REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10465823
Akeber Emmanuelle Ferreira de Quadros Azevedo1
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo compreender melhor alguns aspectos relacionados ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade apresentando ao leitor o que é o TDAH, os sintomas, as causas e o tratamento bem como, a importância da atuação do professor e as implicações decorrentes da ausência do tratamento ou do tratamento inadequado, tomando como referências estudos de alguns pesquisadores.
Palavras chaves: TDAH, tratamento, sintomas, causas, professor.
Introdução
Este estudo se propõe a compreender melhor alguns aspectos vinculados ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. De acordo com Cordeiro e Yaegashi (2012) as primeiras informações sobre o TDAH iniciaram no século XIX, no entanto, em toda a sociedade, verificava-se a existência de crianças desatentas e também, hiperativas apresentando comportamentos impulsivos, embora ainda não tivesse o entendimento de que essa situação ocorria devido a um transtorno. O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade passa por algumas mudanças ao longo dos anos, na década de 60 as preocupações aumentam em relação a essas crianças e, ainda na visão de Cordeiro e Yaegashi (2012) na década de 70, a definição da síndrome passou a abranger a hiperatividade, ou seja, sintomas sutis de distração e impulsividade. Nesse período, já sabia se que o TDAH não era decorrente de maus tratos como se pensava.
Para Bonadio e Mori (2013) a existência de crianças hiperativas e desatentas sempre esteve presente na sociedade, concebendo-se como crianças que possuíam alterações comportamentais. Por volta da década de 1890, alguns médicos ao trabalharem com pessoas que tinham sintomas de impaciência, desatenção e inquietude e também, com comportamentos típicos de sujeito com retardo mental, levantaram a hipótese de que esses comportamentos seriam resultantes de dano cerebral e de disfunções.
Os anos se passaram e estudos e pesquisas foram realizados. Bonadio e Mori (2013) destacam que em julho de 2000 foi publicada uma revisão do DSM IV alterando os códigos diagnósticos baseando se nas atualizações do sistema de Classificação Internacional de Doenças (CID). Em maio de 2013 em São Francisco, nos Estados Unidos, foi publicado o DSM-V organizando o TDAH em dois grupos: 1-problemas comportamentais, como impulsividade e hiperatividade;2- sintomas de déficit de atenção. Permanecendo o mesmo, juntamente com o conjunto de dezoito sintomas-seis de hiperatividade, três de impulsividade e nove de desatenção. O manual apresenta a possibilidade do TDAH ser classificado em leve, moderado ou grave.
Definindo o TDAH causas e sintomas
Atualmente percebe-se um aumento no número de crianças diagnosticadas com TDAH, pesquisas aumentaram consideravelmente ao longo dos anos. Leal e Nogueira (2011) dizem que o termo transtorno de déficit de atenção surgiu em 1980, no DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais,3ª edição). Nesse momento era nomeado como transtorno de déficit de atenção (TDA), classificando-o em dois tipos que eram assim: o TDA com hiperatividade e o TDA sem hiperatividade, identificando que os dois envolviam o déficit de atenção. Em 1987, o DSM-III é revisado dando origem ao DSM-III-R passando a chamar transtorno de déficit de atenção e hiperatividade contudo, a nomenclatura só foi resolvida com a quarta edição DSM-IV-TR e teve algumas poucas modificações com DSM-V. O DSM-V na p,14 esclarece
Trastorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (59) ___.__ (___.__) Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (59) Determinar o subtipo: 314.01 (F90.2) Apresentação combinada 314.00 (F90.0) Apresentação predominantemente desatenta 314.01 (F90.1) Apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva Especificar se: Em remissão parcial Especificar a gravidade atual: Leve, Moderada, Grave 314.01 (F90.8) Outro Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Especificado (65) 314.01 (F90.9) Trastorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Não Especificado (66) Transtorno Específico da Aprendizagem (66) ___.__ (___.__) Transtorno Específico da Aprendizagem.
De acordo com o DSM-V no TDAH ocorre um padrão permanente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no desenvolvimento e funcionamento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2): 1. Desatenção: observa se alguns sintomas sendo que, estes permanecem por pelo menos seis meses afetando as atividades sociais e acadêmicas/profissionais são eles: a-constantemente não presta atenção em detalhes, cometendo erros por distração em atividades escolares, no trabalho e também, durante outras atividades ; b-constantemente apresenta dificuldade para manter a atenção em atividades lúdicas ou tarefas; c- constantemente aparenta não escutar quando pessoas lhe dirigem a palavra diretamente; d- constantemente não segue orientações até o fim não concluindo trabalhos escolares, bem como, tarefas ou deveres no local de trabalho; e-constantemente apresenta dificuldade para organizar tarefas e também, atividades, não cumprindo os prazos para entrega; f- constantemente evita, atividades que exijam esforço mental prolongado; constantemente perde coisas, objetos e também , é facilmente distraído por estímulos externos. 2. Hiperatividade e impulsividade: observa se alguns sintomas sendo que, estes permanecem por pelo menos seis meses apresentando impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais, já para adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), podem ser observados pelo menos cinco sintomas: a- Constantemente mexe as mãos e os pés contorcendo se na cadeira; b- constantemente levanta se da cadeira quando era para ficar sentado; c- constantemente corre ou sobe nas coisas em momentos que não são apropriados. Adolescentes ou adultos, podem se limitar a sensações de inquietude; d- constantemente é incapaz de brincar e, não participa de atividades de lazer calmamente; e-constantemente parece agir como se estivesse “com o motor ligado”, não fica parado por muito tempo; f- constantemente fala muito, deixando escapar uma resposta antes da pergunta ser feita, apresentando dificuldade para esperar sua vez.
De acordo com o DSM-V esses sintomas devem ser analisados e observados por pelo menos seis meses. Segundo Sampaio (2009) existe o transtorno de déficit de atenção do tipo predominantemente desatento, o transtorno de déficit de atenção predominantemente hiperativo e impulsivo e também, o transtorno de déficit de atenção do tipo combinado.
Na visão de Leal e Nogueira (2011) o TDAH que predomina a desatenção tem como principal característica o fato do jovem ou da criança não prestar atenção nas atividades que faz ou também, no que o outro fala, ficando sentado por muito tempo e bem quieto. Às vezes, são acusados de preguiçosos levando à baixa autoestima. No TDAH que predomina a hiperatividade/impulsividade fica mais evidente o comportamento. A hiperatividade pode ser considerada como uma inquietação motora agressiva, excessiva que se repete; já a impulsividade tem uma relação com o agir sem pensar, não se preocupando com as consequências. O terceiro tipo apresenta características tanto de desatenção como de hiperatividade e impulsividade. Sendo caracterizado como o tipo mais complexo do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, interferindo dessa forma, no comportamento e no aprendizado do indivíduo.
De acordo com Ligeiro e Barrera (2019) o TDAH é considerado como uma síndrome neurocomportamental apresentando os sintomas relacionados com a hiperatividade, com a impulsividade e com a desatenção. Quanto à sua etiologia, pesquisas mais atuais sugerem que o TDAH seria fruto de uma disfunção nas funções executivas (FE). Entendendo-se como o conjunto de funções cognitivas capazes de gerenciar da forma mais correta nossas atividades, sobretudo diante de novas situações. Estas funções se localizam no córtex pré- frontal. O desenvolvimento do TDAH se apoia em fatores genéticos e ambientais. Considera se haver não apenas um gene relacionado ao transtorno, mas um grupo de genes que podem contribuir para o surgimento no indivíduo. Em relação aos fatores ambientais podem ser levados em consideração tanto os aspectos pré quanto perinatais que direcionaram a possíveis alterações no Sistema Nervoso Central.
Os autores apontam como possíveis fatores pós-natais: a meningite, hemorragias e traumatismos cranioencefálicos, que podem posteriormente resultar no desenvolvimento do transtorno. Destacam também que, o ambiente de desenvolvimento da criança, como sua família se estrutura, características socioeconômicas têm impacto sobre o transtorno, sendo muito considerada a hipótese de uma predisposição genética que se atualizaria com mais facilidade ou com mais intensidade em função da ocorrência de determinadas condições ambientais negativas.
Neste momento é muito relevante a observação do indivíduo e o conhecimento para fazer os encaminhamentos adequados. De acordo com Freitas “et al”, (2010) o tratamento eficaz de determinado transtorno requer caracterização clínica adequada do problema. Ainda segundo Freitas “et al”,(2010) o TDAH abrange 5,29% das crianças em todo o mundo, destes 70% há persistência do transtorno após a adolescência e, a taxa em adultos estima-se entre 2,9 e 4,4%.Durante a infância , o diagnóstico é mais comum em meninos do que em meninas. Freitas,”et al” (2010, p.237) esclarece que:
O núcleo de sintomas do TDAH é de natureza neurocognitiva. As características do transtorno resultam em dificuldades nos âmbitos da vida pessoal, acadêmica, familiar, social e profissional do indivíduo, além de provocar forte impacto na qualidade de vida da própria pessoa e de toda sua família.
Harknett e Butler(2007) apud Freitas “et al”(2010) dizem que há muitos indícios de que a etiologia do transtorno esteja relacionada com alterações neuroquímicas de origem genética, com auxílio de fatores ambientais ao seu desenvolvimento.
É importante compreender melhor o TDAH para poder auxiliar adequadamente quando for necessário. E, de acordo com Russo (2019, p.86) o TDAH diz respeito:
A um transtorno de neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade. Desatenção e desorganização envolvem incapacidade de permanecer em uma tarefa, aparência de não ouvir e perda de materiais em níveis inconsistentes com a idade ou o nível de desenvolvimento. Hiperatividade e impulsividade implicam atividade excessiva, inquietação, incapacidade de permanecer sentado, intromissão em atividades de outros e incapacidade de aguardar sintomas que são excessivos para a idade ou o nível de desenvolvimento.
Atualmente o TDAH vem sendo bastante divulgado e muito pesquisado Yaegashi(2012) destaca que 3% a 7% das crianças em idade escolar possuem o TDAH e que estudos recentes apontam como causa a genética e também, aos fatores ambientais. Acredita-se que complicações durante a gravidez e no parto como hipóxia pré e pós natal, rubéola intra uterina, traumas obstétricos, e infecções como encefalite, meningite pós natal, traumatismo cranioencefálico, exposição a toxinas e também a deficiência nutricional podem causar o TDAH. De acordo com Rotta (2006) apud Yaegashi (2012,p.142) nos casos de TDAH há:
[…] a presença de disfunção em uma área frontal do cérebro conhecida como orbital frontal localizado logo atrás da testa. Constitui se uma das regiões cerebrais mais desenvolvidas no ser humano e é responsável pela inibição de comportamentos, pelo controle da atenção, pelo planejamento futuro e pelo autocontrole. Nos sujeitos que apresentam sintomas de TDAH, há uma alteração no funcionamento de neurotransmissores, substâncias que permitem a comunicação entre os neurônios. A causa mais aceita no momento é uma vulnerabilidade herdada do transtorno, que irá se manifestar de acordo com interações e condições do ambiente físico, afetivo, social e cultural.
Segundo Silva (2003) apud Yaegashi(2012),o lobo frontal desempenha uma função de caráter inibitório no cérebro das pessoas, sendo ele responsável em “puxar o freio de mão” em relação aos impulsos, pensamentos e também, a velocidade das atividades mentais e físicas do ser humano, e, ocorre uma falha no cérebro do indivíduo com TDAH, pois o filtro perde o efeito regulador por receber glicose.
Para Leal e Nogueira (2011) a atenção é um ato imprescindível para que aconteça a aprendizagem e depende de uma complexa relação entre estruturas do tronco encefálico e suas conexões com o córtex frontal- sendo que, os transtornos de atenção acontecem, muitas vezes, nesse processo. O lobo frontal participa do controle dos impulsos e do humor, da linguagem falada e também, de todos os aprendizados que se relacionem ao movimento do corpo. E também, para Sampaio (2009) o sujeito com TDAH apresenta dificuldade para realizar planejamentos, pois acontece uma disfunção no lóbulo frontal (área que é também responsável por controlar o comportamento…)
Na visão de Yaegashi(2012) pessoas com TDAH apresentam dificuldades para planejar atividades com antecedência , permanecer sentado, ficar em silêncio ( seja em casa, ou na sala, ou brincando), focalizar a atenção, seguir instruções, terminar tarefas escolares, além de organizar as tarefas e as respostas rapidamente.
De acordo com a autora, geralmente as crianças com TDAH parecem ser mais imaturas do que realmente são. Os pais / responsáveis criam regras e normas para as crianças terem bom comportamento, com o tempo isso é internalizado e dá lugar ao autocontrole. Contudo, nas crianças com TDAH isso aparenta não acontecer, porque a conduta impulsiva faz com que elas busquem a satisfação imediata de seus desejos, sendo que elas possuem pouca tolerância à frustração.
TDAH: A atuação do professor e o tratamento
Em sala de aula, o papel do professor é de mediador entre o ensino e a aprendizagem, sendo o responsável pela transmissão dos conhecimentos científicos. Dessa forma, é importante que o mesmo planeje suas aulas de acordo com as necessidades dos alunos, utilizando metodologias variadas e significativas. Para isso, o professor deve conhecer seus alunos Vigotski(2007) destaca o nível de desenvolvimento real como funções mentais da criança que se estabeleceram como resultados de certos ciclos de desenvolvimento que já foram completados, ou seja, o que a criança já sabe. Vigotski (2007, p.97) fala também, sobre a zona de desenvolvimento proximal e, diz que:
Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.
Para o autor, a zona de desenvolvimento proximal define as funções que estão em processo, ou seja, o caminho que levará à aprendizagem e, é nesse momento que o professor assume o papel de mediador, levando o aluno a apropriação do conhecimento científico. VIGOTSKI (2008, P.135)” diz que o desenvolvimento dos conceitos espontâneos da criança é ascendente, enquanto o desenvolvimento dos seus conceitos científicos é descendente, para um nível mais elementar e concreto”.
Sendo assim, no caso do TDAH o professor deverá ter conhecimento sobre o transtorno, para planejar suas aulas de acordo com a necessidade do aluno, compreendendo assim, as dificuldades que a criança pode apresentar, intervindo dessa forma, de maneira eficiente em seu aprendizado. Yaegashi(2012) destaca que para a intervenção ter efeitos adequados será importante trabalhar juntamente com outros profissionais; trata se de um trabalho coletivo entre o professor, todo o corpo docente, a criança com TDAH, seus pais ou responsáveis, um especialista para a questão neurológica e, outro de acordo com a necessidade. De acordo com a autora, por meio de um conhecimento que é capaz de identificar certos tipos de comportamento, o professor tem a oportunidade de auxiliar , ajudar naquilo que é essencial para a criança com TDAH, contribuindo assim, para o diagnóstico e o tratamento. É muito relevante, também, que a família do aluno com TDAH e a escola se relacionem bem e diretamente, sendo fundamental que o professor saiba como o aluno se comporta em casa e, a família saiba como o aluno se comporta na escola. É de extrema importância destacar também, o diálogo que precisa ter entre a escola e os profissionais de saúde que atendem o aluno com TDAH. Esse diálogo se torna importante para o professor compreender mais sobre o aluno com TDAH aprendendo sobre os aspectos biológicos, neurológicos e psicológicos do aluno com a intenção de realizar atividades que desenvolvam suas capacidades cognitivas.
Para Yaegashi(2012) quando se convive com um indivíduo com TDAH é necessário tentar identificar os problemas que o mesmo apresenta, observando em quais conteúdos o aluno não está conseguindo realizar as tarefas ou consegue realizar apenas parcialmente. Após o diagnóstico do TDAH, é necessário que a escola receba um relatório do médico da criança, e assim, a equipe pedagógica juntamente com o professor deverá decidir o que for melhor para a criança. Sendo importante que o professor esteja atento para o modo como o aluno compreende melhor os conteúdos, incentivando sempre a criança; conhecendo para saber qual a melhor forma para intervir adequadamente, utilizando métodos, metodologias, diversificadas e com significado para a criança, fazendo com que sinta vontade, prazer para o aprendizado, motivando-a. De acordo com Yaegashi(2012) as crianças com TDAH respondem muito bem a elogios, recompensas e incentivos, destacando que elas precisam destes para acreditar que a tarefa vale a pena. No entanto, elas não encaram muito bem a falta de compreensão e as críticas excessivas.
A neurosaber esclarece que as crianças com TDAH apresentam dificuldade para memorizar sequências, não percebendo detalhes, reincidindo nos mesmos erros, desorganizam-se constantemente, esquecendo conteúdos relacionados ao tema principal, entre outros. É necessário portanto, que a escola participe do processo terapêutico elaborando práticas e caminhos para facilitar e otimizar a assimilação de conteúdos e a agilidade nas avaliações.
De acordo com a neurosaber, falando-se em estratégias o TDAH na escola, pode ser dividido em 3 eixos de ação: didática em sala de aula, meios de avaliação e apoio organizacional. A didática em sala de aula deve buscar meios para facilitar a concentração sendo necessário, mudar o tom de voz de acordo com a necessidade, bem como, dar ênfase em momentos mais importantes do assunto, o aluno com TDAH deve sentar próximo ao professor, este deve iniciar a aula com algum tipo de motivação, relacionando o assunto da aula a situações presentes no contexto do aluno e, que o interessa ou que tenha uma aplicação prática, é necessário também, a utilização de estímulos audiovisuais ou sensoriais, os quais ajudam na memorização, ser mais emocional na transmissão da aula, menor quantidade de cópias e textos. Em relação aos meios de avaliação, o professor deve variar e enriquecer as formas de verificação de aprendizagem. As provas devem ser sucintas, objetivas, curtas e sem pegadinhas. Como o aluno com TDAH se distrai e se perde nos detalhes, é necessário ao final da avaliação que lhe seja dado um tempo maior para que reveja as questões. É importante que o professor leia as provas antes de iniciá-las. Já no apoio organizacional, o professor pode fazer uma rotina pré-estabelecida com o aluno, o qual deve seguir repetidamente e diariamente.
O trabalho do professor é muito importante, ele precisa conhecer seus alunos para fazer os encaminhamentos adequados. De acordo com Yaegashi(2012) na criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade tudo se torna mais intenso, elas são mais impulsivas, mais distraídas, mais agitadas, entre outros. O diagnóstico de um TDAH é realizado por profissionais da saúde e neuropediatras com especialidades na área. Segundo Silva (2003) apud Yaegashi(2012, p.149) na avaliação de uma criança com sintomas de TDAH devem ser analisados os seguintes aspectos:
a) História familiar; b) História da gestação e parto do sujeito; c) Fatores médicos e físicos; d) História do desenvolvimento do indivíduo; e) Habilidades de vida diária; f) Dinâmica familiar; g) Desempenho acadêmico; […] História interpessoal. […]. O tratamento do DDA é dividido em quatro etapas: informação, conhecimento e apoio técnico, medicamentosa e psicoterapêutica.
Sendo assim, na primeira etapa o profissional deve procurar informações, apropriando-se do assunto. A segunda etapa está relacionada com o apoio técnico, tendo como objetivo a criação de uma rotina pessoal para a criança, facilitando assim, sua vida e compensando a “desorganização interna”. Esta rotina com o tempo, torna-se hábito, transmitindo conforto e segurança. Dessa forma, é possível que os seus talentos sejam desenvolvidos, aperfeiçoados e assim, expressados de maneira concreta. A terceira etapa está relacionada com a utilização do medicamento pela criança. E a quarta etapa é a psicoterapia. De acordo com Silva(2003) apud Yaegashi(2012) às causas das dificuldades de uma criança com TDAH têm um substrato biológico, mas o trabalho psicoterapêutico irá ajudar na sua melhor adaptação ao ambiente social e ao ambiente escolar. No caso de crianças com TDAH que apresentam problemas de falta de autoestima, as técnicas psicoterápicas devem ser diretivas, estruturadas, objetivas e orientadas para o alcance de metas; a abordagem psicoterapêutica mais adequada é a terapia cognitivo- comportamental (TCC), que se configura pela busca de mudanças nos comportamentos e nos afetos por meio da reestruturação cognitiva (baseadas na realidade).
Para as autoras a indicação medicamentosa para TDAH é apropriada quando o médico identifica casos de ansiedade, depressão e outros quadros de comorbidades que estejam associados ao transtorno. Os estimulantes são os medicamentos mais utilizados no tratamento e deve haver acompanhamento médico.
Na visão de Ligeiro e Barrera(2019), por se tratar de um problema crônico o tratamento do TDAH deve basear-se em quatro itens muito importantes: são eles as modificações do comportamento, a adequação acadêmica, o atendimento psicoterápico e a terapia com medicamentos. Ressaltando a importância de explicações para a família sobre o transtorno, bem como uma intervenção antecipada e multidisciplinar.
Considerações finais
O objetivo deste artigo foi compreender o TDAH explicitando as implicações que o Transtorno de Déficit de Atenção, com ou sem hiperatividade, causa na aprendizagem, apontando suas características, subtipos, sintomas, causas, tratamento bem como, a importância do papel do professor.
Compreende-se que o TDAH é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, tendo como sintomas, a desatenção, impulsividade, hiperatividade (agitação), estando relacionado com fatores genéticos e ambientais.
Ao longo do estudo, percebe-se que a compreensão a respeito do TDAH vem modificando se com o passar dos anos, com novas pesquisas. É relevante destacar o papel do professor como mediador e responsável pela transmissão dos conhecimentos científicos, destacando que ele deve conhecer a realidade de seus alunos, utilizar metodologias adequadas, diversificadas e significativas fazendo com que o aluno sinta- se motivado para aprender. Buscando conhecimento e informações sobre o TDAH para fazer a mediação eficiente no processo de ensino e aprendizagem, interagindo com todos os profissionais que atendem o aluno, para que o mesmo se desenvolva nos aspectos afetivo, social, físico e cognitivo.
Ligeiro e Barrera(2019) salientam o TDAH como uma síndrome neurocomportamental que apresenta sintomas relacionados com a desatenção, hiperatividade e impulsividade. Destacam também, que de acordo com o DSM-V, o TDAH pode ser dividido em três tipos diferentes de transtornos, que estão relacionados com a prevalência dos sintomas: sendo o tipo predominantemente desatento, o tipo predominantemente hiperativo/impulsivo e também, o tipo misto. O diagnóstico baseia-se no quadro clínico comportamental, devendo estar relacionado com a história do indivíduo (anamnese), escalas de comportamento e exames clínicos.
É importante o conhecimento do professor, pois, ao diferenciar o TDAH de comportamentos inadequados como por exemplo a falta de limites e a indisciplina, pode se trabalhar com esse aluno possibilitando assim, a sua aprendizagem, sabendo como intervir adequadamente. Já que, o TDAH é uma doença de base neurobiológica com consequências comportamentais que afeta a aprendizagem e também, a vida social de quem apresenta o transtorno.
Referências
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1Emanuelle.qazevedo@gmail.com