INTRODUZINDO A ERA DIGITAL:  INCLUSÃO E TECNOLOGIA NO MEIO EDUCACIONAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10982858


Iolanda Teixeira Leal Dutra1; Flávia Cristina de Oliveira2; Elizete Ana Guareski Fachin3; Regiane Letícia da Silva4; Pedro Noberto de Paula Filho5; Kleydyson Mota Domingues6; Juciene Luiza de Deus7; Ueudison Alves Guimarães8


RESUMO

O presente artigo constitui uma revisão teórica que aborda o emprego das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como instrumentos facilitadores no processo de inclusão de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) nos ambientes educacionais. O cerne desta pesquisa está na busca por uma educação significativa e inclusiva que reconheça e acolha a diversidade presente no contexto escolar. Desse modo, a proposta de estudo centra-se na reflexão sobre a aplicação pedagógica das tecnologias, visando estimular habilidades e competências específicas dos alunos com NEE. As Tecnologias de Informação e Comunicação tornam-se cada vez mais presentes na sociedade contemporânea, permeando a maioria dos espaços sociais, e as instituições de ensino não são exceção, beneficiando-se significativamente dessas ferramentas. A incorporação das TIC como recurso pedagógico nas instituições de ensino propicia o desenvolvimento de práticas pedagógicas diversificadas e significativas, alinhadas com as particularidades de cada aluno. Essas tecnologias, quando utilizadas adequadamente, têm o potencial de auxiliar os alunos com NEE a superar desafios e participar ativamente do processo educativo, permitindo diferentes abordagens na assimilação dos conhecimentos trabalhados nas instituições de ensino. Nessa perspectiva, é imperativo compreender o papel do professor nesse contexto inclusivo e as possíveis contribuições das Tecnologias de Informação e Comunicação como ferramentas de apoio no acesso a novos conhecimentos e no desenvolvimento dos alunos com Necessidades Educativas Especiais. 

Palavras-chave: Educação. Escola. Tecnologia. Inclusão. Pedagogia. 

ABSTRACT

This article constitutes a theoretical review that addresses the use of Information and Communication Technologies (ICT) as facilitating instruments in the process of including students with Special Educational Needs (SEN) in educational environments. The core of this research is the search for a meaningful and inclusive education that recognizes and embraces the diversity present in the school context. Therefore, the study proposal focuses on reflection on the pedagogical application of technologies, aiming to stimulate specific skills and competencies of students with SEN. Information and Communication Technologies are becoming increasingly present in contemporary society, permeating most social spaces, and educational institutions are no exception, benefiting significantly from these tools. The incorporation of ICT as a pedagogical resource in educational institutions enables the development of diverse and meaningful pedagogical practices, aligned with the particularities of each student. These technologies, when used appropriately, have the potential to help students with SEN to overcome challenges and actively participate in the educational process, allowing different approaches to the assimilation of knowledge worked in educational institutions. From this perspective, it is imperative to understand the role of the teacher in this inclusive context and the possible contributions of Information and Communication Technologies as support tools in accessing new knowledge and in the development of students with Special Educational Needs.

Keywords: Education. School. Technology. Inclusion. Pedagogy.

INTRODUÇÃO

Quando a Educação tem o desígnio de promover a diversidade, ela busca desenvolver um olhar mais atento e mais relevante para os diversos métodos de ensino, visando sempre uma prática pedagógica democrática, utilizando por sua vez a variação dessa metodologia com o propósito de conquistar os participantes que compõem esse panorama educacional. 

A postura educacional pautada dentro desses modelos mostra grande aceitação e apreço pelas novas estratégias de aprendizagem, buscando sempre desenvolver um trabalho de maneira diferenciada e preocupado em satisfazer as carências e individualidades de cada aprendiz. 

Tendo em vista esse panorama, é possível compreender a participação das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como uma maneira efetiva de ensino-aprendizagem mediante o uso dos mecanismos pedagógicos, pois entende-se que elas se mostram responsáveis por dar apoio aos alunos que apresentam dificuldades, auxiliando-os positivamente para que sejam superados esses impasses e, por conseguinte, oportunizar o processo de inclusão educacional. 

Com a chegada das TIC, alguns fatores como o desejo incessante por informações instantâneas, a resolução de problemas por meio da tecnologia e a relação entre as pessoas de maneira virtual, tornaram-se parte integrante da cultura social. 

Por outro lado, percebe-se que esse grande processo de mudanças chegou até as instituições de ensino, exigindo por sua vez um engajamento maior e mais eficiente diante de seu uso de maneira que venha trazer inúmeros benefícios, assim como o incentivo para a aquisição das habilidades e competências e o desejo pessoal em cada aluno para aprender. 

Soares e Santos (2013, p. 310) afiançam que “a integração ao mundo tecnológico, midiático e informacional se impõe como uma exigência quase universal […] o acesso aos artefatos tecnológicos […] é, ao mesmo tempo, uma exigência e um direito daqueles que praticam a educação”. 

Diante dessa premissa, entende-se que a Educação não pode ficar presa aos métodos do passado, contudo, deve abraçar as novas ferramentas tecnológicas e todas as probabilidades que ela oferece com o intuito de alavancar o aprendizado. 

Por outro lado, é relevante destacar que desenvolver uma prática pedagógica tomando como base o uso de recursos tecnológicos faz do aprendizado um meio agradável de adquirir conhecimento, pois as aulas se tornam mais divertidas e atraente aos aprendizes, além de promover também um aprendizado mais igualitário 

Assim sendo, é correto afirmar que esse novo jeito de aprender coopera para que alunos que possuem NEE adquiram o conhecimento mediante as práticas educativas, cabendo ao professor embase seu planejamento dentro dessa nova concepção, pois ela além de propiciar novos conhecimentos também coopera para que o aprendiz, dentro do processo de execução de suas tarefas, torna-se autônomo. 

Sabe-se que as TIC são essenciais tanto para o processo de inclusão quanto para a evolução dos aprendizes que possuem NEE. Assim, é indigente ter ciência acerca de como e de qual maneira a utilização dos mecanismos tecnológicos pode influenciar no processo de inclusão e como o docente pode beneficiar tendo em vista esse panorama. 

METODOLOGIA

Este artigo adotou uma metodologia que incorpora a coleta de dados por meio de pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa. Segundo Gil (2002, p. 65), a principal vantagem dessa abordagem reside no fato de possibilitar ao pesquisador abranger uma ampla gama de fenômenos que seria difícil explorar diretamente. 

A pesquisa qualitativa, para Silva e Menezes (2005), é aquela que 

[…] considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa (SILVA; MENEZES, 2005, p. 20).

No contexto da pesquisa bibliográfica, Boccato (2006, p. 266) destaca que um de seus objetivos é a “resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas”. Portanto, os conceitos examinados foram organizados considerando as ideias e pensamentos de alguns dos principais autores que contribuem para a compreensão da temática abordada neste trabalho.

REFERENCIAL TEÓRICO

A tecnologia e a educação especial

Com o desígnio de obter novas possibilidades que envolvam o processo de inclusão, interação e aprendizagem, espera-se que se tenha conhecimento acerca da indigência das ferramentas tecnológicas para o aprendizado dos alunos portadores de NEE.

Assim sendo, é indispensável enxergar esse processo tecnológico dentro de um novo panorama, visando por sua vez os benefícios que ele pode trazer para o ensino-aprendizagem como um todo, assim como dos mecanismos interventivos em parceria com a prática pedagógica. 

Compreende-se que as TIC trazem inúmeros benefícios para os alunos com NEE, pois são capazes de contribuir para o aumento de sua prática ativa em sala de aula, além de facilitar dentro do processo de execução de situações que se mostram, em determinados momentos, impraticáveis. 

Desta forma, 

Há um consenso de que as TICs beneficiam em geral todas as pessoas, principalmente aquelas com algum tipo de deficiência, pois, para esse grupo em especial, pode criar maior nível de autonomia, contribuir de forma significativa para desenvolver-se nas áreas cognitiva, comunicativa, psicomotora e auxiliar no desenvolvimento e realização de outras tarefas (ROCHA, 2013, p.159). 

É importante que se saiba que a prática pedagógica propiciada pelas TIC desenvolve de modo significativo as capacidades e competências dos aprendizes de maneira que se tornem iguais e inseridos em sociedade, pois os mecanismos tecnológicos vieram para somar e desenvolver novas formas de aprendizado.

Além disso, elas proporcionam práticas pedagógicas que visam sempre o processo de inclusão e o desenvolvimento intelectual dos alunos com NEE, voltando-se para o trabalho que abarque de modo amplo as necessidades e especificidades de cada um, inclusive o seu tempo de para a aquisição do conhecimento. 

Essa prática se mostra imprescindível por se tratar de um processo que busca garantir a autonomia dos alunos com NEE no que concerne a execução das propostas educativas tanto dentro quanto fora do ambiente educacional, propiciando benefícios diversos, especialmente, para a sua dignidade, como o desejo de aprender mais e interagir com o outro, pois diante de suas limitações percebe que é capaz de executar as mesmas atividades que os demais.

Diante desse ponto de vista, cabe ao docente se desfazer das práticas pedagógicas do passo e buscar desenvolver estratégias mais modernas, visando a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação nos ambientes educacionais. 

Assim sendo, não se pode esquecer que todas as estratégias que serão desenvolvidas devem tomar como base o ensino democrático, que respeite e valorize a diversidade em sentido amplo, pois é de responsabilidade da escola e de todos os que fazem parte dela, a inclusão dos alunos com NEE. 

Desse modo, segundo Reis (2013, p.84),  […] precisamos somar competências, produzir tecnologia, aplicá-la à educação, à reabilitação, mas com propósitos muito bem definidos e a partir de princípios que recusam toda e qualquer forma de exclusão social e toda e qualquer atitude que discrimine e segregue as pessoas, mesmo em se tratando das situações mais cruciais de apoio às suas necessidades, contudo, é essencial que se utilize práticas educativas, no ambiente escolar, que incluam o sujeito no processo de ensino-aprendizagem.

Sassaki (1997, p. 10) assevera que:

Para que a inclusão e, consequentemente, a aprendizagem das pessoas com NEE realmente aconteça é necessário que se tenha como ponto de partida a “valorização de cada pessoa, aceitação das diferenças, convivência da diversidade, criação de oportunidades iguais para pessoas com deficiência, solidariedade humanitária, cumprimento da legislação (SASSAKI, 1997, p.10).

Diante do exposto, entende-se que o trabalho docente deve se voltar para o uso de mecanismos tecnológicos com o intuito de criar possibilidades para os aprendizes de modo que eles se tornem sujeitos ativos dentro do espaço em que estão inseridos. Entretanto, cabe ao docente ter o conhecimento pleno do uso das ferramentas tecnológicas para que possam desenvolver práticas efetivas capazes de promover a aprendizagem dos alunos com NEE. 

Behrens (2000, p.72) assevera que “a tecnologia precisa ser contemplada na prática pedagógica do professor, de modo a instrumentalizá-lo a agir e interagir no mundo com critério, com ética e com visão transformadora”. 

Por outro lado, é necessário esclarecer que somente a habilidade com os mecanismos tecnológicos não será suficiente para a formação efetiva do aluno, contudo, é preciso que a sua utilização recaia sobre o intercâmbio pedagógico realizado no ambiente escolar. 

Para além da contextualização teórica, os professores devem ser confrontados com exemplos concretos de aplicação nas suas áreas disciplinares para que possam ver como interagir os recursos e as ferramentas, como dinamizar a sua exploração, que papel desempenhar na aula (CARVALHO, 2007, p. 27). 

Quando se pretende desenvolver práticas pedagógicas voltadas para as Tecnologias de Informação e Comunicação, inclusive quando se tem em sala de aula alunos com NEE, a certeza dos desafios é muito grande, pois sabe-se da carência de um espaço adequado, de ferramentas, de qualificação profissional, de suporte especializado, competência para o uso adequado dos mecanismos diversos, dentre outros.  

Pensando assim, verifica-se que as dificuldades a serem enfrentadas são muitas, contudo, o docente não pode olhar esse panorama e continuar desenvolvendo práticas antigas, as quais excluem e são transmitidas fora de contexto. 

É preciso acreditar que o novo pode ser realizado mesmo em meio aos desafios, e buscar acima de tudo superá-los, com o propósito de desenvolver práticas que beneficiem o aprendizado dos alunos com NEE. 

Diante dessa trajetória difícil, repleta de desafios e obstáculos, descobre-se que há também inúmeros benefícios, assim como o acesso às novas ferramentas tecnológicas, o respeito às individualidades e ao tempo de aprendizagem de cada aprendiz, ampliação da autonomia, novos meios de se comunicar com o outro, participação mais ativa durante a execução das tarefas etc.  

De um modo geral, as TIC na área das NEE podem: criar maiores níveis de autonomia; ser um contributo inestimável nas áreas do desenvolvimento cognitivo, psicomotor; constituir um meio alternativo de comunicação e facilitador da realização de inúmeras tarefas; contribuir para uma mudança de estratégias que possibilitem encontrar respostas para alunos que possam estar afastados da escolarização; ser uma forma de ultrapassar barreiras físicas e socioemocionais (ALVES et al., 2008, p.26). 

Quando a unidade escolar se preocupa com o aluno e cria possibilidades de aprendizagem por meio das TIC, o seu espaço se modifica, tornando-se um lugar agradável e reflexivo, voltado para o debate, a investigação, aprendizado de novas culturas e entendimento acerca das individualidades e carências de cada sujeito. 

Costa e Diez (2012, p.5) assevera que “a alteridade é uma abertura que desafia o sujeito a responder em cada nova situação às solicitações concretas do outro”. Com essa premissa, entende-se que quando o aprendiz depara com um espaço voltado para a alteridade, existe a possibilidade de uma educação que transforme o sujeito de maneira que ele consiga desenvolver a empatia, construindo um ambiente de interação movido pelo diálogo e pelo respeito às diferenças.  

Esse novo formato de educar visa uma metodologia que empregue a valorização à diversidade, compreendendo-a como uma maneira de desenvolver o processo reflexivo entre os sujeitos e a troca de experiência. 

Assim sendo, essa perspectiva educacional busca desenvolver a superação dos obstáculos que surgem e aceitar o outro do jeito que ele é, pois a diversidade se mostra como um mecanismo fundamental para a aquisição do conhecimento e da formação do indivíduo.

O desejo de trabalhar com ênfase na diversidade, especialmente, quando se prioriza as particularidades do sujeito, torna-se imprescindível para que a educação inclusiva e de excelência aconteça, contudo, que esta seja concedida a todos que compõem a sociedade, sem exceção. 

Desenvolver uma prática educativa tendo em vista esse panorama esclarece que as oportunidades de aprendizado compreenderão a sociedade como um todo, as quais serão apresentadas, em especial, àqueles que fazem parte da unidade escolar, tornando-os capacitados para desenvolverem e mostrarem suas competências. 

Fleuri (2006, p. 497) afiança que é essencial “respeitar as diferenças e integrá-las em uma unidade que não as anule, mas que ative o potencial criativo e vital da conexão, entre diferentes agentes e entre seus respectivos contextos”. 

Tendo em vista um panorama de educação que a valorização à diversidade se faz presente, é relevante destacar que todos compõem o processo de ensino-aprendizagem, especialmente, aqueles que se enquadram no grupo dos alunos NEE, os quais carecem da aplicação de mecanismos facilitadores para a aquisição da aprendizagem significativa.  

De acordo com Galvão Filho e Damasceno (2002), “as dificuldades de muitas pessoas com NEE no processo de aprendizagem e desenvolvimento têm encontrado auxílio na utilização das TIC na educação”. 

Assim sendo, acredita-se que com a utilização de mecanismos tecnológicos, consegue-se desenvolver práticas pedagógicas que vise a aplicação e o reconhecimento dos múltiplos saberes com o propósito de vencer os desafios que vão surgindo no decorrer do aprendizado. 

O computador é um meio de atrair o aluno com necessidades educacionais especiais à escola, pois, à medida que ele tem contato com este equipamento, consegue abstrair e verificar a aplicabilidade do que está sendo estudado, sem medo de errar, construindo o conhecimento pela tentativa de ensaio e erro (ZULIAN; FREITAS, 2001). 

Para Zulian e Freitas (2001), “a inserção das TIC nos ambientes educacionais oferece aos alunos com NEE possibilidades de superação de barreiras, aumentando a eficiência dos mesmos na realização das atividades educativas e diminuindo as diferenças”. 

Durante a caminhada reflexiva desenvolvida neste trabalho, descobriu-se que a utilização das TIC no processo de ensino-aprendizagem tem o poder de transformar os aprendizes com NEE, pois durante a interação e execução de suas atividades, eles se tornam autônomos, alargando por sua vez a autoestima e autoconfiança. 

Razões como as apresentadas aqui são fundamentais para que a sua integração com o outro se realize de maneira efetiva e agradável, ou seja, adquirindo o conhecimento adequado e sentindo-se cada vez mais parte de um grupo, sem que seja excluído em hipótese alguma. 

Desafios para a inclusão digital

A inclusão digital, definida como o processo de democratizar o acesso e o uso eficiente das tecnologias de informação e comunicação (TICs), para Reis (2003), é fundamental na era atual, onde a tecnologia desempenha um papel crucial em todos os aspectos da vida. 

Portanto, dentro desse contexto, a inclusão digital não só capacita estudantes e professores, como também abre portas para um mundo de oportunidades de aprendizagem, todavia, percebe-se que a implementação eficaz da inclusão digital enfrenta uma série de desafios significativos.

Dentre os vários desafios voltados para a inclusão digital, ressalta-se que a infraestrutura tecnológica inadequada, especialmente em áreas rurais ou em comunidades economicamente desfavorecidas é considerada uma das principais, visto que a falta de acesso a dispositivos de qualidade, como computadores e smartphones, e a conectividade limitada à internet impedem que uma grande parcela da população aproveite os benefícios das TICs. Assim, nota-se que essa disparidade cria um ‘fosso digital’, onde apenas aqueles com recursos adequados podem acessar e utilizar plenamente as ferramentas digitais.

A alfabetização digital também é vista por Reis (2003) como um desafio de grande relevância, afinal, não basta apenas ter acesso à tecnologia; os usuários também precisam ter as habilidades necessárias para utilizá-la de maneira eficiente, podendo operar os dispositivos digitais e software, bem como utilizar as habilidades críticas de pensamento e discernimento para navegar no vasto universo de informações disponíveis online. 

Por outro lado, acredita-se que essas dificuldades ainda se mantêm constantes na realidade escolar porque, na maioria das vezes, as escolas e comunidades carecem de programas de formação eficazes que desenvolvam essas competências essenciais.

Nesse sentido, Reis (2003) evidencia que para uma inclusão digital bem-sucedida, é essencial que os docentes possuam os recursos necessários e, sintam-se confortáveis ​​com o uso da tecnologia em ambientes educacionais. 

Todavia, acredita-se que muitos deles podem não ter recebido formação adequada ou podem sentir-se intimidados pela rápida evolução das tecnologias, causando de certa forma a má utilização ou até mesmo resistência às TICs em sala de aula.

Reis (2003) também salienta que quando se discute acerca dos desafios inseridos na inclusão digital, não se pode esquecer que ela enfrenta barreiras tanto culturais quanto sociais, uma vez que em determinadas comunidades, pode haver resistência à adoção de novas tecnologias devido a percepções culturais, medo de mudanças ou falta de compreensão sobre os benefícios das TICs. Além disso, revela-se que as questões de gênero, idade e deficiência também podem influenciar o acesso e o uso das tecnologias, com certos grupos sendo mais excluídos do que outros.

Desse modo, compreende-se que para superar esses desafios, é necessário um esforço colaborativo envolvendo governos, instituições educacionais, organizações não governamentais e o setor privado mediante investimento em infraestrutura, programas de formação e alfabetização digital, desenvolvimento profissional contínuo para educadores e a criação de políticas inclusivas que garantam acesso equitativo às TICs para todos. Com isso, acredita-se que por meio dessas ações, é possível trabalhar para garantir que a inclusão digital se torne uma realidade em todas as comunidades. 

Estratégias eficazes para a promoção da inclusão digital

A promoção eficaz da inclusão digital no ambiente educacional requer uma abordagem múltipla e diversificada, abordando tanto a infraestrutura tecnológica quanto às habilidades e competências dos indivíduos. Desse modo, entende-se que as estratégias para alcançar uma inclusão digital de qualidade devem ser universais, sustentáveis e adaptadas às necessidades específicas das comunidades que servem.

Portanto, revela-se, de acordo com os apontamentos de Zulian e Freitas (2001), que uma das estratégias fundamentais para que a inclusão digital, de fato, aconteça é o investimento em infraestrutura de TIC, o qual abrange a disponibilização de equipamentos tecnológicos necessários, como computadores, tablets e conexões de internet de alta velocidade, e a manutenção e atualização contínuas desses recursos. Ressalta-se que neste capítulo que esse investimento deve ser acompanhado de um esforço para garantir que a tecnologia seja acessível e adequada às necessidades de diferentes grupos, incluindo pessoas com deficiência, garantindo assim um acesso mais igualitário às ferramentas digitais.

No entanto, segundo Zulian e Freitas (2001), a efetivação satisfatória desse processo de inclusão só poderá ocorrer, caso haja formação e capacitação voltados para o letramento digital, mas para isso é fundamental a presença de programas educativos que visam desenvolver habilidades digitais básicas e avançadas. Assim, acrescenta-se que esses programas devem abranger desde o uso operacional de dispositivos e softwares até habilidades mais complexas, como pensamento crítico digital, segurança online e ética digital. Além disso, acredita-se que é de grande relevância incorporar o letramento digital como uma competência central em currículos educacionais, preparando os alunos para o mundo digitalizado.

É inegável, para Zulian e Freitas (2001), que o processo de inclusão digital só alcançará o êxito esperado por meio de uma formação docente adequada, que os preparem para o uso eficaz dos mecanismos tecnológicos, mas também os abasteçam com métodos pedagógicos para integrar satisfatoriamente a tecnologia no ensino. Toda essa trajetória envolve programas de desenvolvimento profissional contínuo, workshops e oportunidades de aprendizagem colaborativa, permitindo que os docentes compartilhem práticas, desafios e soluções na utilização das TICs em ambientes educacionais.

Ademais, percebe-se que é imprescindível promover a parceria entre os diversos setores, com a colaboração entre governos, setor privado, organizações não governamentais e comunidades podem oferecer recursos, expertise e apoio financeiro para iniciativas de inclusão digital, visto que essas parcerias podem facilitar a implementação de programas de inclusão digital e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

Cabe aqui acrescentar que a promoção da inclusão digital também deve abordar questões de equidade e acessibilidade, com a implementação de políticas e práticas que garantam que todos os indivíduos, independentemente de seu contexto socioeconômico, gênero, idade ou capacidades, tenham as mesmas oportunidades de acessar e utilizar as TICs. Desse modo, compreende-se que esses esforços podem conter programas de subsídios ou assistência para famílias de baixa renda, a fim de proporcionar acesso a dispositivos tecnológicos e à internet.

Assim sendo, descobre-se que o processo de implementação dessas estratégias de forma ampla e coordenada, é possível avançar significativamente em direção a uma inclusão digital eficaz no meio educacional, garantindo que todos os indivíduos tenham as habilidades e recursos necessários para prosperar na era digital.

As TICs como ferramentas de inclusão

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), para Costa (2012), têm um papel fundamental como ferramentas de inclusão no cenário educacional contemporâneo, pois a utilização efetiva das TICs pode contribuir significativamente para a democratização do acesso à educação, proporcionando oportunidades de aprendizagem equitativas e personalizadas para todos os estudantes, independentemente de suas condições socioeconômicas, capacidades físicas ou cognitivas.

Nesse contexto, ressalta-se que uma das principais formas pelas quais as TICs atuam como ferramentas de inclusão é através da oferta de recursos educacionais digitais acessíveis, por exemplo, conteúdo online, ferramentas interativas, e plataformas de e-learning que podem ser adaptadas para atender a uma variedade de estilos de aprendizagem e necessidades, como é o caso dos softwares educativos, os quais podem ser programados para fornecer feedback imediato e personalizado, permitindo que os alunos progridem no seu próprio ritmo e de acordo com suas capacidades individuais.

As TICs, segundo Costa (2012), também permitem a implementação de metodologias de ensino inovadoras que podem ser particularmente benéficas para alunos com necessidades especiais, como por exemplo a realidade aumentada e a realidade virtual, que são capazes de oferecer experiências de aprendizagem imersivas e interativas envolventes e acessíveis a alunos com diferentes tipos de deficiência. Do mesmo modo, entende-se que os softwares de comunicação aumentativa e alternativa podem ser essenciais para alunos com dificuldades de comunicação, permitindo-lhes expressar suas ideias e participar ativamente no processo educativo.

É relevante acrescentar que a personalização é considerada outro aspecto crítico das TICs como ferramentas de inclusão, pois acredita-se que com o uso de dados e análise de aprendizagem, é possível criar experiências educacionais que se ajustam às necessidades e preferências individuais dos alunos, os quais melhoram a eficácia do processo de aprendizagem, bem como ajudam a manter os alunos engajados e motivados.

Todavia, como mostra Costa (2012), para que as TICs sejam verdadeiramente inclusivas, é essencial abordar as barreiras ao acesso e utilização, garantindo que a infraestrutura tecnológica seja acessível a todos os alunos e que haja suporte adequado para o uso dessas ferramentas. Nesse sentido, a formação docente desempenha um papel essencial, uma vez que eles precisam estar aptos para integrar as TICs de forma eficaz em suas práticas pedagógicas e adaptá-las às necessidades de seus alunos.

Desse modo, elucida-se que as TICs têm um potencial enorme como ferramentas de inclusão no ambiente educacional. Portanto, quando implementadas considerando as necessidades e circunstâncias de todos os alunos, elas podem proporcionar oportunidades de aprendizagem enriquecedoras, acessíveis e personalizadas, contribuindo significativamente para uma educação mais equitativa e inclusiva.

O papel das TICs na educação inclusiva

O papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação inclusiva, para Carvalho (2022), é de suma importância na era digital contemporânea, pois a inclusão educacional visa proporcionar oportunidades iguais de aprendizagem para todos os estudantes, independentemente de suas habilidades, deficiências, origens socioeconômicas ou culturais. Levando em consideração esse cenário, mostra-se que as TICs surgem como ferramentas poderosas para facilitar o acesso à educação, promover a igualdade e apoiar a diversidade nas salas de aula.

Diante o exposto, entende-se que as TICs podem ser utilizadas para criar ambientes de aprendizagem cada vez mais acessíveis e personalizados, desse modo, revela-se que o uso de softwares e aplicativos educacionais podem ser adaptados para atender a necessidades específicas de aprendizagem, como programas de leitura de tela para estudantes com deficiência visual ou aplicativos de comunicação aumentativa para aqueles com dificuldades de fala, uma vez que essas tecnologias permitem que alunos com diversas necessidades participem ativamente do processo educativo em igualdade de condições com seus pares.

Carvalho (2022) explicam ser importante apontar que as TICs oferecem oportunidades sem precedentes para o desenvolvimento de métodos pedagógicos inovadores que beneficiam todos os alunos, mas especialmente aqueles com necessidades educacionais especiais. Assim sendo, utilizando como exemplo a gamificação, elucida-se que ela pode tornar a aprendizagem mais atraente e interativa, enquanto as ferramentas de realidade aumentada e virtual podem oferecer experiências de aprendizagem imersivas que seriam impossíveis em um ambiente de sala de aula tradicional.

Para o autor, a promoção da colaboração e da comunicação também é considerada um aspecto importante das TICs na educação inclusiva. Assim, compreende-se que as tecnologias digitais como fóruns de discussão online, plataformas colaborativas e redes sociais podem ajudar a construir comunidades de aprendizagem inclusivas, onde os alunos podem interagir, compartilhar ideias e aprender uns com os outros, potencializando a experiência educacional e auxiliando no desenvolvimento de habilidades sociais e de colaboração essenciais.

No entanto, segundo Carvalho (2022), para que as TICs desempenhem efetivamente o seu papel na educação inclusiva, é de extrema relevância que busquem abordar questões como a acessibilidade e o treinamento adequado dos educadores. Nesse sentido, entende-se que a tecnologia deve ser projetada e implementada de maneira que seja acessível a todos os alunos, e os docentes devem receber formação contínua para integrar efetivamente essas ferramentas em suas práticas pedagógicas. Ademais, revela-se imprescindível considerar as diferentes realidades e contextos dos alunos, garantindo que as soluções tecnológicas sejam adaptáveis e relevantes para suas necessidades específicas.

Assim sendo, compreende-se com este capítulo que as TICs têm um papel decisivo na promoção da educação inclusiva, visto que elas oferecem possibilidades inovadoras para melhorar o acesso à educação, personalizar a aprendizagem e criar ambientes de aprendizagem mais inclusivos e colaborativos. Portanto, percebe-se que ao integrar efetivamente as TICs nas práticas educacionais e garantir sua acessibilidade a todos os alunos, é possível avançar significativamente em direção a um sistema educacional mais inclusivo, igualitário e eficaz.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa trajetória percorrida acerca da indigência das Tecnologias de Informação e Comunicação, descobriu-se que na atualidade não se pode mais negar o valor que há em sua introdução no âmbito educacional. 

Entender que a sua chegada tomou conta da vida social com o um todo é um fato que não pode ser contestado, pois em qualquer lugar que estejam, especialmente, nas instituições de ensino, a tecnologia está sempre presente. 

Por conta disso, a sociedade buscou fazer parte desse processo, objetivando cada vez mais promover práticas educativas eficientes e que façam sentido para a vida dos aprendizes, pois fechar os olhos para essa realidade, seria o mesmo que aceitar as metodologias antigas como adequadas para o processo de ensino-aprendizagem, o que não é uma verdade tendo em vista a sociedade moderna.

Por outro lado, é relevante ressaltar que a sociedade contemporânea está em busca de uma escola diferente, com estratégias pedagógicas que envolvam a utilização das TIC, visando com isso promover um aprendizado mais moderno, o qual seja prático, eficiente e que se torne um facilitador para o aprender, especialmente, em se tratando dos aprendizes com NEE, pois não podem ficar presos à metodologias ultrapassadas, necessitando de alternativas que possibilitem potencializar suas competências e os tornem sujeitos de sua própria aprendizagem.

Por outro lado, não se pode esquecer que o trabalho docente precisa se pautar na diversidade, buscando desenvolver em sua prática pedagógica por meio das TIC uma maneira de oferecer aporte para o processo de inclusão evolução dos alunos com NEE, desenvolvendo estratégias de ensino que necessitem do uso tecnológico e que colaborem para o aprender com significado. 

Conclui-se, então, com esse trabalho que a presença das TIC no processo de ensino-aprendizagem pode favorecer significativamente o desenvolvimento intelectual dos alunos com NEE, pois ajudam em suas especificidades, incitando a prática ativa e a criatividade, de maneira que permita ao sujeito mais envolvimento em seu processo de produtividade e intercâmbio.

Contudo, é relevante salientar que diante de tudo que foi abordado até o momento acerca das contribuições das TIC, localiza-se nas probabilidades existentes para vencer as batalhas que vão surgindo pelo caminho, as quais afetam em determinadas situações os alunos portadores de Necessidades Educacionais Especiais.

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