REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10870983
Jefferson Bernardelli Silva1
A presença e expansão de aglomerados subnormais, que engloba favelas e comunidades urbanas no Brasil são reflexos de desafios socioeconômicos e urbanos significativos enfrentados pelo país. Segundo o Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil conta com 11.403 aglomerados subnormais, que abrigam cerca de 16 milhões de pessoas em 6,6 milhões de domicílios2. Esse número representa uma expansão notável de aproximadamente 40% na última década, evidenciando a crescente proporção de brasileiros vivendo nessas áreas marginalizadas.
Esses espaços urbanos, segundo o IBGE, são definidos pela presença de domicílios sujeitos a diferentes graus de insegurança jurídica da posse, bem como pela falta ou oferta insuficiente e precária de serviços públicos essenciais, como água, esgoto, iluminação e coleta de lixo. Além disso, é comum que a infraestrutura dessas localidades seja predominantemente erguida pela própria comunidade, muitas vezes sem seguir os padrões estabelecidos pelos órgãos públicos. A localização desses aglomerados, frequentemente em áreas de risco ou com restrições legais à ocupação, como próximo a rodovias, ferrovias ou em áreas protegidas, acrescenta outra camada de desafios para os moradores e para a gestão urbana.
A implantação de agências de seguros em comunidades carentes como parte de projetos voltados para a responsabilidade social tem demonstrado resultados excepcionais. Esses projetos buscam oferecer serviços financeiros e de seguros às populações locais, tendo como missão identificar talentos e criar oportunidades por meio de formação e desenvolvimento. Ao investir em coaching, palestras e proporcionar retornos financeiros, essas iniciativas buscam capacitar os membros das comunidades para se tornarem consultores especializados em serviços financeiros e seguros.
Esses consultores não só fornecem assessoria dentro de suas próprias comunidades, mas também contribuem para o fortalecimento econômico e social dessas áreas, promovendo o empoderamento e a inclusão financeira. Esses programas exemplificam como o compromisso com a responsabilidade social pode beneficiar as comunidades menos favorecidas e gerar impactos positivos de longo prazo para toda a sociedade.
Projetos relacionados à formação e capacitação de profissionais dentro das comunidades desempenham um papel fundamental no desenvolvimento socioeconômico local. Ao fornecer treinamento e educação para os membros da comunidade, esses projetos capacitam indivíduos com habilidades e conhecimentos necessários para fundarem seus próprios negócios ou melhorarem suas condições de emprego atual.
Além disso, a formação profissional dentro da própria comunidade promove o empoderamento local, permitindo que os residentes desenvolvam suas carreiras e contribuam ativamente para o crescimento econômico e social do seu entorno. Esses projetos não apenas ajudam a preencher lacunas de habilidades e criar oportunidades de emprego, mas também fortalecem o tecido social, aumentando a autoconfiança e a autoestima dos participantes.
Um exemplo claro dessa abordagem é observado em duas agências implantadas nas comunidades de Rosinha, RJ, e Paraisópolis, SP, que atualmente empregam mais de 40 pessoas e formaram Consultores Financeiros responsáveis por segurar aproximadamente 35 mil famílias. Além disso, palestras focadas em planejamento financeiro familiar, eventos, patrocínios e doações para associações e escolas, geraram um total de um reinvestimento de mais de $3 milhões nos últimos 2 anos.
As etapas seguidas incluem a identificação das necessidades locais, o estabelecimento físico da empresa na comunidade, o recrutamento e treinamento de talentos locais, o fornecimento de produtos e serviços adaptados às necessidades específicas da comunidade e a promoção da responsabilidade social corporativa, que vai além do objetivo de negócio para incluir iniciativas de educação, capacitação e apoio a causas sociais e ambientais.
Em suma, os projetos de implantação de agências de seguros em comunidades carentes, como parte de iniciativas de responsabilidade social, representam uma abordagem eficaz para promover o desenvolvimento econômico e social. Ao proporcionar acesso a serviços financeiros e de seguros, além de oferecer oportunidades de formação e desenvolvimento, esses projetos capacitam os membros das comunidades, gerando impactos positivos duradouros.
A formação de consultores especializados dentro das próprias comunidades não apenas fortalece a economia local, mas também contribui para a inclusão financeira e o empoderamento dos indivíduos. Portanto, investir em programas que visam o crescimento e o desenvolvimento das comunidades mais necessitadas não apenas promove a igualdade de oportunidades, mas também enriquece a sociedade como um todo, construindo um futuro mais sustentável e inclusivo.
1Jefferson Bernardelli Silva, profissional graduado em Administração pela Universidade Brasil – Camilo Castelo Branco (São Paulo), possui mais de 13 anos de experiência no mercado de seguros, desempenhando funções tanto como Gerente quanto como Consultor em empresas de destaque. Possui expertise em personalizar programas de seguros para atender clientes individuais e grupos, frequentemente lidando com uma ampla gama de riscos. Experiente em negociações de diversos tipos de apólices de seguros em nome de seguradoras, cobrindo áreas como automóveis, incêndio, vida, propriedade, saúde e apólices especializadas. Idealizador dos projetos “Dentro para Fora” e “Caça Talentos”, visa promover desenvolvimento sustentável e empoderamento em comunidades carentes. Com 15 agências atualmente e planos de expansão para 50, foca em gerar empregos locais, oferecer serviços adequados e promover responsabilidade social corporativa. O sucesso é atribuído ao trabalho árduo, compartilhamento de conhecimento e compromisso comunitário, aliados à inovação.
2IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Coordenação de Geografia. (2024). Sobre a mudança de aglomerados subnormais para favelas e comunidades urbanas. (Coleção Ibgeana, Nº de chamada: 711.585(81)-S677, Complemento 1: 2024). Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102062.pdf.