Boa constrictor)”. (GOELDI, 2019).

O Aquário, mais antigo do Brasil, é a prova de que nem sempre a passagem do tempo é algo ruim, Chronos pode ser cruel, mas Kairós é uma benesse. O quadro 3, abaixo, traz uma mostra das exposições:

Quadro 3 – Imagens das exposições de curta e longa duração do Aquário Jacques Huber

Fonte: MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi

3. EXPANSÃO, VIVÊNCIA E SALVAGUARDA DA MEMÓRIA

Os museus têm se expandido cada vez mais para a rede mundial de computadores. A cada ano, novos espaços museológicos são criados e ambientados no ciberespaço, junto com ele novas vivências, experiências e diversas manifestações são compartilhadas pelos usuários, esses ambientes ainda servem de repositório de salvaguarda da memória coletiva. A partir do final do século XX quando a sociedade sofreu as transformações tecnológicas que revolucionaram a comunicação e seus significados, descobriu outras formas de se expressar no espaço interdimensional do museu, tornando-se, o que Pedro de Andrade (2010, p. 48) chama de ‘lay-scientist’, ou seja:

[…] Se o cidadão, na sua vida quotidiana, desenvolve ‘etno-métodos’, ou seja, soluções práticas para resolver os seus problemas diários, será que de certo modo, num museu, seja ele físico ou digital, o agente social ordinário assume-se como uma espécie de ‘lay-scientist’, ou cientista comum? […] (ANDRADE, 2010, p. 48).

“Mesmo sem ser um especialista, o público de museu no ciberespaço usufrui do seu papel cidadão que age e pensa a sociedade na qual está inserido, criando diferentes modos de conhecimento, produzindo conceitos e relações sociais” (BLOIS, 2017, p. 13). “O museu, seu acervo e a experiência museológica refletem essa nova sociedade que, em diálogo com a Arquitetura e a Comunicação, é uma via fértil para pensar a expansão socioespacial da memória e do patrimônio”. (BLOIS, 2017, p. 2). Diante disso, buscamos expandir os espaços expositivos do patrimônio paraense, tendo por princípio a interação do público, a democratização do conhecimento, novas vivências e a salvaguarda da memória.

Diversos museus de Belém estão em processo de expansão para o ciberespaço, entre eles, o Museu Paraense Emílio Goeldi. O novo “Centro de Exposição Eduardo Galvão” e as exposições na Rocinha de realidade virtual como a atual “A Arte Rupestre Amazônica e Realidade Virtual” são exemplos de como o Museu está em fase de modernização. Sendo assim, para colaborar com essa modernização e ao mesmo tempo responder nosso questionamento sobre como o MPEG pode expandir a vivência e a comunicação com o público por meio da tecnologia; é que criamos o Aquário Digital Jacques Huber, suas exposições de curta e longa duração foram ambientadas no ciberespaço através do Portal do Museu Paraense Emílio Goeldi, para que a sociedade compartilhe novas vivências, rompendo paradigmas que antes circunscrevia a grupos restritos. No tópico final compartilharemos como essa exposição digital foi desenvolvida e qual a forma de acesso disponível atualmente. Isso tudo leva ao encontro de pensar a rede como “uma expressão da celebração consciente do valor da sociedade interconectada no lazer e no trabalho. A versatilidade da mesma em fornecer informações e entretenimento funciona como um tecido cultural conectivo que sustenta o valor ideológico da sociedade em rede”. […] (BURNETT; MARSHALL, 2003, p. 42-43).

Essa literacia, levando em consideração os estudos de público sobre os museus, pensa a sociedade que se manifesta, compartilha e socializa; e em qual contexto está inserida. “A opinião do público local, o qual visita o museu físico a trabalho, pesquisa ou lazer, difere inúmeras vezes da opinião do público nacional ou internacional (global), o qual possui outros olhares e visita o museu esporadicamente”. (BLOIS, 2017, p. 14). Para Andrade (2010):

[…]com a literacia4 quotidiana e a literacia científica. Estes atores sociais ao praticarem o compartilhamento de uma ‘epistemologia comum’, contribuem para a pesquisa quotidiana e para uma rede de conhecimentos em forma de ‘teia’, que gera o comportamento aracnídeo, refletindo as relações que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte. (Andrade, 2010, p. 48)

Nesses caminhos interatuantes a sociedade desafia as imposições e contribui para a construção da memória social. Para Bernard Miège (2009, p. 12-13) “Desde há muito tempo, a informação que não é comunicada, que não tem canais de difusão, é a informação que não tem sentido”. Aqui tratamos a informação, assim como o autor, de maneira diferenciada de conhecimento; porém com sentidos que se completam, onde a primeira é criada para o público e a outra se constitui a partir deste. Ainda para Miège (2009, 12-13) “Há muita coisa para se fazer ainda, do ponto de vista da escrita dentro das mídias e do ponto de vista da interatividade”. Concordamos com o autor no que tange as mídias, pois a maioria dos sites são apenas imagem e palavras e por isso visamos a contribuir com a interatividade, expansão e compartilhamento dessas novas práticas comunicacionais. A salvaguarda da memória coletiva nos leva a explicitar as técnicas que utilizamos para criar o Aquário Digital Jacques Huber do MPEG, suas exposições de curta e longa duração, se expandem para o ciberespaço propiciando essa interação, comunicação e novas vivências. No tópico final compartilharemos como esse novo espaço expositivo foi desenvolvido e qual a forma de acesso. Esperamos assim, contribuir para que outros admiradores do patrimônio sintam-se convidados a criar novas ambiências no ciberespaço.

4. ARQUITETURA E MUSEU DIGITAL: A EXPOSIÇÃO QUE NUNCA FECHA

Quais são os limites de um museu? Para nós, nenhum. Pois, no século XXI, os limites da cultura e da comunicação vão muito além dos muros. O patrimônio e a memória dos museus se expandiram para o ciberespaço através da construção de um mundo tridimensional cuja digitalização de acervos tornou possível. As ferramentas tecnológicas das quais dispõe a Arquitetura nos auxiliaram na disseminação e democratização do conhecimento. No entanto, a simples disponibilização de objetos frente ao observador não é suficiente para que se transmita a mensagem. A Museologia, ciência multidisciplinar, realiza um planejamento sobre a seleção desse objeto, seu caráter simbólico, sua disposição no espaço, seja ele físico ou digital, e a forma como a documentação a ele vinculada pode ser comunicada de maneira inteligível para a sociedade.

A criação do Aquário Digital Jacques Huber do Museu Paraense Emílio Goeldi, é a construção digital para salvaguarda da memória coletiva, de parte do patrimônio edificado de Belém. Tanto o espaço físico quanto o digital, existindo em paralelo, são ambiências, são lugares de memória. Acreditamos que a partir desse outro espaço podemos estabelecer uma comunicação entre o Museu e o entorno; sabemos que as discussões em torno da comunicação de museus e entorno é antiga, não estamos aqui para ampliar esses debates, estamos aqui para contribuir com soluções.  De acordo com Santana (2011): 

[…] o museu que pretende contribuir com o desenvolvimento local, deve adotar uma política cultural pluralista e aberta com a população do entorno, mas não deve, entretanto, conduzi-la a interesses unilaterais e específicos das entidades, mas sim criar e induzir oportunidades para que se estabeleçam propostas de ações culturais convergentes e mutuamente positivas para todos os participantes. (SANTANA, 2011, p. 81)

Nós propomos não só uma comunicação com a população do entorno, mas sim, para com toda a sociedade. Para isso são necessárias ações de apropriação do conhecimento tecnológico por parte dos agentes culturais, em diferentes áreas do saber, acesso as diferentes ferramentas informacionais e oficinas que propiciem o treinamento de uso das novas tecnologias. Os novos paradigmas da cultura material e imaterial abrangem essa expansão para o ciberespaço e encontra essa nova linguagem na forma de comunicar. Linguagem esta que deve fazer parte do saber comum.

Ao conservar o patrimônio cultural, o museu digital, contribui com a sociedade ao comunicar o acervo dos museus, por meio de imagens, dados, vídeos, entre outros; pois o objeto de museu não é um fim, mas uma forma de documentação que gera o princípio do conhecimento, ou seja, o objeto gera informação e ao mesmo tempo é informação. 

Portanto, é através da exposição do Aquário Digital Jacques Huber que temos objetivado aproximar o público de seu legado por meio da tecnologia. Fazendo uma exposição que nunca fecha. Podendo ser partilhada por pessoas em qualquer lugar do mundo. 

O procedimento metodológico desta pesquisa residiu na interação entre pesquisa teórica, experimentação técnica e resultados.

Inicialmente fizemos um pedido formal aos administradores do Museu Paraense Emílio Goeldi com o intuito de obter autorização para compartilhar a exposição do Aquário Jacques Huber em plataforma digital, o MPEG cedeu à autorização, no entanto não pôde ser feito um site para disponibilizar a digitalização, pois a instituição já possui um, sendo assim iremos disponibilizar no site do próprio museu; de posse da autorização fizemos um levantamento de informação e documentação acerca do Aquário Jacques Huber, reuniões com os especialistas do Museu Paraense Emílio Goeldi foram fundamentais para o andamento desse trabalho. Para o desenvolvimento da parte prática, utilizamos softwares totalmente gratuitos, respeitando os preceitos da propriedade intelectual. Utilizamos a planta baixa do aquário, digitalizada em AutoCAD (cedida pelo setor de comunicação do Museu Paraense Emílio Goeldi, sob a coordenação da Dra. Joice Santos); antecipando a etapa de metragem e desenho. Para a volumetria foi utilizado o SketchUp 2019, para a renderização utilizamos o Lumion 6, para a criação dos animais em movimento utilizamos o 3DS Max 2020 e por fim, para disponibilizar o acesso utilizamos o software UnityHub3D 2019.  

Todos os documentos enviados pelo MPEG e coletados para essa pesquisa foram fundamentais, como forma de documentar essa exposição de extrema relevância para a salvaguarda do patrimônio, da memória e da cultura paraenses.

Para a elaboração deste tópico, procuramos extrair o maior número possível de informações das práticas realizadas. Neste sentido descreveremos os procedimentos técnicos de arquitetura de forma linear na busca de torná-los mais compreensíveis para o leitor menos familiarizado. A digitalização do Aquário Jacques Huber foi realizada seguindo o processo, aqui descrito em sete fases: documentação, digitalização, volumetrização (modelagem 3D), espacialização (paisagismo do entorno), renderização (texturização), criação e acesso (público).

Primeiramente realizamos a pesquisa e reunimos a documentação acessível no repositório digital do Museu Paraense Emílio Goeldi, reunindo plantas baixas e imagens do exterior e interior do aquário; num segundo momento copiamos a digitalização em AutoCAD da planta baixa e de cobertura do Aquário Jacques Huber para equipamento próprio: notebook Dell P74G. A planta baixa original já havia sido projetada pelo MPEG no AutoCAD, sendo assim antecipamos essa etapa em direção ao desenvolvimento do seu formato digital. Conforme vemos na imagem 2, abaixo:

Imagem 1 – Planta Baixa e Planta de Cobertura em AutoCAD do Aquário Jacques Huber

Fonte: MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi

A volumetrização (modelagem 3D) do Aquário Jacques Huber partiu da planta baixa importada para o SketchUp, software frequentemente utilizado pelos arquitetos, para a volumetria de projetos arquitetônicos. Graças a esse recurso foi possível modelar o Aquário Jacques Huber em plataforma 3D, porém, nesse processo ainda é possível notar linhas de desenho que deixam o projeto pouco realista, conforme apresentado nas imagens 3 a 7, abaixo:

Imagem 2 – Importação da Planta Baixa do Aquário Jacques Huber para o SketchUp

Fonte: Acervo Pessoal

Imagem 3 – Volumetria em SketchUp do Aquário Jacques Huber (vista aérea)

Fonte: Acervo Pessoal

Imagem 4 – Volumetria em SketchUp do Aquário Jacques Huber (vista frontal)

Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 5 – Volumetria em SketchUp do Aquário Jacques Huber (vista em perspectiva)

Fonte: Acervo Pessoal

Imagem 6 – Volumetria em SketchUp do Aquário Jacques Huber (finalizado)

Fonte: Acervo Pessoal

A espacialização (paisagismo do entorno) do Aquário Jacques Huber foi desenvolvida no Lumion 6, por seu cenário ser mais realista e por possibilitar a adição de parte do acervo do MPEG, como os espécimes vegetais. Todo o processo de composição dos blocos de paisagem foi realizado por meio da galeria do próprio software, que dispõe de uma variedade de opções de blocos, dos mais diferentes tipos. No entanto, caso seja necessário, é possível fazer download de blocos adicionais no site: <http://www.3dwarehouse.sketchup.com>. Neste paisagismo incluímos ainda um céu azul, pessoas e os caminhos (trilhas) em volta do Aquário. Trazendo para a digitalização o cenário mais próximo possível do real.

Imagem 7 – Espacialização (paisagismo de entorno) do Aquário Jacques Huber no Lumion 6

Fonte: Acervo Pessoal

A renderização do Aquário Jacques Huber foi toda desenvolvida no Lumion, nessa fase foram adicionadas: a logomarca da exposição “Baleia à Vista”, o letreiro do Aquário, entre outros detalhes como iluminação, cobogó, pessoas, aquários e a cobertura de vidro da porta de saída da exposição.

Imagem 8 – Renderização de vegetação do Aquário Jacques Huber no Lumion 6

Fonte: Acervo Pessoal

Imagem 9 – Renderização de iluminação do Aquário Jacques Huber no Lumion 6

Fonte: Acervo Pessoal

A criação do acervo aquático da exposição foi desenvolvida no software 3DSMax, pois alguns exemplares não existiam na galeria de blocos do Lumion 6, por se tratarem de espécimes próprios da Amazônia.

Imagem 10 – Criação do acervo vivo no 3DS Max

Fonte: Acervo Pessoal

A acessibilidade foi desenvolvida por meio do software UnityHub3D disponível na internet para criação de jogos e aplicativos. Esse meio de interação foi escolhido porque não foi possível disponibilizar em um site. Pois, o Museu Paraense Emílio Goeldi já possui um site institucional.

Imagem 11 – Acesso desenvolvido no UnityHub3D

Fonte: Acervo Pessoal

Ao cumprir todo esse processo de criação do Aquário Digital Jacques Huber buscamos contribuir com a democratização do conhecimento, com a preservação de acervos e com a participação do público por meio do livre acesso ao patrimônio cultural paraense. Gostaríamos de ressaltar que o patrimônio edificado e seu acervo não sofreram danos e nem correram riscos durante as fases do projeto.

Os resultados de criação do Aquário Digital Jacques Huber, desenvolvidos a partir dessa pesquisa, estão disponíveis para livre acesso no site do Museu Paraense Emílio Goeldi e em suas páginas das Redes Sociais: Instagram, Facebook, Vimeo, Youtube, entre outros. 

Os documentos que serviram de base para essa pesquisa encontram-se salvaguardados no repositório digital do MPEG, no portal Center For Research Libraries e em um banco de dados particular criado especialmente para esse fim. Todo o processo de desenvolvimento da digitalização do Aquário Jacques Huber e de suas exposições de curta e longa duração foi entregue ao departamento de comunicação do museu para que sirva de fonte de pesquisa para futuros museólogos, arquitetos e agentes do patrimônio cultural. Finalmente, podemos afirmar que o Aquário Jacques Huber, o aquário público mais antigo do Brasil, não foi afetado por Chronos, pois o tempo não o conseguiu devorar.  

CONCLUSÃO

A pesquisa desenvolvida no presente artigo possibilitou uma abordagem de como as tecnologias digitais estão sendo utilizadas pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. Essa, assim como as demais instituições detentoras do patrimônio cultural cujo dever primordial é o de selecionar, adquirir, conservar, pesquisar e comunicar; procura a cada dia trabalhar em prol da sociedade. A abertura de seus espaços de exposição, comunicação e contribuição com a pesquisa desenvolvida sobre o Aquário Jacques Huber são prova de que a instituição busca compartilhar o conhecimento científico com todos nós.

Tanto os museus quanto demais instituições que preservam o patrimônio e a memória coletiva adotam cada vez mais os recursos digitais na comunicação de seus acervos e coleções, o público paulatinamente contribui para que as ações museológicas se aprimorem e se modernizem no sentido de desenvolver exposições participativas e imersivas. Assim, consideramos que o uso da tecnologia na preservação do acervo de museus proporciona a salvaguarda e a acessibilidade por parte de pesquisadores e do público.

De maneira geral alcançamos boa parte dos objetivos propostos pela pesquisa, no entanto, é pertinente notar que muito há de ser feito devido à riqueza de acervos e coleções que ainda podem ser digitalizadas. A aplicação prática da pesquisa possibilitou a criação de recursos contemporâneos de baixo custo e acessíveis aos demais profissionais de museus que busquem métodos de preservação da memória e do patrimônio.

Percebemos que o uso da tecnologia digital em espaços museológicos avança de forma tímida, talvez porque os softwares disponíveis não sejam necessariamente direcionados as especificidades desses espaços de cultura. Porém, é possível com um pouco de criatividade e informação desenvolver sistemas alternativos viáveis ao alcance das instituições museológicas auxiliando assim, a preservação dos acervos e coleções.

Outro ponto que pode interferir é a formação de profissionais especializados para operar tais tecnologias. Não que necessariamente seja obrigatório que os profissionais de museus se especializem na área das TIC’s, mas que sejam criadas equipes multidisciplinares na construção de projetos digitais, neste caso Museologia e Arquitetura. 

“Nós, seres humanos, jamais pensamos sozinhos ou sem ferramentas. As instituições, as línguas, os sistemas de signos, as técnicas de comunicação, de representação e de registro informam profundamente nossas atividades cognitivas: toda uma sociedade cosmopolita pensa dentro de nós”. (LÉVY, 1996, p. 95). 

Equipes multidisciplinares apresentam geralmente resultados satisfatórios, pois permitem a troca de experiências e conhecimentos e o uso dos recursos e ferramentas com maior diversidade metodológica e técnica. Acreditamos, primeiramente, tornar-se necessário investir na formação e disseminação do uso de tecnologias digitais direcionadas aos profissionais de museus: cursos, oficinas, treinamento, processos de aprendizagem mútua e colaborativa, podem auxiliar na aquisição de novas competências. Concomitantemente, seria interessante a participação desses profissionais em congressos, palestras, seminários de discussão das novas tecnologias digitais e de seus usos na preservação da memória e do patrimônio cultural. Possibilitando assim, a aplicação prática de métodos tecnológicos inovadores na criação de novos projetos. A linguagem técnica utilizada por profissionais das TIC’s e da Arquitetura será consequentemente melhor compreendida por profissionais de formação em outros campos científicos.

Em segundo lugar, a formação de acervos digitais e sua disponibilização no ciberespaço servem de lugar de vivência para um público cuja impossibilidade financeira ou física o impede de realizar uma visita à instituição. Esses espaços viabilizam um outro meio de interação do público com o patrimônio, um outro meio de comunicação entre museus e sociedade. A disponibilização de acervos online é mais um atrativo para os visitantes, pois apesar da web estar recheada de opções de visitação virtual, jamais um admirador das artes recusaria uma visita ao museu físico para ver as obras pessoalmente.

Em terceiro lugar, afirmamos que o uso das tecnologias digitais nos museus, aproxima o público das exposições museológicas. Pois, vivemos em uma sociedade informatizada sempre ávida por novidade; tablets, celulares, leitores digitais, óculos de realidade virtual e demais meios de acesso à tecnologia possibilitam hoje comunicar as coleções e acervos de forma interativa e imersiva. Diversos museus no mundo oferecem essa experiência aos visitantes.

Por fim, esperamos ter contribuído para sensibilizar os diversos profissionais atuantes em instituições museológicas responsáveis pela preservação do patrimônio cultural sobre a utilização e aplicação de tecnologias digitais em acervos e coleções. De forma a oferecer ao público experiências positivas que enriqueçam sua educação e sua interação com o seu patrimônio.


³Azienda ou fazenda é, em contabilidade e economia, o patrimônio sofrendo constantes ações de natureza econômica por parte do elemento humano por ele responsável.
4Literacia: substantivo feminino, qualidade ou condição de quem é letrado. Ped. P m q. LETRAMENTO.

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¹Letrada e Museóloga – UFPA (2008/2016); Mestra em Antropologia e Arqueologia – UFPA (2020); Doutoranda em Antropologia e Arqueologia – UFPA (2022). E-mail: deborablois.arqueologa@gmail.com
²Arquiteta – Faculdade Ideal Wyden (2022). E-mail: defreitasarquiteta@gmail.com