EFEITO DE DIFERENTES FONTES DE ADUBAÇÃO NO CULTIVO DE TOMATE CEREJA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10208140


Pyettra Christina Nogueira Cardoso1
Brenda Oliveira Santos1
Kariny de Almeida Alves Vieira1
Lucas Roberto de Carvalho2


RESUMO: Com a finalidade verificar o efeito de diferentes fontes de adubação na produção de tomate cereja (Solanum lucopersicum var. Cerasiforme), representa uma  alternativa para complementar a demanda nutricional das plantas. Utilizado o biofertilizante “supermagro”, composto orgânico que ocorre um processo de fermentação,  constituído por quatro compostos de sais minerais (macro e micronutrientes) e mistura proteica, segundo as recomendações e em ambiente coberto utilizando vasos de  polietileno na cor preta, com capacidade aproximada de 14,3 dm3, o experimento foi  avaliado em 5 tratamentos e 5 repetições, dentre ela a testemunha (T), Biofertilizante  Liquido (BL),esterco bovino (EB) e Mineral 5-25-15 (Q). A eficiência obtida foi clara e  relevante, avaliando de forma positiva a altura das plantas a cada 15 dias, espessura do  caule, e quantidades de folhas de forma visual. Concluiu-se que a associação de mais de  uma fonte de tratamento proporciona um melhor desenvolvimento para planta de forma  mais completa e saudável. 

Palavras-chave: Solanum lucopersicum var. Cerasiforme. Adubação. Nutrição. 

ABSTRACT:

In order to verify the effect of different sources of fertilizer on the  production of cherry tomatoes (Solanum lucopersicum var. Cerasiforme), it represents  alternative to complement the nutritional demand of plants. The “super-skinny”  biofertilizer was used, an organic compound in which a fermentation process takes place,  consisting of four compounds of mineral salts (macro and micronutrients) and a protein  mixture, according to recommendations and in a covered environment using black  polyethylene pots, with approximate capacity of 14.3 dm3, the experiment was evaluated  in 5 treatments and 5 replications, including the control (T), Liquid Biofertilizer (BL),  cattle manure (EB) and Mineral 5-25-15 (Q). The efficiency obtained was clear and  relevant, positively evaluating the height of the plants every 15 days, stem thickness, and  quantity of leaves visually. It was concluded that the association of more than one  treatment source provides better development for the plant in a more complete and healthy  way. 

Keywords: Solanum lucopersicum var. Cerasiforme. Fertilization. Nutritio

1. INTRODUÇÃO 

O tomateiro (LycopersiconesculentumMill.) é uma das mais importantes hortaliças cultivadas no Brasil (MARIM et al., 2005), sendo sua utilização muito variada  e com grande número de tipos de frutos existentes (GUSMÃO et al., 2006).Dentre estes, encontram-se os tomates do tipo cereja, que vêm sendo comumente encontrados nos  mercados, principalmente nos grandes centros, onde alcançam preços bastante atrativos  aos produtores que se localizam próximos aos pontos de comercialização (MACHADO et al.,2003) 

O tomate cereja é considerado como uma hortaliça exótica, incorporada em cardápios de restaurantes de todo o Brasil, por serem pequenos e delicados,  proporcionando novos sabores e enfeites aos pratos e aperitivos, com a vantagem de ter  tamanho reduzido, evitando o desperdício. (GOMESJUNIOR et al.,2011). 

O crescente mercado consumidor brasileiro a cada dia exige hortaliças de alta qualidade, que devem ser ofertadas durante o ano todo. Este fato tem contribuído para  o investimento em novos sistemas de cultivo, que admitam produção adaptada a diferentes regiões e condições adversas do ambiente (CARRIJO et al., 2004). O sistema de produção alternativo é importante para o país, pois visa à sustentabilidade econômica e ecológica, agregada aos benefícios sociais, ofertando produtos saudáveis e de elevado valor nutricional (MARTINS et al., 2006). 

O biofertilizante é um produto líquido resultante de um processo biodigestivo de estercos adicionado de água e sais minerais. Resultada biodigestão microbiológica de compostos orgânicos vegetais ou animais, podendo ser produzido em sistemas aberto  (aeróbico) ou fechado (anaeróbico). Este composto pode atuar como fonte de nutrientes  para as plantas em sistemas agroecológicos de produção (DELEITO et al.,2004). 

Como ocorre em outras espécies de plantas cultivadas, vários fatores têm  contribuído para a limitação do crescimento e produção do tomate cereja, dentre os quais podemos citar os ataques de pragas e doenças, condições climáticas desfavoráveis, manejos de cultivos inadequados e abaixa fertilidade do solo (ROCHA, 2009). Dentre estes fatores, a baixa fertilidade do solo tem sido indicada como um dos mais limitantes, podendo ser corrigida com biofertilizantes (CAVALCANTE et al.,2007; MOURA et  al.,2007). 

Poucos trabalhos têm pesquisado os efeitos da utilização de biofertizantes na  cultura do tomateiro (TANAKA et al., 2003). NUNES &LEAL (2001) enfatizam que o uso de biofertilizantes líquidos pode promover não somente uma maior produtividade do tomateiro pelo aporte de nutrientes, como também, quando aplicado associado com outros produtos químicos e biológicos, pode promover o controle de pragas no  tomateiro. 

Levando em consideração importância da cultura, o artigo tem como objetivo verificar o efeito de diferentes fontes de adubação na produção de tomate cereja avaliando a altura, espessura do caule e quantidade de folhas em cada planta. 

2. MATERIAL E MÉTODOS 

A área experimental onde foi conduzido o presente trabalho localiza-se em Palmeiras de Goiás, iniciando o plantio dia 15 de agosto de 2023, e mantendo a  observação no período agosto a novembro. Foi confeccionada uma estrutura feita com  madeira e tela Sombrite 75% cor Preta, para minimizar o ataque por insetos, reduzir a  radiação solar e possibilitar a troca de ar entre os ambientes internos e externos.  Utilizando vasos de polietileno na cor preta, com 24 cm de diâmetro da base, 28 cm de  altura e 28 cm de diâmetro superior, com capacidade aproximadamente 14,3 dm3. Os  vasos foram preenchidos até o volume de 10dm3, deixando um espaço na borda para  evitar vazamento. A análise dos dados foi efetuada em todas as 25 plantas. 

Foram realizados 5 tratamentos com 5 repetições o mesmos foram: Testemunha  (T),Esterco Bovino (EB), Adubo Químico (Q), Biofertilizante Líquido (BL)e a  associação de todos. 

Antes do semeio, o solo utilizado foi umedecido com água e a distribuição de  sementes ocorreu 2 dias após, 17 de agosto de 2023, colocando em média 3 sementes em cada vaso, posteriormente a 10 dias da germinação, apenas uma planta permaneceu  por vaso e a água foi aplicada via irrigação. O biofertilizante utilizado foi “supermagro”, composto orgânico fermentado enriquecido, constituído por quatro  compostos de sais minerais (macro e micronutrientes) e mistura protéica, segundo as recomendações de CTAZM,(1999). 

A mistura proteica é composta com os seguintes elementos: 1 litro de leite, 500g  de açúcar mascavo, 100g de fígado bovino, 200g de farinha de osso, 200g de calcário dolomítico e 200g de fosfato de Araxá. Os compostos de sais minerais utilizados foram os seguintes: 2kg desulfato de zinco, 300g de sulfato de manganês, 300g de sulfato de  ferro, 300g de sulfato decobre, 2 kg de cloreto de cálcio, 1kg de ácido bórico, 2 kg de  sulfato de magnésio, 50 g desulfato de cobalto e 100 g de molibdato de sódio. E, além  disso, também usado esterco bovino e o mineral 05-25-15, percentual NPK: 

Nitrogênio(N) ………………5%
Fósforo (P2O5)……………. 25%
Potássio(K2O) ………………15%

O preparo iniciou-se no dia 30 de agosto de 2023, utilizando um Tambor Metálico com capacidade de 200 litros, adicionou-se 100 litros de água, 15 kg de esterco bovino e  a mistura protéica. Esta mistura foi deixada 28 dias em fermentação e misturado  diariamente o composto foi misturado para obter uniformidade. 

Para fazer a aplicação do biofertilizante líquido usou-se um pulverizador manual de 2 litros, e com auxilio de um pano para filtrar e não deixar passar partículas maiores  evitando o entupimento do pulverizador. Utilizando apenas 500 ml da mistura diluídos  em 1,5 L de água. 

Aos 40 dias após a germinação das mudas de tomate cereja (Solanum  lucopersicum var. Cerasiforme), a cada quinze dias foram feitas medições da altura dos  mesmos com o auxilio de uma fita métrica, valores anotados em centímetros (cm), o diâmetro do caule de cada planta ocorreu a medição utilizando um paquímetro, feita 8cm  acima do nível onde se encontra o substrato, resultados apresentados em milímetro (mm)  e por fim a contagem das folhas realizadas visualmente e apresentada em números de  folhas por planta. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

A maior diferenciação na altura das plantas em relação ao tipo de tratamento aconteceu após os 55 dias. Neste período, as maiores médias na altura de plantas foram  proporcionadas pela associação de todos os tratamentos aumento absoluto no  crescimento das plantas no intervalo de 40 a 55 dias, adicionados semanalmente  chegando a 82,40 cm, o biofertilizante líquido feito aplicação de 500 ml diluídos em  água semanalmente teve um crescimento em média de 66,56 cm e por fim o 5-25-15 feito aplicações de cobertura quinzenalmente para atender a constante extração de nutrientes pela planta, conseguindo chegar até 55,66cm. 

As plantas que receberam o esterco bovino apresentaram um valor um pouco  menor aos anteriores, mas ainda sim teve um crescimento significativo em relação a  testemunha que apenas teve a irrigação, 41,77 cm e 28,97 cm respectivamente. 

Avaliando o número de folhas verificou-se que a associação de todos os  tratamentos, teve um aumento significativo na quantidade de folhas, e também  apresentando coloração mais verde, já na testemunha que não foi efetuado nenhum  tratamento ocorreu perdas significativas de folhas.  

Avaliou-se o crescimento do tomateiro em diferentes substratos verificaram  diferença significativa no número de folhas por plantas entre os substratos a partir dos 44  dias após transplantio. (NOVO et al.2004) 

Além disso, também foi observado e feito o uso do paquímetro para obter medidas  da espessura do caule com resultados positivos em relação aos tratamentos  

Verificaram aumento visível do diâmetro do caule de tomateiro cereja nos  tratamentos que receberam doses de biofertilizante, em relação ao tratamento sem  biofertlizante, o que reflete o aporte de nutrientes oriundos do biofertilizante líquido  aplicado no cultivo do tomateiro cereja. GOMES JÚNIOR et al. (2011) . 

Outro ponto interessante que deve- se destacar é que a testemunha além de seu  crescimento mais retardado, também foi observado que as suas folhas obtiveram  colorações amareladas, e murchas, e nos primeiros dias foi observada presença de Myzuspersicae, vulgarmente conhecido como pulgão verde, o que provocou um estresse  fisiológico na planta e prejudicou o crescimento da mesma .Cogitou-se utilizar uma solução de pimenta diluída em água e pulverizada nas folhas com o auxílio de um  pulverizador de 500ml, diferente das aplicações do Biofertilizante Líquido, tendo um resultado e não interferindo no resultado final da testemunha, por ser um inseticida feito com soluções orgânicas.

Tabela 01. Efeito de diferentes fontes de adubação sob altura do tomate cereja.

*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferenciam entre si pelo Teste de Tukey a 5% de  probabilidade.  

Tabela 02. Efeito de diferentes fontes de adubação sob espessura do caule e número de folhas do tomate cereja.

*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferenciam entre si pelo Teste de Tukey a 5% de  probabilidade.  

CONCLUSÃO 

A associação da aplicação de diferentes fontes de adubação no cultivo do tomate  cereja promoveu desenvolvimento satisfatório da altura, espessura do caule e na  quantidade de folhas em cada planta.  

Quando efetua a aplicação de uma única fonte de tratamento no tomateiro  proporciona um bom desempenho no desenvolvimento da planta, mas com um  complemento nutricional para obter um resultado melhor. O menor crescimento foi  observado na testemunha, pois ela não teve auxilio de nenhum nutriente, apenas água, e  não foi suficiente par suprir as necessidades e chegar a um resultado relevante.

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ANEXOS


1Discentes do Curso de Eng.Agronômica–Centro Universitário Brasília de Goiás

2Docente do Curso de Engenharia Agronômica. Eng. Agrônomo. Mestre em Engenharia Agrícola– Centro Universitário Montes Belos –São Luís de Montes Belos–GO. Brasil