ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE BIOFERTILIZANTE E FERTILIZANTES COMERCIAIS EM UMA APP NO MUNICÍPIO DE CANAÃ DOS CARAJÁS-PA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10653959


Itamar dos Santos Fonseca;
Dayele da Silva e Silva;
Erinalva do Socorro Rodrigues de Oliveira;
Shiwly Maclene Pereira Matias;
Andson Pereira Ferreira


RESUMO 

O uso de fertilizantes tem se tornado bastante útil na prática das culturas como forma de reposição nutricional, fornecendo um melhor desenvolvimento no crescimento de árvores e vegetais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho se propõe a analisar qual adubo é mais eficiente para o desenvolvimento de mudas nativas, tais como: Peroba, Cajá, Jatobá, Cedro Rosa, Tento-Carolina, Ipê Amarelo, Ipê Rosa, Ipê Branco, Jenipapo e Aroeira. O estudo foi realizado em uma Área de Preservação Permanente no município de Canaã dos Carajás – PA, no período entre 14 de dezembro de 2021 e 25 março de 2022. A referida área é composta por um córrego que atravessa o bairro Oásis, em um perímetro de 1.248 metros, sendo que a área tem cerca de 1,97 h de extensão. Para facilitar a análise do estudo, foi separado quatro blocos denominados A, B, C e D contendo 12 mudas cada, onde foram identificados como o bloco de controle ou mudas testemunhas, bloco de aplicação do adubo biofertilizante, bloco de aplicação do adubo NPK 200020 e o bloco de aplicação do adubo NPK 101010, respectivamente. Para a análise dos dados, foi utilizado a média aritmética simples como instrumento estatístico para mensurar o crescimento de cada muda em seus respectivos blocos. As avaliações e as medições ocorreram em um intervalo quinzenal. Os resultados alcançados mostraram um melhor desempenho nos blocos onde foram aplicados os adubos NPK 101010 e o biofertilizante, com média de crescimento de 16, 16 cm e 11, 33 cm, respectivamente. O bloco de controle, denominado testemunhas, obteve uma taxa média de crescimento de 9, 83 cm, apenas com o auxílio do roço e do coroamento. 

Palavras-Chave: Área de Preservação Permanente. Biofertilizante. Reposição de Mudas. 

1 INTRODUÇÃO 

As Áreas de Preservação Permanente ou APP’s, segundo Kinczel (2018), são áreas protegidas por lei, que possui a função de preservar diversos tipos de recursos hídricos como lagos, lagoas, rios e nascentes, sendo igualmente importante destacar o seu papel na preservação da estabilidade do solo, prevenindo erosões e protegendo a fauna e a flora destas localidades. As APP’s são de muita importância para as áreas urbanas, isso porque as mesmas podem ser utilizadas como áreas de lazer e deixam as cidades mais arborizadas.  

Para que as APP’s cumpram suas funções com êxito, é comumente recomendado a utilização de práticas de reflorestamento ou reposição de mudas em torno dessas áreas. Sendo assim, este trabalho destaca as atividades executadas por uma equipe de alunos do curso técnico de meio ambiente, do Instituto Federal do Pará – IFPA, em uma APP no município de Canaã dos Carajás – PA. Vale destacar que na APP já houve um reflorestamento no ano de 2020, mas devido a morte de parte das mudas, buscou-se repor a quantidade perdida. 

As atividades práticas do curso bem como o estágio supervisionado são citados pelo Projeto Pedagógico do Curso – PPC, o qual reitera a importância das práticas de campo para a formação do técnico em meio ambiente. Dessa forma, o período de execução das atividades ocorreu de 14 de dezembro de 2021 à 25 de março de 2022, onde foram realizadas as seguintes atividades: o roço, o coroamento, a reposição de mudas, a aplicação de fertilizantes e o monitoramento da área. 

Sobre o uso de fertilizantes podemos destacar a utilização dos macros nutrientes NPK na fertilização dos solos, sendo que este assunto foi discutido na disciplina Poluição e Controle da Qualidade do Solo, onde foi mostrado que estes adubos servem para repor os nutrientes do solo. Sendo assim, o uso de fertilizantes é de suma importância para auxiliar no desenvolvimento das mudas, tanto no crescimento das folhas e sua coloração quanto à revitalização das raízes. Dessa maneira, nos propusemos analisar qual adubo é mais eficiente para o desenvolvimento de mudas nativas, das quais podemos citar algumas como Ipê Amarelo, Ipê Rosa, Jenipapo, Aroeira, dentre outras. Os adubos utilizados foram o NPK 101010 e o NPK 200020 e também o biofertilizante o qual é proveniente do Biodigestor.  

Para a realização do estudo, foi seguido primeiramente as etapas do roço, do coroamento e da reposição das mudas. Foi adotado, como forma metodológica para a análise de dados do estudo, uma amostra de 48 mudas, divididas em 4 blocos denominados blocos A, B, C e D, contendo diferentes espécies nativas.  

O trabalho se torna interessante por mostrar a importância da prática do reflorestamento em áreas urbanas, com a função de proteger o solo e as fontes de águas, visando preservar a natureza em ambientes citadinos.  

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE- APP’s 

As APP’S, de acordo com a Lei de n° 12.651, de 25 de maio de 2012, no seu 3º art. e 2º inciso, são áreas protegidas, possuindo cobertura ou não por vegetação nativa, tendo como função ambiental a preservação dos recursos hídricos, da paisagem, da biodiversidade, […] da fauna e flora, […], (BRASIL, 2012).  

Sobre o conceito de APPs, assim destacam Machado e Anderson (2016):  

Áreas de Preservação Permanente (APP), são áreas física e ecologicamente frágeis – como matas ciliares, nascentes, topos de morros, encostas e manguezais -, caracterizadas pelos importantes serviços ambientais que prestam na paisagem, como conservação de recursos hídricos, biodiversidade, proteção do solo, estabilização geológica e facilitação do fluxo gênico de fauna e flora nativas (MACHADO; ANDERSON, 2016, p. 40). 

Dessa forma, segundo o Código Florestal Brasileiro, conforme apontam Machado e 

Anderson (2016, p. 41), existe uma delimitação das larguras mínimas das áreas de APP para cursos d’água, sendo o que se segue: 

  • Sendo de 30 metros para curso d’água com largura menor que 10 metros; 
  • De 50 metros para curso d’água que contenham a largura entre 10 e 50 metros; 
  • De 100 metros para curso d’água que possui a largura de 50 a 200 metros; 
  • De 200 metros para curso d’água que contém largura entre 200 e 600 metros; 
  • De 500 metros para o curso d’água que possuir largura maior que 600 metros.  

No que se refere a importância das APP’s, Azevedo (2021) destaca que as mesmas 

“possuem o objetivo de proteger os recursos hídricos, conservar a biodiversidade de espécies de plantas e animais, controlar a erosão do solo e, consequentemente, o assoreamento e a poluição dos cursos d’água” (AZEVEDO, 2021, p.2).   

A autora ainda acrescenta que outra função das APP’s é “proporcionar a infiltração e a drenagem pluvial, contribuindo para a recarga dos aquíferos e diminuindo a ação das águas na dinâmica natural, evitando enxurradas, inundações e enchentes” (AZEVEDO, 2021, p.2). 

Kinczel (2018) aborda sobre a importância das APPs nas áreas urbanas, segundo a autora: 

“é necessário que haja a manutenção dessas APP’s no meio urbano que embelezam as cidades e são utilizados como áreas de lazer e recreação, e propicia uma melhor qualidade de vida a toda a população que desfruta dos benefícios que essas áreas proporcionam” (KINCZEL, 2018, p. 1). 

Desta maneira, as APPs são de grande importância para a preservação das nascentes e outros recursos hídricos que existe no meio urbano, fazendo com que as cidades se tornem mais agradáveis para viver.   

Sobre o conceito de degradação, de acordo com Louzada (2013), pode-se entender que são alterações nos ecossistemas ou ambientes que acabam de alguma maneira prejudicando os seres vivos dessas localidades. Assim sendo, ela pode ser causada por ações antrópicas, ou seja, pelo homem e também pode ser causada pela natureza (LOUZADA, 2013). Neste sentido, nos propusemos a falar sobre o tipo de degradação ocasionada por fatores climáticos, que, neste caso, são decorrentes das chuvas, por exemplo, a erosão. Dessa maneira, uma das características de recuperação de Áreas de Preservação Permanente é a contenção a erosão do solo, conforme descrito no Código Florestal Brasileiro (MACHADO; ANDERSON, 2016).  

Sobre o fenômeno da erosão, tem-se que: 

A erosão é um dos processos de dinâmica superficial responsável pela modelagem da superfície da terra, que é governada por agentes como clima, ação da água e vento, natureza do material, relevo e ação antrópica e compreende um conjunto de fenômenos naturais que envolvem a formação de materiais detríticos provenientes da decomposição e desagregação das rochas e dos solos (SANT’ANA; NUMMER, 2011, p. 01). 

Oliveira (2020), corrobora que: “[…] a erosão é entendida como o processo de desagregação e remoção de partículas do solo ou fragmentos de rocha pela ação combinada da gravidade em água, vento, gelo ou organismos” (OLIVEIRA, 2020, p. 01).    

Assim, como proposta de recuperação de áreas degradadas, por este tipo de fenômeno, tem-se o que afirmam Pires e Royer (2012), onde é explicitado sobre a importância da vegetação e matas ciliares no combate a erosão e assoreamento de córregos, ao mesmo tempo em que dificulta a poluição dos mesmos. Dito isso, entendemos que a plantação de mudas é uma maneira eficiente para a recuperação de áreas afetadas por este tipo de degradação. 

De acordo com o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, na sua resolução CONAMA Nº – 429, de 28 de fevereiro de 2011, que dispõe sobre as metodologias de recuperação das APP’s, e de conformidade com o capítulo III e art. 3º, os métodos de recuperação podem ser efetuados com: “I. Condução da regeneração natural de espécies nativas; II. Plantio de espécies nativas; e III Plantio de espécie nativas conjugado com a condução da regeneração natural de espécies nativas” (BRASIL, 2011, p. 1- 2).  

 Sobre a plantação de mudas, Ferreira (2016) aponta que: 

O Relatório das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Mundial dos Recursos Hídricos de 2015 enfatizou o papel da vegetação ripária para a gestão das fontes de água, principalmente em áreas de várzeas e urbanas, tendo em vista sua capacidade de purificar a água, de controle biológico, de combater a erosão de mitigar as inundações. Recomendou-se inclusive medidas como reflorestamento e conservação desses recursos vegetais, o que contribui para a melhoria da qualidade dos reservatórios de água                (FERREIRA, 2016, p. 25).  

Desta forma, Ferreira (2016) aborda a importância do reflorestamento em áreas onde exista o risco de erosão, sendo uma ótima opção e maneira de purificar a água e de controle biológico. 

Sobre a importância da educação ambiental, tem-se que para Pires e Royer (2012), a degradação ambiental tem sido um problema para diversos setores da sociedade. Assim, os mesmos autores apresentam a educação ambiental como uma parte inovadora da solução para combater esta problemática (PIRES; ROYER, 2012).  

2.2 A IMPORTÂNCIA DO USO DE FERTILIZANTES E BIOFERTILIZANTES 

No que tange ao uso dos fertilizantes nos solos, com a finalidade de nutrir e contribuir para o desenvolvimento das mudas, Medina (2020) destaca que os fertilizantes do tipo NPK são de grande importância para as indústrias agrícolas. Tem-se que o NPK é composto por três tipos de nutrientes, são eles: (N) Nitrogênio, (P) Fósforo e (K) Potássio. De acordo com Medina (2020), esses nutrientes são chamados de Macronutrientes Primários.  

Cada um desses nutrientes possui uma função específica, conforme destaca Medina (2020):  

Nitrogênio: Grande colaborador no desenvolvimento da planta, no surgimento de brotos e folhas. Com sua carência, as folhas velhas costumam ficar com tom amarelado, perdendo aquele tom verde, bem característico da clorofila. Fósforo: Ele é responsável por estimular a frutificação e floração da planta. A planta quando apresenta deficiência de fósforo atinge o crescimento, causando também uma coloração verde-escura anormal. Potássio: Esse nutriente, fortalece os tecidos dos vegetais, tornando-os mais resistentes à ação de pragas e outros agentes prejudiciais às plantas. A planta com deficiência em potássio tem um baixo rendimento, uma qualidade inferior dos frutos (MEDINA, 2020, p. 1). 

De conformidade com Medina (2020), a numeração dos fertilizantes NPK descreve a concentração dos nutrientes na ordem dada, por exemplo, o fertilizante NPK 101010, significa que há uma concentração de 10% de nutrientes de Nitrogênio, Fósforo e Potássio, respectivamente.  Nesse sentido, como destaca Medina (2020) o uso do NPK 101010 serve para: “[…] gramas, folhagens e vegetações que não produzem frutos” (MEDINA, 2020, p.1). 

Além dos fertilizantes NPK existe outros adubos bastante úteis na prática de cultura, como por exemplo, o Biofertilizante proveniente do biodigestor. Para Ibelli (2021): “o Biofertilizante é um coproduto do processo da biodigestão, que contém organismos e nutrientes (micro e macro) 

[…]” (IBELLI, 2021, p. 1). Os biodigestores também podem ser muito econômicos na prática da cultura. Sobre o uso deste importante adubo, Ibelli (2021) destaca:  

O efluente produzido no biodigestor tem potencial de utilização como adubo orgânico e pode ser utilizado para irrigação em culturas anuais ou perenes, em sistemas de produção convencionais ou orgânicos. A parte sólida do biofertilizante pode ser usada em compostagem e consumida como fertilizante (IBELLI, 2021, p. 1). 

 Os biofertilizantes também podem ser derivados de animais como vacas e suínos, por exemplo. Ainda de acordo com Ibelli (2021), os biofertilizantes podem ser utilizados sem comprometer o solo e o meio ambiente. Sendo que a sua utilização é complementar ou alternativa aos adubos químicos (IBELLI, 2021). 

Souza e Peres (2016), mostram que os Biofertilizantes, provenientes de animais bovinos, possuem uma grande riqueza em húmus, que são de grande relevância para a nutrição de mudas.            

3 MATERIAIS E MÉTODOS 

 Nessa área de APP foi realizado anteriormente um reflorestamento, mas devido a morte de parte das mudas houve a necessidade de compensar as mudas perdidas. Dessa forma, foi realizado uma reposição de mudas. As atividades se deram nos meses de dezembro de 2021 à março de 2022. Para a realização das atividades, foi procurado o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), para, assim, ser trabalhada uma metodologia de replantio. Dessa maneira, a atividade foi desenvolvida pela equipe de alunos do Curso Técnico em Meio Ambiente do Instituto Federal do Pará – IFPA. Tendo como membros da equipe os alunos: Dayele da Silva e Silva, Erinalva do S. R. de Oliveira, Shiwly Maclene P. Matias e Itamar dos Santos Fonseca e, como orientador do projeto, o professor Andson Pereira Ferreira. Para compor o restante da equipe deste projeto, foram inclusos, como participantes, os engenheiros Francisco Martins de Sousa Júnior e Maiko Jordan Nunes Durães, ambos pertencentes a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) de Canaã dos Carajás.  

Na figura 1 é mostrado a área na qual foi desenvolvido o projeto: 

                 Figura 1: Área de Preservação Permanente APP – Bairro Oásis  

                Fonte: Os Autores 2022  

A área de replantio possui cerca de 1, 97 hectares e é considerada uma área de preservação permanente no município. Assim, é importante destacar, como mencionado anteriormente, que já houve um primeiro plantio de mudas neste local. Porém, devido as perdas de partes das mudas referente ao primeiro plantio, houve a necessidade de repor a quantidade extraviada. Para isso, como mostraremos mais adiante, foi realizado o levantamento da quantidade de mudas perdidas da área.   

O início das atividades se deram no dia 14 de dezembro de 2021, com o roço da APP. De acordo com o dicionário Aurélio, entende-se que o roço consiste em derrubar ou cortar uma vegetação (FERREIRA, 2010). Nesse sentido, o roço tem a função de desobstruir a passagem dos raios solares até à planta. Logo após ao roço, o qual teve duração em média de três dias, foi realizado o próximo passo para a reposição, o coroamento das mudas. De acordo com Fontes e Martins (2010), o coroamento é uma prática de limpeza que consiste em eliminar plantas infestantes ao redor de um determinado tipo de muda (FONTES; MARTINS, 2010). Em outras palavras, o coroamento serve para diminuir a competição por nutrientes e luz solar. Ainda conforme Fontes e Martins (2010), a forma mais recorrente da prática de coroamento se dá pela capina manual com enxadas, onde deve-se tomar o devido cuidado para não retirar os nutrientes do solo (FONTES; MARTINS, 2010). Dessa forma, foi definido que o coroamento fosse realizado com um diâmetro de 40 cm ao redor da muda. Sendo assim, foi contabilizado um total de 750 coroamentos.  

A foto 1 destaca os momentos do roço e do coroamento da APP. 

            Foto 1: Roço e Coroamento da APP – Bairro Oásis. 

            Fonte: Os Autores (2022) 

A partir dos dias 20 e 21 de dezembro de 2021, foi realizada a contagem das mudas extraviadas para, assim, fazer o levantamento de uma nova quantidade para a reposição. Dessa forma, foi contabilizado o total de 705 mudas perdidas de um saldo de 1.300 do primeiro reflorestamento.  

Tendo sido realizado o roço e o coroamento, o passo seguinte foi fazer a compensação das mudas perdidas. A metodologia adotada para o preenchimento do espaço de replantio foi 3 X 3 metros entre mudas. Tendo em média a profundidade das covas em 10 cm. Sendo assim, as ações de reposição das mudas ocorreram nos dias 6, 7 e 8 de janeiro de 2022, conforme mostra a foto 2.  

             Foto 2: Reposição de mudas 

              Fonte: Os Autores (2022) 

As ações para a reposição da quantidade de mudas perdidas, da APP, como citado anteriormente, foi em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Canaã dos Carajás. Dessa maneira todo o suporte e ferramentas, como: cavadeiras, enxadas e rastelos, bem como o fornecimento das mudas para a reposição foram de incumbência da SEMMA.   

Para um melhor aproveitamento das ações e acompanhamento das informações a serem analisadas, foi definido pela equipe de alunos do IFPA uma área reduzida de estudo, formada por 4 (quatro) blocos de doze mudas cada. Os referidos blocos foram descritos como Bloco 1 (Branco), Bloco 2 (Vermelho), Bloco 3 (Lilás) e Bloco 4 (cor preta). Assim, os mesmos foram separados por cores, para uma melhor identificação do tipo de adubo que seriam aplicados em cada um. Dessa forma, para o Bloco 4 (cor preta), foi definido que seria aplicado o adubo e fertilizante NPK 101010; para o Bloco 3 (Lilás), foi aplicado o adubo e fertilizante NPK 200020; No Bloco 2 (cor vermelha), foi aplicado o adubo Biofertilizante; O Bloco 1 (Branco), foi escolhido como testemunha, ou seja, no mesmo, não seria aplicado nenhum tipo de adubo, mas serviria para a comparação e análise de crescimento com os outros blocos.  

O quadro 1 mostra os blocos da área de estudo:  

Para uma melhor compreensão e identificação, as mudas foram descritas em cada bloco da numeração 1 até ao número 12.  

A outra etapa do processo de estudo, foi a monitoração, ou seja, o acompanhamento do crescimento das mudas. Desta maneira, foi acordado entre os alunos que a cada 15 dias seria aplicado os adubos em cada bloco específico e, também, seria realizado a medição das mudas em estudos. Nesse sentido, a primeira aplicação dos adubos bem como as primeiras medições, aconteceram no dia 11 de janeiro de 2022.  

Sendo assim, o monitoramento aconteceu em 4 datas em que foi aplicado os adubos: 

biofertilizante, NPK 101010 e NPK 200020 e, também, foi realizado as medições de cada muda.  Dessa forma, a quantidade de mudas utilizadas no experimento foi de um total de 48. O quadro a seguir contém algumas espécies usadas na reposição de mudas.  

Quadro 2: Espécies nativas utilizadas na reposição de mudas 

Nome Científico                             Nome Comum 
Aspidosperma Polyneuron                             Peroba 
Spondias Mombin                                            Cajá 
Hymenaea Courbaril                                        Jatobá 
Cedrela Fissilis                                                 Cedro Rosa 
Adenanthera Pavonina                                     Tento-Carolina  
Handroanthus albus                                          Ipê Amarelo 
Handroanthus Heptaphyllus                             Ipê Rosa 
Tabebuia Roseo-alba                                        Ipê branco 
Genipa Americana                                            Jenipapo 
Schinus Terebinthifolia                                     Aroeira 

Fonte: Os Autores (2022) 

Sobre a metodologia adotada para a medição das mudas, foi utilizado uma trena como ferramenta de medição. As medições foram feitas do colo de cada muda até ao galho central correspondente. Como forma de identificar as medições foi usado uma tinta para marcar cada medida, conforme mostra a foto (3):  

Foto 3. Marcação das mudas 

                                                      Fonte: Os Autores (2022) 

  Para calcular as médias de crescimento, foi empregado um cálculo simples de medição. 

Sobre a aplicação dos adubos, no caso dos fertilizantes NPK 101010 e NPK 200020, foi aberta uma cova, em forma da letra “c”, com distância de aproximadamente 10 cm das raízes das mudas. Nesta aplicação foi utilizado 50 e 25 gramas de NPK 101010 e NPK 200020, respectivamente. O adubo biofertilizante foi aplicado diretamente nas raízes das mudas, em uma quantidade de 100 ml. A concentração, no preparo da dosagem, foi de 1 litro de água para 100 ml de biofertilizante. Neste caso, o biofertilizante utilizado foi adquirido em parceria com o Centro de Formação dos Professores de Canaã dos Carajás CEMFOPRED, o qual conseguiu o biofertilizante na zona rural do município. 

No que tange as aplicações dos fertilizantes, nas fotos 4, 5 e 6 é mostrado os momentos em que foram empregados o uso dos adubos biofertilizante, NPK 101010 e NPK 200020, respectivamente.  

Foto 04: Aplicação do adubo biofertilizante 

Fonte: Os Autores (2022)

Foto 05: Aplicação do fertilizante NPK 101010 

Fonte: Os Autores (2022) 

Foto 06: Aplicação do fertilizante NPK 200020

Fonte: Os Autores  

Foto 07: Equipe de alunos do IFPA 

                                                     Fonte: Os Autores (2022) 

RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Para cada bloco, como mencionado anteriormente, foi separado um total de doze mudas de espécies diversas (conforme destaca o quadro 2) e possuindo tamanho distintos. Assim, em cada bloco foi mensurado a taxa de crescimento das mudas, a qual foi dada em centímetros. Os resultados sobre o crescimento das mudas estão descritos em forma de tabela. Após a tabulação dos dados, foi realizado a comparação da média de crescimento de cada bloco bem como a análise de desempenho de cada adubo. 

Na tabela (1), estão as medidas das mudas do primeiro bloco, ou bloco A, denominado bloco de controle ou mudas testemunhas, como se segue: 

Tabela 1: Resultados e Medições do bloco das Testemunhas 

Fonte: Os Autores (2022) 

Conforme aponta a tabela (1), o crescimento das mudas dentro do bloco das testemunhas, no  espaço de sessenta dias, obteve os seguintes resultados em centímetros: muda nº 1,  crescimento de 9 cm; muda nº 2, crescimento de 11 cm; muda nº 3, crescimento de 1 cm; muda de nº 4 cresceu 2 cm; a muda nº 5, obteve o crescimento de 9 cm; muda nº 6, crescimento de 3 cm; muda nº 7, crescimento de 6 cm; muda nº 8, crescimento de 4 cm; a muda nº 9, crescimento de 1 cm; a muda nº 10, obteve um crescimento de 4 cm; a muda de nº 11 cresceu 20 cm e a muda de nº 12, obteve um crescimento de 48 cm. 

Dessa forma, pode-se verificar a taxa média de crescimento em 9,83 ou arredondando em 10 cm para o bloco das testemunhas. No referido bloco, foram empregados como medidas de acompanhamento apenas o monitoramento da área com o roço e o coroamento das mudas.  

Para o segundo bloco, ou B, no qual foi empregado o uso do Biofertilizante, segue os resultados na tabela (2): 

Tabela 2: Resultados e Medições do 2º BLOCO  

Fonte: Os Autores (2022) 

Conforme mostrou a tabela (2), os resultados específicos em crescimento em centímetros de cada muda no bloco B estão descritos da seguinte maneira: a muda de nº 1 obteve crescimento de 4 cm; a muda de nº 2 obteve crescimento de 11 cm; a muda de nº 3, cresceu 7 cm; a muda de nº 4, houve um crescimento de 3 cm; a muda de nº 6,  cresceu 2 cm; a muda de nº 7, obteve um crescimento de 55cm; a muda de nº 8,  cresceu 9 cm; na muda de nº 9, houve um crescimento de 29 cm; a muda de nº 10, desenvolveu apenas 1 cm; a muda de nº 11, cresceu 8 cm e a muda de nº  12 cresceu 7 cm. Houve um decréscimo na muda de nº 5.  

Feito isso, pode-se verificar a taxa de crescimento médio do bloco B, que ficou em 11, 33 ou 11 cm.  

No que tange aos dados do bloco C, no qual foi aplicado o adubo e fertilizante NPK 200020, pode-se verificar os dados na tabela (3): 

Tabela 3: Resultados e Medições do 3º BLOCO  

Fonte: Os Autores (2022) 

Desta forma, para o bloco C, tem-se o desenvolvimento das mudas da seguinte maneira: 

para a 1ª muda o crescimento foi de 2 cm; para a 2ª e 3ª mudas não houve crescimento;  na 4ª muda foi constatado o crescimento de 17 cm; para a 5ª muda houve um crescimento de 3 cm; no caso da 6ª muda houve uma taxa de crescimento de 7 cm; no que se refere a 7ª muda a taxa de crescimento foi de 4 cm; para a muda de nº 8, o crescimento foi de 10 cm;  sobre a muda de nº 9, a mesma foi extraviada, assim também ocorreu com a muda de nº 10; Já a muda de nº 11 obteve um crescimento de 6 cm e para a muda de nº 12 houve um decrescimento, devido a danos exteriores, de 6 cm.  

Já a média relacionada ao bloco C está em 4,08 cm, isso pode ser explicado devido ao número de perdas de mudas no bloco em questão e também ao baixo desenvolvimento das mudas. Uma outra observação a ser feita, neste bloco, se refere a morte de algumas mudas pelo efeito do fertilizante NPK 200020. Neste caso, o bloco C foi o que sofreu uma maior perda de mudas entre todos os blocos. Como medida de reposição para as mudas que morreram neste bloco e outras mudas que não se desenvolveram na área de APP, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) se prontificou a substituir a quantidade de mudas perdidas ou as que estavam em mal desenvolvimento. As informações do quarto e último bloco segue na tabela (4):   

Tabela 4: Resultados e Medições do 4º BLOCO  

Fonte: Os Autores (2022) 

O bloco D, no qual foi aplicado o adubo NPK 101010, o mesmo obteve para as mudas os seguintes resultados:  na muda de nº 1, o resultado foi o crescimento de 117cm ; na muda de nº 2, houve um crescimento de 5 cm; na muda de nº 3 o crescimento foi de 18 cm; a muda de nº 4 cresceu 15 cm; Já a muda de nº 5 desenvolveu 3cm; na 6º muda, houve um decrescimento; a 7ª muda obteve 8 cm de crescimento;  para a 8ª muda,  a taxa de crescimento foi de 7 cm; houve a perda da muda de número 9; o crescimento da muda de nº 10 foi de 12 cm; a 11ª muda desenvolveu em 4 cm e a 12ª, obteve um crescimento de 5 cm.  

Desta maneira, a média de crescimento para o bloco D foi de 16,16 cm, ou 16 cm. Pode-se verificar que a primeira muda do bloco D teve um crescimento anormal em relação as demais mudas do bloco. Assim, isso explica uma maior média de crescimento no bloco D, quando comparado com as outras taxas/médias de crescimento entre os demais blocos. 

Tomando como base os dados obtidos em cada bloco, pode-se constatar que houve um melhor desenvolvimento das mudas dos blocos B e D, onde foram aplicados os adubos e Biofertilizante e o fertilizante NPK 101010, respectivamente. Na análise do experimento, vale ressaltar que no bloco C, onde foi aplicado o adubo e fertilizante NPK 200020, algumas mudas foram danificadas ou mortas pelo uso do fertilizante. 

Para uma melhor verificação dos resultados, abaixo é mostrado a comparação das médias de crescimento entre os blocos, conforme o gráfico (1).   

                               Gráfico 1. Média de crescimento nos blocos A, B, C e D 

Fonte: Os Autores 2022   

Em resumo da análise, pode-se ver que o grupo de controle das testemunhas (bloco A) obteve um bom desenvolvimento, de 9,83 cm na média, apenas com o coroamento e o roço da área. Assim, o grupo das testemunhas serviu para comparar e medir o desempenho dos outros blocos, se obteriam resultados acima ou abaixo deste, com o emprego de fertilizantes. Dessa forma, podemos verificar um desempenho razoável no bloco B, ou seja, no grupo de mudas que foi aplicado o Biofertilizante, obtendo 11,33 cm na média de crescimento das mudas. O outro resultado foi bastante satisfatório para o uso do fertilizante NPK 101010, obtendo 16,16 cm na taxa de crescimento. Como analisado anteriormente o bloco C foi o que obteve a menor média de crescimento, de 4,08 cm, devido a perda de algumas mudas que foram queimadas pelo uso do fertilizante.  

Em comparação com outros estudos, na aplicação de biofertilizantes, pode-se citar os resultados obtidos pela pesquisa de Souza e Peres (2016), os quais destacam que, no uso de biofertilizantes em mudas de Eucalyptus dunnii, houve um melhor desempenho, em percentual de crescimento, das mudas nas quais foram aplicadas os biofertilizantes. Sendo assim, nas mudas de controle, nas quais não foram aplicadas nenhum tipo biofertilizante, houve um menor crescimento e desenvolvimento no diâmetro do coleto.  

Ainda conforme Souza e Peres (2016), o uso de biofertilizantes têm obtido resultados positivos para outras espécies de mudas, conforme destaca suas pesquisas em outras bibliografias. 

Mas segundo Ferreira et al. (2010) Apud Souza e Peres (2016) falam “que a aplicação do biofertilizante não influenciou significativamente nas variáveis área foliar, volume e comprimento radicular”. Dessa forma, a maioria dos estudos tem mostrado que o uso de biofertilizantes são eficazes para a cultura de mudas diversas, como mostrado em nossos estudos.  

Sobre o uso de fertilizantes NPK 101010 podemos citar os trabalhos de Bratti et al. (2020), os quais constataram que o uso desse fertilizante, em espécies de vegetais Canavalia rosea ou espécie de feijão- de- praia, obtiveram um menor desempenho de germinações em substratos onde foram empregados esses fertilizantes. Dessa maneira, ainda conforme Bratti et al. (2020), o uso de NPK 101010 se torna mais eficiente em mudas adultas desses vegetais.  

Desta forma conclui-se que, tanto o uso de fertilizantes NPK 101010 quanto o de biofertilizantes em mudas nativas ou vegetais, tem propiciado um melhor desempenho na prática de plantações, assim como demonstrado neste trabalho.    

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Os resultados obtidos mostraram, em um espaço de sessenta dias, que o biofertilizante e o fertilizante NPK 101010 atingiram uma melhor média de crescimento (média de crescimento de 11,33 e 16,16 cm, respectivamente) entre os blocos de mudas, quando comparado com o bloco das testemunhas (média de crescimento 10 cm). Sendo assim, a menor média foi relacionada ao adubo NPK 200020 (obteve como média 4 cm), pois o mesmo danificou e matou algumas mudas. 

As atividades executadas na APP como o roço, o coroamento, a reposição de mudas e a aplicação de fertilizantes e biofertilizantes, deu condições para que os alunos tivessem uma experiência prática com as atividades da área de meio ambiente, assim como prever o PPC do curso. Além do mais, o presente trabalho tende a contribuir com novas pesquisas relacionadas ao reflorestamento de áreas de APP’s no município de Canaã dos Carajás, bem como apontar a importância da utilização de biofertilizantes e fertilizantes nessas atividades.  

REFERÊNCIAS 

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