ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DO EMPREENDEDORISMO E DA INOVAÇÃO PARA O SUCESSO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, SOB A PERSPECTIVA DE SEUS GESTORES.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10206106


Breno Henrique da Silva1
Cássio Fonseca Boucinhas2
Irineu Lúcio da Silva Júnior3
Robsney Gonçalves4


RESUMO

O tema desta pesquisa versa sobre a importância do empreendedorismo e da inovação para o sucesso nas micro e pequenas empresas. O objetivo do presente artigo é analisar, com base na vasta literatura, as melhores práticas e ferramentas de gestão que podem contribuir para a inovação, e consequentemente, o sucesso nos pequenos negócios. Trata-se de um tema importante a ser estudado, visto que as micro e pequenas empresas, atualmente, são responsáveis por um terço do PIB brasileiro. Por outro lado, a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil ainda é muito alta. O método de pesquisa utilizado foi a pesquisa bibliográfica, bem como a pesquisa documental. No tocante à abordagem da pesquisa, adotou-se a pesquisa qualitativa mediante análises qualitativas e descritivas, utilizando-se das leituras de livros, artigos, revistas/periódicos, assim como demais fontes. Quanto à classificação da pesquisa segundo a técnica, esse estudo caracterizou-se como uma revisão bibliográfica. Em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), e de constantes e rápidas mudanças, a gestão da inovação se consolidou como item de necessidade básica. Conclui-se que, assim como a capacidade de empreender, a inovação é imprescindível aos negócios, especialmente nas micro e pequenas empresas, tendo em vista que é através da inovação que tais negócios conseguem obter maior competividade, seja através de redução de custos, aumento da produtividade, fortalecimento da marca perante seus clientes, gerando maior valor e sustentabilidade aos seus produtos e serviços. A visão empreendedora e inovadora do gestor de um pequeno negócio é fator chave de sucesso para a análise do mercado e para a identificação de novas oportunidades. Porém inovar é uma tarefa um tanto árdua e desafiadora para a maior parte dos gestores, já que requer mudança de mentalidade e enfrentamento dos seguintes medos: do desconhecido, do erro/fracasso e do risco envolvido no processo de inovação. As contribuições deste artigo implicam em os gestores compreenderem a importância do empreendedorismo e da inovação para o sucesso de seus pequenos negócios. De todo modo, para pesquisas futuras, sugere-se a realização de um estudo que compare as empresas conservadoras com aquelas que adotam postura inovadora, analisando e correlacionando os resultados encontrados.

Palavras-chave: Empreendedorismo; Inovação; Pequenos Negócios.

1 INTRODUÇÃO

As pesquisas referentes ao empreendedorismo e a educação empreendedora vem em constante expansão, especialmente em razão do reconhecimento da importância das pequenas empresas na geração de empregos, bem como as novas formas de estrutura de trabalho (HISRICH e PETERS, 2004).

A sociedade possui uma visão equivocada das micro e pequenas empresas sobre o seu destaque e a sua influência no desenvolvimento econômico do país, a geração de empregos, rendas e participação no mercado empresarial. Poucas pesquisas têm-se preocupado com a inovação em pequenas empresas. Tais pesquisas, geralmente, se concentram em um pequeno grupo de empresas do segmento de alta tecnologia que obtiveram relevante sucesso, ao invés de focarem nas inúmeras pequenas empresas comuns que lidam com a introdução de tecnologia da informação em seus sistemas de distribuição (BESSANT e TIDD, 2009).

De acordo com um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil é muito alta. Nesse estudo, foi identificado que 29% dos microempreendedores individuais (MEI) fecham suas atividades após 5 anos de existência. De igual modo, a taxa de mortalidade das microempresas (ME) é de 21,6% e das empresas de pequeno porte (EPP) é de 17%. No tocante à taxa de mortalidade por setor, tem-se que o comércio é o mais afetado, correspondendo à 30,2% e a indústria extrativa é o menos afetado, correspondendo à 14,3% (SEBRAE, 2023).

Nesse mesmo estudo, foram identificados fatores que levaram às micro e pequenas empresas fecharem seus negócios dentro desse lapso temporal, sendo eles: pouco preparo pessoal; planejamento e gestão do negócio deficientes; e problemas no ambiente à exemplo da pandemia. 

Portanto, esse estudo se justifica, tendo em vista a importância dessa temática – inovação e empreendedorismo. Visto que, para que uma empresa possa sobreviver em um mercado altamente competitivo, volátil, incerto, complexo e ambíguo, é imprescindível que o pequeno empreendedor tenha a capacidade de inovar, de desenvolver soluções diferenciadas do mercado e que melhor atendam às necessidades de seus clientes, de solucionar problemas e identificar oportunidades de negócios. (SEBRAE, 2021).

Dessa maneira, empreendedorismo e inovação são fatores preponderantes para a sobrevivência de qualquer empresa. São conceitos interligados e que não podem ser dissociados, ou seja, para empreender é necessário que haja espaço para a criatividade e inovação. Nenhum modelo de negócio deve ser engessado, visto que aquelas empresas que não se reinventarem correm grande risco de estarem fora do mercado com o passar dos anos.

Assim sendo, este artigo busca responder à seguinte questão norteadora: qual a importância do empreendedorismo e da inovação para o sucesso nas micro e pequenas empresas, sob a perspectiva de seus gestores? Diante do exposto e partindo dessa questão, o presente estudo tem como objetivo geral, verificar a importância do empreendedorismo e da inovação para o sucesso nas micro e pequenas empresas, sob a perspectiva de seus gestores.

Além dessa parte introdutória que aborda a importância do empreendedorismo e da inovação para o sucesso nas micro e pequenas empresas, sob a perspectiva de seus gestores, o presente artigo está organizado em outras três partes, compreendendo a seguir o embasamento teórico, seguido da metodologia aplicada nesse estudo e por fim, as considerações finais do artigo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Empreendedorismo 

O termo “empreendedorismo” é comumente associado à habilidade da pessoa de identificar necessidades e criar soluções e negócios para as mesmas.  

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE: 

Empreendedorismo é a capacidade que uma pessoa tem de identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade. Pode ser um negócio, um projeto ou mesmo um movimento que gere mudanças reais e impacto no cotidiano das pessoas. (SEBRAE, 2021).

Para Dornelas (2017), embora o conceito de empreendedorismo atualmente seja muito difundido no Brasil, o tema se intensificou nas últimas décadas por força de fatores econômicos:

No caso do Brasil, a preocupação com a criação de pequenas empresas duradouras e a necessidade da diminuição das altas taxas de mortalidade desses empreendimentos são, sem dúvida, motivos para a popularidade do termo “empreendedorismo”, que tem recebido especial atenção por parte do governo e de entidades de classe. Isso porque, nos últimos anos, após várias tentativas de estabilização da economia e da imposição advinda do fenômeno da globalização, muitas grandes empresas brasileiras tiveram de procurar alternativas para aumentar a competitividade, reduzir os custos e manter-se no mercado. (DORNELAS, 2017, p.2).

Corroborando com o entendimento acima, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE dispõe que através de uma pesquisa realizada em 2019, a taxa de empreendedorismo para empresas com até 3 anos e meio de existência atingiu 23,3%, percentual superior aos demais países que compõe o grupo de países emergentes – BRICS. (SEBRAE, 2021).  

Por fim, Dornelas (2017) ainda associa o conceito de empreendedorismo como fator sucesso: 

Quando relacionado com a criação de um novo negócio, o termo “empreendedorismo” pode ser definido como o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades. A perfeita implementação dessas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso. (DORNELAS, 2017, p.29).

2.2 Inovação

Para Drummond (2018), é difícil conceituar inovação, visto que esse termo é por vezes confundido com invenção e criatividade, embora tais conceitos estejam diretamente interligados. A inovação não se restringe apenas à invenção de uma nova tecnologia, mas também pode ser encontrada em novas formas de fazer algo já existente, podendo ocorrer em diferentes áreas, melhoria contínua de processos, produtos, serviços e modelos de negócios:

Invenção é a criação de algo inédito, como um produto, um serviço, um processo ou uma tecnologia. A inovação ocorre quando da aplicação comercial em escala de uma dada invenção. Os grandes casos de sucesso envolvem a busca do santo graal na forma de inovações radicais que alteram rotas tecnológicas, mudam as regras do jogo e redefinem mercados e economias. Pouquíssimo valor é conferido à inovação incremental e melhoria contínua, e pouco se comenta acerca da inovação no modelo de negócios. Por fim, inovação envolve risco, ambiguidade e incerteza:  (DRUMMOND, 2018, p.52).

De forma prática, Drummond (2018) ainda dispõe que a inovação nos negócios não deve se ater ao produto ou à sua tecnologia aplicada, mas sim, deve ter como foco as necessidades do cliente final: 

Quando o assunto é inovação, esqueça seu produto, sua tecnologia e seus demais atributos. Concentre-se em responder à seguinte pergunta: qual é o problema que seu cliente (ou prospect, aquele que pode vir a ser seu cliente) quer resolver? Quais tarefas ele quer executar? Como podemos ajudar esse cliente – de forma lucrativa – tornando sua vida mais fácil, simples, barata, conveniente e produtiva?   (DRUMMOND, 2018, p.59).

Já para Spínola (2022), a melhoria incremental, para ser considerada como diferencial competitivo, deve atender as necessidades e demandas dos clientes, além de agregar maior valor ao produto/serviço, reposicionando mercados:  

Melhorar é diferente de inovar. Melhorias cotidianas, incrementais, de baixo impacto, fazem parte de uma empresa inovadora, no entanto, se não são unidas a melhorias que gerem reposicionamentos de mercados interessantes, dificilmente a empresa terá algum diferencial competitivo relevante. Foi-se o tempo que apenas melhorias incrementais poderiam fazer alguma diferença. (SPÍNOLA, 2022, p. 28).

De acordo com o Portal da Indústria (2022), a 4ª revolução industrial (também denominada “Indústria 4.0”) se tornou realidade pela capacidade de inovação das empresas. No entanto, inovar não é apenas criar algo: 

Inovar vai muito além do desenvolvimento de novos produtos ou serviços. A inovação se tornou imperativa para qualquer tipo de negócio e é capaz de impulsionar a economia de países. O mundo da Indústria 4.0, da internet das coisas e de tecnologias comandadas pela inteligência artificial, é uma realidade hoje graças à capacidade que as empresas têm de inovar. Mas não se deve restringir a inovação às transformações radicais ou que exigem elevados investimentos. Inovar é basicamente gerar valor para o negócio por meio de um novo produto, processo ou serviço. Se não gerar benefícios para a empresa, a novidade pode até ser uma invenção, mas não será inovação. Você já se perguntou qual o conceito de inovação? Inovar é criar algo novo, é introduzir novidades, renovar, recriar. A inovação é sempre tida como sinônimo de mudanças e/ou melhorias de algo já existente. (PORTAL DA INDÚSTRIA, 2022).

Outro aspecto interessante abordado pelo Portal da Indústria (2022) é a diferenciação dos conceitos de invenção e inovação, sendo que para que algo seja considerado inovação é necessário que de fato haja a implementação/aplicação da solução criada: 

Outro componente decisivo para se conceituar a inovação é a implementação, já que é ela quem diferencia inovação de outros conceitos, como o de invenção. Ou seja, a inovação se concretiza quando ela é colocada em uso ou disponibilizada para o uso de quem quer que seja. Ela deve sair do papel, ser aplicada.  Inovar é transformar uma ideia em solução com criatividade. Inovar é fundamental para empresas de qualquer setor e porte, e, claro, para um país. (PORTAL DA INDÚSTRIA, 2022).

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, a inovação, portanto, é determinante para a sobrevivência de qualquer empresa: 

Diante de um ambiente altamente competitivo, onde as empresas necessitam constantemente agregar valor ao seu negócio, a inovação torna-se um fator determinante para a sua sobrevivência. A capacidade de inovar exige que as empresas saiam da zona de conforto e comecem a observar as necessidades de seus clientes para criação de novas tendências ou soluções, ou seja, entregar valor e construir o que vai gerar valor no futuro é um grande desafio visto que existem duas variáveis: velocidade e incerteza. (SEBRAE, 2022). 

2.3 A relação entre empreendedorismo e inovação

De acordo com Brito e Souza (2023), o empreendedorismo e a inovação têm se mostrado extremamente relevantes atualmente. O empreendedorismo é fundamental para o desenvolvimento econômico e social, promovendo a criação de novos negócios, a geração de empregos e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Além disso, o empreendedorismo está diretamente ligado à inovação, pois os empreendedores são responsáveis por identificar oportunidades, buscar soluções criativas e implementar mudanças nas organizações. 

No entanto, segundo Brito e Souza (2023), é importante ressaltar que o empreendedorismo e a inovação não são apenas responsabilidades individuais. As organizações também desempenham um papel fundamental ao criar um ambiente propício para o surgimento de ideias inovadoras e ao estimular o empreendedorismo corporativo. Isso envolve a valorização dos colaboradores, o estímulo à criatividade, a redução de níveis hierárquicos e o incentivo à participação de todos os níveis organizacionais na busca por soluções inovadoras. 

Além disso, Brito e Souza (2023) dispõe que a remuneração variável tem se mostrado uma ferramenta eficaz para estimular a inovação e o empreendedorismo dentro das organizações. Ao premiar os esforços e o comprometimento individual, a remuneração variável motiva os colaboradores a buscarem constantemente melhorias e a se envolver de forma empreendedora nas atividades da empresa.  A remuneração variável também contribui para a criação de um clima organizacional favorável ao desenvolvimento de novas ideias e ao aumento do desempenho. Em resumo, o empreendedorismo e a inovação são essenciais nos dias atuais para impulsionar o desenvolvimento econômico e social. Eles estão interligados e dependem tanto de indivíduos visionários e empreendedores quanto de organizações que estimulem a criatividade e valorizem seus colaboradores. A remuneração variável é uma ferramenta importante para incentivar a inovação e o empreendedorismo dentro das organizações, contribuindo para o alcance de melhores resultados.

2.4 Gestão estratégica nos pequenos negócios

De acordo com Florêncio e Sampaio (2020), a gestão estratégica é um desafio crucial para os líderes empresariais em um mercado cada vez mais incerto e competitivo. Essa abordagem estratégica permite que as empresas identifiquem sua missão, objetivos e ações necessárias para competir eficazmente no ambiente. Além disso, ela considera não apenas o contexto econômico da empresa, mas também fatores culturais e socioeconômicos. No ambiente empresarial em constante evolução, a falta de uma visão estratégica pode ser prejudicial, especialmente para micro e pequenas empresas. Um monitoramento contínuo e a adoção de uma gestão estratégica podem contribuir para o sucesso, aumentando as vendas e os lucros desejados. No entanto, isso requer uma mudança radical na mentalidade e ações dos proprietários-gestores, incluindo a análise da posição atual, o desenvolvimento de projetos e estratégias, o acompanhamento da implementação e a busca por resultados a longo prazo.

Portanto, a gestão estratégica é essencial para navegar em um mercado desafiador, considerando não apenas aspectos econômicos, mas também culturais e socioeconômicos.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2016), para micro e pequenas empresas, adotar uma abordagem estratégica é crucial para garantir o desenvolvimento e a sobrevivência do negócio, mesmo em um ambiente globalizado e competitivo. Isso requer uma mentalidade de planejamento a longo prazo e a capacidade de adaptar-se às mudanças do mercado:

Porque pensar estrategicamente é fundamental para quem quer alcançar o sucesso empresarial, sobrevivendo às mudanças constantes do mercado.

Muitas empresas nascem e crescem de forma desordenada, podendo até sobreviver por certo período no mercado. Mas, em tempos de tantas mudanças nos aspectos políticos, econômicos, sociais e tecnológicos, em um mercado altamente competitivo, sobreviver com resultados diferenciados exige muita organização, controle e inovação. Se a empresa está iniciando, definir a estratégia que vai trilhar no mercado fará grande diferença, pois, ao conhecer as potencialidades e as limitações para operação, falhas podem ser evitadas, alcançando resultados mais consistentes com a sua razão de existir. Se a empresa já está no mercado, é fundamental repensar a forma de operação. No ambiente de constantes mudanças, pode ser necessário efetivar processos de reestruturação para sobrevivência e competitividade. As reestruturações podem ser na forma organizacional, financeira, mas também dos produtos e serviços oferecidos no mercado. (SEBRAE, 2016). 

2.5 Ferramentas e boas práticas de gestão inovadora nos pequenos negócios

De acordo com Henriques (2022), o sucesso de um empreendimento, especialmente no caso de micro e pequenas empresas, depende da avaliação das quatro fases do ciclo empreendedor. Essas fases incluem a identificação de oportunidades de negócio, a avaliação dessas oportunidades, a elaboração de um plano de negócios e o gerenciamento da implementação. Para microempresas, o método de pesquisa e desenvolvimento (P & D) pode ser uma alternativa, mas muitas vezes falta o financiamento necessário. No entanto, as microempresas têm a vantagem de estar próximas aos clientes e podem buscar inovação com base nas necessidades deles, adaptando métodos e técnicas de acordo com seus recursos e tamanho.

Em comparação com grandes organizações, as microempresas têm a capacidade de se destacar devido ao seu tamanho, cultura voltada para eficiência e inovação de produtos já existentes. Elas não enfrentam a mesma burocracia, altos custos de mudança e investimentos significativos em processos. Durante a fase de elaboração do plano financeiro, as microempresas devem ser realistas e práticas, evitando o excesso de otimismo. Muitos empreendimentos falham devido à falta de planejamento financeiro adequado, como desconsiderar despesas de capital de giro e não prever riscos financeiros. (Henriques, 2022). 

Ademais, durante a análise do plano de negócios, os empreendedores devem considerar riscos relacionados a câmbio, taxas de juros, sazonalidade, regulação e mudanças não previstas nos produtos. É crucial realizar análises e simulações que representem situações reais, utilizando técnicas como a simulação de sistemas da pesquisa operacional, a fim de reduzir e prevenir esses riscos e tomar decisões mais informadas. (Henriques, 2022).

De acordo com Spínola (2022), é perceptível a evolução rápida e contínua na última década da tecnologia e do mundo dos negócios. Estarão mais bem preparados para esse cenário de evolução frenética e para o mundo VUCA – Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade) – que se vive atualmente, aqueles pequenos empreendedores que conseguem: (i) ter visão e se antecipar às mudanças; (ii) ajustar seus negócios à transformação digital, explorando todo o potencial possível, seja através do aculturamento e de ferramentas tecnológicas seja através de canais de atendimento e e-commerce; (iii) formar equipes de alta performance e que atuem com propósito; (iv) criar um ambiente confiável e que permita a criatividade, bem como um ambiente em que o erro não é sinônimo de fracasso e (v) criar vínculos entre a empresa e seus clientes. 

Spínola (2022) discorre sobre o que se espera de um líder inovador na era da transformação digital. Segundo ele, deve-se considerar para a prestação de serviços e para vendas de produtos às necessidades e desejos reais dos clientes e não o que se espera que desejem. Para identificar essas necessidades, desejos e conveniências do público-alvo, os empreendedores devem ser ágeis, aplicar constantemente testes, realizar experimentos, identificar rapidamente os erros advindos desses experimentos e corrigi-los nessa mesma velocidade. Para o autor, é fundamental buscar resultados, visto que não há como dissociar inovação e resultado.

Torres (2022), de forma complementar, apresenta a técnica do “futurismo” como uma importante ferramenta e vantagem competitiva para os pequenos negócios. 

Conceitua-se “futurismo” como: 

O Futurismo pode ser conceituado como uma área de estudo que investiga, explora, traduz e acelera as possibilidades de futuros pós-emergentes, de cinco a 10 anos à frente do tempo presente. A proposta dos futuristas é observar como sinais encontrados na ciência avançada, nas novas tecnologias e no empreendedorismo, especialmente startups e outros formatos inovadores de empreender, podem afetar a cultura, comportamentos e novas estruturas da sociedade, impactando fortemente as empresas e o empreendedorismo em si. A intenção mais ampla e nobre do futurismo é aumentar a consciência de sociedades para que decisões que gerem impacto positivo para o mundo sejam desenhadas. (TORRES, 2022, p. 34).

Para Torres (2022), considerando as incertezas de mercado provocadas pelo mundo VUCA, os pequenos negócios podem alcançar o protagonismo, segundo a autora, através de 5 passos.  O primeiro deles consiste na imersão de novas tecnologias e ciência avançada de forma a ampliar o olhar do empreendedor. O segundo passo é entender o contexto atual em que o negócio está, ou seja, os mercados consumidores, o setor e segmento que o negócio está inserido, o cenário competitivo, além da análise das ameaças, oportunidades, forças e fraquezas tanto da operação quanto da equipe/time.  Já o terceiro passo, é procurar os “sinais do futuro” e/ou evidências e/ou fatores que possam impactar o futuro da humanidade, todos obtidos na imersão realizada no primeiro passo.  O passo seguinte, qual seja, o quarto passo consiste na geração de possibilidades, cenários e desafios a serem ultrapassados tanto em um futuro imediato quanto em um futuro a longo prazo. O quinto e último passo já consiste no desenho do futuro desejável e as principais decisões e ações que possibilitam alcançar esse futuro desejável. 

3 METODOLOGIA

De acordo com Lakatos e Marconi (2010, p.84-85), os artigos científicos são pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, apresentam o resultado de estudos ou pesquisas e distinguem-se dos diferentes tipos de trabalhos científicos pela sua reduzida dimensão e conteúdo. São publicados em revistas especializadas, permitindo ao leitor, mediante a descrição da metodologia empregada repetir a experiência. Dessa forma, esse tópico visa expor a metodologia adotada.

Na visão de OLIVEIRA (2011, p. 19), a metodologia científica “estuda a melhor maneira de abordar determinado problema para a produção de um conhecimento que    possa ser chamado de científico”. Na percepção de FACHIN (2001), o método científico caracteriza-se pela escolha de processos para definição e esclarecimento de uma determinada situação sob estudo e sua escolha deve estar baseada em dois critérios básicos: a natureza do objeto ao qual se aplica e o objeto que se tem em vista no estudo.

O presente trabalho utilizou-se da classificação enquanto o método de pesquisa, da pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. A pesquisa bibliográfica, se mostra indicada para a elaboração deste trabalho porque, como afirma GIL (2019), é um método utilizado por permitir ao pesquisador ter maior conhecimento sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico, realizada por meio de livros, periódicos, revistas e demais fontes. Na perspectiva de LAKATOS e MARCONI (2011), a pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador fazer uma análise crítica, criteriosa e vasta acerca das publicações a respeito de determinado assunto, tema e área do conhecimento. Já a pesquisa documental permite o levantamento de documentos acerca do assunto analisado. Segundo GIL (2019), os documentos fornecem dados e fontes de grande importância para a análise do problema, pois representam prova inconteste a respeito dos fatos estudados, além de serem fontes de informações naturais. 

Quanto à abordagem da pesquisa, foi adotada a pesquisa qualitativa. Para Perovano (2016, p. 151), a pesquisa qualitativa refere-se à forma como serão tratados os dados da investigação científica, quando se realizarem os esclarecimentos, as explicações de termos e conceitos. Por isso, foram realizadas análises qualitativas e descritivas, utilizando-se das leituras de livros, artigos, revistas e demais fontes.

Quanto a classificação da pesquisa segundo a técnica, esse estudo caracterizou-se como uma revisão bibliográfica, tendo em vista que a revisão bibliográfica é uma das mais comuns entre os pesquisadores, sendo obrigatória em todos os trabalhos científicos, pois, com ela é feito uma coleta de dados a partir de artigos, livros e revistas científicas para utilizar como citações. Também se caracterizou como uma pesquisa documental, pois a natureza dos documentos foi de fontes primárias e secundárias, por utilizar e recorrer às fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, relatórios de empresas, dentre outros. 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no presente estudo, não restam dúvidas que o empreendedorismo e a inovação estão interligados, visto que não há como falar em empreendedorismo sem abordar a inovação. É indiscutível que ambos são fatores indispensáveis para o sucesso de qualquer organização, especialmente das micro e pequenas empresas, sob a perspectiva de seus gestores. 

Em um mundo de incertezas, de constantes e rápidas mudanças como o atual, a inovação é um caminho sem volta. O que antes poderia ser visto como um diferencial competitivo, agora é tido como necessidade básica e fator de sobrevivência.  

Tal necessidade ficou ainda mais evidenciada durante a pandemia, nos quais os pequenos negócios – do mercadinho da esquina ao restaurante de comida à quilo – tiveram que se reinventar, ajustar seus modelos de negócios, firmar parcerias, ampliar rede de atendimento, flexibilizar o modo de trabalho e aderir a transformação digital. Exemplo claro de inovação compulsória: “ou inova ou fecha as portas”. 

Nota-se, através da presente pesquisa, que o conceito de inovação é por vezes, e de forma equivocada, tido como sinônimo de invenção. No entanto, inovar é muito mais do que inventar algo. Inovar é estar aberto às novas ideias, aceitar as mudanças, ouvir os clientes e seus colaboradores, estar atento às novas e futuras demandas de mercado, criar soluções, experimentar e implementá-las em escala comercial. 

A inovação pressupõe pensamentos, comportamentos, atitudes e ações. A cultura da inovação deve estar presente no “DNA” da organização e no jeito de se fazer as coisas no dia a dia.  

Ressalta-se também que a inovação também não necessariamente pressupõe em desenvolver algo inédito, trazer grandes transformações, estar associada à tecnologia. A inovação muitas vezes é incremental, refletindo melhorias importantes em algum processo, modelo de negócio, produto ou serviço. 

Por mais que os gestores das micro e pequenas empresas tenham acesso à métodos, ferramentas (algumas delas citadas no presente artigo) e informação sobre a importância da inovação para sobrevivência de seus negócios, se faz necessária a mudança de mentalidade, dos hábitos e comportamentos das pessoas, já que são elas a verdadeira base e sustentação para toda e qualquer inovação.  E essa mudança não é fácil porque requer tempo, esforço, prática e coragem. Muitos negócios são fracassados porque a maioria dos gestores tem resistência natural à inovação, seja por medo do desconhecido ou por medo de errar e fracassar ou até mesmo por aversão a correr riscos. 

A visão estratégica dos gestores, com foco na inovação, também é fundamental para a sobrevivência de qualquer negócio. O modelo ideal de gestão para pequenos negócios é aquele que permite a eficiência, a criatividade, a diversidade, o experimento, e até mesmo o erro, nesse último como fator de aprendizado. 

O gestor é aquele que organiza, planeja e orienta a equipe envolvida na operação do seu negócio. Portanto, a visão empreendedora e inovadora do gestor de um pequeno negócio é fator chave para a análise do mercado, para a identificação de novas oportunidades, para o sucesso e sobrevivência das micro e pequenas empresas. 

Ademais, nesse aspecto, os pequenos negócios levam vantagem em relação aos grandes porque conseguem ter melhor proveito do erro com rápida identificação e correção, já que são menos burocráticos e possuem processos mais simplificados. 

As contribuições deste artigo implicam em os gestores compreenderem a importância do empreendedorismo e da inovação para o sucesso nas micro e pequenas empresas, visando garantir assim a sobrevivência e sucesso das micro e pequenas empresas. Para pesquisas futuras, sugere-se realizar um estudo de campo a fim de aprofundar os estudos nessa temática para verificar e analisar os resultados encontrados, fazendo uma comparação entre micro e pequenas empresas que possuem postura e gestão inovadora e empresas tradicionais e mais conservadoras, analisando e correlacionando os resultados encontrados.

REFERÊNCIAS

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SEBRAE. Mas afinal, o que é empreendedorismo? 2021. Disponível em: https://www.sebrae-sc.com.br/blog/o-que-e-empreendedorismo, acesso em 07/10/2023. 

SEBRAE. O que são estratégias empresariais? 2016. Disponível em: https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-sao-estrategias-empresariais,e4df6d461ed47510VgnVCM1000004c00210aRCRD, acesso em 13/10/2023. 

SPÍNOLA, André Silva. A VIRADA. Construindo uma liderança de alta performance na era da transformação digital. 1ed. São Paulo: 2022. P.12. 

TORRES, Andrezza Cintra. A VIRADA. Futurismo para Pequenos Negócios. Como aplicar essa poderosa ferramenta para negócios vencedores. 1ed. São Paulo: 2022. P.32.


1 Aluno de graduação do curso de Administração do Centro Universitário Newton Paiva. E-mail: brh.silva@gmail.com.
2 Aluno de graduação do curso de Administração do Centro Universitário Newton Paiva. E-mail: cassiofb700@gmail.com.
3 Aluno de graduação do curso de Administração do Centro Universitário Newton Paiva. E-mail: irineujunior89@gmail.com.
4 Professor/orientador do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Newton Paiva. E-mail: robsney.goncalves@newtonpaiva.br.