AVALIAÇÃO DE DIFERENTES DOSAGENS E ORIGENS DE ESTERCO COMO ADUBO ORGÂNICO NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE CEBOLINHA VERDE

EVALUATION OF DIFFERENT DOSAGES AND SOURCES OF MANURE AS ORGANIC FERTILIZER IN THE PRODUCTION OF GREEN ONION SEEDLINGS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10278032


Aleff Rodrigues De Lima¹;
Gustavo Evaristo Dos Santos Brasil²;
Jose Renan Rosa Eterno³;
Lucas Roberto De Carvalho4.


RESUMO

A cebolinha é uma planta amplamente cultivada por pequenos agricultores e em sistemas de agricultura familiar. A implantação da cultura pode ocorrer de duas maneiras e a colheita é guiada pelo comprimento da parte aérea; dentre os principais tratos culturais estão irrigação, calagem de solo, adubação de plantio e de cobertura. Por meio deste trabalho, foi possível constatar que os tratos culturais na cultura da cebolinha elevam a produção e consequentemente a rentabilidade que a cultura pode oferecer. O objetivo do projeto foi avaliar o esterco ovino e bovino como fonte de adubo para a produção de mudas de cebolinhas, além de analisar qual dosagem utilizada é ideal para proporcionar maior desenvolvimento em altura das plantas.

Palavras-chaves: Adubação. Colheita. Esterco Bovino. Esterco Ovino. Produção de massa verde.

1. INTRODUÇÃO

A cebolinha (Allium fistulosum, L.) é natural da Sibéria e Pertence à família Alliaceae. É um dos condimentos mais produzidos e comercializados no mundo e está em larga disseminação no Brasil devido a sua facilidade de manejo e por possuir importante papel social, porque possibilita uso de pequenas áreas em cultivos familiares (CARDOSO, 2010). A cebolinha verde é bem semelhante à cebola, mas não desenvolve bulbo, caracteriza-se pelo intenso perfilhamento, formando uma touceira com folhas tubulares, alongados, macias e aromáticas (FILGUEIRA, 2008).

Está geograficamente distribuída em praticamente todas as regiões do país, já que suporta temperaturas amenas prolongadas e existem cultivares com plantas que toleram bem o calor. Há pequenas restrições para o seu cultivo em durante todo o ano e a faixa ideal de temperatura para o cultivo fica entre 8 e 22ºC, ou seja, em condições amenas

No ano 2023, as áreas de cultivo alcançaram aproximadamente 525 hectares de cebolinha cultivados em todo o Estado de Goiás, tendo uma produção total de 8.614 toneladas, segundo o IBGE (2023). A área de cebolinha colhida no Brasil, na safra de 2022 (dados mais recentes encontrado na literatura), foi de 23,5 mil hectares, com produção total de 96.812 mil toneladas (IBGE, 2022).

A planta é considerada perene, apresenta folhas cilíndricas e fistulosas com uma coloração verde-escura. A cebolinha pode ser reproduzida por divisão dos pés, ou por propagação de semente. Em média a altura de 25 a 35 cm de altura (FILGUEIRA, 2008). Para a adubação de hortaliças, os resíduos orgânicos são mais viáveis economicamente ao agricultor, quando este utiliza resíduos gerados em sua propriedade, ou em locais próximos a ela, e eliminando assim, o problema do descarte destes resíduos (MORSELLI, 2005). O uso de composto orgânico na produção da hortaliça é excelente alternativa para elevar a produtividade, dentre as hortaliças cultivadas com orgânico a cebolinha verde merece destaque (JUNIOR, 2012).

A adubação orgânica vem sendo muito utilizada, embora o percentual de nitrogênio deva ser controlado a fim de evitar desequilíbrios na cultura por excesso deste nutriente e problemas ambientais em decorrência da lixiviação de nitrato, especialmente em esterco de bovino. A aplicação deve ser feita com antecedência de pelo menos 15 dias da semeadura ou transplante das mudas (EMBRAPA, 2006).

O esterco ovino, é viável na estruturação e recuperação da fertilidade do solo e ativação da biologia do solo pois apresenta concentrações de N-P-K superiores ao esterco bovino. É rico em carbono orgânico, parte deste é utilizada pelos microrganismos como fonte de energia, o que promove aumento na atividade microbiológica (MORAES, 2012).

O objetivo do projeto foi avaliar o esterco ovino e bovino como fonte de adubo para a produção de mudas de cebolinhas, além de analisar qual dosagem utilizada é ideal para proporcionar maior desenvolvimento em altura das plantas.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Implantação da cultura

Allium fistulosum L., é o nome científico dado a cebolinha da variedade “todo ano” pertencente ao grupo das hortaliças folhosas (NETO, 2010). Possui bulbos finos e compridos, originam touceira devido ao intenso perfilhamento, bastante rústica sendo pouco exigente em solo e clima, além disso, adapta-se a uma ampla faixa de temperaturas (ALMEIDA, 2006). Faz parte da família das Alliaceae e a produção pode ser encontrada em diversas regiões do Brasil, por não necessitar de mão-de-obra especializada e ocupar pequena área, encontra-se cultivos nas regiões periféricas dos centros de consumo, onde são comercializadas e auxiliam diretamente na renda extra do produtor (RODRIGUES et. al., 2006).

A implantação da cultura podem ser dois métodos, diretamente no canteiro utilizando partes vegetativas, ou indiretamente com sementes cultivadas em sementeiras (bandejas) (SOBREIRA FILHO, 2012; HENZ; ALCÂNTARA, 2009). Para obter sucesso na produção é aconselhado o cultivo em regiões que dispõem de temperaturas de no máximo 25ºC, sendo estas consideradas de clima temperado. Tendo em vista essa faixa de temperatura, o plantio deve ser procedido nos períodos do ano em que são registradas as temperaturas mais baixas, outono e/ou inverno (GONDIM, 2010).

Nas regiões Sul e Sudeste o plantio pode ser realizado ao longo do ano todo; já na região Norte e Nordeste, onde as médias anuais de temperatura são mais elevadas, o cultivo é aconselhado, respectivamente, entre os meses de abril e outubro, março e julho. Na região Centro-Oeste, a recomendação de plantio é entre os meses de abril e agosto (GONDIM, 2010).

Para a cultura da cebolinha o espaçamento mais adotado entre fileiras é o de 15 ou 20 cm. Entre plantas (covas) os mais adotados são os 10, 15 ou 30 cm, facilitando o manejo, evitando competição entre plantas e disseminação de patógenos e pragas (SOBREIRA FILHO, 2012; VAZ; JORGE, 2007).

Com a adoção de propagação via semente, a germinação deve ser verificada no intervalo de 7 a 15 dias após a semeadura, a condução do transplante das mudas para o canteiro permanente deve ser efetuada entre 30 e 40 dias após a semeadura, momento em que elas devem estar com aproximadamente 15 cm de altura (SOBREIRA FILHO, 2012). A realização de poda no ato de transplante propicia uma melhor adaptação das mudas nos canteiros. A técnica pode ser empregada tanto no sistema aéreo (folhas) como no sistema radicular (raiz) das plantas de modo simultâneo (ABREU; LIMA; MATTOS, 2014).

2.2 Exigências edafoclimáticas

A temperatura e o fotoperíodo são fatores climáticos que influenciam a adaptação da cebolinha e não permitem a recomendação de uma mesma cultivar para uma ampla faixa de latitudes. Cultivares não recomendadas para o local e época incorreta, resulta em baixa produtividade. A temperatura, além de influenciar a produção, afeta diretamente o florescimento (RESENDE; COSTA; YURI, 2015).

Dentre as cultivares de cebolinha disponíveis no mercado, existem as que suportam frios prolongados, assim como cultivares que resistam bem ao calor, tendo poucas restrições para o seu plantio em qualquer época do ano, sendo a faixa de temperatura ideal para o cultivo fica entre 8 e 22ºC, ou seja, em condições amenas (RODRIGUES et. al., 2006).

Chuvas em excesso afetam diretamente o rendimento da cultura da cebolinha, estando diretamente relacionado à maior ocorrência de doenças foliares e de raízes. A umidade relativa elevada também ocasiona danos relacionados a doenças foliares, além de aumentar o custo de produção, podendo até comprometer a produção (RESENDE; COSTA; YURI, 2015).

A cultura se desenvolve melhor em solos de textura média e com teores adequados de matéria orgânica. Devem ser livres de camadas compactadas e serem de boa drenagem. Para uma boa produção, o preparo do solo é indispensável. Os canteiros devem seguir as curvas de nível do terreno, evitando assim a erosão hídrica e com declividade leve para não ocorrer escoamento muito rápido da água e não permitir o acúmulo de água na superfície (RESENDE; COSTA; YURI, 2015).

A água é um elemento essencial para vida e o metabolismo das plantas. Sendo assim, a irrigação deve estar de acordo com a necessidade e a tolerância da espécie. A falta de água (estresse hídrico) aumenta ou diminui os princípios ativos de acordo com a cultivar empregada (PEREIRA; SANTOS, 2013). Exerce efeito sobre a rapidez de desenvolvimento e pode afetar o estado fitossanitário e a qualidade final da cultura (RESENDE; COSTA; YURI, 2015).

2.3 Adubação de plantio

Para uma adubação de plantio na cultura da cebolinha deve-se considerar todo o processo de sustentabilidade, conservação do solo e ambiente (TRANI, 2007). É necessário verificar a situação nutricional do solo, e para isso se utilizada métodos como análises de solo, de preferência atuais, com base nesses dados é calculada a quantidade de fertilizantes/ha e qual recomendar. O nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), são os macronutrientes essenciais mais utilizados (MARSCHNER, 2012). A adubação de cobertura na cebolinha é utilizada para se fazer a manutenção de nutrientes que ficam com níveis baixos durante o desenvolvimento da cultura (TRANI, 2007).

2.4 Colheita

A colheita das folhas tem início entre 55 e 60 dias após o plantio ou entre 85 e 100 dias após a semeadura, momento em que as folhas atingem de 0,20 a 0 ,4 0 m de altura. As folhas devem ser colhidas por inteiras, próximo à base. Podendo também ser colhida a planta por inteira para o aproveitamento do pseudocaule (RODRIGUES et. al., 2006). O corte é realizado entre 10 e 15cm do nível do solo ou acima da gema apical.

O rebrotamento é aproveitado para fazer novos cortes, permitindo uma exploração do cultivo por dois a três anos, sendo neste caso efetuadas colheitas a cada 50 dias, principalmente quando manejados em condições de clima ameno (HENZ; ALCÂNTARA, 2009).

2.5 Ovinocultura

A produção ovina brasileira possui um grande potencial a ser explorado devido às condições ambientais favoráveis e às dimensões continentais do Brasil, o que tem despertado o interesse de inúmeros produtores rurais. A espécie apresenta-se como alternativa de exploração tanto para pequeno, médio ou grande produtor rural, adaptando-se a diferentes sistemas de produção (PEREZ; CARVALHO; PAULA, 2008).

O efetivo de ovinos no ano de 2023 foi de 17,6 milhões de cabeças e teve aumento de 1,6% em relação a 2022. Em Goiás, a participação percentual do rebanho de ovinos é de 3,6%, o equivalente a 643 mil cabeças (IBGE, 2023). O perfil da ovinocultura no Brasil tem mudado, devido a investimentos na melhoria da eficiência de produção de carne de ovinos, que atualmente, é uma alternativa em fase de desenvolvimento (CLEMENTINO, 2008).

O sistema de confinamento é empregado para aumentar os índices de produtividade da ovinocultura e consequentemente melhorar a qualidade do produto (ALVES et al., 2003). Sendo assim, os resíduos originários do confinamento são dejetos, camas e sobras de alimentação, depositados geralmente indevidamente, gerando assim preocupação com a degradação ambiental advindas das atividades produtivas (RIBEIRO et al., 2007).

A compostagem envolvendo dejetos ovinos promove uma eficiente degradação da matéria orgânica, produzindo compostos de boa qualidade, com expressivos conteúdos de N, P e K, nutrientes importantes para o desenvolvimento das plantas (AMORIM et al., 2005).

Segundo Ensminger et al. (1990) uma ovino excreta por ano 13,1 toneladas de dejetos, o equivalente a 34,89 kg/dia. Kiehl (2010) afirma que, a composição média do esterco ovino é de 65,22% de matéria orgânica; 1,44% de nitrogênio; 1,04% de fósforo e 2,07% de potássio.

2.6 Bovinocultura

Segundo o IBGE (2023) houve crescimento de 1,6% do rebanho bovino em relação a 2022, totalizando um efetivo de cerca de 212,8 milhões de cabeças, ocupando a 2ª posição mundial em rebanho de gado. A partição percentual paranaense do rebanho bovino representa 4,3%, totalizando 9,5 milhões de cabeças.

A criação intensiva de bovinos e o consequente acúmulo de dejetos podem causar poluição direta do local, impactando toda área de influência indireta, afetando a qualidade ambiental e possibilitando a contaminação dos recursos hídricos (MANSO; FERREIRA, 2007). Um volume abundante de dejetos é gerado quando se utilizam os sistemas de confinamento de bovinos. O manejo indisciplinado desses dejetos é frequentemente citado como um dos principais fatores que contribui para a poluição hídrica em muitas regiões (RODRIGUES et. al., 2006).

Para que haja aumento da rentabilidade dos sistemas de produção animal, utilizam-se estratégias de confinamento dos animais, como no caso dos bovinos destinados à produção de carne. Logo, o potencial poluidor concentra-se em pequenas áreas. Sendo assim, uma das formas de tratar os resíduos produzidos na bovinocultura é por meio da compostagem (ORRICO JÚNIOR et al., 2012).

Um bovino de corte excreta em média 24 kg.dia-1 de dejetos frescos (ENSMINGER et al., 1990). A composição média do esterco bovino, segundo Kiehl (2010), é de 57,40% de matéria orgânica; 1,67% de nitrogênio; 0,86% de fósforo e 1,37% de potássio.

3. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na Fazenda Escola do Centro Universitário Montes Belos – UNIBRASÍLIA, na cidade de São Luís de Montes Belos, Goiás, durante os meses de agosto a outubro de 2023. A cultivar utilizada foi a ‘Todo ano’ (Allium fistulosum L.). As plântulas de cebolinha foram obtidas da germinação de sementes em bandejas de 100 células, preenchidas com vermiculita média.

Propagou-se por mudas, que foram preparadas pela separação dos perfilhos e limpeza do material propagativo, deixando-se aproximadamente 7 cm de pseudocaule. O plantio consistiu no enterro vertical da parte basal das mudas, deixando-se descoberto aproximadamente 4 cm do pseudocaule. A irrigação foi feita com o intuito de manter o solo sempre úmido (observações subjetivas) e que induzindo turnos de rega a cada dois dias. Cada unidade experimental constou de um vaso tipo jardineira, com capacidade de 5 L, com 4 plantas, distribuídos longitudinalmente em duas linhas com três perfilhos cada.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizados, utilizando 4 repetições e 5 doses de esterco bovino e ovino. Os tratamentos utilizados foram a testemunha – T1, somente com substrato Carolina Soil; T2 – 50% de esterco bovino e 50% de esterco de ovinos; T3 – 25% de esterco bovino, 25% de esterco ovino e 50% de substrato. O T4 era constituído de 50% substrato e 50% esterco de ovinos; e por fim, o T5 foi utilizado 40% de substrato, 50% de esterco bovino e 10% de esterco de ovinos.

A colheita foi realizada mediante o corte das plantas rente ao solo. O manejo do transplantio das mudas teve início pelo solo, adubando os vasos alguns dias antes do plantio, logo após, as mudas foram transplantadas para seus respectivos vasos. A desenvoltura do projeto foi analisada nos dias 1, 3, 7 e 10 dias, sua última avaliação foi realizada no dia em que as cebolinhas estavam prontas para ser colhidas. A colheita foi realizada mediante o corte das plantas rente ao solo. Ela contou com a avaliação agronômica da altura das folhas.

Os resultados foram submetidos à análise de variância com as médias de tratamento de alturas comparadas pelo teste de Tukey a 5%.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância (ANOVA) das variáveis de pré-colheita apresentaram um coeficiente de variação positivo em relação às adubações com diferentes estercos animais apresentando boa precisão no experimento (Tabela 1). As variáveis analisadas no período da colheita também foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de probabilidade e apresentaram valores significativos na altura para o tratamento 50% esterco bovino + 50% de esterco ovino.

Tabela 1. Média da altura das plantas de cebolinha verde após a colheita com 10 dias.

TratamentosMédia de altura em cm
T114.21 b
T215,46 a
T314,97 ab
T414.06 b
T514,41 b
CV (%)6.51%

Observou-se que para as dosagens e misturas de adubos nos tratamentos 4 e 5 não obtiveram diferença na produção de massa da cebolinha., se comparando estatisticamente com a testemunha que continha apenas substrato. Segundo Neto et al. (2010) encontraram resultados positivos na massa seca da parte aérea na utilização de dosagens de compostos orgânicos para a adubação na cultura da cebolinha e Xavier et al. (2018) obtiveram resultados significativos na utilização de dosagens com cama de ovinos em mudas de milho (Zea mays L.) em ambiente protegido.

Outros pesquisadores como Filho et al. (2013), utilizando a cebolinha verde (Allium fistulosum L), o tratamento que apresentou resultados significativos em termos de produção de matéria fresca e matéria seca de plantas, produtividade e número de folhas, foi o do esterco de frango, semelhante aos obtidos com esterco bovino.

Apesar de o valor ser considerado baixo de acordo com Cravo et al. (2010), houve uma melhora que resultou no acréscimo de outros elementos químicos, considerados macronutrientes. Houve incremento linear na produção de cebolinha com o aumento na dose de esterco bovino e os ovinos misturados de forma homogênea. Segundo —–, as raízes da cebola durante seu desenvolvimento inicial podem crescer quase paralelamente à superfície do solo por cerca de 25 cm e a 5 cm de profundidade, para depois seguirem o geotropismo, crescendo perpendicularmente à superfície do solo.

Esse comportamento também foi observado neste experimento (dados não apresentados). Essa expansão radicular parece ter sido suficiente para uma boa exploração do solo, haja vista o adensamento das plantas. E, assim, as raízes exploraram praticamente o total da área adubada, justificando a semelhança de produtividade entre os dois modos de aplicação.

A adição de esterco, em geral, teve respostas significativamente menores do que a que esperada. Na primeira avaliação, não houve ganhos nem na produção de biomassa nem nos conteúdos de N, P e K. Na verdade, as fitomassas dos tratamentos com esterco foram significativamente iguais às da testemunha. Portanto, o esterco, apesar de curtido, pareceu imobilizar nutrientes nas primeiras três ou quatro dias posteriores à sua incorporação ao solo. Na segunda medição, as massas e os conteúdos de esterco bovino + substrato, e esterco ovino + substrato dos tratamentos ainda foram semelhantes aos da testemunha.

A proporção dos nutrientes contidos nos adubos que é absorvida pelas plantas, chamada de recuperação, é uma informação importante para determinação das doses a serem aplicadas. Apesar dessa importância, tem sido pouco calculada para o esterco de ovinos (SALAZAR et al., 2005) e até para fertilizantes inorgânicos (BALIGAR et al., 2001), sendo desconhecida para cebolinha. A principal causa dessa ausência de dados é a dificuldade de separar a contribuição do adubo e do solo – só possível com o uso de técnicas isotópicas. A marcação de adubos orgânicos é difícil e, sem ela, são determinadas apenas recuperações aparentes, que só têm validade sob certas condições.

Essa propriedade de adubos orgânicos elevarem o valor de pH também foi constatada por Yagi et al. (2003), ao fazerem uso de vermicomposto de esterco bovino. Caetano e Carvalho (2006) verificaram que os valores de pH e os teores de enxofre não foram influenciados pelas doses de esterco, os teores de fósforo e potássio no solo aumentaram significativamente com a adubação com esterco, os teores de cálcio e magnésio tiveram aumento linear e o teor de alumínio foi reduzido significativamente, sendo esses últimos efeitos semelhantes aos observados no presente trabalho.

Com a aplicação de esterco bovino e calagem para formação de mudas de guanandi, Artur et al. (2007) relataram que a menor dose de esterco bovino (101 kg dm-3) foi suficiente para elevar o pH e os teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio a valores muito altos, conforme as classes de fertilidade para esses atributos em uso no Estado de Goiás

Os dados obtidos revelam que as respostas ao esterco foram diferentes entre as plantas com diferentes misturas de adubos. houve efeito linear do esterco na altura, nos tratamentos com 50% substrato e 50% esterco de ovinos; e por fim, no T5 foi utilizado 40% de substrato, 50% de esterco bovino e 10% de esterco de ovinos. Sendo assim, o efeito do esterco foi linear nas características de crescimento em alturas, quando comparados estatisticamente.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a olericultura, a utilização de estercos orgânicos possibilita um ganho no desempenho das hortaliças folhosas. Em cultivos de cebolinha, a adubação com esterco de ovinos e esterco bovino misturados contribuíram para que a planta apresente boa produtividade. Pelos resultados obtidos no presente ensaio observa-se uma resposta positiva de cultivares de cebolinha na produtividade, com a aplicação de adubação orgânica.

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¹Discente Curso de Eng. Agronômica – Centro Universitário Brasília de Goiás – São Luís de Montes Belos – GO. Brasil
2Discente Curso de Eng. Agronômica – Centro Universitário Brasília de Goiás – São Luís de Montes Belos – GO. Brasil
3Discente Curso de Eng. Agronômica – Centro Universitário Brasília de Goiás – São Luís de Montes Belos – GO. Brasil
4Docente Curso de Eng. Agronômica, Mestre em Engenharia Agrícola – Centro Universitário Montes Belos – São Luís de Montes Belos – GO. Brasil