A RELEVÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CURRÍCULO. UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO COMPONENTE CURRICULAR NA ESCOLA PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II EM SÃO FELIX DO XINGU PARÁ E COMO TEMA TRANSVERSAL NA ESCOLA PÚBLICA EM RIO MARIA PARÁ.

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10905813


Renata Rogério Da Silva Gonçalves1


RESUMO

Este artigo tem como objetivo mostrar a relevância da inserção da Educação Ambiental (EA) como componente curricular nas escolas públicas do ensino fundamental II, utilizando pesquisa de campo executada em quatro escolas municipais no Estado do Pará. A pesquisa foi realizada diretamente nas escolas por meio da aplicação de dois tipos de questionários, um elaborado para o aluno e o outro para o professor, ambos construídos com base nos estudos dos teóricos analisados, com o objetivo de contrastar as escolas que possuem educação ambiental no currículo com as que utilizam apenas como tema transversal. Ao término do estudo, mesmo considerando a pertinência das iniciativas de professores e alunos no cotidiano escolar ao que se refere a Educação Ambiental, os resultados apontaram que os maiores desafios da EA são questões fundamentais como a inserção de currículo (diretrizes, arranjos e conteúdo), de carga horária e formação inicial e continuada de docentes contempladas pelas políticas públicas a fim de implantar uma EA que contemple a sua complexidade. De uma forma geral, consideramos a necessidade de acreditar, investir tempo e recursos para que a educação ambiental deixe de ser apenas um assunto que atravessa as áreas do conhecimento, tendo assim, uma área determinada no currículo nacional garantido na legislação, com o propósito  de alcançar o desenvolvimento do ser humano, de suas potencialidades, habilidades e competências promovendo reflexões acerca dos problemas ambientais e mostrando que a qualidade de vida de todos os seres vivos dependem de conhecimentos capazes de suprir as necessidades atuais, sem comprometer a capacidade de atendimentos das futuras gerações.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Currículo. Conscientização Fundamental.

ABSTRACT

This article aims to show the relevance of the insertion of Environmental Education (EE) as a curricular component in public elementary schools, using field research carried out in four municipal schools in the State of Pará. The research was carried out directly in the schools through the application of two types of questionnaires, one designed for the student and the other for the teacher, both built based on the studies of the theorists analyzed, with the objective of contrasting the schools that have environmental education in the curriculum with those that use only as a transversal theme. At the end of the study, even considering the relevance of the initiatives of teachers and students in the daily school life with regard to Environmental Education, the results pointed out that the greatest challenges of EE are fundamental issues such as the insertion of curriculum (guidelines, arrangements and content), workload and initial and continuing training of teachers contemplated by public policies in order to implement an EE that contemplates its complexity. In general, we consider the need to believe, invest time and resources so that environmental education is no longer just a subject that crosses the areas of knowledge, thus having a determined area in the national curriculum guaranteed in the legislation, with the purpose of achieving the development of the human being, of his potentialities, , skills and competencies promoting reflections on environmental problems and showing that the quality of life of all living beings depends on knowledge capable of meeting current needs, without compromising the capacity of future generations to provide care.

Keywords: Environmental Education. Curriculum. Fundamental awareness.

Introdução

A temática Educação Ambiental no currículo tem sido cada vez mais idealizada pelos gestores educacionais no Brasil, tornando-se uma tendencia na educação contemporânea. Em contrapartida, a história da educação brasileira nos mostra que a implementação da Educação Ambiental como componente curricular através de políticas públicas destinadas a esse fim é um projeto educacional de difícil execução, especialmente pela necessidade de capacitação de profissionais e pela falta de um programa que oriente a prática da educação ambiental nas escolas.

 A Educação Ambiental deve assumir, um espaço mais significativo no currículo, visto que, o papel da escola deve ser pautado na formação de valores e questões que compreendem a interligação do indivíduo com a sociedade. Proporcionando um espaço maior de reflexão e conscientização da importância e de maneiras de se preservar o meio em que se vive, se torna indispensável na sociedade atual.  Diante disso, a justificativa principal desse artigo é viabilizar uma investigação da importância de integrar o componente EA no currículo nacional do ensino fundamental II, juntamente com as políticas públicas educacionais nesse processo.  A responsabilidade social deve levar todos, sobretudo a instituição escolar, a preparar cidadãos capazes de preservar e de construir mecanismos práticos e sustentáveis para melhoria de vida na sociedade presente e futura.

Em termos metodológicos, adotou-se pesquisas teóricas e pesquisa de campo, tendo sido duas escolas municipais na cidade São Felix do Xingu e duas na cidade Rio Maria, ambas no Estado Pará, escolhidas para a realização da pesquisa de campo. A pesquisa foi realizada no período de setembro de 2023 a outubro de 2023 e teve como instrumento de coleta de dados dois tipos de questionário, um direcionado para alunos e o outro para os professores, ambos com a finalidade de analisar a evolução e características da Educação Ambiental dentro das escolas no fundamental II. A escolha dos referidos municípios justifica-se por adotarem a educação ambiental em seus currículos de maneiras distintas. Na cidade de São Felix do Xingu a EA faz parte do currículo como componente comtemplando a carga horária anual de quarenta horas, distribuídas em uma por semana. Por outra perspectiva Rio Maria inseri a EA como tema transversal. Os dados obtidos por meio da aplicação do questionário foram analisados e confrontados reciprocamente, sempre adotando-se como referencial teórico o conhecimento produzido por pesquisadores que atuam nesse novo campo de conhecimento, particularmente os que assumem a abordagem crítica (Reigota, 1998, 2016; Berna, 2010; Santana Neto 2023; entre outros).

Neste trabalho, as questões orientadoras foram: qual foi o caminho da educação até o surgimento da educação ambiental? qual a importância da educação ambiental para a conscientização ambiental no contexto escolar? qual a importância da Educação Ambiental no currículo escolar brasileiro?

A pesquisa, a qual consta neste artigo, objetiva contrastar as escolas que possuem o componente educação ambiental no currículo com as que utilizam apenas como tema transversal. Essa investigação resultou na sistematização dos dados e em sua leitura a partir da base teórica acumulada anteriormente, coletadas de resultados da aplicação do questionário aos alunos e professores das escolas municipais de ensino fundamental II Educandário Evangélica Bom Samaritano e Adão Mendes de Abreu na cidade de Rio Maria-Pará. E na cidade de São Felix do Xingu-Pará nas escolas Dom Eurico Krautler e João Ciro de Moura. Os dados coletados foram realizados apenas nos 9º anos, aos quais teriam um certo conhecimento da EA adquirido durante as fases escolares, 66 alunos e 11 professores em cada cidade citada. O questionário aplicado aos professores é formado por 11 perguntas. Destas, 4 são dicotômicas (questões em que só se pode escolher uma das opções), 1 é de múltipla escolha (é possível assinalar várias opções) e 6 questões abertas. O questionário aplicado aos alunos é formado por 19 perguntas. Destas, 18 são dicotômicas e 1 é de múltipla escolha.

Vale ressaltar, um elemento significativo que esta pesquisa revela, identifica-se um movimento de crescente reconhecimento sobre a relevância da EA na última década, a qual mostra-se um instrumento necessário e modificador, sempre visando a melhorar a relação do homem com a natureza, promovendo reflexões acerca dos problemas ambientais e mostrando que a qualidade de vida e as futuras gerações dependem de um desenvolvimento sustentável.

Educação Ambiental Transversal ou Componente

A incumbência da EA concerne em certificar uma interpretação coerente com o real objetivo do termo “desenvolvimento sustentável”. Devido à frequência com que a questão ambiental se torna comum, chegando ao ponto de desviar-se de seus reais objetivos. Nota-se a valia da educação para formar cidadãos conscientes e com senso crítico para afrontar ideais equivocadas a um processo de mudança que eventualmente beneficia uma pequena parte da população, desviando do verídico propósito de um desenvolvimento satisfatório as aspirações e necessidades de toda sociedade.  

Ao refletir o cenário atual ao que se refere a enorme carência de conscientização ambiental nos centros educacionais desde as séries iniciais até os cursos de graduação, essa pesquisa voltou-se a necessidade de analisar duas situações distintas no currículo de duas cidades. Analise com foco na inserção da educação ambiental no currículo como componente na cidade de São Felix do Xingu desde o ano de 2010, contrastando com a aplicação da educação ambiental como tema transversal na cidade de Rio Maria, ambas no estado do Pará. A pesquisa foi em forma de questionários dividida em dados primários envolvendo alunos e em dados secundários com professores de diferentes formações. Foram entrevistados 66 alunos do 9º ano de duas escolas municipais de ensino fundamental II (Educandário Evangélica Bom Samaritano e Adão Mendes de Abreu) da cidade de Rio Maria-Pará, as quais tem EA somente como tema transversal. Em sequência foram entrevistados 66 alunos do 9º ano de duas escolas fundamental II (Dom Eurico Krautler e João Ciro de Moura) na cidade de São Felix do Xingu-Pará, as quais tem no currículo escolar a EA como componente.

Primeiro Momento da Pesquisa

 A coleta de dados primários foi realizada por meio de entrevista direcionada aos alunos do ensino fundamental II do 9º ano, em duas escolas que apresentam educação ambiental apenas como tema transversal, e duas escolas que apresentam educação ambiental como componente. Nas escolas municipais Educandário Evangélica Bom Samaritano e Adão Mendes de Abreu de Rio Maria totalizaram 66 alunos do 9º ano entrevistados, estes gozaram do ensino da educação ambiental como tema transversal ou interdisciplinar. Nas escolas municipais Dom Eurico Krautler e João Ciro de Moura de São Felix do Xingu também totalizaram 66 alunos do 9º ano entrevistados, contudo são alunos que gozaram da educação ambiental como componente desde o início dos anos finais. A primeira parte da pesquisa com os alunos fora direcionado a inclusão da educação ambiental no ambiente escolar. Nas escolas em que se trabalham o conteúdo EA apenas como tema transversal, resultou em 40 alunos afirmando que não participou de debates sobre problemas ambientais e 26 afirmando ter participado em algum momento de debates relacionados ao meio ambiente (GRÁFICO 1). Nas escolas em que se trabalha a EA como componente curricular 36 afirmam que não participou de debates relacionados a problemas ambientais e 30 afirmam ter participado de debates relacionados a problemas ambientais (GRÁFICO 2).

Gráfico 1 – Escolas que exercem a EA como TTs.   Gráfico 2 – Escolas que exercem a EA como C. C.

                                 Fonte: Dados de campo coletados pela pesquisadora (2023).

Diante de tantas preocupações que nos cerca no planeta terra, a crise ambiental, efeito estufa, aquecimento global, desastres “naturais”, estresse hídrico, desenvolvimento sustentável e responsabilidade socioambiental são exemplos de problemas que ganham notoriedade de serem temas de debates. A educação não visa apenas explicar o assunto, mas também busca estimular o desenvolvimento do pensamento crítico, da dialética, e do processo de raciocínio lógico, além de ensiná-lo a apreciar mudanças, a visualizar o todo antes de formar uma opinião e a construir soluções viáveis. Observa-se uma diferença irrelevante entre as escolas referente aos debates, todavia a preocupação está visível com a falta de debates relacionados ao tema que envolve as preocupações em questões ambientais. A porcentagem total obtida nessa parte da pesquisa demonstra que aproximadamente 58% não participa de debates com temas ambientais, evidenciando assim a necessidade de um conteúdo programático nacional para que sirva de norte aos profissionais da área da educação, bem como a inserção da disciplina educação ambiental com carga horária significativa (GRÁFICO 3).

Gráfico 3 – Agregação dos alunos das quatro escolas pesquisadas.

Fonte: Dados de campo coletados pela pesquisadora (2023)

No que diz respeito a ações de prevenção a problemas ambientais na escola, o resultado das escolas que trabalham EA como tema transversal resultou que metade declara ter participado de ações e a outra metade declara não ter participado de qualquer ação relacionada a prevenção (GRÁFICO 4). As escolas que trabalham a EA como disciplina resultou com 26 declarando já ter participado de ações preventivas relacionadas a problemas ambientais, 40 alunos declaram não ter participado de nenhuma ação relacionada a prevenção (GRÁFICO 5).

Com esses resultados observa-se que inserir a Educação Ambiental como um processo transversal por estar presente em todas as disciplinas escolar e por desenvolver assuntos comuns a todos os seus integrantes, não está alcançando seus objetivos, as ações de prevenção aos problemas ambientais na escola deveriam assumir papel relevante juntamente com os avanços tecnológicos e o consumo excessivo dos recursos naturais, que vêm nos trazendo sérios impactos ambientais. No que concerne o resultado das escolas com a EA como disciplina, vemos a necessidade de buscar ações coletivas para construir um conteúdo programático salientando os valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências focadas na preservação ambiental, que é de uso comum, essencial à qualidade de vida e a sustentabilidade, acompanhado de uma carga horária expressiva para os anos finais.

A proposta de ensino de ambas as escolas referente a EA está ligada diretamente a uma incorporação de novos valores e atitudes, para sensibilizar os discentes acerca dos problemas ambientais e de promover a formação de indivíduos capazes de compreender e agir no mundo, construindo novas posturas e atitudes, protegendo e cuidando do meio ambiente em que vivem. Apesar deste propósito, observa-se que o resultado das escolas pesquisadas não fora satisfatório.  Os alunos que não participaram de ações de prevenção a problemas ambientais na escola alcançaram uma margem negativa de aproximadamente 56% (GRÁFICO 6), este resultado indica que as escolas não estão conseguindo realizar com êxito o ensino das questões ambientais de preocupação mundial, nada obstante pensar que essa imprecisão esteja conectada ao desprovimento de docentes formados nessa área e a inexistência de uma grade curricular nacional voltada para a EA como disciplina.  Não há possibilidades de apresentar as questões ambientais em apenas alguns momentos, mas sim de maneira gradual fazendo parte do presente construindo para o futuro do individual. De acordo com Dewey: “O desenvolvimento não é coisa que se torne completa em determinada ocasião; é um contínuo conduzir para o futuro.” (1979, p. 60) A educação estima uma preparação para uma vida em constante progresso, por tanto a EA requer um grande esforço para alcançar uma estimável evolução na vida de um indivíduo, visto que ela faz parte incondicional do presente e futuro da humanidade. As ações de prevenção de problemas ambientais precisavam ter sido presentes na vida desses alunos, a educação sustenta uma evolução de conhecimentos, por mais que seja pequena, a progressão é gradativa no decorrer dos anos de ensino. O conhecimento se torna consideravelmente assimilado por um indivíduo se obtiver noções do assunto examinado, ensinar o indivíduo não pode ser em alguns meros momentos da via estudantil mais sim um acompanhamento de anos para se alcançar uma evolução significativa.

Gráfico 6 – Agregação dos alunos das quatro escolas pesquisadas.

Fonte: Dados de campo coletados pela pesquisadora (2023)

Referente a devida atenção prestada do entrevistado e seus colegas a questões ambientais, nas escolas com EA como tema transversal, 50 alunos relataram que atribuem a devida importância a questões ambientais e 16 relataram que não valorizam adequadamente. As escolas que adotam a EA como componente curricular informam que atribuem a devida importância a questões ambientais e outras informam que não dedicam a atenção necessária a essas questões. Sem dúvida, o resulto exibe vultosa sensibilização dos alunos a temática ambiental, um exultante despertar dos alunos no que tange ao meio ambiente, receptivos aos problemas revelados no decorrer dos anos escolares. Sensibilizar é um grande passo, desempenhando um papel importante na sociedade, por meio dela o indivíduo é motivado a agir, a se engajar encontrando soluções para os problemas retratados.  O resultado chegou à apuração de 75% dos alunos sensibilizados com a situação referente ao meio ambiente, uma perceptível evolução, apresentam-se em constante aprendizado, abertos a novas experiências e dispostos a enfrentar os obstáculos que surgem no caminho. Significa também que reconhecem e podem aprender com os erros, buscando soluções. Ainda sim requerem suporte maior, uma direção mais significativa, orientando-os a agirem pessoal e coletivamente com autonomia.

A segunda parte da pesquisa com os alunos foi voltada para o grau de importância as questões ambientes demonstradas por todo o corpo escolar. Nas escolas com EA como tema transversal, 55 alunos consideram que os professores demonstram muita importância para questões relacionadas ao meio ambiente e 11 alunos consideram que eles demonstram pouca importância. Perante as escolas com a EA como componente, 61 alunos consideram que os professores demonstram muita importância a questões relacionadas ao meio ambiente e 5 alunos consideram que os professores dão pouca importância.  Na análise destes dados é visível o comportamento dos docentes como um elemento da espontaneidade sendo de grande valor para a construção da sensibilização dos discentes perante o meio ambiente. Atitudes inspiradoras sendo importante lições.

Nas escolas com EA como tema transversal, tanto quanto nas escolas com EA como componente curricular, 54 alunos acreditam que os servidores técnicos administrativos da escola apresentam muita importância com as questões relacionadas ao meio ambiente, apenas 12 afirmam que eles apresentam pouca importância.  Dados esclarecedores, expõem a conscientização adulta em ambiente escolar, porém a escola precisa proporcionar aprendizado no decorrer da vida escolar com intuito de contribuir para a formação de cidadão capaz de solucionar problemas referentes ao meio ambiente.  46 alunos das escolas com EA como tema transversal concordam que seus colegas acham as questões relacionadas ao meio ambiente pouco importante e 20 concordam que seus colegas acham muito importante. Nas escolas com a disciplina EA não foi muito diferente, 40 concordam que seus colegas acham as questões relacionadas ao meio ambiente pouco importante e apenas 26 concordam que seus colegas acham muito importante. Percebe-se que a EA seja como tema transversal ou componente curricular, encontra em longínquo alcance da sua contemplação no que se refere a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências   voltadas para a conservação do meio ambiente na formação do indivíduo. Um tema tão abrangente e urgente requer ascendência em seu emprego na área da tão estimada educação.

A terceira parte da pesquisa com os alunos fora direcionado ao resultado da conscientização do conteúdo trabalhado até o 9º ano.  Nesse foi analisado as atitudes do aluno como indivíduo frente a conservação do meio ambiente, se procura reduzir o consumo de energia elétrica, quanto ao alimento se opta por alimentos sem agrotóxicos porque eles respeitam o meio  ambiente, prefere produtos orgânicos por serem mais saudáveis, não utilizam produtos ao saber sobre os possíveis danos que ele pode causar ao meio ambiente, separa o resíduos recicláveis dos orgânicos, tem hábitos de fazer reciclagem de materiais criando novos objetos com eles, sempre que possível escolhe produtos que causem menor poluição, não usa produtos e alimentos que possam causar a extinção de espécie vegetais e animais, quando escolhe produtos e alimentos as preocupações com o meio ambiente interferem na minha decisão de escolha, já trocou ou deixou de usar produtos por razões ecológicas, já convenceu amigos ou parentes a não comprar produtos que prejudicam o meio ambiente. Perante todas essas atitudes, na escola com EA como tema transversal resultaram uma média de 47,8% dessas atitudes são executadas pelos alunos e 52,2% não são realizadas pelos 66 alunos. Nas escolas com EA como componente curricular resultaram 51,3% dessas atitudes são executadas pelos alunos e 46,7% não são realizadas pelos alunos entrevistados.  Dados de extrema preocupação, esperava-se que o resultado de ambas as modalidades de ensino, obtivessem mais de 75 % no mínimo, de alunos que exerceriam a recebida sensibilização ambiental no decorrer dos anos escolares, efetuando hábitos e atitudes para a preservação dos recursos naturais, ficando evidente a conscientização ambiental através das atitudes do aluno como indivíduo frente a conservação do meio ambiente. Espera-se que o discente adquira conhecimentos teóricos e práticos no quesito ambiental.

Na quarta parte fora apresentado algumas atividades relacionadas ao meio ambiente no cotidiano, como coleta seletiva de lixo, economia de água, economia de luz, preservação de árvores e plantas, economia de papel, uso de transporte coletivo ao invés de automóvel particular, dentre essas atividades todos os participantes das quatro escolas participaram de duas ou mais das atividades citada acima.

SEGUNDO MOMENTO DA PESQUISA

A coleta de dados secundaria foram realizadas por meio de questões objetivas e discursivas aos professores de diversas disciplinas. Foram entrevistados os professores das mesmas escolas dos alunos citados acima, 11 professores das escolas que trabalham a EA como tema transversal e 11 das escolas que trabalham a EA como componente curricular. A analise começará pelas escolas que tem a EA como tema transversal, nestas escolas a educação ambiental segundo a maioria dos professores é trabalhada como tema transversal, na qual vários fatores motivaram esse trabalho, como pela própria temática, devido os fatores climático decorrentes de anos, pelo grande desmatamento da Amazônia, para um despertar a mudança de hábitos proporcionando uma qualidade de vida melhor,  conscientização de conservar e preservar cuidando do nosso planeta para as futuras gerações. Porém no memento da entrevista que ocorrera no início do segundo semestre não existia nenhum projeto em andamento na escola relacionado a EA. Os componentes curriculares que mais aderem a temática em seu planejamento citadas foram a ciência, geografia e história, seguindo o questionário 8 professores afirmaram que os projetos de educação ambiental são realizados de modo integrado ao PPP e 3 professores afirmaram que isso não ocorre de forma prática.

Quando a escola está trabalhando alguns projetos da EA, ocorre uma integração da comunidade nos projetos de educação ambiental?

 7 professores responderam que sim e 4 responderam que não. Para alguns professores o que favorece o desenvolvimento da EA na escola são alguns recursos tecnológicos como internet, TV, retroprojetor e livros, também o compromisso da equipe escolar e a participação da comunidade. Dentre as respostas desse questionamento é relevante sitar a indagação de um dos professores, que nessa pergunta cita como resposta a grande necessidade de um corpo docente com formação adequada para o exercício eficaz da EA.

 O que dificulta o desenvolvimento da EA na escola?

 Para alguns professores é a inexistência do mesmo como componente curricular e uma coordenação pedagógica preparada para esse nível de ensino. Uns professores encontram essa dificuldade por não possuírem recursos adequados para trabalhar está área, questiona-se também a falta de participação da comunidade como forma de apoio.

Todos os professores consideram extremamente importante os alunos terem acesso a conhecimentos de EA na escola, sendo de necessidade urgente a implantação desses projetos no âmbito escolar, para que se possa transformar as atitudes através da conscientização dos problemas ambientais, desenvolvendo ações sustentáveis, pois para preservar a vida é necessário preservar a natureza.

Para 3 professores não há necessidade de ter a EA como componente curricular, uma vez que já é inserida no currículo como tema transversal. Para 6 professores é de grande urgência essa temática se tornar um componente curricular, devido sua complexidade precisa de um tempo maior para ser trabalhado, uma especificidade maior para conseguir resultados mais positivos. 2 professores preferiram se abster nessa opinião. Diante dos resultados mantem a ideia de que a EA carece maior atenção do sistema educacional no país, visto que o Brasil abriga a maior biodiversidade do mundo, estimando que em território nacional estejam de 10% a 15% de toda a biodiversidade do planeta, tornando o país com grande responsabilidade de intervir e transformar a estrutura e ambiente do planeta com o objetivo de facilitar, fortalecer e proteger a evolução e regeneração da vida. Também em virtude do ser humano ser a única espécie racional do planeta, tendo a capacidade de desenvolver soluções de alta complexidade para resolução de problemas coletivos. É imprescindível e improtelável a inserção da educação ambiental como componente curricular, formação de professores, disponibilidade de conteúdo programático bem elaborada e parcerias inestimável no vinculo da educação nacional.

A analise seguinte mostrará o resultado da pesquisa feita nas escolas que possuem o componente Educação Ambiental no currículo. Para a maioria dos professores o que motivou a escola a trabalhar com a EA fora o aumento desordenado da população, escassez de recursos na natureza e as gritantes crises ambientais. Também para despertar no discente a conscientização de preservação e de cidadania. Citado nesse questionamento por um professor que “um dos principais fatos foi a visão de nosso município sofrer alterações no desmatamento e queimadas.” 

Enquanto os projetos voltados para meio ambiente, fora citado pelos professores de uma escola, projeto em continuidade do primeiro semestre “Horta na Escola”. A outra escola ficou bem claro que não há nenhum projeto desse estilo no momento, porém citam a grande necessidade de ser planejado e executado um projeto voltado para o meio ambiente. Os professores também descreveram que apesar da escola possuir um componente EA, essa temática é trabalhada nos outros componentes curriculares com ciências, geografia, história e arte. Relacionado ao PPP, 7 professores afirmaram que não é realizado de modo integrado com o PPP, dentre eles 1 diz não ter acesso ao PPP, 4 professores afirmam que sim, a EA é integrada ao PPP. No que diz respeito a integração da comunidade nos projetos de educação ambiental, 8 professores afirmaram que não ocorre nenhuma integração, e que percebem a grande necessidade dessa integração em todos os projetos realizados na escola, 3 professores afirmaram que ocorrera essa integração em algum momento.  A maioria dos professores declaram que pôr a educação ambiental estar na grade curricular favorece grandemente o desenvolvimento dessa temática na escola. O que mais dificulta o desenvolvimento da EA é a falta de capacitação para os profissionais da educação e o conhecimento superficial da comunidade sobre o tema. Também fora citado a quantidade de carga horaria oferecida pelo currículo, pela grande complexidade e importância do tema no século XXI a carga horaria deveria ser maior. Mesmo estando presente como disciplina, o questionamento de falta de materiais para serem trabalhados torna-se um dos motivos de não ser lecionada com eficácia.

Convém citar diretamente algumas opiniões significativas sobre a importância de os alunos terem acesso a conhecimentos de Educação Ambiental na escola.

“Desperta nós estudantes o quanto é importante a preservação da natureza e o quanto ela contribui para a sociedade.”

“Sim, porque o anseio da vida está todo envolvido com o meio ambiente, ao qual está sendo trabalhado ou utilizado de forma irracional.”

“Sim. Eles precisam reconhecer a importância que tem a natureza para o ser humano e saber preservá-la, pois é considerada a raiz da vida. Sem natureza, não tem vida.”

Diante das respostas dessa questão observa-se que todos os professores concordam que é irrefutável a importância de trabalhar de forma mais aprofundada o componente EA, fica nítido a urgência de passar tal conhecimento aos alunos, que futuramente serão os profissionais que poderão salvar o planeta terra da alta destruição.

Chegando a última questão, a EA deve ser trabalhada no ensino fundamental II como tema transversal ou necessita ser trabalhada como um componente curricular?

 Tal indagação houve respostas compatíveis, os professores acreditam que deve ser trabalhada como componente curricular, assim terá oportunidade de ser aprofundada à ponto de fazer diferença na vida do discente e da comunidade, podendo ser dado continuidade como uma formação superior, mas também de forma transversal abrangendo todo direcionamento educacional devido as necessidades e urgências de um melhoramento do modo vida do indivíduo. Também foi citado que seria necessário estar obrigatoriamente no currículo do ensino fundamental II, visto que a Secretaria de Educação Estadual do Pará está providenciando a inserção da EA na grade curricular. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da observação dos aspectos analisados as questões ambientais ressalta a precisão da presença da educação ambiental no contexto escolar no mundo moderno. A EA nas escolas carece obedecer às orientações dos PCN’s e da PNMA, que profere uma educação ambiental ofertada continuamente no sistema de ensino, de forma transversal e interdisciplinar.

Porém, o que pode ser observado é que essa inserção não tem alcançado seus reais objetivos, claramente perpetua um impasse que suprime a inserção da EA no conteúdo programático da escola, ao analisar a situação, percebe-se que o currículo rigidamente disciplinar e a falta de suporte teórico e metodológico para o exercício da transversalidade são desafios a serem enfrentados. Semelhante verificou-se que nas escolas que inseriram a EA como disciplina não obteve resultado satisfatórios ao que se refere dos esperados de um trabalho educacional orientado pelo PCN e pela PNMA. Ao investigar esse cenário, fica claro que a ausência de um conteúdo programático nacional e de professores especializados na área não é adequada.

A EA não está sendo realizada com exatidão, não por falta de vontades do corpo escolar, sequer pela maneira que foram inseridas nesses casos, mas porque é muito desafiante desenvolver uma educação tão complexa como a EA nesse contexto disciplinar. Contudo ela é sim um instrumento capaz de conseguir criar e aplicar formas sustentáveis de interação sociedade-natureza, abrindo o caminho para que cada um mude seus hábitos e atribui atitudes que levem a melhoria do ambiente, promovendo a resolução de problemas ambientais atuais e futuros.

Reconhece-se que a postura e trajetória desta pesquisa é de acentuar a necessidade de integrar a educação ambiental no currículo brasileiro com as transformações necessário para alcançar seus reais objetivos. Não obstante essa inserção encontra barreiras de grandes potenciais, justamente porque:  

– Seu curricular é fragmentado;

– A dificuldade de trabalhar de forma interdisciplinar, em encontrar tempo e cumprir o conteúdo programático curricular estabelecido nos documentos oficiais do ensino dentro das horas aulas ofertadas na grade curricular;

– Os desafios ou carências formativas dos professores que atuam em Educação Ambiental;

– A falta de conscientização no assunto e falta de materiais didáticos de EA na escola.

Entretanto essa análise não teve a intenção de encontrar “certo e errado” ou “culpados e inocentes”, mas inscreve-se na precisão de reconhecer as potencialidades da Educação Ambiental, visto que há muitos desafios a serem superados para que a EA seja implementada no contexto escolar de forma satisfatória. Perpetua múltiplas inquietações na jornada para capacitar o indivíduo, não somente a uma compreensão dos conceitos relacionados com o meio ambiente, sustentabilidade, preservação e conservação, mais também, ser capaz de agir e solucionar os variados problemas ambientais que os cercam.

A pesquisa não encerra, pois precisa compreender o caminho a percorrer para ser inserida e abordada da EA de forma adequada no ensino fundamental II, considerando seu grande potencial na sociedade atual.

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1Estudante – Facultad de Ciências Sociales Mestrado em Ciências da Educação – Interamericana. Graduada em Licenciatura Plena em Ciências Naturais, especialização em Química na UEPA de Conceição do Araguaia – PA. Pós-graduada em Responsabilidade Social na Faculdades Integradas Ipiranga. E-mail: renatarsg.academicos.2023@gmail.co