EFEITOS DA TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO (ACT) NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM TRANSTORNO BIPOLAR: UMA REVISÃO DA LITERATURA 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10815558


Luís Guilherme Bertuci Soares1
Cristiano Almeida Fernandes2


Resumo 

O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica complexa que apresenta desafios significativos no  diagnóstico e tratamento, deste modo. Esta revisão tem como objetivo analisar os principais estudos  relacionando os efeitos da terapia de aceitação e compromisso (ACT) no tratamento do transtorno bipolar. Verificando os principais componentes da abordagem ACT como: flexibilidade psicológica e  aceitação de eventos internos aversivos. Estudos recentes exploram o uso da ACT no tratamento do transtorno bipolar, revelando melhorias nos sintomas clínicos e na qualidade de vida dos pacientes. No  entanto, persistem desafios, como o estigma associado à condição e a falta de compreensão sobre ela,  que muitas vezes resultam em resistência ao diagnóstico e tratamento adequado. A psicoeducação  desempenha um papel crucial na sensibilização e na promoção da aceitação do transtorno, enquanto o  apoio familiar e a construção de uma aliança terapêutica sólida são fundamentais para melhorar a adesão  ao tratamento. Portanto, a ACT oferece uma abordagem eficiente no tratamento do transtorno bipolar,  visando não apenas reduzir os sintomas, mas também promover o bem-estar emocional e a qualidade de  vida dos indivíduos afetados. No entanto, é necessário superar os desafios relacionados ao estigma, à  falta de compreensão e à adesão ao tratamento para garantir o sucesso a longo prazo no manejo dessa  condição. 

Palavras-chave: Transtorno bipolar, terapia de aceitação e compromisso, psicoeducação, estigma, qualidade de vida. 

INTRODUÇÃO

O transtorno bipolar se configura por ser uma psicopatologia que modifica o padrão de  vida do indivíduo pela sua caraterística alteração no humor de forma crônica. De acordo com o  Manual Diagnóstico e Estatístico de transtorno mental (DSM 5-TR, 2023) o transtorno bipolar  é classificado em tipo 1, que engloba casos onde ocorre a oscilação entre o estado de mania e depressão; tipo 2, que se refere a casos onde de variação de humor entre hipomania e depressão,  e a ciclotimia, onde ocorre uma flutuação no humor sem fechar critérios suficientes de fases  como mania, hipomania e depressão. Além disso, observa-se o que se denomina transtorno  bipolar ‘’sem especificação’’, que estaria elencado como oscilações mais sutis do humor. 

Segundo a Organização mundial da saúde (OMS, 2008) o transtorno bipolar afeta cerca  de 40 milhões de pessoas no mundo, sendo a sexta maior causa de incapacidade geral e a  terceira dentre os transtornos mentais. A prevalência do transtorno bipolar tipo 1 é de 0,6%; tipo 2 0,4%; e o espectro bipolar, que abrange os transtornos não especificados, com 2,4%. O  Brasil apresenta uma prevalência em cerca de 1%, mais de 6 milhões de pessoas, apresentando  em conjunto uma grande taxa de comorbidades, como ansiedade, transtorno de déficit de  atenção e hiperatividade, transtornos de personalidade e transtornos por uso de substâncias,  dificultando na adesão ao tratamento, e aceitação do diagnóstico. 

A bipolaridade apresenta desafios, com destaque para o atraso no diagnóstico devido à  resistência em buscar ajuda, resultando em diagnósticos equivocados, como depressão unipolar.  Como resultado, os indivíduos com bipolaridade permanecem em média nove anos com  diagnóstico inadequado, recebendo tratamentos e medicações inapropriadas. Além disso, o  estigma ligado ao transtorno também influencia a negação do diagnóstico e a falta de adesão ao  tratamento. Os efeitos colaterais da medicação podem prejudicar a aceitação das intervenções  psicofarmacológicas. Ademais, pacientes, quando em eutimia, tendem a negligenciar o  tratamento psicoterápico, o que impacta a aprendizagem de estratégias de manejo de estresse,  de situações de crises, utilizados principalmente pela terapia cognitivo comportamental, assim  como estratégias relacionadas aos princípios da terapia de aceitação e compromisso que  relaciona os valores pessoas do indivíduo com ações comprometidas a um objetivo para tornar  a vida mais significativa (Clemente, 2015). 

Ademais, a terapia de aceitação e compromisso (ACT) é uma abordagem terapêutica  criada principalmente por Steven Hayes, que começou a desenvolver no início da década de 70,  chamando-se primeiramente de ‘’distanciamento compreensivo’’, mas foi no início dos anos  2000 com a publicação livro Terapia de Aceitação e Compromisso: Uma Abordagem  Experiencial à Mudança do Comportamento, onde o autor definiu seu marco inicial da  abordagem. A ACT tem como objetivo propor um modelo unificado de mudança de comportamento, dessa maneira, a flexibilidade psicológica é o pilar a ser construído em forma  de habilidade com os pacientes, através do desenvolvimento de maior disponibilidade dos  indivíduos em lidarem com eventos privados aversivos, maior sensibilidade ao presente e de  comprometimento com os valores (Barbosa; Murta, 2014). 

Portanto, este trabalho se propõe a analisar os efeitos da ACT no tratamento do  transtorno bipolar, considerando os desafios enfrentados pelos pacientes, como a aceitação do  diagnóstico, o uso de medicação e as mudanças comportamentais necessárias para uma melhora  efetiva. Justifica-se a pesquisa pela relevância do tema e pelo potencial impacto positivo da  ACT na qualidade de vida dos indivíduos afetados. Além disso, há uma lacuna na pesquisa  sobre a aplicação da ACT no transtorno bipolar, o que torna este estudo relevante para a  comunidade acadêmica e para profissionais que lidam com essa temática. 

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRANSTORNO BIPOLAR 

O transtorno bipolar remonta à antiguidade, onde eram descritos dois tipos de humor: a  melancolia e a mania. Hipócrates, filósofo grego que viveu entre V e IV a.C, pontuava que a  melancolia apresenta descrições, como: aversão a comida, desalento, insônia, e irritabilidade, e  atribuiu esse humor melancólico a um excesso de bílis negra. Ademais, Areteu da Capadócia,  que viveu II d.C, pode ter sido o precursor que reuniu síndromes descritas relacionada a fase da  mania, e propôs que a mania era um estágio final da melancolia, classificando a mania como  estado de ‘’jocosidade, furor e euforia’’. Segundo Areteu, o modo clássico de mania estava  associado com a melancolia, desse modo o paciente se comporta de maneira alegre, eufórica, e  hiperativa e abruptamente começa a apresentar comportamentos de tristeza, preocupação com  o futuro, vergonha, por exemplo. Além disso, quando a fase melancólica chega ao fim o paciente  retorna ao humor alegre, com risadas e expansividade. O indivíduo em mania costuma enaltecer  suas características pessoais, mesmo que suas capacidades sejam aquém do falado,  apresentando desconfiança em demasia, como se estivessem sendo perseguidos (Goodwin;  Jamison, 2010). 

Na França, na metade do século XIX, dois autores Falret, e Baillarger, de forma  independente, descreveram sintomatologias que alternavam entre a mania e a depressão, o  primeiro autor denominou de folie circulaire (insanidade circular) e o segundo de folie à double  forme (forma dual de insanidade). Entretanto, no fim do século, mesmo com a contribuição dos autores, a maior parte dos clínicos da época persistiram em considerar mania e melancolia como  entidades diferentes, com cronicidade e curso degradante (Del Porto, 2004). 

Ademais, foi apenas com Emil Kraepelin que ocorreu a organização e categorização do  transtorno bipolar. Na sexta edição do seu compêndio de psiquiatria, publicado em 1899, o  autor inseriu o termo ‘’maníaco depressivo’’, que englobava psicoses circulares e mania  simples. Kraepelin foi responsável por verificar um continuum entre o que denominava  transtornos afetivos psicóticos, podendo se mesclar sem grande percepção com a normalidade.  Verificando uma diferença na gradação, intensidade, e periodicidade do transtorno bipolar (Goodwin; Jamison, 2010). 

Kraepelin separou as psicoses em dois grupos: a demência precoce e a insanidade  maníaco-depressiva. O autor enfatizou a importância não apenas dos sintomas presentes, mas  também do curso longitudinal dos transtornos mentais. Essa abordagem, que analisa a evolução  dos distúrbios ao longo do tempo, desempenhou um papel fundamental na formação da  nosologia psiquiátrica e influenciou os sistemas de classificação de doenças até os dias atuais,  como o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID (Classificação  Internacional de Doenças). Na oitava edição de seu tratado, em 1913, Kraepelin expandiu sua  compreensão ao incluir quase todos os tipos de melancolia e mania sob o guarda-chuva da  insanidade maníaco-depressiva. Esse refinamento na categorização contribuiu para uma visão  mais abrangente e integrada dos transtornos do humor, que continuou a ser relevante na  evolução da psiquiatria e na elaboração de diretrizes diagnósticas e terapêuticas (Kraepelin,  1919). 

As ideias e conceitos desenvolvidos por Kraepelin em um curto período de tempo  obtiveram êxito na comunidade científica da época, promovendo uma unificação da psiquiatria.  As observações clínicas do autor em relação a sintomas e à evolução do transtorno bipolar ao  longo do tempo mantêm uma relevância crucial até os dias atuais. Ademais, ele considerou  aspectos sociais e psicológicos, caracterizando simultaneamente os ‘’limites’’ do transtorno,  bem como formas mais sutis, agora conhecidas como o espectro bipolar. Por último, Kraepelin  desempenhou um papel fundamental na identificação dos ‘’estados mistos’’, que ele denominou  como ‘’melancolia agitada’’, destacando a presença de ansiedade, verborragia e fuga de ideias,  mesclando sintomas depressivos e maníacos em um único período. (Del Porto, 2004)

O TRANSTORNO BIPOLAR NA CONTEMPORANEIDADE 

Nos dias atuais o transtorno bipolar tem um entendimento amplo, com categorizações  distintas em relação à sintomatologia. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de  Transtornos Mentais (DSM 5 TR, 2023) o transtorno bipolar tipo 1, tem como característica o  estado de mania, que se caracteriza por uma fase eufórica, em que o indivíduo experimenta um  humor persistente elevado, expansivo, irritável, com grande energia, por pelo menos 1 semana,  boa parte do dia, quase todos os dias. Durante esse período algumas sintomas estão presentes,  tais como: Auto-estima inflada ou grandiosidade, redução da necessidade do sono, mais loquaz  que o habitual, fuga de ideias, ou experiência subjetiva que seus pensamentos estão  acelerados, distraibilidade, aumento de atividades dirigidas para objetivos, aumento de  atividades com potencial para consequências dolorosas. Além disso, a elevação do humor é  grave ao ponto de levar a prejuízos elevados para o indivíduo, no âmbito social ou profissional,  podendo ser necessário hospitalização – a fim de evitar prejuízos a si mesmo ou a outros.  Podendo haver presença de um quadro psicótico. 

Ademais, o episódio hipomaníaco (comum ao transtorno bipolar tipo 2), caracteriza-se  por um humor anormal, elevado, expansivo ou irritável com duração mínima de 4 dias, presente  na maior parte do tempo, quase todos os dias. O episódio está associado à mudança clara do  funcionamento habitual do indivíduo, sendo a mudança de humor perceptível para outras  pessoas, não sendo suficientemente grave para causar prejuízo no funcionamento social,  profissional, ou necessitar de hospitalização. Em contraponto, a oscilação de humor para  depressão, tem duração mínima de 2 semanas, com uma mudança significativa no  funcionamento anterior. Sendo os sintomas, tais como: perda de interesse ou prazer, humor  deprimido, sentimento de vazio, tristeza, e desesperança, perda ou ganho significativo de peso  sem estar fazendo dieta, insônia ou hipersonia, pensamentos recorrentes de morte etc. Além  disso, o transtorno bipolar e transtorno relacionado devido a outra condição médica incluem um  período de humor elevado, irritável, expansivo e de aumento de energia devido a uma condição  médica anterior (American Psychiatric Association, 2023). 

O transtorno bipolar tem etiologia complexa e é multideterminado. As influências  causais incluem o aspecto ambiental, como: adversidades na fase da infância, traumas  emocionais e conflitos familiares, sendo um fator de risco, de predisposição e início precoce do  transtorno. Além disso, tais adversidades podem desencadear piora no prognóstico, e piora no quadro clínico. O uso de cannabis e outras substâncias psicoativas está relacionada com a  aparição dos primeiros sintomas maníacos, ou com a exacerbação destes. A genética é um fator  relevante no transtorno, sendo 90% a hereditariedade estimada em gêmeos. Com parentes de  primeiro grau variam entre 5 a 10% (American Psychiatric Association, 2023). 

Em relação às estruturas cerebrais relacionadas ao transtorno bipolar, ocorre uma série  de comprometimentos do controle cognitivo-emocional, ocasionado déficit em regiões como o  córtex do cíngulo anterior dorsal, córtex pré-frontal dorsolateral, córtex pré-frontal  dorsomedial, em contraponto, ocorre uma hiperatividade de regiões límbicas e paralímbica, tais  como: amígdala, córtex pré frontal ventromedial e córtex do cíngulo anterior ventral (Dalgalarrondo, 2019). 

A prevalência de transtorno bipolar em 44 países, em cinco continentes, entre 1980 e  2012, foi investigado cerca de 9.696.193 pessoas, desta amostragem, cerca de 67.373 tinham o  diagnóstico bipolar. Sendo apontando uma prevalência de 1,02 em adultos. Em continentes  como Ásia e África, a ocorrência do diagnóstico é menor que a metade, quando comparado com  América do Norte e América do Sul (Moreira, 2017). 

A média de idade para início da apresentação dos sintomas do transtorno bipolar é por  volta de 21 anos, e a probabilidade de ocorrer a recorrência após um episódio de humor  depressivo ou de mania é de 37%, no primeiro ano, podendo chegar a 87% nos próximos cinco  anos. O transtorno bipolar é um transtorno mental grave, com implicações e prejuízos na  dinâmica da vida do indivíduo, impactando na qualidade de vida, na produtividade, na  socialização, assim como nos prejuízos neuropsicológicos e risco elevado de suicídio (Sit,  2004). 

Na década de 1980 cerca de 15% das pessoas com transtorno cometiam suicídio. Esse  número diminuiu para 5%, correlacionado com o melhor tratamento psicofarmacológico, e  terapêutico disponível. O suicídio, na bipolaridade, se eleva quando o indivíduo apresenta  episódios mistos, ciclagem rápida do humor, ou tem quadros que são refratários e recebem  tratamento inadequado, aumentando de forma significativa com a comorbidade entre  transtornos, como: Transtornos de personalidade, e transtorno por uso de substância. Sendo de  22 a 40% apresentando algum transtorno de personalidade (Dalgalarrondo, 2019). 

TRATAMENTO

De acordo com a Rede Canadense para Tratamentos de Humor e Ansiedade  (CANMAT) juntamente com a Sociedade para Transtorno Bipolar (2018), a gestão do  transtorno é feita de maneira multidisciplinar, sendo o manejo inicial feito a partir da atenção  ao diagnóstico, psicoeducação do paciente em relação ao transtorno bipolar, e farmacoterapia,  isso inclui a participação do psiquiatra em um primeiro momento. A aliança terapêutica é  essencial para que o paciente se mantenha com adesão ao tratamento, sendo importante o  paciente participar de maneira ativa do planejamento. O paciente é incentivado a realizar o auto  monitoramento do seu humor através do registro diário do humor, e outras medidas de  recuperação individual como sono, cognição, funcionamento, e qualidade de vida. 

Ademais, a abordagem no tratamento do transtorno bipolar envolve não apenas a  administração de medicamentos, mas também a integração de cuidados psiquiátricos,  psicoeducação e suporte psicológico, desempenhando um papel fundamental na gestão da  condição. Segundo as diretrizes do CANMAT (2018), essa abordagem é particularmente  benéfica tanto durante episódios de depressão aguda quanto na prevenção de recorrências do  transtorno, contribuindo para a restauração da qualidade de vida do indivíduo afetado. Terapias  específicas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Terapia Focada na Família  (FFT), Terapia Interpessoal e de Ritmo Social (IPSRT), são recomendadas por um sólido corpo  de evidências em termos de eficácia no manejo do transtorno bipolar, desempenhando um  importante no auxílio aos pacientes a desenvolverem estratégias para enfrentar os desafios  associados ao transtorno bipolar e alcançar uma estabilidade emocional mais duradoura. 

Desta maneira, um pilar essencial para o manejo inicial do transtorno bipolar,  independente da abordagem psicológica, está relacionada com a psicoeducação, pois oferece  informações para o paciente sobre o funcionamento da bipolaridade, como: etiologia, tratamentos, e estratégias para enfrentamento. Além disso, proporciona que o indivíduo  desenvolva habilidade para detecção e gerenciamento de episódios de depressão e mania. Além  de promover comportamentos de regulação emocional, como o gerenciamento do estresse – que  envolve sono regular, rotina, exercício físico e a evitação de álcool e drogas. (Yatham, et. al.,  2018) 

DESAFIOS DO TRANSTORNO BIPOLAR 

O principal elemento do sucesso na estabilização do humor do indivíduo bipolar é a  adesão e o comprometimento com o tratamento. Desta forma, a percepção do indivíduo sobre o transtorno é fundamental, sendo influenciado, principalmente, pelo nível de compreensão em  relação ao transtorno bipolar. Ademais, a percepção do tratamento engloba preocupações como  o temor em relação aos potenciais efeitos colaterais dos medicamentos e a apreensão quanto à  necessidade de usá-los a longo prazo, bem como a ideia de que a terapia medicamentosa pode acarretar prejuízos, como comportamentos negativos intencionais. (Clemente, 2015) 

O transtorno bipolar é uma condição crônica com grande taxa de comorbidades, suicídio  e comprometimento na funcionalidade do indivíduo. O tratamento medicamentoso é eficaz tanto na fase aguda, mania/hipomania ou depressão, como a longo prazo. Entretanto, a  adequação ao tratamento farmacológico e terapêutico é um desafio, e traz prejuízos, como:  recaídas do humor, internação psiquiátrica, e até risco de suicídio. Ocorre, portanto, maior  utilização de serviços de saúde, menor qualidade de vida, estigmatização, e prejuízo funcional (Chakrabarti, 2016). 

A compreensão adequada do transtorno bipolar desempenha um papel central, pois a  falta de informações sobre o transtorno, incluindo os efeitos da medicação, pode levar à  insatisfação e a não adesão por parte do paciente. Além disso, o apoio familiar é fundamental,  uma vez que um ambiente familiar desestruturado pode impactar negativamente no  comprometimento com o tratamento. Assim como, a construção de uma aliança terapêutica  sólida com profissionais de saúde mental é crucial, visto que isso não apenas melhora a  aceitação do tratamento, mas também promove atitudes mais positivas. Essa aliança terapêutica  é estabelecida através da colaboração, do vínculo afetivo paciente-profissional e da capacidade  de concordar com os objetivos e tarefas do tratamento. Além disso, o estigma associado aos  transtornos mentais pode constituir um obstáculo significativo para a adesão, uma vez que a percepção do diagnóstico e os sentimentos relacionados podem resultar em comportamentos  negativos em relação ao tratamento (Chakrabarti, 2016). 

TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO (ACT) 

A terapia de aceitação e compromisso (ACT) foi criada em 1987 por Steven Hayes,  baseando-se na teoria dos Quadros Relacionais, que tem como proposta a análise da linguagem  do ser humano. O objetivo principal da ACT é garantir ao indivíduo maior flexibilidade  psicológica, que envolve a aceitação de eventos internos como sentimentos, memórias,  pensamentos e sensações que por vezes são julgadas como ruins ou desagradáveis. Quando  eventos internos negativos ocorre uma tendência natural é a esquiva do que trás a tona essas  sensações, porém, isso limita o repertório de ações do indivíduo, a proposta da ACT é trabalhar na flexibilidade psicológica a fim de que a pessoa tenha uma vida mais significativa (Saban,  2015). 

Ademais, a flexibilidade psicológica elaborada pela ACT tem como princípio seis  elementos 1-Atenção presente: Relaciona-se ao indivíduo estar plenamente consciente e atento  ao momento presente, em vez de se preocupar com o passado ou o futuro.; 2- Aceitação:  Reconhecer e permitir a presença de pensamentos, emoções e sensações desagradáveis, em vez  de lutar contra eles; 3- Desfusão: Capacidade de se separar de seus pensamentos, ou seja, não  se identificar totalmente com eles. Isso permite que o indivíduo veja seus pensamentos como  eventos mentais passageiros, em vez de verdades absolutas; 4- Self como contexto: Reconhece  que sua identidade vai além de suas experiências mentais e emocionais; 5- Ação comprometida:  Envolve agir de acordo com seus valores, apesar de sentimentos desconfortáveis; 6- Valores:  São princípios pessoais importantes que orientam ações significativas. Na ausência de algum  desses elementos pode ocorrer a rigidez psicológica. Deste modo, o modelo de flexibilidade  propõe que a dor é parte inerente da vida, porém o sofrimento exacerbado se perpetua quando  ocorre uma rigidez mental, impedindo de adaptar-se aos contextos que foram inseridos. Quando  o indivíduo se ‘’funde’’ com o que está vivenciando, ou quando restringe seu repertório  comportamental esquivando-se de situações aversivas a fim de evitar pensamentos,  sentimentos, e sensações corporais torna sobrecarregado o processo atencional flexível,  tornando-se mais suscetível a ruminação, ansiedade e depressão (Hayes, et.al, 2021). 

De acordo com Costa (2015) a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) destaca cinco metas  no tratamento de um caso clínico específico. A primeira meta visa estabelecer um estado de  “desesperança criativo”, onde o terapeuta investiga as estratégias de controle utilizadas pelo  indivíduo, apontando a ineficácia desses recursos e propondo alternativas ao cliente ao longo  do processo terapêutico. A segunda meta aborda a percepção do problema como sendo o  controle excessivo de eventos privados, destacando a necessidade de o cliente experimentar  seus sentimentos, mesmo que desagradáveis, e se expor às contingências para favorecer a  proximidade e vínculos interpessoais. A terceira meta busca distinguir as pessoas de seu  comportamento, desafiando percepções negativas internalizadas, como no caso em que a cliente  se via como “um lixo”, promovendo uma perspectiva distanciada do pensamento e sentimento  como componentes intrínsecos. A quarta meta enfatiza a não classificação dos eventos privados,  desencorajando a valoração de sentimentos e incentivando a vivência plena das experiências,  inclusive as consideradas negativas. A quinta meta envolve assumir um compromisso de ação  alinhado aos valores do cliente, direcionando-o a vivenciar sua experiência privada, mesmo quando desafiadora, como parte do processo de mudança. No contexto do transtorno bipolar, a  aplicação dessas metas pode contribuir para a aceitação e gestão mais adaptativa das  experiências emocionais, promovendo uma melhoria no bem-estar e no funcionamento  psicossocial do indivíduo. 

O transtorno bipolar está relacionado a desafios em torno da adesão ao tratamento, haja  vista, que ocorre uma dificuldade na aceitação do diagnóstica em decorrência do estigma do  transtorno, de informações imprecisas sobre o tratamento, assim como a psicoeducação  inadequada em relação a mudanças comportamentais – como exercício físico, sono regular,  alimentação, e a não utilização de uso de substâncias psicoativas. A ACT, deste modo, pode  trabalhar elementos da flexibilidade psicológica, como: Desfusão, a fim de auxiliar no apego  excessivo da atividade mental, observando como os pensamentos, emoções, sensações de fato  são – trabalhando no processo de ‘’desliteralização’’. Além disso, no processo de aceitação,  dando espaço ao pensamento indesejado, sem tentar controlar ou evitar, explorando a  experiência com curiosidade a autocompaixão – focando no aspecto emocional da experiência.

METODOLOGIA  

Esta pesquisa é um estudo com objetivo exploratório, usando como procedimento a  bibliografia disponível e delineado como uma revisão de literatura. Além disso, tem uma  abordagem qualitativa, com foco no processo e nos seus significados. Essa modalidade de  revisão envolve uma abordagem sistemática e consistente para acessar informações  bibliográficas, com o propósito de descrever o panorama atual relacionado a um determinado  fenômeno (Lakatos, 2017) 

As fases que constituem a revisão integrativa de literatura são distribuídas em seis  estágios, que são: identificação do tema e formulação da hipótese, estabelecimento de critérios  para inclusão e exclusão de estudos, definição das informações a serem extraídas, avaliação dos  estudos incluídos, e interpretação dos resultados e apresentação da revisão. 

Os termos descritores que serão utilizados nestes estudos são os seguintes, serão  selecionados a partir dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Transtorno Bipolar,  ‘’Terapia de aceitação e compromisso’’ e em inglês: ‘’Acceptance and Commitment Therapy’’,  e ‘’Bipolar disorder’’. No que diz respeito à busca de artigos, serão conduzidas pesquisas nas 

bases de dados, Pubmed, e Google acadêmico devido ao acesso aberto e à presença de  publicações científicas relevantes sobre o tema proposto. Os critérios de inclusão que serão  adotados: período de publicação (de 2014 a 2020), área temática (Ciências da Saúde), idioma  (Língua Portuguesa e língua inglesa) e tipologia da produção (artigos de ensaios clínicos  randomizados e não randomizados). 

RESULTADOS E DISCUSSÕES  

A partir da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foi possível chegar na  utilização de 5 artigos, que contém informações sobre o uso da terapia de aceitação e  compromisso (ACT) no tratamento do transtorno bipolar. A tabela é composta por dados  referentes à autoria e ano de publicação do artigo, título, metodologia, e principais resultados.

Autor Título Resultados principais
1. COSTA, et al. (2017). Estrutura das sessões de uma  intervenção analítico-comportamental em grupo para  pessoas diagnosticadas com  transtorno bipolar.Vínculo, adesão e motivação  a intervenção em grupo.
2. COCHRAN, et al. (2023). Mobile Acceptance and  Commitment Therapy in Bi polar Disorder.As intervenções aumentaram  significativamente a pontuação maníaca média e a pontuação depressiva.
3. EL-SAYED, el al. (2023). Efficacy of acceptance and  commitment therapy on impulsivity and suicidality  among clients with bipolar disorders.Melhoria significativa na  pontuação de pensamentos  suicidas, impulsividade, e  flexibilidade cognitiva.
4. PAKOWSKY, el al. (2017) Group acceptance and  commitment therapy (ACT) for bipolar disorder and coexisting anxiety.Melhoria na qualidade de  vida, desenvolvimento de flexibilidade psicológica, e  redução de sintomas ansiosos.
5. MACHADO, et al. (2019) Avaliação de uma intervenção em grupo baseada na terapia de aceitação e compromisso para indivíduos diagnosticados com transtorno bipolar.Redução de sintomas depressivos, e desenvolvimento de  flexibilidade cognitiva.

A terapia de aceitação e compromisso (ACT) tem sido objeto de estudo em relação ao  tratamento do transtorno bipolar (TB), com resultados promissores. O estudo realizado por  Costa et al. (2017) analisou um programa de intervenção analítico-comportamental que incluiu  estratégias de psicoeducação e ACT, visando o desenvolvimento de habilidades de  enfrentamento e aceitação de pensamentos e sentimentos difíceis, cada sessão foi destinada para  temas específicos que envolvem a compreensão do transtorno bipolar, até identificação de  valores e objetivos. Os resultados destacaram não apenas a melhoria nos aspectos clínicos do  TB, mas também a promoção de um ambiente de apoio mútuo entre os participantes,  fortalecendo o vínculo entre eles. 

Outro estudo conduzido por Pankowski et al. (2017) investigou o impacto do protocolo  de ACT em pacientes com TB, evidenciando melhorias significativas na redução de sintomas  depressivos e ansiosos, melhoria na qualidade de vida e desenvolvimento de flexibilidade  psicológica. Os resultados indicaram que a ACT não apenas reduziu os sintomas, mas também  promoveu o bem-estar geral dos pacientes, independentemente de variáveis demográficas,  ressaltando sua eficácia em uma amostra diversificada. 

Além disso, estudos como o de El-Sayed et al. (2023) destaca os efeitos positivos da  ACT na flexibilidade psicológica medida pelo questionário (AAQII) pré e pós tratamento,  controle de impulsos, com diminuição na escala de comportamento de impulsividade (UPPS P) e redução de pensamentos suicidas, através da utilização da escala Beck para ideação suicida  (BSSI) em pacientes com transtorno bipolar. As intervenções baseadas na ACT demonstraram  manter suas melhorias mesmo após o término do tratamento, sugerindo que essa abordagem  terapêutica pode ser eficaz a longo prazo.

Machado et al. (2019) corrobora com os dados apresentados, apontando uma melhora  de sintomas depressivos, qualidade de vida, e flexibilidade psicológica. A intervenção focou  em princípios da ACT relacionados a aceitação, e compromisso com os valores pessoais,  auxiliando os indivíduos do grupo de intervenção a se engajarem em atividades significativas,  mesmo na presença de dificuldades emocionais, desenvolvendo habilidades de desfusão  cognitiva, aceitação de pensamentos e emoções difíceis. 

No entanto, o estudo conduzido por Cochran et al. (2023) observou que as intervenções  ACT influenciaram diretamente o humor dos participantes. O estudo foi conduzido através do  registro de sintomas, ao longo do dia, em um aplicativo móvel sendo aleatoriamente designados para receber intervenção em ACT, remotamente. Resultando em sintomas maiores de  inquietação, irritabilidade, com um impacto direto no bem-estar dos participantes. Observou-se  também aumento na pontuação depressiva e maníaca. 

Esses estudos, em geral, sugerem que a ACT pode ser uma abordagem eficaz para o  tratamento do TB, promovendo não apenas a redução de sintomas, mas também melhorias na  qualidade de vida e desenvolvimento de habilidades de enfrentamento. Futuras investigações  podem explorar os mecanismos subjacentes a esses efeitos e considerar estratégias para otimizar  a eficácia da intervenção ACT em pacientes com transtorno bipolar. 

CONCLUSÃO 

Após analisar a literatura sobre o transtorno bipolar e a aplicação da Terapia de  Aceitação e Compromisso (ACT) em seu tratamento, é evidente que este é um campo de  pesquisa em constante evolução, com implicações significativas para a saúde mental e o bem estar dos indivíduos afetados. O transtorno bipolar é uma condição complexa e crônica que  apresenta desafios consideráveis em termos de diagnóstico, manejo e adesão ao tratamento. 

Os estudos históricos nos levam a compreender a evolução do entendimento do  transtorno bipolar ao longo do tempo, desde suas primeiras descrições antigas até sua  categorização moderna no DSM-5. A compreensão contemporânea do transtorno bipolar é  multifacetada, reconhecendo suas diferentes manifestações clínicas e os desafios associados ao  seu diagnóstico e tratamento. A aplicação da ACT emerge como uma abordagem promissora  no tratamento do transtorno bipolar, oferecendo uma perspectiva inovadora que visa promover  a flexibilidade psicológica e a aceitação de experiências internas desafiadoras. A ACT não se  concentra na eliminação de sintomas, mas sim na capacitação dos indivíduos para lidar de forma mais eficaz com os desafios apresentados pelo transtorno bipolar, promovendo uma maior  qualidade de vida e bem-estar emocional. 

Os estudos revisados indicam que a ACT pode desempenhar um papel importante na  redução dos sintomas depressivos e ansiosos, na melhoria da qualidade de vida e no  desenvolvimento de uma maior flexibilidade psicológica. Além disso, a ACT parece promover  um ambiente de apoio mútuo entre os participantes, fortalecendo o vínculo entre eles e  proporcionando um espaço seguro para explorar questões relacionadas ao transtorno bipolar. 

No entanto, é importante reconhecer que ainda há lacunas na pesquisa sobre a aplicação  da ACT no transtorno bipolar, e mais estudos são necessários para entender completamente  seus efeitos e benefícios. Além disso, é crucial abordar os desafios específicos enfrentados pelos  pacientes com transtorno bipolar, incluindo a estigmatização, a falta de compreensão sobre a  doença e a dificuldade de adesão ao tratamento.

REFERÊNCIAS 

ASSOCIATION, A. P. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM 5-TR: Texto Revisado. 5a edição ed. [s.l.] Artmed, 2023. 

BARBOSA, L. M.; MURTA, S. G. Terapia de aceitação e compromisso: história,  fundamentos, modelo e evidências. Revista brasileira de terapias comportamentais cognitivas, v.1, n º 12, 2014. 

CHAKRABARTI, S. Treatment-adherence in bipolar disorder: A patient-centered  approach. World Journal of Psychiatry, v. 6, n. 4, p. 399, 2016. 

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1Discente do Curso Superior de Psicologia da Universidade São Lucas Campus Porto velho, Rondônia. e-mail: luisgbertuci@gmail.com