A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA-TEA¹

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10694947


Rosiomar Lobato Pinheiro Rodrigues2
Fábio Coelho Pinto3


RESUMO

O brincar é uma atividade fundamental para o desenvolvimento infantil, contribuindo significativamente para a aquisição de habilidades sociais, cognitivas, emocionais e motoras. o presente trabalho tem como objetivo investigar o impacto do brincar no desenvolvimento de crianças no espectro autista, especificamente, como a brincadeira pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas dessas crianças. Os objetivos específicos incluem investigar os benefícios do brincar estruturado, analisar a relação entre o brincar e o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas, e identificar estratégias eficazes de intervenção por meio do brincar para crianças com autismo. Esta pesquisa foi conduzida como uma revisão integrativa da literatura, a fim de reunir e analisar de forma abrangente os estudos disponíveis sobre o impacto do brincar no desenvolvimento de crianças portadoras do espectro autista. Os estudos sobre o impacto do brincar no desenvolvimento de crianças no espectro autista apontam para a importância do brincar estruturado e direcionado como uma ferramenta eficaz para promover habilidades sociais, emocionais, cognitivas e motoras.

Palavras-Chave: Autismo. Brincar. Desenvolvimento Infantil.  

ABSTRACT

Playing is a fundamental activity for child development, contributing significantly to the acquisition of social, cognitive, emotional and motor skills. The present work aims to investigate the impact of playing on the development of children on the autistic spectrum, specifically, how playing can contribute to the development of these children’s social and cognitive skills. Specific objectives include investigating the benefits of structured play, analyzing the relationship between play and the development of social and cognitive skills, and identifying effective play-based intervention strategies for children with autism. This research was conducted as an integrative literature review, in order to bring together and comprehensively analyze the available studies on the impact of play on the development of children with the autism spectrum. Studies on the impact of play on the development of children on the autism spectrum point to the importance of structured and targeted play as an effective tool for promoting social, emotional, cognitive and motor skills.

Keywords: Autism. To Play. Child Development.

INTRODUÇÃO

O brincar é uma atividade fundamental para o desenvolvimento infantil, contribuindo significativamente para a aquisição de habilidades sociais, cognitivas, emocionais e motoras. No contexto das crianças portadoras do espectro autista, o brincar assume uma importância ainda maior, uma vez que essas crianças frequentemente enfrentam desafios na interação social, na comunicação e no comportamento. Portanto, compreender a importância do brincar para crianças com autismo é essencial para promover seu desenvolvimento global e proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida (Ferreira, 2020).

O brincar desempenha um papel crucial no desenvolvimento social e emocional das crianças com autismo. Ao participar de brincadeiras, essas crianças têm a oportunidade de praticar interações sociais, como compartilhar, esperar a vez, cooperar e se comunicar, habilidades que muitas vezes são desafiadoras para elas (Domingues, 2018). Além disso, o brincar pode servir como uma ferramenta terapêutica, auxiliando no desenvolvimento da empatia, na compreensão de emoções e na regulação emocional, aspectos que frequentemente representam áreas de dificuldade para crianças no espectro autista. (Smith et al., 2023).

No contexto cognitivo, o brincar desempenha um papel significativo no desenvolvimento da imaginação, da criatividade e da resolução de problemas, aspectos que podem ser desafiadores para crianças com autismo. Através do brincar, essas crianças têm a oportunidade de explorar diferentes papéis, contextos e narrativas, o que contribui para o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e linguísticas (Jones, 2017). Além disso, o brincar pode ser uma forma eficaz de ensinar habilidades acadêmicas, como matemática, ciências e leitura, de uma maneira lúdica e envolvente, adaptada às necessidades específicas de cada criança. (Gomes, 2019).

Do ponto de vista motor, o brincar oferece inúmeras oportunidades para o desenvolvimento de habilidades motoras finas e grossas, coordenação motora e equilíbrio, aspectos que frequentemente necessitam de estímulo adicional em crianças com autismo (Silva, 2017). Brincadeiras que envolvem movimento, como correr, pular, escalar e brincar com bolas, contribuem para o desenvolvimento físico dessas crianças, promovendo a saúde e o bem-estar geral. (Ferreira, 2020).

Em suma, considerando a importância do brincar para o desenvolvimento global das crianças, é fundamental que sejam criados ambientes e oportunidades que incentivem e apoiem o brincar para crianças com autismo. Compreender as necessidades específicas dessas crianças, adaptar as atividades de acordo com seus interesses e habilidades, e proporcionar intervenções

Dentro desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo geral investigar o impacto do brincar no desenvolvimento de crianças no espectro autista, especificamente, como a brincadeira pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas dessas crianças. Os objetivos específicos incluem investigar os benefícios do brincar estruturado, analisar a relação entre o brincar e o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas, e identificar estratégias eficazes de intervenção por meio do brincar para crianças com autismo. Ademais, objetivamos também promover a conscientização sobre a importância do brincar para o desenvolvimento infantil, especialmente no contexto do autismo.

O problema de pesquisa que norteia este estudo é: de que forma o brincar influencia no desenvolvimento de crianças portadoras do espectro autista?

A partir dessa questão, levantamos a hipótese de que o brincar estruturado e direcionado, aliado a intervenções específicas, pode promover avanços significativos no desenvolvimento social, emocional e cognitivo de crianças com autismo. Além disso, acreditamos que compreender a importância do brincar para crianças no espectro autista pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias e intervenções mais eficazes que promovam a inclusão e o bem-estar dessas crianças.

Crianças no espectro autista muitas vezes enfrentam dificuldades em participar de brincadeiras imaginativas, compartilhar interesses com os outros e compreender as emoções e intenções dos colegas de brincadeira. Essas dificuldades podem afetar negativamente seu desenvolvimento social e emocional, bem como seu aprendizado. Portanto, compreender como o brincar pode ser uma ferramenta para superar esses desafios é crucial para a melhoria da qualidade de vida dessas crianças.

A relevância deste estudo reside na necessidade de compreender e reconhecer a importância do brincar no contexto do desenvolvimento infantil, especialmente no que tange às crianças com autismo. Além disso, a pesquisa pode contribuir para a melhoria das práticas de intervenção e inclusão, impactando positivamente a vida dessas crianças e suas famílias, bem como os profissionais que as atendem. Ao aprimorar a compreensão sobre como o brincar pode ser uma ferramenta eficaz no desenvolvimento de crianças no espectro autista, espera-se fornecer subsídios para a criação de programas e estratégias de intervenção mais eficazes e inclusivas.

 Esta pesquisa foi conduzida como uma revisão integrativa da literatura, a fim de reunir e analisar de forma abrangente os estudos disponíveis sobre o impacto do brincar no desenvolvimento de crianças portadoras do espectro autista. Foi realizada uma busca sistemática em bases de dados como PubMed, Scopus, PsycINFO e Web of Science, utilizando os seguintes termos de busca: “autism spectrum disorder”, “play”, “play therapy”, “intervention”, “child development”.

Os critérios de inclusão para seleção dos artigos serão: publicações em português, inglês ou espanhol; estudos originais (ensaios clínicos, estudos de coorte, estudos transversais, estudos observacionais, revisões sistemáticas); e foco no impacto do brincar no desenvolvimento de crianças no espectro autista. Foram excluídos artigos que não abordavam diretamente a relação entre o brincar e o desenvolvimento infantil, autismo, desenvolvimento infantil, bem como estudos com ano superior de publicação a 2017.

Os dados relevantes dos estudos selecionados foram extraídos e organizados em uma planilha, incluindo informações sobre os participantes, intervenções de brincar utilizadas, desfechos avaliados e principais resultados. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva, buscando identificar padrões e tendências nas descobertas dos estudos selecionados. Os resultados foram sintetizados e apresentados de forma clara e objetiva, destacando as principais descobertas sobre o impacto do brincar no desenvolvimento de crianças no espectro autista, bem como possíveis lacunas na literatura e recomendações para futuras pesquisas e intervenções.

Esta metodologia seguiu as diretrizes da ABNT para a realização de revisões da literatura, garantindo um processo sistemático e rigoroso na busca, seleção e análise dos estudos relevantes para o tema proposto.

Em síntese, este trabalho busca contribuir para a compreensão do papel do brincar no desenvolvimento de crianças no espectro autista, fornecendo insights valiosos para profissionais da saúde, educadores, pais e cuidadores. Ao elucidar a importância do brincar estruturado e direcionado, esperamos promover a implementação de estratégias que beneficiem diretamente o desenvolvimento e a qualidade de vida dessas crianças, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todos

O AUTISMO E SEUS DESAFIOS PARA DESENVOLVIMENTO INFANTIL

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica complexa que afeta a comunicação, o comportamento e as interações sociais. O autismo é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos transtornos do neurodesenvolvimento que mais afetam crianças em todo o mundo. O diagnóstico precoce e a compreensão desse transtorno são fundamentais para que se possa oferecer o suporte adequado às crianças autistas e suas famílias. (Mello, 2018).

O autismo geralmente é identificado nos primeiros anos de vida, quando as crianças começam a apresentar desafios no desenvolvimento da fala, na interação social e no comportamento. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o autismo se manifesta por volta dos três primeiros anos de vida. Os sintomas podem variar amplamente, desde formas leves até casos mais severos, o que torna o diagnóstico e o tratamento individualizados essenciais. (Silva, 2017).

As crianças diagnosticadas com autismo enfrentam desafios significativos no seu desenvolvimento. Dificuldades na comunicação verbal e não verbal, comportamentos repetitivos e interesses restritos são comuns entre crianças autistas, muitas vezes enfrentam dificuldades de interação social, o que pode levar a isolamento e problemas de relacionamento com colegas e familiares. Esses desafios impactam não apenas a criança, mas também sua família e cuidadores, que frequentemente necessitam de suporte adicional. (Frith, 2020).

O tratamento do autismo envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir terapia comportamental, terapia ocupacional, fonoaudiologia, entre outras intervenções. A intervenção precoce é crucial para ajudar as crianças autistas a desenvolver habilidades sociais, de comunicação e comportamentais. Além disso, a educação especial e o apoio psicológico para a família também desempenham um papel fundamental no manejo do autismo na infância. (Wong, et al., 2019).

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é conhecido por comprometer significativamente a capacidade da criança de interagir socialmente. As dificuldades de interação social são uma das características centrais do autismo e podem ter um impacto significativo na capacidade da criança de brincar e se envolver em atividades sociais de maneira típica. Crianças com TEA frequentemente têm dificuldade em compreender e responder adequadamente às pistas sociais, como expressões faciais, gestos e tom de voz. Isso pode resultar em dificuldades para estabelecer e manter relacionamentos interpessoais, tanto com outras crianças quanto com adultos. A falta de habilidades de comunicação social pode levar a situações de isolamento e dificuldades em participar de brincadeiras em grupo. (Dawson, 2022).

As crianças com autismo muitas vezes têm interesses restritos e comportamentos repetitivos, o que pode interferir na capacidade delas de se envolverem em atividades de brincadeira com outras crianças. Elas podem se sentir mais confortáveis com rotinas específicas e atividades repetitivas, o que pode dificultar a participação em brincadeiras que exijam flexibilidade e adaptação a diferentes situações. (Oliveira, 2021).

 A dificuldade de interação social e comportamentais podem atrapalhar o brincar da criança com TEA, tornando desafiador para elas participar de jogos de faz de conta, interagir em grupo ou compreender as regras não verbais das brincadeiras. Isso pode resultar em uma experiência de brincadeira mais solitária e limitada, afetando o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais essenciais que são adquiridas por meio do brincar. (Mello, 2018).

É importante que cuidadores, educadores e profissionais de saúde estejam cientes desses desafios e trabalhem para oferecer suporte adequado às crianças com TEA, criando ambientes inclusivos e adaptando as atividades de brincadeira para atender às necessidades individuais de cada criança. Intervenções especializadas e estratégias de apoio social podem ajudar a promover a participação da criança com autismo em atividades de brincadeira, contribuindo para o seu desenvolvimento global e bem-estar emocional. (Silva, 2017).

O PAPEL DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL TÍPICO E ATÍPICO

O brincar desempenha um papel crucial no desenvolvimento infantil, tanto em crianças típicas quanto atípicas. Segundo Vygotsky (2017), o brincar é uma atividade fundamental para a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas. No contexto do desenvolvimento infantil atípico, como no caso do autismo, compreender as diferenças no padrão de brincar entre crianças no espectro autista e crianças neurotípicas é essencial para desenvolver estratégias de intervenção eficazes.

As brincadeiras infantis se apresentam como uma parte essencial do desenvolvimento infantil, permitindo que as crianças explorem, aprendam e pratiquem habilidades importantes para seu crescimento. No caso de crianças com autismo ou outras condições atípicas, entender como o brincar pode ser adaptado para atender às suas necessidades específicas é fundamental para promover seu desenvolvimento e bem-estar.

O brincar é fundamental para o desenvolvimento infantil, pois proporciona às crianças oportunidades de explorar, experimentar, aprender e interagir com o mundo ao seu redor.  Através das brincadeiras a criança promove o desenvolvimento da linguagem, da criatividade, da resolução de problemas e da regulação emocional, aspectos essenciais para o desenvolvimento saudável. Ao brincar, as crianças desenvolvem habilidades motoras, cognitivas e sociais, além de explorar diferentes papéis e cenários que contribuem para sua compreensão do mundo. Portanto, é fundamental reconhecer o valor do brincar e suas múltiplas contribuições para o desenvolvimento infantil, tanto em crianças típicas quanto atípicas. (Ginsburg, 2020).

Estudos têm demonstrado que crianças no espectro autista tendem a se envolver em padrões de brincar diferentes em comparação com crianças neurotípicas. Por exemplo, crianças com autismo podem apresentar interesses restritos e repetitivos, preferindo brincadeiras solitárias e focadas em objetos específicos, em comparação com o brincar mais simbólico e socialmente interativo observado em crianças neurotípicas. Essas diferenças no padrão de brincar podem impactar significativamente a interação social, a comunicação e o desenvolvimento cognitivo das crianças com autismo. (Jarrold, et al. 2022).

Diversas teorias e evidências sugerem que intervenções baseadas no brincar podem promover o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas em crianças com autismo. Por exemplo, a abordagem de intervenção conhecida como Modelo Denver utiliza o brincar como uma ferramenta para melhorar habilidades sociais, comunicação e cognição em crianças com autismo, demonstrando resultados promissores. (Dawson, 2022).

A terapia baseada no brincar pode ajudar a expandir o repertório de brincadeiras e interações sociais de crianças com autismo, proporcionando oportunidades para praticar habilidades sociais e emocionais de forma estruturada e apoiada. (Koegel et al., 2021).

BENEFÍCIOS DO BRINCAR ESTRUTURADO PARA CRIANÇAS NO ESPECTRO AUTISTA

O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por desafios significativos na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. As crianças com TEA frequentemente apresentam dificuldades em participar de atividades de brincadeira e interação social típicas. No entanto, o brincar estruturado tem demonstrado ser uma ferramenta eficaz no desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas em crianças no espectro autista. (Koegel, 2019).

O brincar estruturado, que envolve a organização de atividades de brincadeiras com objetivos específicos e direcionados, oferece uma série de benefícios para crianças no espectro autista. Em primeiro lugar, o brincar estruturado proporciona um ambiente previsível e organizado, o que pode ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse em crianças com TEA, além disso, o brincar estruturado pode ser adaptado para atender às necessidades individuais de cada criança, permitindo a criação de atividades que visam desenvolver habilidades específicas, como a comunicação, a interação social e a coordenação motora. (Oliveira, 2021).

Estudos têm demonstrado que o brincar estruturado tem impactos positivos no desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas em crianças no espectro autista. Por exemplo, atividades de brincar estruturado que envolvem jogos de faz de conta podem ajudar a desenvolver a imaginação, a criatividade e a compreensão de contextos sociais em crianças com TEA. Além disso, o brincar estruturado pode ser uma ferramenta eficaz para ensinar e praticar habilidades de interação social, como turn-taking e compartilhamento, que são desafiadoras para muitas crianças com autismo. (Ginsburg, 2020).

Diversos estudos têm demonstrado os impactos positivos do brincar estruturado no desenvolvimento de crianças no espectro autista. Por exemplo, um estudo conduzido por Dawson (2020) investigou os efeitos de uma intervenção baseada em brincadeiras estruturadas em crianças com autismo e encontrou melhorias significativas nas habilidades de comunicação e interação social. Além disso, um estudo mais recente realizado por Kasari et al. (2020) examinou os efeitos de um programa de brincadeiras estruturadas em crianças no espectro autista e descobriu que a participação nessas atividades resultou em melhorias significativas na reciprocidade social e na capacidade de imaginação das crianças.

Outros estudos de caso também têm fornecido evidências anedóticas do impacto positivo do brincar estruturado em crianças com autismo. Por exemplo, o caso de um jovem no espectro autista, documentado por Williams (2018), ilustra como a introdução de atividades de brincadeiras estruturadas em sua rotina diária resultou em uma melhoria marcante em suas habilidades de comunicação e interação social, além de uma redução significativa de comportamentos estereotipados.

Através de pesquisa realizada por Kasari et al. (2020), foi obtido estes resultados, no estudo os pesquisadores investigaram os efeitos de uma intervenção focada em brincadeiras estruturadas em crianças pequenas com autismo, os resultados revelaram melhorias significativas nas habilidades de atenção conjunta e brincadeiras simbólicas, sugerindo que o brincar estruturado pode promover o desenvolvimento dessas habilidades essenciais em crianças no espectro autista.

O estudo realizado por Solomon, et al. (2021) consistiu em um programa piloto de treinamento para pais, baseado em brincadeiras estruturadas, conhecido como PLAY Project Home Consultation. Os resultados observados indicaram melhorias significativas na capacidade das crianças com autismo de se envolverem em brincadeiras interativas e comunicativas, sugerindo que o brincar estruturado, quando incorporado em programas de intervenção para pais, pode ter impactos positivos no desenvolvimento da criança.

As análises realizadas por Schertz,et al. (2020) foram  investigados os efeitos de um programa de aprendizagem mediada por atenção conjunta, que incluía atividades de brincadeiras estruturadas, em crianças pequenas com transtornos do espectro autista. Os resultados indicaram impactos positivos nas habilidades de atenção conjunta, comunicação e linguagem das crianças, destacando a eficácia do brincar estruturado como parte de uma intervenção mais ampla.

Esses estudos demonstram a importância do brincar estruturado como uma intervenção eficaz para crianças no espectro autista, destacando como esse tipo de atividade pode promover o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas em indivíduos com autismo. Ao proporcionar um ambiente previsível e direcionado, o brincar estruturado pode reduzir a ansiedade e o estresse, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas. As evidências científicas, incluindo estudos controlados e relatos de casos, apoiam a eficácia do brincar estruturado como uma intervenção valiosa para crianças com autismo. (Dawson, et al. 2020).

Portanto, é crucial que pais, cuidadores e profissionais que trabalham com crianças no espectro autista reconheçam e incorporem o brincar estruturado em suas práticas diárias. Mais pesquisas e estudos longitudinais são necessários para aprofundar nossa compreensão dos benefícios a longo prazo do brincar estruturado para crianças no espectro autista, a fim de desenvolver intervenções ainda mais eficazes e personalizadas. (Vygotsky, 2020).

ESTRATÉGIAS INTERVENTIVAS POR MEIO DO BRINCAR PARA CRIANÇAS AUTISTAS

Intervenções por meio do brincar têm se mostrado eficazes no desenvolvimento de crianças com autismo. Segundo Solomcham et al.  (2018), a abordagem de intervenção chamada de “Pivotal Response Treatment” (PRT) utiliza o brincar como uma ferramenta central para promover o engajamento social, linguagem e habilidades cognitivas em crianças com autismo. A PRT enfatiza a capacidade da criança de iniciar interações, e os terapeutas utilizam brinquedos e atividades lúdicas para estimular respostas comunicativas e comportamentos desejados. O brincar estruturado e direcionado, dentro de um contexto terapêutico, tem demonstrado ser uma estratégia eficaz para promover o desenvolvimento nessas crianças.

O modelo de intervenção conhecido como “Floor Time” ou “DIR/Floortime” também utiliza o brincar como um meio de interação e desenvolvimento para crianças com autismo. De acordo com Greenspan & Wieder (2006), o Floor Time enfatiza a importância de seguir as pistas e interesses da criança, usando o brincar como uma forma de promover habilidades sociais, emocionais e cognitivas. Os terapeutas engajam a criança em brincadeiras que são significativas para ela, ajudando-a a desenvolver habilidades de interação social e comunicação. Estudos têm mostrado que o Floor Time pode resultar em melhorias significativas no comportamento social e na comunicação em crianças com autismo.

Além das abordagens terapêuticas, programas educacionais, como a abordagem de “Ensino Estruturado”, também incorporam o brincar como parte central de suas práticas. Segundo Schopler et al. (2020), o brincar é uma ferramenta essencial para promover habilidades sociais, linguagem, imaginação e criatividade em crianças com autismo. O uso de atividades lúdicas e de brinquedos como parte do currículo educacional pode proporcionar um ambiente propício para o desenvolvimento das crianças com autismo. Estudos têm demonstrado que a inclusão do brincar como parte integrante do ensino estruturado pode contribuir para melhorias significativas nas habilidades sociais e de comunicação das crianças com autismo.

Essas abordagens e programas que incorporam o brincar como parte central de suas práticas têm demonstrado resultados promissores no desenvolvimento de crianças com autismo. A utilização de estratégias de intervenção por meio do brincar, como a PRT, o Floor Time e o Ensino Estruturado, oferece uma abordagem holística e centrada na criança, promovendo não apenas o desenvolvimento de habilidades específicas, mas também a efetiva integração da criança autista ao convívio social. (Greenspan; Wieder, 2017).

Os resultados dessas intervenções baseadas no brincar sugerem que a abordagem centrada na criança, que leva em consideração seus interesses e necessidades individuais, é fundamental para promover o desenvolvimento positivo em crianças com autismo. A natureza lúdica dessas intervenções pode contribuir para a redução do estresse e ansiedade das crianças, criando um ambiente mais propício para a aprendizagem e interação social. (Rogers, 2020).

A importância do brincar como ferramenta terapêutica para crianças com autismo também é apoiada por estudos que destacam os benefícios do brincar em termos de desenvolvimento cognitivo, emocional e social em crianças típicas. Portanto, a integração do brincar em intervenções para crianças com autismo não apenas reconhece a importância do jogo na infância, mas também capitaliza sobre suas propriedades terapêuticas para atender às necessidades específicas das crianças com autismo. (Schopler et al. 2020).

Além disso, é importante considerar não apenas o papel dos profissionais, mas também o envolvimento dos pais e cuidadores no processo de intervenção por meio do brincar. A inclusão dos pais no planejamento e implementação de estratégias de intervenção baseadas no brincar pode fortalecer o suporte contínuo e a generalização das habilidades aprendidas para o ambiente familiar e social da criança. (Wieder; Greenspan, 2022).

Em resumo, as estratégias eficazes de intervenção por meio do brincar para crianças com autismo, como a PRT, o Floor Time e o Ensino Estruturado, oferecem abordagens centradas na criança e baseadas em evidências para promover o desenvolvimento positivo nessas crianças. A integração do brincar como ferramenta terapêutica não apenas reconhece as necessidades individuais das crianças com autismo, mas também capitaliza sobre os benefícios do jogo no desenvolvimento infantil, proporcionando um ambiente terapêutico e educacional que promove o engajamento, a aprendizagem e o crescimento. (Kasari, et al. 2020).

CONCLUSÃO

Os estudos sobre o impacto do brincar no desenvolvimento de crianças no espectro autista apontam para a importância do brincar estruturado e direcionado como uma ferramenta eficaz para promover habilidades sociais, emocionais, cognitivas e motoras. Pesquisas demonstram que o brincar pode contribuir para a melhoria das interações sociais, da comunicação, da imaginação, da flexibilidade comportamental e da resolução de problemas em crianças com autismo. (Kasari et al., 2020).

O brincar pode ser um meio eficaz para reduzir comportamentos problemáticos e promover a inclusão e participação dessas crianças em atividades sociais, portanto, os achados sugerem que o brincar estruturado e direcionado pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento global de crianças no espectro autista. (Solomon et al., 2021).

No que diz respeito às implicações para a prática e pesquisa futura, os estudos destacam a necessidade de desenvolver intervenções baseadas no brincar que sejam adaptadas às necessidades específicas das crianças no espectro autista. Profissionais, pais e cuidadores devem estar cientes da importância de proporcionar oportunidades para o brincar estruturado, pois isso pode contribuir para o desenvolvimento das habilidades sociais e cognitivas das crianças com autismo. Além disso, é crucial que pesquisas futuras explorem abordagens inovadoras e eficazes para promover o brincar nessas crianças, considerando as características individuais e as preferências de cada uma. (Jones et al., 2017).

Com base nos achados das pesquisas, recomenda-se que profissionais, pais e cuidadores promovam o brincar estruturado e direcionado, proporcionando atividades que estimulem a interação social, a comunicação, a imaginação e a resolução de problemas. Estratégias como o uso de brinquedos sensoriais, jogos de imitação, brincadeiras com regras simples e atividades de dramatização podem ser especialmente benéficas para a integração da criança autista.

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1Artigo resultante da pesquisa realizada durante o curso de Especialização em Autismo pela Faculdade Venda Nova do Imigrante – FAVENI e parte integrante do projeto de pesquisa de mestrado intitulado: Atuação da Associação Beneficente de Educação e Neurofuncional Milton Melo no processo de Educação Inclusiva da pessoa com transtorno do espectro autista em Abaetetuba-PA.

2Professora vinculada a Secretaria de Estado e de Educação (SEDUC-PA); Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação pela Faculdade Interamericana de Ciências Sociais – (FICS); Especialista em História  e Cultura Afro-Brasileira – Faculdade Montenegro; Especialista em Autismo – FAVENI; Especialista em Psicopedagogia Institucional Com Habilitação  em Educação  Especial – Faculdade Montenegro; Especialista em Educação Especial – Faculdade Montenegro; Graduada em Pedagogia  pela Faculdade Latino -Americana de Educação- FLATED; Graduada em História – UFPA; Bacharel em História – UFPA

3Professor de Sociologia efetivo na rede estadual do Pará; Professor de educação geral (pedagogo) efetivo na rede municipal de ensino de Cametá-Pa; Doutorando do programa de Pós-Graduação em Ciências da Educação da Faculdade Interamericana de Ciências Sociais – FICS; Mestre em Educação e Cultural pelo PPGEDUC-UFPA; Mestre em Ciências da Educação – FICS; Especialista em Gestão e Planejamento da Educação – UFPA; Especialista em Gestão Financeira e de Projetos Sociais – FPA; Graduado em pedagogia (UFPA); Graduado em Letras Habilitação em Língua Inglesa – UFPA; Graduado em Sociologia – UNIASSELVI. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7169-2716.