REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10790957
Adnalyne da Silva Guimaraes1
RESUMO
A partir da observação das aulas de educação física, este estudo teve como objetivo norteador da verificação do processo de desenvolvimento da flexibilidade nas crianças durante as aulas e como essa valência física poderia influir de maneira positiva no desenvolvimento motor do aluno. O estudo conta com uma pesquisa bibliográfica rica em dados sobre a valência física flexibilidade de um modo geral e enfatizando sua importância dentro das aulas de educação física para crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Os resultados encontrados sugerem uma correlação positiva entre o treinamento da flexibilidade durante as aulas e como a valência física em questão poderá beneficiar os alunos em seu desenvolvimento motor.
Palavras-chave: Aulas. Flexibilidade. Educação Física.
ABSTRACT
From the observation of the physical education classes, this study had as objective guiding the verification of the development process of flexibility in children during classes and how this physical valence could positively influence the motor development of the student. The study account with a bibliographic research rich in data about the physical valence flexibility in general and emphasizing its importance within the physical education classes for children from 1 to 5 year of basic education. The results found suggest a positive correlation between the training of flexibility during classes and how the physical valence in question may benefit students in their development engine.
Keywords: Classes. Flexibility. Physical Education.
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a prática da educação física na idade escolar é de grande importância no desenvolvimento motor do indivíduo. Por ser essa prática muito apreciada entre os alunos, cabe ao educador físico um trabalho detalhado das valências físicas dentro de suas atividades, afim de que esse aluno vivencie múltiplas experiências de movimento e tenha um desenvolvimento corporal sadio e satisfatório. Visto que a flexibilidade é de suma importância para os mais diversos desportos, além de contribuir também no condicionamento de indivíduos sedentários convém estabelecer uma correlação desta valência física com o desenvolvimento motor de crianças que vivenciam essas práticas regularmente. Visto isso, Dantas (1999, p.57) define flexibilidade como “qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesão”.
Convém, no entanto esclarecer que os movimentos são influenciados quase sempre pelos músculos e articulações circunvizinhos e que assim sendo, a flexibilidade tem diversos componentes que influenciam no seu grau, entre ele estão a mobilidade, elasticidade, plasticidade e maleabilidade, fatores estes que também podem ser tidos como componentes restritivos da flexibilidade.
A partir da prática das aulas de educação física escolar e observando – se que em suas rotinas é enfatizado o treino de alongamentos e flexionamentos visando adquirir uma boa flexibilidade busca – se saber até que ponto tal valência física interfere na construção positiva do desenvolvimento motor de alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental e como o trabalho da flexibilidade pode ser realizado pelo profissional de educação física durante suas aulas práticas com essas turmas.
O presente trabalho, portanto, discorre sobre como o desenvolvimento de uma boa flexibilidade em alunos dos anos iniciais, poderá gerar bons resultados em seu desenvolvimento motor e melhorar seu aproveitamento nas atividades propostas em aula orientadas pelo professor de educação física.
O objetivo deste trabalho é, portanto, analisar dentro do conceito de flexibilidade, a sua aplicabilidade nas aulas de educação física escolar, e sua influência na obtenção de resultados positivos no desenvolvimento motor dos alunos.
O estudo conta com uma pesquisa bibliográfica sobre a valência física flexibilidade, como a mesma se desenvolve no corpo humano, e como será sua interferência durante as aulas de educação física em turmas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental no que diz respeito ao desenvolvimento motor de crianças na segunda infância.
DESENVOLVIMENTO
Quando se fala do bem estar físico de uma população, refere-se ao bom estado das suas capacidades físicas e ao seu desenvolvimento, cabe então referenciar a flexibilidade.
Um corpo flexível é mais resistente à vida sedentária, mas, nem sempre esta capacidade é tratada com a devida seriedade e importância que merece. A flexibilidade, por vezes, não é trabalhada de maneira correta, ou seja, ao nível do input, ao nível do SN (sistema nervoso); é mais usual, vê-la ser trabalhada por repetições e por insistências, refletindo o erro crasso que se faz. A flexibilidade implica trabalho ao nível da estrutura óssea, da configuração articular, das cartilagens, das cápsulas, dos ligamentos e tendões, dos músculos, do controle supra – segmentar (facilitação tônica) e da regulação pelo cérebro.
Precisa-se ter consciência que todo este processo assenta numa base, que é a relação agonista – antagonista e é a partir daí que podemos tirar o máximo benefício desta capacidade física.
Os músculos adaptam-se à utilização a qual são impostos e é consoante essa utilização que eles respondem, posteriormente, ao acréscimo de trabalho com melhor ou pior rendimento.
No entanto, não se pode esquecer que esta capacidade vai-se perdendo ao longo da vida, e que só depende de cada indivíduo a forma como a consegue mantê-la. Um corpo forte e flexível revela-se menos susceptível à lesão.
Alinhado ao conceito de flexibilidade estabelecido por DANTAS (1999) já supracitado, flexibilidade pode ser entendida como uma capacidade física essencial para um bom desempenho físico, fundamental tanto para a execução de movimentos cotidianos, como para melhorar performances no meio desportivo, uma vez que pode ampliar os arcos articulares.
Segundo Achour Júnior (1998), é definida operacionalmente como amplitude máxima de movimento voluntário em uma ou mais articulações sem lesioná-las.
É fato que quanto mais velho for o indivíduo, menos flexível o mesmo será, sendo que, os tendões e as fáscias musculares são particularmente susceptíveis de se expressarem devido à idade e a falta de exercício. (DARDEN, 1980).
A mulher por possuir tecidos menos densos é normalmente mais flexível que o homem.
Sobre isso explica Dantas (1999), que a partir do surto pubertário, ao mesmo tempo em que aumenta a força nos meninos, vai diminuindo sua flexibilidade, conferindo progressivamente uma diferença mais acentuada nesta qualidade física em favor do sexo feminino.
O grau de flexibilidade de um movimento depende da estrutura óssea, do acúmulo de tecido circunvizinho e da elasticidade dos músculos cujos tendões cruzem a articulação. Assim, qualquer variação ocorrida em uma destas estruturas, quer devido ao genótipo, quer por causa do fenótipo, provocará modificações na amplitude máxima possível do movimento. (DANTAS, 1999).
Outro grande influenciador da flexibilidade é o somatotipo, pesquisas apontam que a amplitude de movimento de flexão de pescoço, quadril e tronco é inversamente proporcional ao nível de endomorfina que a pessoa apresenta.
Uma pessoa com um bom condicionamento físico pode manter sua flexibilidade, porém, se desejar aumentá-la a mesma terá que realizar exercícios físicos específicos para o desenvolvimento da flexibilidade. (MARCHAND, 2007).
Para melhorar a flexibilidade, deve-se procurar aumentar a participação do componente passivo por meio de exercícios, ao mesmo tempo em que se diminui a influência do componente ativo por meio de relaxamento ou de uma predominância vagal capaz de provocar o relaxamento da musculatura considerada.
A concentração é um item de suma importância, pois os exercícios de concentração mental, ou seja, o ato de sentir o movimento ao invés de simplesmente executá-lo, com uma respiração profunda e compassada (utilizando a musculatura abdominal e torácica), são fatores capazes de relaxar a musculatura, facilitando os exercícios de flexibilidade. (COELHO; ARAÚJO, 2000).
A flexibilidade também pode ser influenciada diretamente por fatores exógenos, embora estes possuam uma interferência reversível.
Quanto à hora do dia, por exemplo, ao acordar, os movimentos podem estar comprometidos, uma vez que os componentes plásticos do corpo estão em sua forma original. Para se contrapor à tendência dos componentes plásticos de resistirem ao movimento, recomenda-se uma série de alongamentos logo após acordar.
Quanto à temperatura, o frio é uma qualidade física capaz de reduzir a flexibilidade, inversamente a temperatura alta acarreta uma elevação da temperatura corporal, com efeito, inibitório sobre os motoneurônios gama e consequente relaxamento da musculatura e aumento da flexibilidade.
Os exercícios físicos são armas poderosas tanto para o aumento, quanto para a diminuição da flexibilidade. Pode-se afirmar que, exercícios leves visando aquecimento provocam aumento da flexibilidade e exercícios intensos causando fadiga provocam a diminuição da flexibilidade. (COELHO E ARAÚJO, 2000).
A flexibilidade e sua relação com o desenvolvimento motor de alunos dos anos iniciais.
Sabe – se que a flexibilidade possui um papel primordial na capacidade motora humana, ela contribui desde os seus gestos cotidianos até a execução de gestos desportivos.
As múltiplas experiências de movimentos são vistas como um diferencial no desenvolvimento de crianças em idade escolar, e a prática da atividade física orientada está diretamente ligada a esse fato, ou seja, hábitos saudáveis adquiridos na infância podem minimizar o aparecimento de doenças crônicas futuras.
Sendo que a flexibilidade é inversamente proporcional à idade do indivíduo, ou seja, quanto menos idade, maior a flexibilidade, o treinamento da valência física em questão deve começar na infância para que se aproveite seus altos índices, evitando dessa forma as perdas e garantindo a este indivíduo um desenvolvimento elástico satisfatório na vida adulta.
O desenvolvimento motor humano é um tema considerado recente no que diz respeito à pesquisa científica. Seus métodos e técnicas de avaliação analisam o indivíduo não só pela sua capacidade de realizar determinado movimento, mas levam em consideração também os fatores como os psicossociais e o ambiente em que o indivíduo se desenvolve. Segundo Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), o desenvolvimento motor é a mudança contínua do comportamento motor ao longo do ciclo da vida provocado pela interação entre as exigências da tarefa motora, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente. Já para Thomas & Thomas (1998), o estudo do desenvolvimento motor perpassa os campos da fisiologia, biomecânica, aprendizado e controle motor, assim como os campos da psicologia do desenvolvimento e da psicologia social.
O fato é que o desenvolvimento motor é um processo que se inicia a partir da concepção do indivíduo e só cessa com sua morte e para observá-lo é preciso respeitar os conceitos de continuidade, especificidade e individualidade.
A segunda infância é a fase que compreende indivíduos de 6 (seis) aos 12 (doze) anos, onde ao final dessa fase se inicia o período da puberdade. Esta é a fase onde normalmente os escolares correspondem às séries de 1º a 5º ano do ensino fundamental. Segundo os estudo de Havighurst (1979), nessa fase o indivíduo já é capaz de aprender as habilidades físicas necessárias a jogos comuns, construir uma atitude benéfica em relação a si mesmo, aprender a conviver com seus pares, aprender um papel sexual apropriado, desenvolver habilidades fundamentais de leitura, escrita e cálculo desenvolver conceitos necessários à vida diária, desenvolver a consciência, a moralidade e uma escala de valores, alcançar independência pessoal e desenvolver atitudes aceitáveis em relação à sociedade.
Aqui já se pressupõem as atividades pré-desportivas e desportivas, exigindo dos indivíduos arcos articulares cada vez maiores dependendo da atividade proposta.
Se a atividade exigida, por exemplo, solicitar uma boa velocidade, uma das capacidades motoras de grande importância para a prática desportiva, a execução dos gestos técnicos depende essencialmente da flexibilidade dinâmica.
Portanto, o método tradicionalmente utilizado e recomendado pela maioria dos autores para o desenvolvimento da flexibilidade é o método estático, pois proporciona menos perigo de dano tecidual, a demanda energética é menor, realiza-se a prevenção e/ou consegue-se aliviar a tensão e as dores musculares.
Durante o período da segunda infância a criança passará por muitas fases no processo do crescimento e no final desse período ocorrerá o início do surto pubertário, o que ocasionará alterações nos níveis hormonais, fisiológicos e morfológicos nesse indivíduo, o que provavelmente provocará mudanças na biomecânica dos movimentos e na capacidade de estiramento desses músculos durante a prática da atividade física.
É de fundamental importância que este indivíduo possua práticas de atividade física regulares durante essa fase.
Para Achour Júnior (1998), indivíduos mais ativos tendem – se a se mostrar mais flexíveis do que indivíduos menos ativos, isto por que possivelmente haja um encurtamento dos tecidos colágenos, tornando – os mais rígidos e reduzindo sua capacidade de elasticidade, devido à falta da regularidade na prática da atividade física.
Daí o fato de que se bem estimulado, o aluno na segunda infância pode não só manter seus índices de flexibilidade, como também aumentar sua amplitude de movimento, tornando – se assim um adulto possivelmente mais flexível e menos suscetível a lesões
2.2.4 Rotinas de alongamentos durante as aulas de Educação Física Escolar.
De acordo com a modalidade escolhida, o educador físico deverá montar uma rotina de treinamentos para manter os níveis de flexibilidade do aluno ou para também aumentá-los.
O treinamento deverá ser realizado de acordo com os movimentos que necessitam de uma boa flexibilidade e a amplitude adequada para cada um destes arcos.
Os exercícios devem ser repetidos até que o aluno os memorize.
Segundo Dantas (1999, p.162), o princípio da especificidade faz com que o trabalho de flexionamento, ou de alongamento, realizado com atletas combine o componente geral com as exigências específicas de cada desporto.
Ou seja, deve – se levar em consideração também fatores como idade, sexo e limitações individuais, para que o treino seja bem orientado à cada objetivo específico a ser alcançado.
Tendo como base as aulas de educação física escolar pode-se afirmar que durante uma aula de 50 minutos, por exemplo, se gasta no mínimo cerca de 10 a 15 minutos com exercícios de alongamento inicialmente, após um aquecimento que poderá ser feito através da realização de jogos lúdicos pré-desportivos seguidos de exercícios que visam especificamente o flexionamento, tais como, abertura lateral de pernas (método passivo, utilizando os dois lados do corpo), afastamento frontal das pernas seguido de mergulho, combinando força muscular e flexibilidade, exercícios conhecidos como “borboleta”, primeiramente relaxando a musculatura dos adutores e posteriormente forçando os mesmos numa contra – resistência (método passivo), entre outros.
Tendo em vista que cada turma conta com uma determinada faixa etária, vale ressaltar que dependendo da modalidade trabalhada como conteúdo de aula, a rotina de alongamentos pode ser modificada de acordo com o objetivo específico a ser alcançado. Dessa forma os alongamentos podem ser incorporados à aula de forma lúdica, podendo – se explorar também alongamentos de dupla ou grupos estimulando o trabalho em equipe e a auto – cooperação entre os alunos, afim de que estes alunos encarem como uma atividade prazerosa que os levará a resultados bem mais satisfatórios dentro da modalidade escolhida.
A visão do profissional de educação física sobre o treinamento da flexibilidade em alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.
O profissional de educação física atua diretamente na formação da consciência corporal de seus alunos. É importante o conhecimento de cada capacidade física que pode ser desenvolvida e como cada uma delas pode ser de fundamental importância no desenvolvimento motor desse aluno.
A flexibilidade se vista de maneira ampla, pode ser interpretada como uma valência física imprescindível para o desenvolvimento de uma boa postura, fortalecimento do tônus muscular, conscientização do trabalho muscular com o objetivo de evitar possíveis estiramentos ou torções articulares, aumento do domínio e equilíbrio dos movimentos antagonistas, ou seja, os movimentos de maior extensão muscular, entre outros benefícios.
O professor de educação física é um profissional que devido à sua formação acadêmica possui uma enorme responsabilidade ao transmitir informações aos seus alunos. Tal responsabilidade está relacionada não só ao bem-estar físico, mas também ao contato físico e à inúmeras características psicológicas que podem dificultar ou até mesmo impedir a execução de movimentos corporais, dos quais o ser humano é capaz de realizar
É de fundamental importância que o profissional de educação física tenha um conhecimento amplo da anatomia, fisiologia e cinesiologia humanas, para que através dessas ciências consiga identificar a real utilização muscular e articular dos movimentos exigidos aos seus alunos em cada atividade proposta.
A partir do momento que o professor possui esse conhecimento e utiliza – se dele, ele pode mais facilmente trazer ao aluno a conscientização do movimento que está executando. Isso traz ao aluno uma maior segurança contra possíveis estiramentos musculares, posturas incorretas, lesões de maior amplitude, possibilitando um gasto energético saudável e um ritmo correto da respiração, que como já foi visto no capítulo anterior, se realizado de maneira consciente e aliada à concentração, o uso da respiração pode ser de grande valia no treinamento específico da flexibilidade.
A utilização do movimento de forma consciente orientada pelo professor de educação física, respeitando os princípios de especificidade de cada aluno, traz maiores possibilidades de atingir o objetivo esperado em cada treinamento.
É através de uma consciência corporal positiva que o aluno chegará a um estágio satisfatório de interação física. Para DANTAS (2007), interação física é um fundamento básico da conscientização corporal que lida com o equilíbrio das extensões externas e internas da própria dimensão que seu corpo ocupa no espaço, ou seja, o conceito de interação física está relacionado a como o aluno percebe seu próprio corpo no espaço em que vive, e torna – o capaz de estabelecer limites em relação a este corpo. Conhecendo esse espaço, o professor poderá estimular os alunos a conhecerem suas limitações para sentirem esse espaço externo e interno, permitir ou não a expansão de emoções através do movimento realizado, o que se chama de interação sensorial.
DANTAS (2007) afirma que, é a partir do domínio da interação sensorial que o aluno poderá atingir um equilíbrio emocional bastante razoável para que possa exigir amplitudes de movimento e complexidades de combinações e coordenações passíveis de medidas que possam ser comparáveis às que ele anteriormente era capaz de realizar. Ou seja, uma vez que o aluno adquire a interação física e consegue através do conhecimento do seu corpo no espaço explorar suas próprias emoções através do movimento realizado o mesmo conseguirá maiores amplitudes de movimento. Com isso o aluno chegará ao que define – se por interação senso – física, que DANTAS (2007) chama de terceira fase da conscientização corporal do aluno.
O profissional de educação física tem, portanto, um amplo leque de trabalho da flexibilidade utilizando – se da consciência corporal do próprio aluno e pode adequar suas aulas com criatividade a fim de atingir positivamente o objetivo do aumento da flexibilidade.
No público específico compreendido por alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, o professor pode efetuar um trabalho com exercícios de alongamento e flexionamento em nível permitido, dentro dos limites de cada aluno e de acordo com sua faixa etária. O trabalho com crianças pode ser realizado, por exemplo, através de jogos com contação de histórias, onde a criatividade do aluno também pode ser explorada, atividades comparativas com os movimentos dos animais e explorando a composição e forma de objetos através da expressão corporal.
3.3 O treino da flexibilidade nas aulas de educação física do 1º ao 5º ano do ensino fundamental
O professor de educação física como educador de saúde inserido dentro do ambiente escolar possui ferramentas poderosas como aliadas na busca de um desenvolvimento motor satisfatório dos seus alunos.
O treino da flexibilidade através dos movimentos de alongamento pode ser executado na rotina de aulas trazendo ao aluno benefícios nos níveis de flexibilidade que se deseja alcançar.
O trabalho nessa faixa etária que corresponde a crianças que frequentam as turmas de 1º e 2º ano do ensino fundamental, respeitando a matrícula na idade correta, deverá se apoiar nas características psicológicas dessa faixa etária, ou seja, a ampla curiosidade, o desafio do novo, a imaginação crescente, o déficit de atenção.
Na idade dos sete anos até o início do surto pubertário que pode acontecer entre os dez e onze anos, onde compreende – se alunos matriculados nas turmas de 3º, 4º e 5º anos do ensino fundamental, já inicia – se um treinamento de alongamentos com finalidade desportiva uma vez que a flexibilidade adquirida nessa fase será a que este aluno levará para toda a vida.
Dependendo do conteúdo aplicado nas aulas de educação física, e do objetivo específico a ser alcançado, esse treinamento pode ser direcionado com intensidades diferentes. Por exemplo, um aluno que está sendo treinado para uma competição de rendimento terá que ser estimulado mais precocemente e em intensidades um pouco maiores do que as utilizadas numa rotina de aulas.
Numa aula de educação física escolar para essa faixa etária pode-se realizar exercícios de alongamento que trabalham a flexibilidade corporal de maneira geral, não limitando – se apenas a pequenos grupos articulares. É importante realizar os exercícios como integrantes do aquecimento da aula e também nos minutos finais de volta à calma. Ressalta – se também o respeito aos limites dos arcos articulares e evitar que o caráter lúdico das atividades propostas ou a utilização do sentimento de competitividade muito comum nessa idade torna–se fator de risco de lesões durante as aulas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do estudo bibliográfico realizado, pode – se concluir que a flexibilidade é uma capacidade física ligada à mobilidade articular e que desenvolve – se de maneira distinta em cada faixa etária de acordo com o estímulo aplicado a cada público.
Viu-se que sua aplicação às aulas de educação física para alunos dos anos iniciais, pode de fato melhorar o desenvolvimento motor dos alunos estimulados ao treinamento específico durante a rotina de aulas.
Os treinamentos realizados de maneira progressiva e contínua possibilitam a aquisição e manutenção dos índices de flexibilidade já obtidos e a melhoria de alguns arcos articulares específicos e proporcionam aos alunos uma maior agilidade e precisão na hora de realizar os movimentos básicos, sendo um diferencial no desenvolvimento motor desses indivíduos.
A aquisição e a manutenção de flexibilidade não é uma característica somente de atletas desportistas, o correto é que ninguém deveria ter baixos níveis desta capacidade, portanto, o trabalho de estimulação da flexibilidade deve ser realizado com todas as crianças que compreendem a faixa etária de alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, respeitando as diferenças de contexto de cada idade, pois são inúmeros os benefícios que ela em si proporciona, desde saúde e bem estar até uma maior amplitude de um simples movimento feito no cotidiano.
Existem vários programas de treinamento para desenvolver a flexibilidade, mesmo parecendo fácil é preciso auxílio de um bom profissional de Educação Física para estruturar aulas de acordo com suas variáveis, não dependendo somente disso, mas também da boa vontade de cada um para que se tornem mais objetivas e surtam resultados mais significativos. Lembrando que tudo está relacionado com o tempo, pois quando almeja-se resultados é preciso trabalhar, esperar e ser paciente, dedicando-se ao máximo possível, pois nada se conquista às pressas e os benefícios adquiridos podem ser permanentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO MARCHAND, Edílson Alfredo de. Condicionamento de flexibilidade. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd53/flex.htm Acesso em 05 de dezembro de 2023.
COELHO, Carla W. & ARAÚJO, Cláudio G. S. Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. Artigo Científico. 2000.
CUNHA, Fábio Aires da. Características, importância e treinamento da flexibilidade no futebol. Disponível em: < http://www.cdof.com.br/futebol5.htm> Acesso em: 05 de março de 2024.
DANTAS, Estélio H. M. Flexibilidade.Alongamento e flexionamento. 4. ed. Rio de Janeiro. Shape, 1999.
DANTAS, Estélio H. M. A flexibilidade no treinamento do atleta de alto rendimento. Disponível em: <http://www.personaltraining.com.br/flexibilidade.html> Acesso em: 06 de Dezembro de 2023.
DANTAS, Estélio H. M. Alongamento – natural e fundamental Disponível em http://www.terra.com.br/istoegente/271/saude/index.htm Acesso em: 05 de Março de 2023.
GALHAUE, L.D., OZMUN, J.C., GOODWAY, J.D. Compreendendo o desenvolvimento motor. Bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7.ed. Porto Alegre. Editora AMGH, 2013.
JUNIOR, Abdallah A. Bases para o exercício de alongamento relacionado com a saúde e no desempenho atlético. Londrina, PR: Midiograf, 1996.
JUNIOR, Abdallah A. Flexibilidade – Teoria e prática. 1. ed. Londrina. Atividade Física e saúde. 1998.
NAHAS, M. V. Fundamentos da aptidão física relacionada à saúde. Ed. UFSC, 1989.
NIEMAN, D. C. Exercício e saúde. São Paulo: Manole, 1999.
PARRA FILHO, Domingos & SANTOS, João Almeida. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo. Editora Futura, 2000.
PAYNE, V. G. & ISAACS, L. D. Human motor development: a lifespan approach. Califórnia: Mayfield Publishing Company Moutain View, 1987.
THOMAS, J.R. & THOMAS, K.T. (1989) What is motor development: Where does it belong? Quest, 41, 203 – 212
1 Graduada em Educação Física UVA-CE; Especialista em Fisiologia do Exercício e Biomecânica do Movimento UNINTA-CE; Especialista em Educação Inclusiva FAEX-CE; Especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica FAVENI-CE; Mestranda em Ciências da Educação ACU-USA. adnalyneteles@gmail.com