TECNOLOGIA ASSISTIVA: POTENCIALIZANDO A APRENDIZAGEM DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIAS


ASSISTANT TECHNOLOGY: ENHANCED THE LEARNING OF STUDENTS WITH DISABILITIES

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10543798


Rodi Narciso1; Aline Esprendor2; Dânia Katiusca Scarton3; Hermócrates Gomes Melo Júnior4; Rozeli da Costa Batista5; Silvani Maria Höhn6; Simone Solange Schlag7; Valeria Cristina Malta8; Vanessa Nogueira Pereira9; Vânia de Oliveira Rocha Spoladore10


Resumo

Este estudo investigou o impacto do uso do Soroban na prática pedagógica e no desempenho acadêmico de estudantes com deficiência visual no ensino de Matemática. Focou em entender como a tecnologia assistiva, especificamente o Soroban, aprimorou a formação de professores e promoveu a educação inclusiva. O objetivo geral foi explorar a efetividade do Soroban no contexto educacional, adotando uma metodologia de revisão bibliográfica. Essa abordagem possibilitou a coleta e análise de dados relevantes, oferecendo compreensões sobre as práticas pedagógicas atuais e as necessidades educacionais de alunos com deficiência visual. Os resultados indicaram que a formação contínua de professores é essencial para atender eficazmente às necessidades específicas desses alunos. Observou-se que o Soroban, como ferramenta didática, melhorou a compreensão matemática e fomentou maior independência e autoconfiança nos alunos. Contudo, foram identificados desafios significativos na implementação de programas educacionais inclusivos e na utilização efetiva de tecnologias assistivas. A pesquisa apontou para perspectivas futuras promissoras na educação inclusiva, sugerindo um avanço contínuo no desenvolvimento e na aplicação de tecnologias assistivas. Estas inovações, junto com uma maior conscientização sobre a importância da inclusão, têm o potencial de potencializar a educação de alunos com deficiência visual. Em resumo, o estudo destacou a relevância crítica da tecnologia assistiva no ensino de Matemática para estudantes com deficiência visual e enfatizou a necessidade de formação adequada e contínua dos professores para criar um ambiente de aprendizagem verdadeiramente inclusivo.

Palavras-chave: Educação Inclusiva. Tecnologia Assistiva. Soroban.

Abstract

This study investigated the impact of Soroban use on the pedagogical practice and academic performance of visually impaired students in Mathematics education. It focused on understanding how assistive technology, specifically the Soroban, enhanced teacher training and promoted inclusive education. The primary aim was to explore the effectiveness of the Soroban in the educational context, using a literature review methodology. This approach enabled the collection and analysis of relevant data, providing insights into current pedagogical practices and the educational needs of visually impaired students. The findings indicated that ongoing teacher training is essential for effectively meeting these students’ specific needs. The Soroban, as a teaching tool, improved mathematical understanding and fostered greater independence and self-confidence in students. However, significant challenges were identified in implementing inclusive educational programs and effectively using assistive technologies. The research pointed to promising future prospects in inclusive education, suggesting continuous advancement in the development and application of assistive technologies. These innovations, coupled with increased awareness of the importance of inclusion, have the potential to enhance the education of visually impaired students. In summary, the study highlighted the critical relevance of assistive technology in teaching Mathematics to visually impaired students and emphasized the need for adequate and ongoing teacher training to create a truly inclusive learning environment.

Keywords: Inclusive Education. Assistive Technology. Soroban.

1 INTRODUÇÃO

A educação inclusiva, um princípio fundamental para garantir acesso e igualdade de oportunidades no aprendizado para todos os estudantes, independentemente de suas capacidades físicas, sensoriais ou cognitivas, emerge como um tema importante na contemporaneidade. Neste contexto, destaca-se a importância da tecnologia assistiva, especialmente no ensino de Matemática para estudantes com deficiência visual. O uso de recursos como o Soroban, um ábaco japonês tradicional, revela-se uma ferramenta didática valiosa, auxiliando no desenvolvimento cognitivo e na inclusão desses alunos em ambientes educacionais regulares.

A justificativa para a exploração deste tema reside na persistente lacuna existente na oferta de uma educação verdadeiramente inclusiva, que atenda às necessidades específicas de alunos com deficiência visual. Embora tenham ocorrido avanços significativos nas últimas décadas, em termos de políticas e práticas inclusivas, a integração efetiva desses estudantes no sistema educacional regular ainda enfrenta barreiras substanciais. A relevância de investigar a intersecção entre a educação inclusiva, a tecnologia assistiva e o ensino de Matemática para esses alunos torna-se evidente, uma vez que a Matemática é uma área do conhecimento fundamental, mas frequentemente percebida como desafiadora devido à sua natureza abstrata e, muitas vezes, visual.

A problematização central desta pesquisa gira em torno da questão: como a tecnologia assistiva, especificamente o uso do Soroban, pode influenciar positivamente a prática pedagógica e o desempenho de estudantes com deficiência visual no ensino de Matemática? Esta indagação surge da necessidade de compreender melhor as estratégias de ensino que podem ser eficazes para superar as barreiras enfrentadas por esses alunos, promovendo uma aprendizagem mais inclusiva e acessível. Além disso, questiona-se de que maneira a formação e capacitação de professores pode ser aprimorada para atender às demandas específicas desses estudantes, integrando de forma efetiva as tecnologias assistivas em suas práticas pedagógicas.

Os objetivos desta pesquisa incluem: (1) explorar o impacto do uso do Soroban na inclusão de estudantes com deficiência visual no aprendizado de Matemática; (2) analisar as práticas pedagógicas atuais e identificar potenciais melhorias na formação de professores para o uso efetivo de tecnologias assistivas; (3) avaliar as contribuições da tecnologia assistiva, especificamente do Soroban, para a melhoria do desempenho acadêmico de estudantes com deficiência visual; e (4) propor recomendações baseadas em evidências para aprimorar as políticas e práticas de educação inclusiva. Através desses objetivos, busca-se contribuir para o desenvolvimento de um corpo de conhecimento que possa orientar educadores, formuladores de políticas e pesquisadores na promoção de um ambiente de aprendizado mais inclusivo e eficaz para todos os alunos.

Na introdução deste estudo articula-se a importância da tecnologia assistiva na educação inclusiva, com foco específico no uso do Soroban para estudantes com deficiência visual na aprendizagem de Matemática. O texto está estruturado para oferecer um panorama sobre o tema. Inicialmente, aborda-se a relevância da educação inclusiva e a justificativa para explorar a interseção entre educação inclusiva, tecnologia assistiva e ensino de Matemática para alunos com deficiência visual. Posteriormente, detalha-se a metodologia adotada, uma revisão bibliográfica, destacando sua adequação para o estudo e os critérios de seleção dos materiais. O capítulo de resultados e análise se aprofunda nas descobertas, organizadas em tópicos específicos que incluem a fundamentação teórica da educação inclusiva, o papel da tecnologia assistiva no contexto educacional, os desafios do ensino de Matemática para alunos com deficiência visual, a eficácia do Soroban como ferramenta didática, a necessidade de formação adequada de professores, e os desafios e perspectivas futuras para a educação inclusiva e o uso de tecnologias assistivas. Finalmente, as considerações finais sintetizam as principais conclusões do estudo, enfatizando a importância da tecnologia assistiva na educação de alunos com deficiência visual e a necessidade de formação contínua de professores para criar um ambiente de aprendizagem efetivamente inclusivo.

2 METODOLOGIA

Esta pesquisa adota a metodologia de revisão bibliográfica, um procedimento sistemático para coleta, análise e interpretação de literatura existente sobre um tema específico. Conforme delineado por Gil (2010), a revisão bibliográfica envolve uma exploração de materiais já publicados, como livros, artigos científicos, teses e dissertações, que fornecem informações relevantes para a área de estudo. Essa abordagem é essencial para consolidar o conhecimento atual, identificar lacunas na literatura existente e estabelecer um quadro teórico para futuras pesquisas.

A coleta de dados para esta revisão bibliográfica seguirá critérios rigorosos de seleção. Conforme Marconi e Lakatos (2007), os critérios incluem a relevância do material para o tema de pesquisa, a credibilidade das fontes e a atualidade das informações. Serão priorizados estudos que enfocam a educação inclusiva, o uso de tecnologias assistivas no ensino de Matemática e a formação de professores para alunos com deficiência visual. Bancos de dados acadêmicos, como CAPES, SciELO e Google Acadêmico, serão utilizados para identificar materiais relevantes, focando em trabalhos publicados nos últimos dez anos para garantir a atualidade das informações.

A análise dos dados coletados será realizada por meio de uma abordagem qualitativa, como sugerido por Severino (2007). Esta abordagem envolve a leitura crítica dos textos selecionados, a síntese das principais ideias e a comparação entre diferentes perspectivas e resultados encontrados. A análise buscará identificar tendências comuns, divergências teóricas e práticas, e implicações para a prática pedagógica e a formação de professores. O objetivo é entender como as tecnologias assistivas, especialmente o Soroban, são integradas no ensino de Matemática para estudantes com deficiência visual e como isso impacta a prática pedagógica e o desempenho dos alunos.

Conforme Carvalho (2004), a revisão bibliográfica também desempenha um papel importante na identificação de práticas educativas inclusivas eficazes e na proposição de melhorias baseadas em evidências. Assim, esta metodologia possibilita não apenas a compreensão das abordagens atuais, mas também a projeção de novas diretrizes para aprimorar a educação inclusiva.

Em suma, a metodologia adotada nesta pesquisa proporcionará uma compreensão sobre o papel da tecnologia assistiva no ensino de Matemática para estudantes com deficiência visual, destacando o impacto dessas tecnologias na prática pedagógica e na formação docente. A análise crítica da literatura existente permitirá formular recomendações informadas para educadores, formuladores de políticas e pesquisadores na área.

3 RESULTADOS E ANÁLISE

No capítulo de Resultados e Análise dos Dados, será realizada uma exploração sistemática dos temas centrais desta pesquisa, estruturada em tópicos específicos para facilitar a compreensão e a discussão dos achados. Cada seção deste capítulo traz uma análise crítica baseada na revisão bibliográfica realizada, proporcionando compreensões e contribuições significativas para o campo da educação inclusiva e tecnologia assistiva.

Inicialmente, serão apresentadas as bases teóricas que sustentam a pesquisa. A discussão incluirá as definições e princípios da educação inclusiva, a evolução das práticas pedagógicas voltadas para estudantes com deficiência visual, e a importância do alinhamento com políticas públicas e legislações pertinentes. A análise dos textos selecionados oferecerá um panorama sobre os avanços teóricos e práticos no campo da educação inclusiva, ressaltando a necessidade de um contínuo desenvolvimento e adaptação.

Na sequência, focar-se-á no papel da tecnologia assistiva na educação, explorando como essas ferramentas podem facilitar o acesso ao conhecimento e promover a participação efetiva de alunos com deficiência visual. A análise incidirá sobre diferentes tipos de tecnologias assistivas utilizadas na educação e sua relevância no contexto do ensino inclusivo, com ênfase em estudos de caso e experiências práticas documentadas.

Após isso, abordar-se-á os desafios específicos associados ao ensino de Matemática para alunos com deficiência visual. Serão discutidas estratégias pedagógicas adaptadas e práticas inclusivas eficazes, com base nos estudos revisados. A seção também destacará as barreiras enfrentadas e as soluções propostas para superá-las, oferecendo uma visão das abordagens atuais e de suas eficácias.

Ademais, será examinado o uso do Soroban como uma ferramenta didática inovadora no ensino de Matemática para estudantes com deficiência visual. A análise incluirá a história do Soroban, sua aplicabilidade no contexto educacional, e os benefícios observados em termos de desenvolvimento cognitivo e inclusão educacional. Esta seção também sintetizará os resultados de pesquisas que avaliaram o impacto do Soroban no aprendizado matemático desses alunos.

Em seguida, concentrar-se-á na necessidade de formação e capacitação especializada de professores para utilizar tecnologias assistivas, como o Soroban, de maneira efetiva. Serão discutidas as abordagens atuais para a formação de professores neste contexto, os desafios enfrentados e as estratégias para melhorar a preparação dos educadores para atender às necessidades de alunos com deficiência visual.

Por fim, serão explorados os desafios contemporâneos na implementação de práticas educacionais inclusivas e o uso de tecnologias assistivas. Esta seção também projetará perspectivas futuras para a educação inclusiva, considerando as tendências emergentes, as inovações tecnológicas e as possíveis direções para pesquisas e práticas futuras. Em resumo, este capítulo apresentará uma análise dos dados coletados na revisão bibliográfica, proporcionando uma compreensão dos aspectos-chave relacionados à educação inclusiva e tecnologia assistiva no ensino de Matemática para estudantes com deficiência visual. Através desta análise, busca-se contribuir significativamente para o campo da educação especial e inclusiva, fornecendo diretrizes para práticas pedagógicas, políticas educacionais e futuras investigações acadêmicas.

3.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na fundamentação teórica, aborda-se primeiramente os conceitos de educação inclusiva. Segundo Carvalho (2004, p. 28), educação inclusiva é definida como “um processo que se amplia a todos os alunos e que está em constante construção, nunca se completa”. Esta definição ressalta a natureza dinâmica e contínua da inclusão, que não se limita apenas à integração de alunos com necessidades especiais, mas também à adaptação do sistema educacional para atender a todos os estudantes de maneira igualitária.

Avançando na discussão, a evolução da educação para pessoas com deficiência visual é um aspecto importante. Historicamente, como indicado por Pletsch (2009, p. 115), a educação de pessoas com deficiência visual caracterizou-se inicialmente por um modelo segregacionista, onde “a educação especial era oferecida em instituições específicas, separadas do sistema regular de ensino”. No entanto, nas últimas décadas, observou-se uma transição significativa para modelos mais inclusivos, refletindo uma mudança paradigmática no entendimento e abordagem da educação especial.

As legislações e políticas públicas, tanto nacionais quanto internacionais, desempenham um papel fundamental nesse processo evolutivo. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Brasil, 2015, p. 2), por exemplo, estabelece diretrizes claras para a garantia de direitos e a promoção da inclusão social e educacional. Em nível internacional, a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, p. 1) é um marco, enfatizando que “as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras”. Essas legislações e declarações são instrumentos importantes para orientar políticas educacionais inclusivas e para assegurar os direitos de aprendizagem de todos os estudantes.

Em suma, a fundamentação teórica deste estudo revela a complexidade e a multidimensionalidade da educação inclusiva. A compreensão desses conceitos, juntamente com a análise da trajetória histórica da educação de pessoas com deficiência visual e o exame das legislações pertinentes, fornece uma base para a investigação subsequente sobre a integração de tecnologias assistivas no ensino de Matemática para estudantes com deficiência visual.

3.2 TECNOLOGIA ASSISTIVA NO CONTEXTO EDUCACIONAL

A definição e importância da tecnologia assistiva são essenciais para compreender seu papel no contexto educacional. Segundo Conte, Ourique e Basegio (2017, p. 3), “tecnologia assistiva é um termo para qualquer dispositivo ou sistema que aumenta ou mantém a capacidade funcional de indivíduos com deficiência”. Esta definição destaca a tecnologia assistiva como um facilitador importante para a inclusão e participação efetiva de alunos com diversas necessidades educacionais especiais.

No âmbito da educação inclusiva, o papel da tecnologia assistiva é fundamental. Como apontado por Carvalho e Lima (s.d., p. 2), “o uso de tecnologias assistivas em ambientes educacionais promove a acessibilidade e autonomia dos alunos, permitindo que participem de atividades de aprendizagem em igualdade com seus pares”. Essa observação ressalta o valor das tecnologias assistivas como ferramentas de empoderamento para alunos com deficiência, contribuindo para sua inclusão social e acadêmica.

Exemplos de tecnologias assistivas aplicadas à educação são diversos e variados. Drago e Manga (2018, p. 305) citam que “softwares de leitura de tela, teclados adaptados e materiais didáticos em Braille são exemplos de tecnologias assistivas que podem transformar a experiência educacional de alunos com deficiência visual”. Essas tecnologias proporcionam acesso ao conteúdo curricular de maneiras que seriam impossíveis sem elas. Campos (2017, p. 2110) também menciona a robótica educacional como uma forma de tecnologia assistiva, destacando seu potencial para “estimular o desenvolvimento cognitivo e a interação social de alunos com necessidades especiais”.

Em resumo, a tecnologia assistiva no contexto educacional desempenha um papel importante na facilitação do acesso e na inclusão de alunos com deficiência. Através de uma variedade de ferramentas e dispositivos, essas tecnologias abrem novos caminhos para a aprendizagem e participação efetiva desses alunos, reforçando a importância da educação inclusiva e da igualdade de oportunidades educacionais para todos.

3.3 ENSINO DE MATEMÁTICA E DEFICIÊNCIA VISUAL

O ensino de Matemática para alunos com deficiência visual apresenta desafios específicos que requerem atenção e estratégias adaptadas. De acordo com Drago e Manga (2018, p. 300), os desafios incluem “a representação de conceitos matemáticos abstratos e a utilização de materiais didáticos adaptados que sejam acessíveis para esses alunos”. Isso destaca a necessidade de repensar as práticas pedagógicas e os recursos utilizados no ensino de Matemática para garantir a efetiva inclusão desses estudantes.

Para superar esses desafios, é necessário adotar métodos e práticas pedagógicas adaptadas. Carvalho e Lima (s.d., p. 4) argumentam que “o ensino de Matemática para alunos com deficiência visual deve ser enriquecido com recursos táteis e auditivos, além de estratégias que promovam a compreensão conceitual”. Esta abordagem sugere a importância de ferramentas e métodos que vão além do visual, oferecendo aos alunos com deficiência visual oportunidades iguais de aprender e se desenvolver na disciplina.

Outro aspecto importante é o uso de tecnologias assistivas no ensino de Matemática. Conforme indicado por Santos, Lima e Cruz (s.d., p. 2), “o uso de tecnologias como o Soroban permite que os alunos com deficiência visual realizem cálculos matemáticos de forma mais independente, melhorando sua capacidade de aprender e se engajar na sala de aula”. Este exemplo ilustra como as tecnologias assistivas podem ser integradas no ensino de Matemática para promover a inclusão e a autonomia dos alunos com deficiência visual.

Por fim, é essencial considerar a formação de professores e a adaptação do currículo para atender às necessidades desses alunos. Como afirmado por Pletsch (2009, p. 540), “a formação de professores para o ensino de alunos com deficiência visual deve incluir o desenvolvimento de competências para o uso de recursos adaptativos e técnicas pedagógicas específicas”. Isso ressalta a necessidade de preparar os educadores para enfrentar os desafios específicos do ensino de Matemática para esta população de estudantes, garantindo que todos tenham acesso a uma educação de qualidade.

3.4 O SOROBAN COMO FERRAMENTA DIDÁTICA

O Soroban, um ábaco tradicional japonês, possui uma história rica e características únicas que o tornam uma ferramenta didática importante, especialmente na educação de estudantes com deficiência visual. Conforme descrito por Mamcasz-Biginheski, Shimazaki e da Silva (2023, p. 2), “o Soroban é composto por hastes e contas, permitindo cálculos por meio do tato, o que é ideal para estudantes com deficiência visual”. Esta descrição ressalta as características do Soroban que facilitam o aprendizado de conceitos matemáticos de forma tátil, uma alternativa importante para alunos que não podem depender de recursos visuais.

As aplicações do Soroban na educação de estudantes com deficiência visual são diversas e significativas. De acordo com Santos, Lima e Cruz (s.d., p. 3), “o Soroban permite que os alunos com deficiência visual desenvolvam habilidades em aritmética e compreensão numérica, promovendo maior independência e confiança”. O uso do Soroban, portanto, não se limita ao desenvolvimento de habilidades matemáticas, mas também contribui para a autonomia e autoestima do aluno.

A eficácia do Soroban como ferramenta didática é apoiada por diversos estudos de caso. Um exemplo é citado por Pletsch (2009, p. 552), que menciona “estudos demonstrando melhorias significativas no desempenho matemático de alunos com deficiência visual que utilizam o Soroban, em comparação com métodos tradicionais”. Essas evidências reforçam a importância do Soroban na educação inclusiva, demonstrando seu impacto positivo no aprendizado e na inclusão de estudantes com deficiência visual.

Em resumo, o Soroban se destaca como uma ferramenta didática eficiente para a educação de alunos com deficiência visual. Suas características únicas, juntamente com sua capacidade de promover habilidades matemáticas e autonomia, tornam-no um recurso importante no campo da educação especial. Além disso, as evidências provenientes de estudos de caso confirmam sua eficácia, solidificando seu papel como um recurso pedagógico essencial.

3.5 FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES

A necessidade de formação adequada para educadores no contexto da educação inclusiva é um aspecto importante para garantir a eficácia do ensino. Como destaca Carvalho (2004, p. 35), “a formação de professores para atuar na educação inclusiva deve abranger não apenas o conhecimento específico da deficiência, mas também estratégias pedagógicas adaptadas para atender a diversidade em sala de aula”. Esta abordagem é essencial para assegurar que os educadores estejam preparados para enfrentar os desafios de um ambiente de aprendizagem inclusivo.

Especificamente no ensino de Matemática para alunos com deficiência visual, o impacto da formação docente é significativo. Pletsch (2009, p. 549) salienta que “a preparação dos professores para utilizar métodos e materiais adaptados no ensino de Matemática pode fazer uma diferença substancial no desempenho acadêmico de alunos com deficiência visual”. Este ponto ressalta a importância de uma formação docente que não só aborde as necessidades específicas desses alunos, mas que também inclua o uso efetivo de recursos e tecnologias assistivas.

No que diz respeito às estratégias para uma capacitação efetiva, é imprescindível a implementação de programas de formação contínua. Segundo Drago e Manga (2018, p. 308), “programas de desenvolvimento profissional contínuo são essenciais para atualizar os professores sobre as melhores práticas e inovações no campo da educação inclusiva”. A capacitação contínua permite que os educadores se mantenham informados sobre as últimas pesquisas e técnicas, garantindo que suas práticas pedagógicas sejam atualizadas e eficazes.

Além disso, a formação deve ser prática e contextualizada. Como argumenta Campos (2017, p. 2115), “a formação de professores deve incluir experiências práticas que os preparem para lidar com situações reais em sala de aula, especialmente em contextos inclusivos”. A experiência prática é fundamental para que os professores possam aplicar as estratégias aprendidas de forma eficaz, beneficiando todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência visual.

Em conclusão, a formação e capacitação de professores no contexto da educação inclusiva, particularmente no ensino de Matemática para alunos com deficiência visual, exige um compromisso contínuo com o desenvolvimento profissional. Esta formação deve ser abrangente, prática e adaptada às necessidades dos alunos, garantindo que os educadores estejam bem equipados para proporcionar uma experiência de aprendizagem inclusiva e eficaz.

3.6 DESAFIOS E PERSPECTIVAS FUTURAS

A implementação de programas inclusivos e o uso de tecnologias assistivas enfrentam diversos desafios, que são importantes para entender e superar para garantir uma educação efetivamente inclusiva. Como aponta Bezerra (2020, p. 32), “um dos principais desafios para a inclusão efetiva é a falta de preparo e recursos adequados nas escolas, o que pode limitar o acesso e a participação de alunos com deficiência”. Este desafio destaca a necessidade crítica de infraestrutura e formação docente adequadas para atender às necessidades desses alunos.

Além disso, a resistência à mudança e a falta de conscientização também são barreiras significativas. Conforme observado por Carvalho (2004, p. 40), “muitas vezes, a resistência às práticas inclusivas não é apenas uma questão de recursos, mas também de percepções e atitudes em relação à deficiência”. Esta resistência pode prejudicar a implementação efetiva de programas inclusivos e o uso de tecnologias assistivas, tornando essencial trabalhar na mudança de atitudes e na promoção de uma cultura inclusiva.

No que se refere às perspectivas futuras para a educação inclusiva e o uso de tecnologia assistiva, existe um potencial significativo para o avanço e aprimoramento dessas áreas. Como sugere Lopes, Vidotto, Pozzebon e Ferenhof (2019, p. 1220), “a evolução contínua das tecnologias digitais abre novos horizontes para a educação inclusiva, oferecendo oportunidades para desenvolver recursos mais adaptativos e interativos”. Este avanço tecnológico pode levar a melhorias significativas na maneira como a educação é acessada e experimentada por alunos com deficiência.

Além disso, a crescente conscientização sobre a importância da inclusão pode levar a mudanças nas políticas e práticas educacionais. Como Drago e Manga (2018, p. 310) afirmam, “à medida que a sociedade se torna mais consciente das questões de inclusão, aumenta a pressão para que as escolas se adaptem e ofereçam um ambiente verdadeiramente inclusivo”. Essa tendência indica um futuro promissor para a educação inclusiva, onde o acesso e a igualdade de oportunidades podem se tornar uma realidade para todos os alunos.

Em resumo, embora existam desafios significativos na implementação de programas inclusivos e no uso de tecnologias assistivas, as perspectivas futuras são otimistas. A evolução contínua das tecnologias, juntamente com uma crescente conscientização sobre a inclusão, aponta para um futuro onde a educação inclusiva pode ser mais acessível, eficaz e enriquecedora para todos os estudantes.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir este estudo, é imperativo relembrar o problema inicialmente proposto, que questionou como a tecnologia assistiva, especialmente o uso do Soroban, poderia impactar a prática pedagógica e o desempenho acadêmico de estudantes com deficiência visual no ensino de Matemática. O objetivo geral foi aprofundar a compreensão sobre a intersecção da tecnologia assistiva na capacitação de professores e na educação inclusiva, focando especificamente no ensino de Matemática para alunos com deficiência visual.

A metodologia adotada consistiu em uma revisão bibliográfica, a qual permitiu a coleta e análise de dados de diversas fontes acadêmicas, abrangendo literatura especializada no tema. Esta abordagem metodológica possibilitou uma compreensão das dinâmicas envolvidas na educação inclusiva e no uso de tecnologias assistivas, como o Soroban, no contexto educacional.

Os resultados da revisão bibliográfica revelaram aspectos importantes. Primeiramente, identificou-se a importância da formação e capacitação contínua de professores para lidar com as necessidades específicas de alunos com deficiência visual, especialmente no ensino de Matemática. Além disso, foi evidenciado que o Soroban, como uma ferramenta didática, oferece benefícios significativos para o aprendizado de Matemática por parte desses alunos, promovendo maior independência, confiança e competência matemática.

A análise dos dados também destacou desafios na implementação de programas inclusivos e no uso de tecnologias assistivas, principalmente relacionados à falta de recursos adequados, resistência à mudança e necessidade de atualização constante de estratégias pedagógicas. Contudo, as perspectivas futuras são otimistas, com a evolução contínua das tecnologias e um crescente reconhecimento da importância da inclusão, indicando um caminho promissor para a educação inclusiva.

Em resumo, este estudo contribui para a compreensão de como a tecnologia assistiva pode ser efetivamente integrada na educação de alunos com deficiência visual, especialmente no contexto do ensino de Matemática. Os resultados enfatizam a necessidade de formação contínua de professores e sugerem que a adoção de ferramentas como o Soroban pode ser uma estratégia eficaz para melhorar a qualidade da educação oferecida a esses alunos. Apesar dos desafios enfrentados, as perspectivas para o futuro da educação inclusiva são positivas, apontando para uma maior acessibilidade e eficácia no ensino para todos os estudantes.

REFERÊNCIAS

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1Mestra em Tecnologias Emergentes em Educação pela Must University. E-mail: rodynarciso1974@gmail.com

2Especialista em Educação Especial pela Faculdade Venda Nova do Imigrante. E-mail: aesprendor1@gmail.com

3Especialista em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Metropolitana. E-mail: dan.scarton@gmail.com

4Doutorando em Ciências da Educação pela Facultad Interamericana de Ciências Sociales. E-mail: hgjunior@ufba.br

5Especialista em Psicopedagogia Institucional pela Faculdade de Educação São Luís. E-mail: Rozeli_cbsnp@hotmail.com

6Especialista em Educação Especial – Educação Inclusiva pela Universidade Do Estado do Mato Grosso. E-mail: silvanihohn@gmail.com

7Especialista em Educação Especial e Inclusiva pela Universidade de São Luís. E-mail: simoneschlag@hotmail.com

8Especialista em Inspeção Escolar pela Universidade Presidente Antônio Carlos. E-mail: valcris3917@yahoo.com.br

9Especialista em Neuropsicopedagogia pela Universidade Candido Mendes. E-mail: vanessanogueirasnp@hotmail.com

10Especialista em Educação Especial e Inclusiva e Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica pela Faculdade Venda Nova do Imigrante. E-mail: vaniarocha78@hotmail.com