ESTUDO EXPLORATÓRIO PARA DESENVOLVIMENTO DE UMA ESCALA DE PERSONALIDADE PARA AVALIAÇÃO PSICOSSOCIAL

EXPLORATORY STUDY TO DEVELOP A PERSONALITY SCALE FOR PSYCHOSOCIAL ASSESSMENT

ESTUDIO EXPLORATORIO PARA DESARROLLAR UNA ESCALA DE PERSONALIDAD PARA LA EVALUACIÓN PSICOSSOCIAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10670561


Me. Cristiano Santos de Caires1


Resumo: o objetivo do estudo exploratório foi desenvolver uma escala para avaliação de personalidade na avaliação psicossocial com base nos aspectos relacionados às Normas Regulamentares 33 e 35 do Ministério do Trabalho.
Método: optou-se por um delineamento transversal descritivo, com amostragem por conveniência. Participaram desse estudo 164 pessoas. Desse público foram 6 mulheres e 158 homens. Idade entre 18 a 65 anos, com média de 38,7 anos. Foram aplicados nesse processo a Escala de Personalidade Psicossocial (EPP) desenvolvida para essa pesquisa, assim como os testes já padronizados pelo conselho federal de psicologia.
Resultados: A Escala Psicossocial apresentou Alpha de Cronbach ≥0,874 no Total dos 48 itens que a compõe, mas apresentou consistência moderada em Afeto, competência e sociabilidade.
Conclusão: A escala psicossocial apresentou boa consistência interna, contudo sugere-se novas pesquisas com amostragem maior para validação da escala para uso na área da psicologia.

Palavras chaves: avaliação psicológica, personalidade, escala psicossocial, NR 33 e NR35 

Abstract: the objective of the exploratory study was to develop a scale for personality assessment in psychosocial assessment based on aspects related to Regulatory Norms 33 and 35 of the Ministry of Labor.
Summary: the objective of the exploratory study was to develop a scale for personality assessment in psychosocial assessment based on aspects related to Regulatory Standards 33 and 35 of the Ministry of Labor.
Method: a descriptive cross-sectional design was chosen, with convenience sampling. 164 people participated in this study. Of this audience there were 6 women and 158 men. Age between 18 and 65 years old, with an average of 38.7 years old. The Psychosocial Personality Scale (EPP) developed for this research was applied in this process, as well as tests already standardized by the federal psychology council.
Results: The Psychosocial Scale presented Cronbach’s Alpha ≥0.874 in the total of 48 items that make up it, but presented moderate consistency in Affect, competence and sociability.
Conclusion: The psychosocial scale showed good internal consistency, however, further research with a larger sample is suggested to validate the scale for use in the field of psychology.

Keywords: psychological assessment, personality, psychosocial scale, NR 33 and NR35

Resumen: el objetivo del estudio exploratorio fue desarrollar una escala de valoración de la personalidad en la evaluación psicosocial con base en aspectos relacionados con las Normas Normativas 33 y 35 del Ministerio del Trabajo.
Método: se optó por un diseño descriptivo transversal, con muestreo por conveniencia. 164 personas participaron en este estudio. De este público había 6 mujeres y 158 hombres. Edad entre 18 y 65 años, con una media de 38,7 años. En este proceso se aplicó la Escala de Personalidad Psicosocial (EPP) desarrollada para esta investigación, así como pruebas ya estandarizadas por el consejo federal de psicología.
Resultados: La Escala Psicosocial presentó Alfa de Cronbach ≥0,874 en el total de 48 ítems que la componen, pero presentó consistencia moderada en Afecto, competencia y sociabilidad.
Conclusión: La escala psicosocial mostró buena consistencia interna, sin embargo, se sugiere realizar más investigaciones con una muestra mayor para validar la escala para su uso en el campo de la psicología.

Palabras clave: evaluación psicológica, personalidad, escala psicosocial, NR 33 y NR35

Introdução

A Avaliação Psicológica (AP) é um ramo de atividade dentro das abordagens de trabalho do profissional da psicologia. A AP pode ser definida como coleta e a integração de dados relacionados à psicologia com a finalidade de fazer uma estimação psicológica, que é realizada por meio de instrumentos como testes, entrevistas, estudo de caso, observação comportamental e aparatos e procedimentos de medida (Cohen, Swerdlik & Sturman, p. 2, 2014).

Para Hutz (2015, p. 11) a AP é um processo complexo, com objetivo de produzir hipóteses, ou diagnósticos, sobre uma pessoa, grupo ou fenômenos psicológicos, sejam eles de ordem intelectual, personalidade, cognição ou emocional. Para Pais-Ribeiro (2013) a AP definir-se como a atividade científica e profissional que consiste em recolher, integrar e avaliar dados, acerca de um sujeito, com finalidade de recolher informações questionadas ou colocadas pelo cliente. Não obstante, a história por traz da construção da ideia de avaliação psicológica que atualmente concebemos, tem como base nos primórdios da história. Segundo Cohen, Swerdlik & Sturman (2014, p. 38) e Hutz (2000, p. 11) os primeiros processos de testagem deram início por volta de 2200 anos a.C. na China antiga como recurso para selecionar candidatos para ocuparem cargos públicos junto ao governo. No geral, eram medidas de proficiência em matérias como música, arco-e-flecha, equitação, aritmética etc.

Um adendo sobre o processo de avaliação psicológica é explicitar a diferença entre Testagem Psicológica X Avaliação Psicológica. Nesse sentido, Cohen, Swerdlik & Sturman (2014, p. 3) salienta que a Testagem psicológica geralmente tem como objetivo obter medidas de natureza numérica relacionada a alguma capacidade ou característica de alguém. Seu processo pode ser de forma individual ou coletiva; o avaliador necessita ter habilidades técnicas para administrar o instrumento e interpretá-lo; os resultados da testagem irá produzir uma pontuação ou escore do teste. Já na Avaliação Psicológica, o objetivo está sempre relacionado a responder uma questão de encaminhamento ou auxiliar uma tomada de decisão. A AP nesse caso costuma ser individualizada, pois tende a concentrar-se na maneira como o indivíduo lida e processa as informações que percebe, seja estímulos externos como estímulos internos; o avaliador é fundamental no processo, inclusive para escolha dos instrumentos utilizados; logo a AP também envolve uma abordagem de resolução de problemas ou análise dos motivos do encaminhamento. Importante ressaltar que, a partir dessa ideia, a expressão testagem psicológica é usada como sinônimo de avaliação psicológica. Aqui, é necessário cuidado. A testagem psicológica é parte da avaliação psicológica, embora uma avaliação psicológica possa ser feita, em certos casos específicos, usando apenas testes psicológicos, essa não é a regra. 

Feito esse preâmbulo sobre AP, nas últimas décadas a avaliação psicológica tem ganhado força e notoriedade em diversos campos de atuação do profissional da psicologia: psicodiagnóstico clínico, orientação vocacional nas escolas e consultórios, hospitais, medicina ocupacional (saúde do trabalhador), seleção de pessoal nas organizações, assim como avaliação de desempenho e clima organizacional etc. (Wechsler, Hutz & Primi, 2019).

Mesmo o ramo tendo diversos desafios no que concerne a avaliação global da personalidade, e das características cognitiva das pessoas como ressalta Wechsler, Hutz & Primi (2019) e Farias et al (2019), o profissional da psicologia vem sendo cada vez mais convocados para atuar nesses campos. 

A importância da área de avaliação psicológica vem sendo tão significativa, que a Resolução CFP nº 13 de 14 de setembro de 2007 que versa sobre as especialidades reconhecidas pelo conselho federal de psicologia foi alterada por meio da resolução CFP nº 18 de 5 de setembro de 2019, a qual insere a Avaliação Psicológica como uma Especialidade dentre outras já estabelecidas. Com essa resolução o CFP não só reconhece a o título de especialista para quem já tinha a experiência necessária, mas também abre um leque de possibilidades de trabalho como aberturas de cursos para a obtenção do título de especialista.

Dentre as demandas solicitadas nas áreas de atuação psicológica que vem ganhando muita notoriedade no que se refere a Avaliação Psicológica, é no campo da medicina do trabalho e saúde do trabalhador. Introduzida no Brasil pelas Normas Regulamentares (NR) do Ministério do Trabalho, a Avaliação Psicológica e Psicossocial com foco na saúde do trabalhador atualmente é solicitada pelas empresas que são norteadas pelas NR 20, NR 33 e NR 35 (Guimarães et al, 2013; Jacinto & Tolfo, 2017; Salles et al, 2016; Rodrigues & Faiad, 2018). Algumas empresas que são balizadas pela NR 10 (Segurança em instalações e Serviços com Eletricidade) e NR 15 (Atividades e Operações Insalubres) atualmente também solicitam avaliação psicológica de seus funcionários, não por estar descrito na ou demandada diretamente na resolução da NR 10 e 15, mas por se tratar de atividades que geralmente o profissional sobe em altura, em espaços confinados ou exercer atividades em locais insalubres, logo, acabam estando relacionadas às NRs 33 e 35. De acordo com a tabela 1, segue descritivo de cada NR:

Tabela 1. Resumo das características das NRs 10, 15, 20, 33 e 35.

Condição de TrabalhoDescrição das atividades
Instalações e Serviços com Eletricidade (NR 10)Objetiva garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores expostos aos riscos da exposição a energia elétrica.
Operações Insalubres (NR 15)Atividades as quais o colaborador entre em contato com ambientes que sofra a compressão de ar; algum agente químico e agentes biológicos infecciosos.
Trabalho com Combustíveis e Inflamáveis(NR 20)Atividades de abastecimento, beneficiamento e estocagem de líquidos inflamáveis, de gases inflamáveis e de líquidos combustíveis.
Trabalho em Espaço Confinado(NR 33)Trabalho executado em qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.
Trabalho em Altura(NR 35)Toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda.

Fonte: Rodrigues & Faiad, 2018 & adaptada pelo autor.

De acordo com Pereira (2019) algumas características são importantes para realizar uma avaliação psicossocial, tais como: atenção concentrada e seus recursos cognitivos (TDAH), traços de personalidade, organização emocional, vulnerabilidade ao estresse, transtornos relativos ao uso de substâncias psicoativas como o álcool ou qualquer outra droga que posso afetar a percepção da pessoa. A entrevista no processo contribui para tanto coletar informações assim como articular os dados obtidos no levantamento de dados psíquicos. A autora conclui que embora não haja extensa pesquisas relacionadas ao tema Psicossocial, há divergências e margem para erro na interpretação de quem pode ou não realizar essa avaliação (Pereira, 2019). Seu estudo também não ressalta a importância dos instrumentos que contemplam, muitas vezes, o processo de avaliação psicossocial. Haja vista que há instrumentos gerais para avaliação de traços projetivos e expressivos da personalidade, testes de atenção concentrada, memória, inteligência, entre outros, mas como Avaliação Psicossocial ainda é uma realidade nova para muitos profissionais e não existe um instrumento específico para essa área. 

Muitas vezes, para a realização de uma avaliação psicossocial, é necessária uma gama de instrumentos para averiguar várias dimensões psicológicas dos candidatos, devido não haver instrumentos validados para essa finalidade, o que consequentemente encarece o processo, o que muitas vezes faz com que as empresas optem por não realizar o exame com psicólogo, já que nem todas as normas regulamentares especificam a exigência do exame com o profissional da psicologia (Pereira, 2019). Nesse sentido, o objetivo é verificar a consistência interna de uma escala de personalidade psicossocial com foco nas Normas Regulamentares 33 e 35 do Ministério do Trabalho (2006 e 2012). 

Metodologia

Seleção da amostra

Neste trabalho optou-se por um delineamento transversal descritivo, de uma amostra por conveniência, oriundas de avaliação psicológica de uma clínica de psicologia situada na região do ABC-SP. Essa clínica foi escolhida pelo fato de que uma de suas atividades principais, é realizar avaliação psicológica para pessoas que atua em área de risco; especificamente, profissionais que estão submetidos às Normas Regulamentares do Ministério do Trabalho (NR 33 e NR 35 – motoristas profissionais, atividades em espaço confinado e trabalho em altura). 

A coleta foi realizada entre outubro de 2021 até junho de 2022. A estimativa é de conseguir 250 pessoas para esse estudo exploratório. Esse número foi estimado para esse estudo exploratório, no intuito de gerar soluções fatoriais estáveis, conforme também realizado na Escala Fatorial de Socialização – EFS (Nunes & Hutz, p. 25, 2007). Para a construção da EFS, os autores propõem que a amostra deveria contemplar pelo menos cinco vezes o número de itens da escala a ser estudada (Nunes & Hutz, p. 25, 2007), o que em nosso caso, corresponde a uma amostragem mínima de 240 pessoas para manter análises mais consistentes. Seguindo os padrões de pesquisa com seres humanos, o pré-projeto foi submetido ao Comitê de ética da Faculdade Medicina do ABC sob número CAAE 42661520.9.0000.0082.

O processo de Avaliação Psicológica (AP) contempla traços de personalidade avaliados com instrumentos validados pelo conselho federal de psicologia; nesse caso a Bateria Fatorial de Personalidade – BFP (Nunes, 2016); entrevista semi-estruturada; avaliação da Atenção concentrada (Rueda, 2014); Raciocínio Lógico Beta III (Kellog, 2013); Escala de Personalidade Psicossocial (teste a ser pesquisado); assim como a Escala de Sonolência Epworth (Bertolazi et al. 2009) e o Self Repport Questionary – SRQ 20 (Mari & Willians, 1986) para análise de distúrbios psiquiátricos menores. Contudo, iremos focar apenas na Escala de Personalidade Psicossocial objeto desse estudo.

Procedimento para coleta de dados

Os dados foram coletados quando as pessoas chegarem na clínica para o exame psicológico/psicossocial. A clínica possui sala para avaliação psicológica coletiva e uma sala para entrevista individual. Foi apresentado aos clientes o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE em anexo), explicado sobre os testes a serem aplicados; primeiro o questionário Sociodemográfico, Escala Epworth (Bertolazi et al. 2009), SRQ 20 (Mari & Willians, 1986); teste de atenção concentrada (Rueda, 2014), na sequência, teste de personalidade BFP (NUNES, 2016), seguido do teste de Raciocínio Logico Beta III (Kellog, 2013), seguido da Escala de Personalidade Psicossocial (teste a ser pesquisado). A coleta de dados teve duração média de uma hora.

Instrumentos de avaliação

Escala de Personalidade Psicossocial (EPP – objeto desse estudo): Essa escala tem como objetivo avaliar características de personalidade com foco em comportamento de risco de pessoas que atuam em áreas de risco vinculados às normas regulamentares do ministério do trabalho (NR 20, NR 33 e NR 35). Essa escala foi pensada e desenvolvida junto a experiências dos profissionais que já realizaram avaliações anteriores para manter suas atividades laborais. Os profissionais relatam suas dificuldades e os riscos que envolviam suas atividades, o que norteavam o desenvolvimento dos itens da escala. O instrumento apresenta 48 frases, as quais o avaliado vai relatar o quanto ele se identifica com a frase, numa escala tipo likert que varia de 1 até 5 pontos. Quanto maior o valor dado nas frases mais a pessoa se identifica com o item em questão, assim como o inverso se aplica. Os 48 itens da escala foram subdivididos em 8 características de personalidade e mais uma amostragem total. Os itens a serem avaliados são: 

  1. Ansiedade: pontuações medianas refere que a pessoa apresenta padrões comportamentais e emocionais comuns para a população no geral. Com escores abaixo da média, a pessoa tende a não perder tempo se preocupando com coisas que não possa resolver sozinha; tende a não demonstrar padrões de irritação ou agitação, traços de ansiedade, como mãos transpirando mais do que o normal, além de não tomarem decisões quando estão nervosos, ou com a sensação de tensão física ou psíquica. As pontuações acima da média representam justamente o oposto das características apresentadas, configurando sinais de ansiedade conforme estabelecido no CID 10 – F41 (Organização Mundial da Saúde, 1994).
  1. Emotividade: pontuações medianas refere-se a pessoas que apresentam padrões comportamentais e emocionais comuns a maior parte da população. Com pontuações baixas, a pessoa tende a não apresentar tendências a fazer coisas apenas para agradar as pessoas, não se sentirão tão inseguras, tendem a não tomarem decisões de forma precipitadas, tendem a não apresentar humor instável na realização das tarefas, podem também apresentar baixa dificuldade na realização de suas tarefas, porque tendem a acreditar em seu potencial e podem apresentar uma visão muito otimista sobre a realidade. Importante ressaltar que pontuações muito baixas podem estar relacionadas a uma pré-disposição do sujeito para superestimar seu potencial, o que devemos avaliar com maior acuidade.
  1. Agressão: pessoas com escores medianos tendem a apresentar um padrão comportamental e emocional dentro do esperado para a população geral. Escores altos denota maior identificação a traços de personalidade aos quais a pessoa tende a irritar as pessoas a sua volta, pessoas que ficam nervosas e agressivas por qualquer desconforto psicológico; tendem a criticar as pessoas sem receio das consequências; tendem a desenvolver sentimento de frustração facilmente quando é contrariado; tendem a apresentar comportamentos preconceituosos e racismo e pode agredir alguém caso se sinta ofendido ou contrariado, lhe trazendo desconforto psicológico ou emocional.
  1. Afeto: pessoas com escores medianos tendem a apresentar um padrão comportamental e emocional dentro do esperado para a população geral. Pessoas com escores altos tendem a trabalhar para contribuir com o crescimento do grupo e das pessoas com quem convive; se sente à vontade para apoiar o trabalho dos colegas; sempre disponíveis quando percebe que algum colega esteja passando por dificuldades, em trabalhos que envolve risco, tende a estar de prontidão para auxílio, observando as medidas de segurança adequadas para realização do trabalho; tende a trabalhar bem as pessoas incluindo pessoas que não conhece, denotando cordialidade e atenciosidade.
  1. Competência: pessoas com escores medianos tendem a apresentar um padrão comportamental e emocional dentro do esperado para a população geral. Pessoas com escores altos tende a realizar tarefas de forma segura, com planejamento adequado para que o trabalho seja efetivado de forma satisfatória; em atividade em áreas de risco tendem a manter o máximo de atenção e cuidado para que não haja acidentes; tende a receber as orientações de seus superiores de forma tranquilo considerando que as normas são para a própria segurança e do grupo a sua volta.
  1. Fobias: pessoas com escores medianos tendem a apresentar um padrão comportamental e emocional dentro do esperado para a população geral. Pessoas com escores altos nessa faceta tendem a se queixar de sentimentos de morrer constantemente; sentem palpitações e dores no peito sem motivo aparente; tendem a apresentar medos limitadores ao entrarem em lugares muito fechado e sensação de morte eminente, fazendo com que sinta falta de ar; tendem a sentir tonturas quando está em lugares altos, denotando falta de controle emocional, o que pode lhe deixar mais agitado e nervoso.
  1. Ordem: pessoas com escores medianos tendem a apresentar um padrão comportamental e emocional dentro do esperado para a população geral. Pessoas com escores altos nessa faceta tendem a demonstrar alto rigor nas tarefas executadas, sempre priorizando os pré-requisitos de segurança, a organização metodológica do trabalho e mesmo que seja atividades de maior complexidade, essas pessoas tendem a se superar os limites e maior aproveitamento dos seus afazeres.
  1. Sociabilidade: pessoas com escores medianos tendem a apresentar um padrão comportamental e emocional dentro do esperado para a população geral. Pessoas com escores baixo em socialização podem vir apresentar padrões de comportamento que dificulta o laço social, assim como podem apresentar traços de inflexibilidades caso alguém precise de auxílio, baixo sentimentos de ciúmes, tendem a não acharem que as pessoas tentam lhes prejudicar no ambiente do trabalho e tendem a ser menos empático para com as pessoas.
  1. Escala Total: pessoas com escores medianos tendem a apresentar um padrão comportamental e emocional dentro do esperado para a população geral nas diversas expressões da personalidade avaliadas pelo instrumento. Os escores extremos da tabela devem ser observados as características específicas que se ressalta na avalição final; pois os níveis extremos das tabelas podem denotar um ajustamento dos traços de personalidade fragilizados em seu desenvolvimento e seu oposto também se verifica. Importante ressaltar que nem todo escore baixo pode ser um diferencial ruim na dinâmico do sujeito assim como nem todo escore alto pode ser adequado para contextos de trabalhos que envolve riscos à saúde ou prejuízo ao meio ambiente.

Procedimentos para análise de dados 

Após coleta de dados, as respostas brutas de cada protocolo serão distribuídas numa planilha do software Microsoft Excel 2007 (Microsoft Corporation, san Diego, EUA), para fazer a somatória dos pontos brutos e posteriormente transformá-los em percentil, assim estabelecendo uma tabela de amostra geral dos itens acima mencionados. Para essa escala, utilizar-se-á como paramentos traços significativos de personalidades, protocolos que apresentarem percentis abaixo de 30 e acima do percentil 70. Todos os protocolos que apresentarem percentil do 30 até 70, considerar-se-á dentro do esperado para a população geral.

As variáveis qualitativas serão apresentadas por frequência absoluta e frequência relativa, às variáveis quantitativas por média, desvio-padrão. Será realizado análise de distribuição normal dos dados utilizando teste de Shapiro-Wilk. Para analisar a correlação entre as variáveis será utilizado o teste de correlação de Pearson. Será realizada análise de confiabilidade das respostas para os subitens da Escala de Personalidade Psicossocial com Coeficiente Alpha de Cronback – 0 a 0,21 [baixa confiabilidade]; 0,21 a 0,40 [razoável]; 0,41 a 0,60 [moderada]; 0,61 a 0,80 [boa confiabilidade]; 0,81 a 1,0 [ótima confiabilidade] (Landis & Koch, 1977). A regressão linear simples será realizada para avaliar a relação entre a variável dependente (domínios da escala psicossocial) com questionário BFP. As variáveis idade, sexo e escolaridade serão utilizadas como ajustes para modelos. O nível de confiança adotado será de 95%. O programa estatístico utilizado é o Stata versão 12.0.

Resultados e Discussão

O trabalho foi proposto como uma forma de apresentar evidências de consistência interna de uma Escala de Personalidade relativas a atividades laborais norteadas pelas normas regulamentares do ministério do trabalho (NR33 e NR 35). A expectativa foi de avaliar 250 pessoas que exercem atividade em áreas de risco norteadas pela NR 33 e NR 35 do Ministério do Trabalho. Foram convidados a participar da pesquisa 300 pessoas. Contudo, apenas 164 pessoas aceitaram participar da amostragem, dentre elas 6 mulheres e 158 homens. As pessoas que não aceitaram relataram motivos diversos; alguns deles relataram que iria demorar muito e que já estavam cansados devido bateria de exames que já haviam realizado junto a equipe de medicina ocupacional ou por estarem em jejum. 

O fato de apresentar poucas mulheres nesse estudo, pode ser uma fragilidade da Escala de Personalidade Psicossocial, o que pode dificultar a extrapolação dos dados para a população geral. Um detalhe que chamou atenção na coleta, foi que a maior parte dos avaliados, exercem atividades de risco em altura, realizando trabalhos de instalações em lugares altos, sistemas elétricos, montagem de andaimes em construção civil, ou atividades em locais confinados, os quais raramente há mulheres nessas atividades. Desse público, 39 pessoas possuíam ensino fundamental completo/incompleto; 103 pessoas apresentaram ensino médio completo/incompleto; 22 está cursando ensino superior ou já concluíram graduação.

Essas pessoas são oriundas de diversos estados brasileiros: 95 são naturais de São Paulo; 3 de Sergipe; 2 do Rio de Janeiro; 3 do Paraná; 5 do Piauí; 12 de Pernambuco; 2 da Paraíba; 1 de Mato Grosso do Sul; 10 de Minas Gerais; 1 do Maranhão; 2 do Espírito Santo; 7 do Ceará; 16 da Bahia e 5 do Alagoas. A média de idade foi de 38,7 anos; mínimo de 18 anos e máxima de 65 anos. Na tabela 2 verifica-se análise descritiva de quantas pessoas responderam os itens com respostas que varia de 1 a 5 pontos e a porcentagem.  

Tabela 2: Análise descritiva de acordo com pontuação bruta de cada item da Escala de Personalidade Psicossocial (n = 164)

Questão/ Alternativas12345
n (%)
118 (10.98)31 (18.90)30 (18.29)68 (41.46)17 (10.37)
22(1.22)3 (1.83)3 (1.83)42 (25.61)114 (69.51)
32 (1.22)3 (1.83)2 (1.22)39 (23.78)118 (71.95)
46 (3.66)12 (7.32)8 (4.88)56 (34.15)82 (50.00)
5128 (78.05)18 (10.98)11 (6.71)4 (2.44)3 (1.83)
649 (29.88)41 (25.00)35 (21.34)24 (14.63)15 (9.15)
793 (56.71)18 (10.98)27 (16.46)10 (6.10)16 (9.76)
835 (21.34)33 (20.12)22 (13.41)39 (23.78)35 (21.34)
93 (1.83)8 (4.88)13 (7.93)78 (47.56)62 (37.80)
101 (0.61)3 (1.83)4 (2.44)48 (29.27)100 (65.85)
113 (1.83)1 (0.61)1 (0.61)26 (15.85)133 (81.10)
124 (2.44)2 (1.22)5 (3.05)52 (31.71)101 (61.59)
13106 (64.63)31 (18.90)18 (10.98)6 (3.66)3 (1.83)
14107 (65.24)19 (11.59)21 (12.80)12 (7.32)5 (3.05)
15136 (82.93)10 (6.10)13(7.93)3 (1.83)2 (1.22)
1657 (34.76)41 (25.00)31 (18.90)20 (12.20)15 (9.15)
17119 (72.56)11 (6.71)22 (13.41)6 (3.66)6 (3.66)
18103 (62.80)28 (17.07)18 (10.98)9 (5.49)6 (3.66)
1994 (57.32)37 (22.56)16 (9.76)13 (7.93)4 (2.44)
2057 (34.76)31 (18.90)38 (23.17)26 (15.85)12 (7.32)
216 (3.66)8 (4.88)6 (3.66)57 (34.76)87 (53.05)
223 (1.83)1 (0.61)4 (2.44)44 (26.83)112 (68.29)
234 (2.44)4 (2.44)8 (4.88)42 (25.61)106 (64.63)
2454 (32.93)32 (19.51)36 (21.95)27 (16.46)15 (9.15)
25121 (73.78)16 (9.76)19 (11.59)5 (3.05)3 (1.83)
26123 (75.00)15 (9.15)17 (10.37)6 (3.66)3 (1.83)
2782 (50.00)23 (14.02)29 (17.68)20 (12.20)10 (6.10)
2884 (51.22)37 (22.56)23 (14.02)13 (7.93)7 (4.27)
299 (5.49)5 (3.05)6 (3.66)34 (20.73)110 (67.07)
303 (1.83)5 (3.05)4 (2.44)24 (14.63)128 (78.05)
315 (3.05)4 (2.44)3 (1.83)27 (16.46)125 (76.22)
3237 (22.56)24 (14.63)30 (18.29)34 (20.73)39 (23.78)
3314 (8.54)14 (8.54)29 (17.68)54 (32.93)53 (32.32)
34127 (77.44)5 (3.05)21 (12.80)4 (2.44)7 (4.27)
3560 (36.59)19 (11.59)23 (14.02)24 (14.63)38 (23.17)
367 (4.27)2 (1.22)9 (5.49)48 (29.27)98 (59.76)
37118 (71.95)14 (8.54)11 (6.71)11 (6.71)10 (6.10)
3872 (43.90)23 (14.02)42 (25.61)14 (8.54)13 (7.93)
3997 (59.15)27 (16.46)24 (14.63)8 (4.88)8 (4.88)
40112 (68.29)17 (10.37)20 (12.20)5 (3.05)10 (6.10)
4127 (16.46)4 (2.44)26 (15.85)49 (29.88)58 (35.37)
423 (1.83)3 (1.83)3 (1.83)42 (25.61)113 (68.90)
4311 (6.71)2 (1.22)2 (1.22)34 (20.73)115 (70.12)
44114 (69.51)10 (6.10)23 (14.02)8 (4.88)9 (5.49)
45102 (62.20)31 (18.90)18 (10.98)5 (3.05)8 (4.88)
4699 (60.37)13 (7.93)35 (21.34)11 (6.71)6 (3.66)
47105 (64.02)20 (12.20)28 (17.07)8 (4.88)3 (1.83)
4857 (34.76)13 (7.93)21 (12.80)38 (23.17)35 (21.34)

Com análise de Coeficiente Alpha de Cronbach, os dados nos mostraram que os itens Ansiedade, Fobias, Instabilidade Emocional, Agressão e Ordem atingiram boa consistência interna em seus itens de acordo com (Landis & Koch, 1977). Mesmo os itens Ansiedade e Agressão terem atingido boa confiabilidade, seguindo padrões dos instrumentos já validados pelo conselho federal de psicologia, atingir um Alpha de Cronbach acima de 0,70 apresentaria maior confiabilidade e visibilidade ao instrumento. Os itens afeto, competência e sociabilidade apresentaram confiabilidade moderada, o que sugere que os itens podem ser trabalhados para alcançar maior consistência e fidedignidade ao que se propõe avaliar. No entanto, na escala total, a confiabilidade das respostas atingiu α 0,874, o que indica boa consistência interna conforme escala apresentada por Landis & Koch (1977). 

Tabela 3. Análise de Alpha de Cronbach do questionário escala psicossocial segundo domínios 

DomíniosMédia (DP)MínimoMáximoalpha C. (α)
Ansiedade12.02 (4.20)6250.622
Fobias9.91 (4.40)6250.745
Emotividade11.51 (4.60)6290.702
Agressão10.53 (3.80)6220.623
Afeto25.56 (3.66)15300.520
Competência25.94 (3.08)12300.513
Ordem26.30 (3.66)12300.705
Sociabilidade18.048 (4.02)7260.422
Total139.84 (18.23)971980.874

Para encontrar a classificação das respostas dadas pelos avaliados na EPP, foi desenvolvido uma tabela para a população geral, onde foi possível verificar a pontuação bruta de cada item, averiguar a posição percentílica e a classificação (inferior, média e superior) para cada característica avaliada. Logo, a tabela seguiu as mesmas configurações de classificação como o Inventário Fatorial de Personalidade (Leme, 2013), BFP (Nunes, 2016), EFS (Nunes & Hutz, 2007), etc.

Conclusão

Esse estudo piloto demonstrou que é possível desenvolver uma escala para avaliar profissionais que atuam na área de risco. Com os resultados obtidos, a Escala de Personalidade Psicossocial apresentou boa confiabilidade na consistência interna no subitem Total. Contudo, urge a necessidade de ajustar os itens com confiabilidade moderada, com intuito de melhorar a sensibilidade da consistência dos sub características. O fator gênero se mostrou fator de fragilidade, considerando o baixo número de participantes mulheres. O quantitativo da amostra também foi um diferencial, considerando que não foi possível alcançar mínimo de 240 pessoas como previsto no pré-projeto. Todas as características da EPP apresentaram potencial para ajustes e aprofundar os dados para validação da EPP, contribuindo com profissionais da psicologia na avaliação psicológica no contexto das Normas Regulamentares 33 e 35.

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1Mestre em Saúde pela Faculdade Medicina do ABC
Neuropsicólogo pelo Einstein
E-mail: cristiano_caires@live.com