DESAFIOS E PERSPECTIVAS: A EDUCAÇÃO BÁSICA NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS COMO AGENTE TRANSFORMADOR

CHALLENGES AND PERSPECTIVES: BASIC EDUCATION IN RIVERSIDE COMMUNITIES AS A TRANSFORMING AGENT

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10501030


Adriano Guimarães Lima1,
Diogenes José Gusmão Coutinho2


RESUMO

A presente pesquisa explora os desafios e as perspectivas da educação básica nas comunidades ribeirinhas como um agente transformador. As comunidades ribeirinhas são assentamentos localizados nas margens de rios, muitas vezes em áreas remotas e de difícil acesso. Essas comunidades enfrentam uma série de desafios, incluindo falta de infraestrutura, acesso limitado a serviços básicos e baixo nível socioeconômico. No entanto, a educação básica nessas comunidades tem o potencial de ser um agente transformador. Uma educação de qualidade pode capacitar os moradores dessas comunidades a superarem a pobreza e melhorarem suas condições de vida. Ela pode fornecer aos jovens ferramentas essenciais, como habilidades de leitura, escrita e pensamento crítico, que os ajudarão a ter sucesso na vida pessoal e profissional. Para uma melhor compreensão do tema em questão o estudo é embasado em escritos de autores como Hage (2005), Caldart (2004; 2009; 2020), Arroyo (2004; 2011), entre outros. A metodologia envolvida trata-se de uma pesquisa bibliográfica, a qual utilizou livros, revistas, artigos, teses, pesquisas em sites, entre outros. Com o objetivo de discutir como a educação básica pode contribuir para transformar a realidade das comunidades ribeirinhas, promovendo o desenvolvimento social, econômico e cultural. Dessa maneira são consideradas as perspectivas de uma educação inclusiva, que valorize a diversidade cultural e social dessas comunidades, e que proporcione oportunidades de aprendizado significativas e contextualizadas. Conclui-se que a educação básica nas comunidades ribeirinhas enfrenta diversos desafios, mas tem o potencial de ser um agente transformador. Para que isso aconteça, é necessário superar os desafios de acesso e infraestrutura, envolver a comunidade local no processo educacional e investir em recursos e qualificação dos profissionais da educação. Somente assim a educação básica poderá desempenhar um papel significativo na transformação dessas comunidades.

Palavras-chave: Escola Ribeirinha. Desafios. Perspectivas. Agente Transformador.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo intitulado: Desafios e Perspectivas: A Educação Básica nas Comunidades Ribeirinhas como Agente Transformador, busca explorar os desafios e perspectivas da educação básica nas comunidades ribeirinhas como agente transformador.  Refletindo sobre as dificuldades que elas encontram para ter acesso a uma educação de qualidade, que possa oferecer  novas possibilidades para o futuro dessa população.

As comunidades ribeirinhas são grupos de pessoas que vivem às margens de rios, córregos, lagos e outras áreas aquáticas. Essas comunidades estão presentes principalmente em regiões amazônicas e pantaneiras do Brasil, mas também podem ser encontradas em outras regiões do país. Os desafios enfrentados pelas comunidades ribeirinhas são diversos, entre eles podemos destacar: acesso limitado a serviços básicos, devido à sua localização remota, muitas vezes essas comunidades têm dificuldade em acessar serviços como saúde, educação e saneamento básico. A falta de estradas e a distância dos centros urbanos dificultam o acesso a esses serviços essenciais.

A cultura popular ribeirinha dentro da educação do campo é um tema que vem ganhando destaque nos últimos anos, e que tem grande relevância social, visto que, o povo do campo vem num processo de luta por direitos garantidos na constituição; como o direito a uma educação de qualidade no campo e que leve em consideração as particularidades locais de cada região, suas crenças, costumes, culturas, economias, modo de vida e de pensar (LDBEN, 1996).

Essa localização de difícil acesso impacta diretamente na oferta e disponibilidade de recursos educacionais. Além disso, as condições de infraestrutura precárias, como falta de eletricidade, falta de estradas e transporte limitado, dificultam ainda mais o acesso à educação nessas localidades. Nesse cenário, surge a necessidade de entender melhor os desafios enfrentados pela educação básica nas comunidades ribeirinhas e, principalmente, compreender o potencial transformador que essa forma de educação pode exercer nessas comunidades. É fundamental analisar como a educação pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável dessas comunidades, capacitando seus moradores e proporcionando oportunidades de aprendizado e crescimento.

Para conduzir essa discussão, traçamos os seguintes questionamentos: Que desafios e dificuldades as comunidades ribeirinhas enfrentam na busca de uma escola de qualidade? O acesso a educação tem sido oferecido a essa população? Quais as barreiras essa população deve enfrentar para ter acesso a educação básica? Como essa escola lida com a dinâmica das comunidades ribeirinhas?  O que alunos e famílias esperam de tal escola?

Teoricamente, o presente texto ancora-se nos escritos de autores como Hage (2005), Caldart (2004; 2009; 2020), Arroyo (2004; 2011), entre outros.

É necessário destacar a importância de políticas públicas e iniciativas que possam melhorar as condições de acesso à educação nas comunidades ribeirinhas, promovendo a inclusão e a igualdade de oportunidades. É importante também considerar a participação ativa das comunidades nesse processo, valorizando seus conhecimentos tradicionais e incentivando o protagonismo dos moradores na construção de uma educação que dialogue com sua realidade e necessidades.

Apesar desses desafios, há perspectivas positivas para a educação básica nessas comunidades. Atualmente, existem iniciativas governamentais e não governamentais que buscam melhorar a educação nessas áreas. Essas iniciativas incluem a construção de escolas e a implementação de programas educacionais específicos para as comunidades ribeirinhas.

O objetivo dessa pesquisa é  discutir como a educação básica pode contribuir para transformar a realidade das comunidades ribeirinhas, promovendo o desenvolvimento social, econômico e cultural.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A comunidade ribeirinha é um grupo humano, que possui grandes vulnerabilidades, quando se trata da questão social. Geralmente, essas comunidades estão instaladas nas margens do rio, quando comparados com as condições de vida que se leva na cidade, os ribeirinhos caracterizam-se por ter condições precárias, principalmente, no que se refere a educação e moradia.

O Brasil é um País de muitos povos e entre eles há um povo conhecido ribeirinhos, que vivem na região norte, clima tropical (quente e úmido), povo simples e humilde, com uma cultura própria, sofrem com as poluições dos rios (esgoto) e com os assoreamentos e a erosão. Vivem em casas de palafitas, dormem em redes, lavam roupa no rio, se alimentam: farinha (principal alimentação), café, peixe, carne de caça, em algumas regiões: açaí, tapioquinha, frutas típicas(Ingá) poucas verduras (apenas para tempero).

Em suma o ribeirinho é um caboclo que entrelaça seu trabalho, produção, lutas, tristeza, fé, alegrias e festas com os elementos constitutivos de seu ambiente e da relação com outros povos sendo o mais característico dos habitantes de comunidades ribeirinhas, conforme afirma Gonçalves (2012, p. 154):

O Caboclo ribeirinho é, sem dúvida, o mais característico personagem amazônico. Em suas práticas estão presentes as culturas mais diversas que vêm dos mais diferentes povos indígenas, do imigrante português, de imigrantes nordestinos e de populações negras. Habitando as várzeas desenvolveu todo um saber na convivência com os rios e com a floresta. (GONÇALVES, 2012, p. 154).

As atividades desempenhadas são o artesanato, o extrativismo, a pesca, a agricultura, onde alguns meses cultivam mandioca e até criam gado sabendo que a maioria das culturas e criações de animais são complementares à alimentação. Segundo (DIAS NETO, 2002) em alguns casos, é a única oportunidade  de trabalho para certos grupos de indivíduos e para a população excluída que vivem nessas comunidades.

Uma das principais dificuldades enfrentadas pelas comunidades ribeirinhas é o isolamento geográfico. Por estarem situadas em áreas remotas, distantes dos centros urbanos, o acesso a serviços básicos como saúde, educação e transporte se torna bastante limitado. Muitas vezes, essas comunidades estão localizadas em regiões de difícil acesso, onde a navegação fluvial é a única opção de deslocamento, o que dificulta o acesso a serviços de saúde e educação, além de dificultar a interação com outras pessoas e comunidades.

As comunidades ribeirinhas enfrentam grandes desafios entre eles a falta de infraestrutura básica. Como o fornecimento adequado de água potável, saneamento básico e energia elétrica, o que compromete a qualidade de vida e a saúde dos moradores. Essa situação dificulta o acesso a condições mínimas de higiene e saneamento, aumentando o risco de doenças transmitidas por água contaminada e agravando a vulnerabilidade dessas comunidades.

Enfrentam ainda a falta de oportunidades de trabalho e de geração de renda. A maior parte das atividades econômicas nessas regiões está relacionada à pesca, agricultura de subsistência e atividades extrativistas, que muitas vezes são insuficientes para garantir o sustento das famílias. A falta de acesso a crédito e assistência técnica, aliada à ausência de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento dessas comunidades, dificulta a geração de renda e a melhoria das condições de vida.

A ausência da oferta de educação  é, sem dúvida, uma negação dos diretos à educação e contribui para persistir as desigualdades educacionais entre campo e cidade. Na realidade, percebe-se que nos anos iniciais há uma predominância de educação através das classes multisseriadas nas comunidades de origem dos alunos, nos anos finais do ensino fundamental, predomina o ensino através das escolas-núcleos, onde os alunos se deslocam de suas comunidades para os povoados ou para as sedes dos municípios.

2.1. CURRÍCULO E ENSINO NAS ESCOLAS RIBEIRINHAS

O currículo das escolas ribeirinhas não pode ser visto a margem do currículo oficial, que através dos conteúdos didáticos, tenta impor as escolas do campo, um ensino predominantemente planejado para a população urbana e por isso desprovido de relação com a realidade vivenciada pelos sujeitos do campo, tornando assim, o ensino desinteressante.

A educação ribeirinha diante das suas especificidades necessidade de um currículo que  compreenda identidade da sua localidade, o que leva a situar os(as) estudantes numa educação escolar que considere suas realidades e que deem significados aos seus conhecimentos. Tais ações podem ser feitas no sentido de promover uma educação autônoma, crítica e transformadora.

A educação sempre fez parte da vida da humanidade, mesmo de forma consciente ou inconsciente, da sociedade primitiva à moderna. Portanto, de forma implícita lá estava o currículo embutido nos processos educativos, Moreira e Silva (1997, p.80) ressaltam:

Mesmo antes de se constituir objeto de estudo de uma especialização do conhecimento pedagógico, o currículo sempre foi alvo da atenção de todos que buscavam entender e organizar o processo educativo escolar. No entanto, foi somente no final do século XIX e início deste, nos Estados Unidos, que um significativo número de educadores começou a tratar mais sistematicamente de problemas e questões curriculares, dando início a uma série de estudos e iniciativas que, em curto espaço de tempo, configurava o surgimento de um novo campo (MOREIRA e SILVA,1997, p.80).

O Brasil é um país muito rico em diversidades de cultura: credos, culinárias, manifestações artísticas, folclores, costumes, valores, linguagens, etc. As regiões brasileiras têm características culturais bastante diversificadas e a convivência com grupos diferenciados nos planos social, econômico e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação. Em uma sociedade dividida, Silva (1995) considera a cultura como sendo um terreno onde por excelência se dá a luta pela manutenção ou superação das divisões sociais. O currículo educacional é, por sua vez, o terreno privilegiado de manutenção desse conflito.

De acordo com Caldart (2004), Arroyo (2004) e Hage (2005), uma das grandes dificuldades da escola do campo é exatamente de construir uma proposta curricular que não ignore a especificidade do aluno do campo. Tal dificuldade, para esses autores, tem uma relação direta com a própria formação e a prática docente. Muitos professores assumem a docência na escola do campo sem fazer ideia dessa realidade.

A escola e a docência, como lembra Coêlho (2012), tem uma função social, e esta não se resume à socialização de saberes acumulados pela ciência. Ao contrário, escola e docência têm a função de possibilitar aos estudantes que “[…] entendam o mundo, a sociedade, a ciência, a tecnologia, a filosofia, as letras e as artes; enfim, a cultura, a educação, a vida coletiva, ampliando, enriquecendo e aprofundando horizontes da existência humana, no ver, sentir, pensar e agir […]” (COÊLHO, 2012, p. 88).

As representações que são criadas a partir dessas relações com os saberes determinam modos de comunicação e vivência, a relação com o mundo e os demais conhecimentos necessários para viver nesse mundo demarcam uma construção da identidade ribeirinha (LIMA; ANDRADE, 2010).

É nesse sentido, que Freire (1983) critica o currículo educacional tradicional em que os(as) estudantes são limitados a memorizar/conhecer somente os conteúdos do currículo, impossibilitando entrelaçamentos com os saberes da sua realidade local.

As escolas ribeirinhas, muitas possuem condições precárias, tanto físicas quanto pedagógicas. Apresentam dificuldades no acesso e continuidade dos estudos, provocadas, principalmente, pela distância e  deslocamento até os lugares das aulas, a estrutura do local da escola, falta de professores, constante rotatividade dos docentes e baixa auto-estima dos educandos (MENDES et al., 2008).

A educação é um dos principais meios para que essas populações possam reivindicar seus direitos, e infelizmente, a educação formal nesses espaços, esses povos não são considerados sujeitos atuantes em seu processo formativo, tampouco seus saberes e práticas culturais são qualificados como forma de conhecimento. Sendo assim, a escola não está neutra em relação às influências culturais nos processos de aprendizagem dos alunos e alunas dessas regiões. Por isso, compreender como se constroem as identidades culturais nesses espaços torna-se necessário.

Segundo Candau (2008) é mais que necessário desconstruir a perspectiva monocultural na escola, que nega, silencia, invisibiliza as diferenças e propõe uma educação ―para o reconhecimento do outro‖, que seja resultante de um diálogo entre as diferentes culturas e grupos sociais, que estejam dispostas a entender lutar por um projeto em comum, que reconheça e inclua as diferenças.

O currículo tem uma função essencial na organização do ambiente escolar, e deve partir de uma construção social do conhecimento, compreendendo a importância da interação entre os sujeitos do processo formativo. O currículo é, portanto, a organização do conhecimento escolar resultante de uma construção social e coletiva do conhecimento que se concretiza a partir da transmissão e assimilação dos conhecimentos historicamente produzidos e as suas maneiras de assimilação (VEIGA, 1998).

2.2. A ATUAÇÃO DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO RIBEIRINHA

O professor na educação ribeirinha deve ser um agente de transformação e desenvolvimento social. Ele precisa trabalhar em conjunto com a comunidade, envolvendo pais e responsáveis no processo educativo e promovendo ações que incentivem a participação ativa de todos. Dessa forma, é possível fortalecer os laços familiares e comunitários, construindo uma rede de apoio que favoreça o aprendizado dos alunos.

Faz-se necessário que o professor tenha discernimento de que, o respeito à diversidade de ideias é resultado das diferentes culturas e saberes, e aproveitar isso na sala de aula é uma maneira de facilitar um diálogo, um aprendizado mais contextualizado e significativo (BAPTISTA; SILVA, 2017).

Para Freire (2007, p. 22), “ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. O transferir conhecimentos está ligado ao método tradicional de educação.

É necessário valorizar o conhecimento dos alunos, promovendo a interação e troca de saberes, com o professor atuando como mediador. Isso é especialmente importante nas escolas ribeirinhas, onde o educador também está em constante aprendizado, principalmente se ele vem de fora da comunidade. Assim, além de ensinar, o professor também aprende com os alunos, adquirindo conhecimentos sobre os hábitos, costumes, formas de produção, cultura e linguagem da comunidade local.

Os conteúdos escolares podem e devem relacionar com os conteúdos do saber cultural popular da vida cotidiana. O professor da escolar ribeirinha, ao planejar e desenvolver suas práticas pedagógicas, deve valorizar os conteúdos do saber regional e trazê-los à escola, incluí-los no currículo, para que possam contribuir no processo de formação dos alunos.

Segundo Oliveira (2001) “o professor deve estar em constante capacitação para que a educação deixe seu papel de mantedora do sistema e passe também a tentar alcançar a transformação social”.

3 METODOLOGIA

A metodologia seguida para alcançar os objetivos estabelecidos neste trabalho consiste num estudo completo da literatura sobre o tema, e foi realizado por um curto período. Vários artigos foram encontrados sobre o tema na Internet. Baseado nisto, conclui-se que a metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica e o seu método explicativo (GERHARDT & SILVEIRA, 2009).

A fonte de coleta de dados deu-se por livros, artigos, revistas, periódicos tanto na forma física, quanto na disposição eletrônica. Quanto a técnica bibliográfica utilizando-se das fontes primárias e secundárias acima citadas. Quanto seu objetivo pode-se classificar em explicativo, pois visa a explicação sucinta de um determinado fenômeno. Quanto ao seu resultado qualitativo, e finalmente quanto ao tratamento, documental (ALVES, 2013).

O enfoque tem uma abordagem fenomenológica, que de acordo com Elizabete Teixeira (2005) “investiga o mundo vivido pelos sujeitos considerados isoladamente”. O propósito é revelar os significados subjetivos na perspectiva dos sujeitos da referida escola ribeirinha.

A  observação é usada como principal método de investigação, que ao ser associada a outras técnicas de coleta, permite um contato pessoal entre o pesquisador e o fenômeno pesquisado; sobre essa importância dada a observação na pesquisa qualitativa e educacional, Ludke e André (1986) discorrem:

Observação direta permite também que o observador chegue mais perto das perspectivas dos sujeitos, um importante alvo nas abordagens qualitativas. Na medida em que o observador acompanha In Loco, as expectativas diárias dos sujeitos podem tentar aprender a sua visão de mundos, isto é, o significado que eles atribuem à realidade que os cerca e as suas próprias ações. (p. 34)

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

Um dos principais desafios é a dificuldade de acesso à educação por parte das comunidades ribeirinhas está principalmente por serem localizadas em áreas remotas e de difícil acesso, muitas vezes não contam com escolas próximas. Além disso, a falta de transporte regular e infraestrutura adequada tornam o deslocamento até as instituições de ensino um obstáculo para os estudantes.

Para melhor compreensão do tema em questão e coleta de referencias bibliográficas, foi analisado alguns artigos que embasaram o referencial teórico da presente pesquisa. O quadro abaixo traz os principais artigos utilizado.

QUADRO I: Artigos analisados

AUTOR/ANOTÍTULOOBJETIVO
01SANTIAGO, Morgana; et al / 2017Educação RibeirinhaCompreender como se dá a educação nas áreas ribeirinhas
02FURTADO, Letícia/2020.Para uma Pedagogia Cultural: O Currículo e sua Relação com a Educação Ribeirinha na AmazôniaIdentificar os problemas, as necessidades, as dimensões (em particular a cultural) e as perspectivas que se impõem sobre a materialidade do currículo das escolas do campo e que contemplam as especificidades dos saberes culturais das populações da Amazônia
03BECKES, Luciana/ 2021A realidade da educação ribeirinha no contexto da COVID-19: saberes pedagógicos para a ação docente.Identificar  a articulação entre os saberes e as problemáticas na educação, para proposições alternativas na educação ribeirinha
04LIMA, Fábio/2022Os heróis da educação ribeirinha do Rio Purus: a distribuição da merenda escolar nas comunidadesApresentar um breve panorama histórico e geográfico sobre a região em foco e as dificuldades de acesso que os professores e coordenadores enfrentam para atender as demandas das escolas ribeirinhas durante o período da distribuição da merenda escolar
05CUSTODIO, Elivaldo/ 2020Currículo e ensino-aprendizagem da Matemática na educação ribeirinha no Amapá: um diálogo com a EtnomatemáticaInvestigar de que maneira o professor da educação básica utiliza do diálogo entre a etnomatemática e o processo de ensino e aprendizagem da matemática em sua prática pedagógica.
06SOARES, Maria das Graças Pereira/ 2017.As vozes da infância ribeirinha na transformação da prática pedagógica da educação infantilCompreender a perspectiva de ensino infantil nas comunidades ribeirinhas.
07TEIXEIRA, Sônia/ 2017.A construção de significados nas brincadeiras de faz-de-conta por crianças de uma turma de educação infantil ribeirinha da AmazôniaExaminar as interações dialógicas que acontecem durante as brincadeiras de faz-de-conta de crianças de uma classe de educação infantil ribeirinha da Amazônia para identificar os significados construídos nas interações e verificar como, por meio deles, as crianças se co-constroem enquanto sujeitos e participantes da cultura.
08RODRIGUES, Jessica/ 2019Política de educação na Amazônia: a efetivação de direitos em uma comunidade ribeirinhaRefletir sobre a configuração das políticas públicas no Brasil, visto que, o recuo do estado no trato dos problemas sociais reflete diretamente na condução da política de educação consolidada no cenário amazônico.
Fonte: Dados do autor

É importante ressaltar que as comunidades ribeirinhas também são afetadas por questões ambientais, como a degradação dos recursos naturais e as mudanças climáticas. A exploração predatória dos recursos naturais, a contaminação dos rios e a redução da biodiversidade comprometem a sobrevivência dessas comunidades, que dependem desses recursos para sua subsistência. É fundamental que sejam implementadas políticas públicas e programas de desenvolvimento social específicos para essas comunidades, visando melhorar sua qualidade de vida, promover a inclusão social e preservar os recursos naturais dessas regiões. E uma das maneiras mais relevantes para minimizar todas essas situação é oferecer a essas comunidades uma educação de qualidade que os proporcionem condições para melhorar suas vidas.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação básica nas comunidades ribeirinhas enfrenta uma série de desafios que precisam ser encarados para que se torne um agente transformador efetivo. Um desses desafios é a falta de acesso à infraestrutura adequada, como escolas bem equipadas e transporte para os alunos.  Além disso, a falta de professores qualificados para essa realidade também é um problema nessas comunidades, o que compromete a qualidade do ensino. A falta de formação contínua e de capacitação para lidar com as especificidades das comunidades ribeirinhas é uma problemática que precisa ser solucionada.

O professor deve buscar formas de integrar o conhecimento tradicional dos ribeirinhos ao currículo escolar, promovendo a valorização da identidade cultural e incentivando a preservação do patrimônio imaterial. Essa estratégia contribui para o fortalecimento da autoestima e do sentimento de pertencimento dos alunos, facilitando o processo de aprendizagem.

A falta de recursos tecnológicos, a escassez de materiais didáticos e a dificuldade de acesso à formação continuada são apenas alguns dos desafios enfrentados pelos professores ribeirinhos. No entanto, é preciso buscar alternativas criativas e eficientes para contornar essas dificuldades, como o uso de materiais simples e de baixo custo, a realização de parcerias com outras instituições e a valorização do saber popular.

Apesar desses desafios, é possível identificar perspectivas positivas para a educação básica nessas comunidades ribeirinhas. Um exemplo é a implementação de programas de educação específicos para atender as necessidades dessas comunidades, como a educação ambiental e a valorização da cultura local. Como também o uso de tecnologias de informação e comunicação pode contribuir para levar a educação até essas comunidades, permitindo o acesso a materiais e recursos educacionais de qualidade.

Dito isso, a educação básica nas comunidades ribeirinhas enfrenta desafios que necessitam ser superados, mas também oferece possibilidades de transformação. Ao investir em infraestrutura, capacitação dos professores, programas específicos e tecnologias educacionais, é possível garantir uma educação de qualidade e inclusiva, promovendo sua transformação e desenvolvimento.

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1Mestrando em Ciências da Educação – Christian Business School e-mail: adrianoguimaraes_3@hotmail.com

2Professor orientador –  Christian Business School. Doutor em Biologia Vegetal (UFPE) e-mail: gusmao.diogenes@gmail.com