MINOCA (MYOCARDIAL INFARCTION WITH NON-OBSTRUCTIVE CORONARY ARTERIES) EM PACIENTE APÓS VIAGEM AÉREA PROLONGADA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10838842


Adriel Alves de Paiva
Emídio Almeida Tavares Júnior
Milene Fernandes Farias
Kátia do Nascimento Couceiro
Anne Elizabeth Andrade Sadala Marques
Maria Luiza Gazzana
Márcia Regina Silva da Silva
Rodrigo Fernandes de Castro
Marcelo Mouco Fernandes
João Marcos Bemfica Barbosa Ferreira
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)


Resumo: O infarto do miocárdio sem aterosclerose coronariana obstrutiva (MINOCA) é uma síndrome com muitas causas, representando 10 a 15% de todos os diagnósticos de infarto agudo do miocárdio (IAM). Paciente apresentou quadro de dor torácica  típica, sem dispneia, síncope ou palpitações associadas, eletrocardiograma com elevação milimétrica de V3, com ondas T planas, mesmo negativas em aVL, troponinas elevadas, sendo diagnosticado com síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento de segmento ST.

Palavras-chave: MINOCA; Dor torácica; Infarto agudo do miocárdio.

Keywords: MINOCA (Myocardial infarction with non-obstructive coronary arteries); Chest pain; Acute myocardial infarction.

Introdução: O infarto do miocárdio sem aterosclerose coronariana obstrutiva (MINOCA) é uma síndrome com muitas causas, representando 10 a 15% de todos os diagnósticos de infarto agudo do miocárdio (IAM). A síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF) é uma doença sistêmica autoimune caracterizada pela detecção plasmática de anticorpos antifosfolípides, tais como o anticardiolipina e o anticoagulante lúpico, que se manifesta clinicamente, sobretudo, como trombose arterial e/ou venosa recorrentes. Constitui-se na principal causa adquirida de hipercoagulabilidade, ocorrendo em 2% da população geral e apresenta alta morbimortalidade. O acometimento miocárdico, entretanto, é raramente descrito nesta patologia. 

Desenvolvimento: O presente relato descreve o caso de um paciente, idoso, não sedentário, hipertenso, em uso de Nebivolol 5 mg,  que após viagem aérea para Suíça, apresentou  no sétimo dia naquele país quadro de dor torácica típica, sem dispneia, síncope ou palpitações associadas, eletrocardiograma com elevação milimétrica de V3, com ondas T planas, mesmo negativas em aVL, troponinas elevadas, sendo diagnosticado com síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento de segmento ST. Ecocardiograma apresentando fração de ejeção  ventricular normal (estimada em 60%), discreta hipocinesia inferior. Após realização de cineangiocoronariografia foi evidenciada trombose de ramo ventriculares posteriores com realização de tromboaspiração por microcateter e trombectomia com stent retriever, descartada trombose venosa de membros inferiores por meio de avaliação angiográfica, iniciado tratamento com heparina de baixo peso molecular. 

Metodologia: No retorno ao Brasil, após três meses do evento, paciente foi atendido em hospital de referência, sendo então realizada investigação diagnóstica com pesquisa de SAAF, trombose venosa profunda de membros inferiores e forame oval patente (FOP). Paciente orientado sobre a realização do ecocardiograma transesofágico, riscos inerentes ao procedimento e a conduta a ser adotada, caso fosse confirmada a presença de FOP. 

Resultados: A injeção de soro agitado durante o ecocardiograma transesofágico, em conjunto com a manobra de Valsalva, tem alta sensibilidade 89% e especificidade 92% para detectar o shunt direita-esquerda, sendo a autópsia o padrão-ouro. Durante o exame, foi injetada solução salina agitada, marcado o átrio direito cheio de microbolhas que não passaram para o átrio esquerdo, excluindo-se, por este método, a hipótese aventada inicialmente de forame oval patente. Foi diagnosticado com SAAF com anticoagulante lúpico positivo. 

Discussão: Relatamos o desfecho favorável da SAAF primária com complicações cardiológicas, que após o seu diagnóstico determinou a instituição de anticoagulação plena com anticoagulante oral. O manejo clínico da hipertensão foi mantido com terapia com betabloqueador, sem recorrência da dor torácica. Sendo assim, segue em acompanhamento com hematologista e cardiologista, com objetivo de reduzir as morbidades que eventualmente possam existir.


1. NAHASS, G.T. Antiphospholipid antibodies and the antiphospholipid antibody syndrome. J Am Acad Dermatol. 1997; 36(2Pt1): 

2. MOJADIDI, M.K.; BOGUSH, N.; CACERES, J.D.; MSAOUEL, P.; TOBIS, J.M. Acurácia diagnóstica do ecocardiograma transesofágico para a detecção de forame oval: uma meta-análise. Ecocardiografia. 2014;31(6):752-8. doi:10.1111/echo.12462