UMA COMPREENSÃO HISTÓRICA DO TRABALHO FEMININO E OS DESAFIOS NO RETORNO ÀS ATIVIDADES LABORAIS APÓS A LICENÇA-MATERNIDADE

A HISTORICAL UNDERSTANDING OF FEMALE LABOR AND THE CHALLENGES IN RETURNING TO WORK AFTER MATERNITY LEAVE.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10139383


Bianca Matte da Silva1
Ligia Krüger Bresolin Milano2


RESUMO

Ao desempenhar atividades relacionadas ao trabalho e aos cuidados com o lar e filhos, muitas mulheres se deparam com impasses para administrar todos os contextos, resultando em um enfraquecimento da qualidade de vida, desequilíbrio entre trabalho e vida doméstica, crenças negativas sobre seu desempenho, e manifestação de estresse e ansiedade. Considerando os desafios enfrentados, o presente estudo visou compreender, através de uma revisão de literatura, a evolução do trabalho feminino ao longo da história, a fim de perceber a maneira como as mulheres que trabalham são concebidas diante da sociedade. Diante deste cenário, buscou-se aprofundar nos obstáculos visualizados no retorno ao trabalho, após o período da licença-maternidade, apresentando as principais repercussões em suas vidas. Não só isso, procurou-se entender os impactos do cenário pandêmico de COVID-19, nas rotinas e formatos de trabalho das mulheres, sobretudo daquelas que retornam de licença-maternidade, percebendo ainda quais as possibilidades para uma saúde mental mais equilibrada. Através desta pesquisa, foi possível observar que, apesar dos estereótipos históricos concebidos às mulheres, a sua contribuição no mundo do trabalho é um fator importante para o progresso e a equidade social. Ainda observou-se que durante a pandemia de COVID-19, demandas designadas às mulheres se multiplicaram e se intensificaram, e no retorno ao trabalho após a licença-maternidade, estas enfrentaram exaustão, medo e fragilidade na saúde mental. De forma geral, encontrou-se que ao retornar do período de licença, apesar de as mulheres se sentirem em desvantagem diante dos demais colegas de trabalho, o emprego tem um papel crucial em suas vidas, proporcionando realização profissional, estabilidade financeira, segurança e sentimento de reconquista do bem-estar. Para conciliar a vida pessoal e profissional, foram identificadas várias estratégias às mulheres, contribuindo para que consigam se ajustar aos diferentes papéis assumidos em suas vidas, com uma participação social, laboral e materna mais íntegra e saudável.

Palavras-chave: 1 Licença Maternidade, 2 Covid-19, 3. Retorno/trabalho, 4. Trabalho Feminino.

ABSTRACT

While performing tasks related to both work and household and childcare responsibilities, many women face challenges in managing all these contexts, resulting in a weakening of their quality of life, an imbalance between work and domestic life, negative beliefs about their performance, and the manifestation of stress and anxiety. Considering the challenges they encounter, this study aimed to understand, through a literature review, the evolution of women’s work throughout history in order to perceive how working women are perceived by society. In this context, the study sought to delve into the obstacles encountered when returning to work after maternity leave, presenting the main repercussions in their lives. Furthermore, it aimed to understand the impacts of the COVID-19 pandemic on the routines and work formats of women, especially those returning from maternity leave, while also identifying possibilities for a more balanced mental health. Through this research, it was possible to observe that despite historical stereotypes imposed on women, their contribution to the world of work is an important factor for progress and social equity. It was also noted that during the COVID-19 pandemic, demands placed on women multiplied and intensified, and upon returning to work after maternity leave, they faced exhaustion, fear, and mental health fragility. In general, it was found that when returning from maternity leave, despite women feeling disadvantaged compared to their colleagues, employment plays a crucial role in their lives, providing professional fulfillment, financial stability, security, and a sense of well-being recovery. Various strategies were identified to help women balance their personal and professional lives, contributing to their ability to adapt to the different roles they assume in their lives, leading to a more integrated and healthier social, work, and maternal participation.

Keywords: 1 Maternity-Leave, 2 COVID-19, 3 Return to Work, 4 Women in the Workplace

1. INTRODUÇÃO

Ao longo da evolução histórica, as mulheres têm enfrentado conflitos de natureza tanto intrapessoal quanto interpessoal, especialmente quando retornam à vida profissional após o período de licença-maternidade. Isso, por sua vez, amplifica consideravelmente seus sentimentos de insegurança. Conforme Perrot (2005) salienta, é notável o trabalho desempenhado por mulheres em todas as eras, embora nem sempre tenham exercido profissões da mesma maneira que fazem atualmente.

No Brasil, ao longo do século XIX, a visão da mulher de classe média era a de “senhora do lar”, incumbida de cuidar da casa, do marido e dos filhos (Perrot, 2005). Historicamente, esta é personificada como símbolo da fertilidade, vista por muitas sociedades como cuidadora e protetora do lar, cabendo a ela auxiliar os membros da família em todos os contextos.

Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, esse modelo familiar gradualmente se modificou à medida que as mulheres começaram a desenvolver novas expectativas de vida. Sendo que, além de suas funções maternas e do lar, as mulheres passaram a procurar por realização pessoal e profissional, buscando, por exemplo, aprimorar seus conhecimentos por meio de estudos, a fim de garantir sua progressão no mercado de trabalho (Simões & Hashimoto, 2012, p.8).

Contudo, ainda se percebe que muitas mulheres enfrentam dificuldades em conciliar suas responsabilidades maternas e profissionais, resultando em um enfraquecimento da qualidade de vida e no surgimento de problemas, como desequilíbrio entre trabalho e vida doméstica, crenças negativas sobre seu desempenho, e manifestação de estresse e ansiedade (Oliveira, 2011).

Os desafios se intensificam na vivência da maternidade. Ao desempenhar as atividades relacionadas ao trabalho e aos cuidados com o lar e os filhos, muitas mulheres se deparam com impasses para administrar todos os contextos (Lemos et al., 2020). E neste sentido, surge a licença maternidade, como um direito consagrado na constituição e aprovado pelo decreto-lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943. Conforme Art. 392, esta garante que as mães possam permanecer com seus filhos recém-nascidos por 120 dias ou mais, sem perda de remuneração e sem risco de demissão (Brasil, 1943). Isso permitiu que as mulheres tivessem melhores condições para se dedicarem aos cuidados com os filhos em seus primeiros meses de vida.

Entretanto, o retorno ao trabalho, após o período de licença-maternidade, continuou sendo um grande desafio para muitas mulheres. Neste sentido, esse estudo teve como objetivo traçar uma análise histórica do trabalho feminino, considerando os principais desafios existentes, bem como entender os aspectos que envolvem a reintegração da mulher ao ambiente de trabalho após o término da licença-maternidade. Buscou-se observar os principais impasses visualizados em diferentes cenários. Um deles, refere-se ao enfrentamento das adaptações relacionadas à pandemia de COVID-19.

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) declarou estado de pandemia pelo coronavírus disease, conhecido como Novo Coronavírus ou COVID-19, doença que se manifesta nos seres humanos, após a infecção causada pelo vírus SARS-CoV-2. O cenário de pandemia se dá quando uma doença infecciosa atinge inúmeras pessoas no mundo, compelindo os países a tomarem medidas de controle e prevenção de doenças, sendo algumas delas voltadas para o mundo do trabalho. Durante três anos o contexto de pandemia fez com que as pessoas tivessem que conviver com adaptações provenientes deste vírus. Consoante a Organização Mundial da Saúde (OMS) o fim do estado de emergência de saúde pública de importância internacional referente à covid-19 se deu em 05 de maio de 2023 (Brasil, 2023).

Portanto, ao considerar o impacto da pandemia de COVID-19 no ambiente de trabalho, este estudo se propôs a examinar, por meio de uma revisão de literatura, como as mulheres enfrentaram esse cenário.

Primeiramente foi realizada uma análise da evolução histórica do trabalho feminino, com um foco específico naqueles momentos em que as mulheres retornaram às atividades laborais após a licença-maternidade. Ofereceu também um estudo sobre a modalidade home office durante a pandemia de COVID-19, com o intuito de identificar os principais desafios visualizados no trabalho executado por mulheres neste cenário.

Compreender a evolução do trabalho feminino ao longo dos anos, bem como o enfrentamento dos desafios relacionados ao retorno às atividades laborais após o período de licença-maternidade, principalmente diante de um contexto pandêmico, implica em possibilitar avanços nas políticas e legislações relacionadas ao trabalho feminino. A finalidade é permitir que as mulheres consigam se ajustar aos diferentes papéis assumidos em suas vidas, com uma participação social, laboral e materna mais íntegra e saudável (Andrade, 2016).

2. METODOLOGIA

Para conduzir esta pesquisa sobre a concepção histórica do trabalho feminino, considerando o retorno ao trabalho após o período de licença-maternidade, este estudo empregou uma análise de literatura, com informações provenientes de múltiplos autores e estudos anteriormente publicados sobre o assunto. As informações utilizadas foram advindas de artigos e livros publicados em plataformas digitais, as quais foram: portal de periódicos da CAPES, SciELO e Google Acadêmico. Foram também utilizadas informações advindas do governo federal, tais como leis, decretos de leis, notas técnicas, medidas provisórias e programas de governo.

A intenção deste formato de estudo é de aproveitar os conhecimentos e percepções de autores, formando assim uma análise abrangente que incorpora diversas ideias extraídas de diferentes fontes devidamente citadas. A pesquisa bibliográfica se baseia em matérias já existentes, como livros e artigos científicos, a fim de garantir maior precisão e fundamentação Gil (2002).Ou seja, de acordo com Boccato (2006), a pesquisa bibliográfica faz um levantamento por meio de uma análise crítica dos documentos sobre o tema pesquisado, com o intuito de atualizar e contribuir com os estudos na área.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1.Uma construção histórica do trabalho feminino

A evolução histórica da mulher no mercado de trabalho tem início nas sociedades primitivas, em que há relatos relacionados à divisão de trabalho. Nesse contexto, segundo Barros (2010), eram confiados aos homens a caça e a pesca, e às mulheres a coleta de frutos, evoluindo mais tarde para o auxílio em algumas produções provenientes da terra. Na antiguidade, há registros históricos sobre ser encargo das mulheres a tosquia de ovelhas e a tecelagem da lã, sendo estas responsáveis pela produção de vestimentas. Ainda, trabalhavam na ceifa do trigo e preparo de pães.

Mesquita e Teixeira (2019) apontam que os papéis femininos e masculinos foram construídos socialmente de maneiras divididas, encarregando as mulheres às tarefas domésticas e os homens às tarefas sociais e produtivas. De acordo com Garcia e Viecili (2018) essa desigualdade histórica de papéis contribuiu para que a mulher desenvolvesse sentimentos de incapacidade e insatisfação com si mesma, e com seu posicionamento perante uma sociedade.

Enquanto desempenhavam suas funções no ambiente de trabalho, Martins (2000) observou que as mulheres enfrentavam uma ausência total de medidas de proteção e cuidado em relação às suas jornadas laborais. Elas eram submetidas a cargas horárias idênticas e frequentemente até mais extensas do que as de muitos homens, sem receber salários condizentes com suas responsabilidades e sem acesso a condições adequadas para um ambiente de trabalho seguro, motivador e saudável. Em certos casos, essa falta de políticas, legislação e medidas de segurança resultaram em tragédias e até mortes de algumas operárias. Essas observações são observadas na literatura:

Durante a Revolução Industrial do século XIX, as mulheres eram amplamente empregadas, especialmente na operação de máquinas. Os empregadores preferiam contratá-las devido os valores que eram pagos para as mesmas, que eram menores comparados com os homens, apesar de desempenharem as mesmas tarefas. Com isso, as jornadas de trabalho feminino eram exaustivas de 14 a 16 horas por dia, remunerações baixas, condições de trabalho prejudiciais à saúde e uma carga de responsabilidades que incluía cuidar de casa e dos filhos, sem ter também uma proteção durante a gravidez ou período de amamentação (Martins, 2000, p.76).

Segundo Nascimento (2010) a Constituição de 1934 foi a primeira a tratar dos Direitos no Brasil, assegurando a liberdade sindical, salário mínimo, jornada de oito horas, repouso semanal, férias anuais remuneradas, proteção do trabalho feminino e infantil, e isonomia salarial. Nesse sentido, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) trouxe uma importante contribuição ao trabalho das mulheres, ao estabelecer a licença-maternidade como um direito ligado ao emprego assalariado, semelhante aos outros direitos sociais que só foram reconhecidos e aplicados às pessoas inseridas no mercado de trabalho formal.

A partir de setembro de 2022, a Lei n.º 14.457/2022 entrou em vigor, estabelecendo o programa “Empresa Mulheres”, e introduziu significativas modificações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Essas alterações visam não apenas promover a inclusão da mulher no mercado de trabalho, mas também criar um ambiente mais igualitário, conforme supracitado no artigo 23 da Lei n.º 14.457/22 (Brasil, 2022).

A origem dessa lei remonta à Medida Provisória n.º 1.116/21 e abrange diversas disposições, sendo que primeiramente assegurou flexibilidade nos horários e férias para mulheres (Brasil, 2022). Já o segundo ponto foi a disponibilização do benefício de reembolso-creche como uma alternativa à obrigatoriedade de berçários nas empresas. E por fim, medidas de apoio à reintegração das mulheres após período de licença-maternidade (Brasil, 2023). O programa “Empresa + Mulheres” também promove a participação ativa dos homens no processo de retorno ao trabalho de suas esposas e parceiras, buscando equilibrar o compartilhamento das responsabilidades parentais.

Andrade (2018) acrescenta que mesmo considerando todas as conquistas alcançadas pelas mulheres, as quais são de extrema importância e notoriedade, é igualmente crucial destacar a persistente disparidade. O autor supracitado, traz também que mesmo após anos de dedicação e determinação na busca por melhores condições de vida e trabalho, ainda prevalece uma certa negação do papel das mulheres na sociedade, abrangendo áreas como o mercado de trabalho, o aspecto social, o cenário político, o contexto cultural e até mesmo a esfera religiosa.

Ainda é preciso destacar que a participação das mulheres no mercado de trabalho no Brasil não as livrou da desigualdade profissional e da discriminação de gênero. Conforme destacado por Tavassi et al. (2021), a maioria dos empregos formais ocupados por mulheres está concentrada em setores e cargos de menor valorização, e as discriminações em relação às suas atividades profissionais ainda persistem.

Apesar de o ambiente de trabalho ainda não atender plenamente às necessidades das mulheres, Almeida (2018), salienta que mesmo com todos os esforços, as barreiras enfrentadas pelas mulheres são muito significativas, chegando a impedir os avanços individuais. Contudo, esses desafios e impedimentos observados nos contextos que permeiam a vida das mulheres são objetos de luta.

Visa-se uma participação mais consistente da mulher em todas as esferas possíveis, o que se pode alcançar mediante novas leis e projetos impostos pelo Estado, assim como pelo entendimento de muitas empresas sobre a necessidade da quebra de estereótipos de gênero, da promoção de equidade e construção de contextos mais inclusivos. Desta forma, além de proporcionar independência financeira às mulheres, seu trabalho contribui para a diversidade e riqueza de talentos nas empresas e nos setores da economia, impulsionando à inovação e ao crescimento. Portanto, a contribuição das mulheres no mundo do trabalho é um fator importante para o progresso e a equidade social (Almeida, 2018).

3.2. O cenário pandêmico de COVID-19 e o impacto na vida de trabalhadoras

 A pandemia de COVID-19 exigiu que as pessoas se adequassem às várias medidas necessárias para a contenção da propagação do vírus, tais como o isolamento e distanciamento social, uso de máscaras, higienização de mãos, testagem e rastreamento de contatos, fechamentos de escolas e estabelecimentos comerciais, vacinação, entre outros. Dentre elas, com a necessidade do isolamento e distanciamento social, empresas, escolas, universidades e outras instituições que tinham em seu formato de trabalho as pessoas reunidas presencialmente, buscaram recorrer ao trabalho remoto, conhecido como home officeou teletrabalho,a fim de não encerrarem suas atividades comerciais e/ou cessarem seus processos de produção. Diante desse contexto, os trabalhadores se depararam com inúmeras dificuldades e desafios nesta adaptação ao trabalho remoto de emergência, conforme apontado por Bridi (2020).

Segundo Haubriche e Froehlich (2020), o conceito de trabalho em regime de home office emergiu na década de 1970 como uma resposta à crise do petróleo, visando minimizar os desafios do tráfego, aproveitando as novas tecnologias que estavam se desenvolvendo naquela época. Atualmente, de acordo com estes autores, uma ampla variedade de termos é empregada para descrever formas de trabalho que ocorrem fora dos locais de trabalho tradicionais, onde o trabalhador não necessita estar presente em uma instalação fornecida pela organização. Alguns exemplos dessas designações incluem: home office, trabalho à distância, teletrabalho, trabalho remoto, virtual work e telecommuting.

A regulamentação do home office no país ocorreu em 2017, através da Lei 13.467/2017, que o define como “a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo” (Brasil, 2017).

No contexto de crise de saúde desencadeada pela pandemia do novo coronavírus, o coronavírus disease 2019 (COVID-19), essa realidade foi sendo alterada, visto que as medidas forçadas de isolamento e distanciamento social atribuíram força a esse formato de trabalho (Mendes et al., 2020). No mês de março de 2020 foram adotadas as medidas de isolamento social devido à pandemia e implementadas com o intuito de desacelerar a taxa de contaminação da população, evitando consequentemente o colapso do sistema de saúde (OMS, 2020).

Para ser possível adequar-se a essas diretrizes, muitas empresas suspenderam total ou parcialmente suas atividades ou, quando foi possível, passaram a operar na modalidade de home office ou trabalho remoto. Essa medida foi adotada por 46% das empresas brasileiras (Agência Brasil, 2020).

Robortella e Peres (2020) destacam que é evidente que, devido à pandemia de COVID-19, que resultou em uma crise de saúde significativa com impactos diretos na economia global e no mercado de trabalho, houve uma ampla adoção do teletrabalho e do home office como a principal e eficiente alternativa por muitas empresas e instituições públicas. Isso permitiu que elas mantivessem suas operações, sejam consideradas essenciais ou não (Robortella; Peres, 2020).

A adoção repentina ao home office durante o período de isolamento, de acordo com Savic (2020), obrigou os profissionais e suas famílias a se adaptarem à nova realidade, surgindo novos contextos, tais como: os trabalhos domésticos se intensificaram devido à ausência dos serviços habitualmente contratados; escolas e universidades passaram a ter o conteúdo ministrado mediante plataformas digitais; os encontros sociais e as atividades físicas passaram a ser feitos à distância. Assim, a necessidade do trabalho na modalidade home office durante a pandemia produziu grandes impactos em relação ao trabalho e vida familiar para os trabalhadores em geral.

Neste contexto emergente, as demandas existentes multiplicaram e se intensificaram, pois quando antes da pandemia muitas famílias contavam com seus filhos em creches ou escolas em tempo parcial, ou integral, com as medidas de proteção foi necessário que mantivessem seus filhos em casa. Ao mesmo tempo, os filhos tiveram que continuar as atividades escolares em suas casas, desenvolvendo tarefas, assistindo aulas no formato on-line, e exigindo atenção dos cuidadores no processo de aprendizagem. Ainda, as famílias não podiam mais contar com empregadas domésticas, profissionais diaristas e babás em seus lares, sendo preciso que assumissem todas as atividades relacionadas aos cuidados com o lar e filhos. Junto a isso foi preciso continuar com o trabalho profissional, adaptando as atividades laborais a um contexto caseiro, no formato home office. Foi preciso também que uma adaptação estrutural existisse nos lares, para que conseguissem suportar todas as pessoas da família em um único ambiente, com suas atividades escolares, de trabalho e lazer.

Melo e Thomé (2018) afirmam que, historicamente, às mulheres são empregadas as responsabilidades de cuidados de seus filhos, família e lar. Mesquita e Teixeira (2019) corroboram com este pensamento ao trazer que as sociedades construíram os papéis de gênero de forma segregada, com as mulheres tradicionalmente associadas às responsabilidades domésticas e os homens às tarefas sociais e produtivas. Com a pandemia e o trabalho em home office foi possível perceber que houve o aumento de demandas e responsabilidades às mulheres, ao conciliar todas as atividades e tarefas existentes.

Contudo, Barros e Silva (2010) destacam que ao longo do tempo de pandemia, muitas pessoas, em suas famílias, desenvolveram a capacidade de negociar junto a seus familiares os limites entre o compromisso com o trabalho e as responsabilidades em casa. Eles afirmam que a colaboração na negociação desses aspectos conduz a resultados mais favoráveis, ajudando a encontrar maneiras mais eficazes de equilibrar a vida profissional e pessoal, e consequentemente, colaborando para uma saúde mental mais equilibrada. 

3.3. A licença-maternidade como um direito à mulher que trabalha

No contexto da experiência da maternidade, as mulheres podem se deparar com um dilema ao conciliar os papéis de mãe e profissional, como destacado por Lemos et al. (2020). Inicialmente, nos primeiros dias após o nascimento, a mãe e o recém-nascido estabelecem uma relação fundamental para a sobrevivência da criança – uma predisposição aos cuidados que parece ter raízes na história da evolução da espécie, como proposto por Ribas e Seidl (2006).

A primeira legislação no Brasil que abordou um direito que mais tarde seria conhecido como licença-maternidade foi o Decreto n.º 21.417, datado de 17 de maio de 1932. Esse decreto regulamentou as condições de trabalho das mulheres em estabelecimentos industriais e comerciais. A partir da Constituição de 1934, os períodos de afastamento de uma mulher devido à gravidez e à maternidade passaram a ser remunerados pela previdência social, deixando de ser responsabilidade do empregador (Melo, 2019).

Segundo os dados da Secretaria de Políticas de Previdência Social, coletados em 2007, a garantia à licença-maternidade no Brasil, para as mulheres, foi estabelecida por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Os artigos 392, 393 e 395 da CLT, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943, estipulam o seguinte conjunto de regras: a licença para gestantes abrangia um período de quatro semanas antes do nascimento e oito semanas após o parto (Brasil, 2019).

A nova Constituição ampliou o escopo da proteção, bem como a duração das licenças para o trabalho formalizado, garantiu a estabilidade no emprego para as empregadas grávidas (desde a confirmação da gestação até cinco meses após o parto) e ampliou o período da licença-maternidade de 84 para 120 dias, com remuneração integral e paga pelo INSS (Brasil, 1988).

No ano de 2008, foi instituído o Programa Empresa Cidadã, com base na Lei n.º 11.770/2008 objetivou prorrogar a licença-maternidade de 120 para 180 dias com remuneração integral (Brasil, 2008). Essa lei introduziu mudanças nos parâmetros legais das licenças e conferiu novos contornos às desigualdades sociais. A participação das empresas no Programa Empresa Cidadã é voluntária, podendo deduzir nos impostos, como despesa operacional, o valor integral pago durante o prolongamento do período de licença.

Em outubro de 2022, durante uma sessão virtual, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou que o ponto de partida tanto para a licença-maternidade quanto para o salário-maternidade é a partir da alta hospitalar da mãe ou recém-nascido. Deve-se levar em consideração o momento mais tardio entre a alta hospitalar do recém-nascido e/ou da mãe. O benefício será estendido por todo o período, caso a internação exceda as duas semanas previstas nos artigos 392, § 2º da CLT, e no art. 93, § 3 do Decreto n.º 3.048/99, conforme o Relator Min. Edson Fachin (2022).

3.4. Os desafios e aspectos do retorno ao trabalho após licença-maternidade

O processo de reintegração ao trabalho após passar pelo período da licença-maternidade é experienciado de maneiras variadas dentre as mulheres, sendo algo muito subjetivo para cada uma (Garcia e Viecili, 2018). Embora seja uma fase marcada por desafios, é preciso destacar que o retorno ao trabalho, permite que as mulheres se sintam atuantes, produtivas e em movimento, ampliando seus papéis sociais para além do ser mãe, esposa e cuidadora da casa. Os autores destacam ainda que o emprego tem relevância na vida das mães, uma vez que proporciona estabilidade financeira e segurança, permitindo atender às necessidades da família.

Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho, o tradicional modelo familiar passou gradualmente por transformações, à medida que as mulheres começaram a nutrir novas expectativas em relação à vida. Isso ressalta que, para além do papel materno, as mulheres passaram a se preocupar com sua satisfação pessoal e o êxito em suas carreiras, buscando, por exemplo, aprimorar-se por meio de estudos, a fim de assegurar seu progresso no mercado de trabalho (Simões, Hashimoto, 2012, p. 8).

Segundo Grant (2002), algumas mulheres referem o trabalho como sendo um caminho para uma conquista, seja ela financeira ou pessoal. E ao retornarem ao trabalho, especialmente após o período de licença-maternidade, o retorno é significado de reconquista do bem-estar.

Contudo, Garcia e Viecili (2018) mencionam que é o emprego que proporciona a estabilidade e segurança financeira, possibilitando sanar as necessidades da família. Mas, muitas mulheres temem perder seus empregos, considerando que no mercado de trabalho há o preconceito de muitas instituições em relação à contratação de mães com filhos pequenos.

Rabello (2013) destaca que a presença de filhos pequenos não parece impedir a maioria das mulheres de procurar trabalho, mas dificulta o seu acesso à ocupação, por precisar se restringir a locais de trabalho mais próximos de suas residências, ou pela necessidade de uma jornada de trabalho menor e/ou mais flexível.

Ainda, quando retornam às suas atividades profissionais, os autores Morais (2014), Garcia e Viecili (2018) mencionam que as trabalhadoras podem se sentir em desvantagem em relação aos seus colegas de trabalho, pois não conseguem acompanhar o mesmo ritmo na execução das tarefas, pela desatualização e falta do contato com as atividades antes exercidas e, com isso, vem a preocupação relacionada ao sentimento de incapacidade, por não conseguirem concluir suas tarefas dentro dos prazos estabelecidos.

Porém, este medo não as impede de prosseguir com a carreira. Na compreensão de Andrade et al. (2018):

Uma vez que mediante a necessidade de trabalhar e da angústia de deixar o filho sobre os cuidados de outras pessoas, a mulher tende a desenvolver modos de defesa para tal enfrentamento e isso só será possível, entre outros recursos a que tenha acesso, por meio da mobilização de sua resistência ao fracasso e de inteligência subjetiva, já que não se trata de uma questão apenas individual (Andrade et al., 2018, p.150).

Morais (2014), Garcia e Viecili (2018) destacam que o retorno ao trabalho após a licença maternidade é uma fase de adaptação tanto física quanto psicológica para as mães. Isso ocorre porque a nova rotina traz consigo novas responsabilidades que se somam às obrigações maternas, o que pode influenciar negativamente no seu desempenho em suas diferentes atribuições, e na insatisfação quanto ao seu novo cenário.

Lopes et al. (2005) inferem que, ao considerar o retorno após licença-maternidade, é relevante destacar sobre a separação que acontece entre mãe-bebê, bem como a ansiedade que surge desse processo:

A ansiedade de separação materna se refere a um estado emocional desagradável nas mães, o qual é evidenciado pela manifestação de preocupação, tristeza ou culpa, a partir de três dimensões: sentimento de aflição da mãe ao se separar de seu bebê, da percepção que ela tem sobre a aflição do bebê como resultado da separação, e da ideia que ela faz sobre a capacidade do outro para cuidar de seu bebê (LOPES et al., 2005, p.27).

Enquanto para algumas mães a separação é algo almejado e planejado, para outras se torna uma situação dolorosa, e emoções contraditórias as acompanham. Parker (1997) afirma que o momento de separação entre mãe e filho pode ser complexo e também doloroso, pois, ao mesmo tempo, em que a mulher deseja sentir-se livre e independente, existe o medo que o bebê se sinta abandonado. Ao se referir sobre a ligação materna entre mãe e filho, Maldonado (1997) destaca que a mãe é estimulada a nutrir e proteger seu filho por vários meses, o que pode fazer com que no momento do retorno ao trabalho a mãe tenha uma sensação de estar abandonando sua cria.

Estudos neurocientíficos apontam que o contato mãe-bebê estimula a produção de ocitocina, hormônio que na gravidez e pós-parto auxilia no estabelecimento e no fortalecimento do vínculo, bem como na diminuição da ansiedade (Feldeman et al., 2007). À medida que a mãe passa mais tempo com seu bebê, observa-se um aumento nos níveis de ocitocina. A partir desse contexto, pode-se inferir que a adoção de um ambiente de trabalho flexível, adaptado às demandas da maternidade, contribui para o bem-estar e a segurança das mães. Essa abordagem, por sua vez, possibilita que sejam mais produtivas no trabalho, uma vez que conseguem gerenciar os diferentes sentimentos associados ao cuidado da criança e às demais necessidades referentes às outras áreas de suas vidas (Güney-Frahm, 2020).

Acrescentar sobre o retorno ao trabalho de mulheres que trabalhavam em hoje office ou que passaram a ficar em homem office para dar conta dos cuidados com os filhos. Basicamente responder a essa pergunta: como foi o enfrentamento do home office por parte das mulheres que necessitaram retornar ao trabalho após o período de licença-maternidade.

As mulheres já enfrentam uma considerável desigualdade nos índices de participação no mercado de trabalho, uma disparidade que se agravou durante a pandemia, a diferença em relação aos homens, que já era significativa, aumentou, uma vez que nem todas tiveram a oportunidade de conciliar trabalho e família (Costa, Barbosa e Hecksher, 2021).

Think (2021), contempla por sua vez que, durante a crise da pandemia de COVID-19, o grupo mais impactado foi o das mães com crianças pequenas. O acúmulo de responsabilidades decorrentes da pandemia, como o trabalho, os cuidados com os filhos e as tarefas domésticas, combinado à falta de apoio social, resultou no desemprego de muitas mulheres. Aquelas que conseguiram manter seus empregos enfrentaram exaustão, medo e fragilidade na saúde mental.

Ainda, para possibilitar um retorno ao trabalho de forma mais leve, os autores Vanalli e Barham (2012) referem sobre a importância de compartilhar com outras pessoas a responsabilidade de cuidado dos filhos. Os autores destacam que as mulheres retomam suas funções exercidas anteriormente ao nascimento, precisando se reintegrar às atividades profissionais e pessoais, e ao contar com o apoio de outras pessoas, há a possibilidade de que elas desempenhem suas tarefas com maior êxito.

Apesar dos desafios que as mulheres enfrentam ao retornar ao trabalho, de acordo com Garcia e Viecili (2018), o emprego tem um papel crucial em suas vidas, proporcionando estabilidade financeira e segurança para alcançar as necessidades familiares. Morais (2014), por sua vez, ressalta que os benefícios cognitivos, emocionais e sociais estimulam as mães que trabalham a enfrentarem esses desafios e a buscarem um equilíbrio entre os papéis de mães e profissionais, resultando em uma maior sensação de produtividade e participação ativa no trabalho.

4. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa em questão identificou a evolução do papel das mulheres no mercado de trabalho ao longo da história, destacando seu impacto na sociedade. Durante milênios, as mulheres têm contribuído de maneira significativa para a diversidade e a riqueza de talentos em diversos setores econômicos, o que desempenha um papel crucial na desconstrução de estereótipos de gênero, na promoção da equidade e na construção de sociedades mais inclusivas. A contribuição das mulheres no mundo profissional é, portanto, fundamental para o progresso e a justiça social.

É importante ressaltar que o significado do trabalho é altamente individual e varia de pessoa para pessoa. Cada mulher pode ter suas próprias motivações e razões pessoais para encontrar significado em sua carreira e emprego, e essas motivações podem evoluir ao longo do tempo.

Ao que se refere ao retorno ao trabalho após licença-maternidade, pode se presumir que cada mulher enfrenta os desafios de maneira única, e a maneira como eles são enfrentados pode depender de fatores como o ambiente de trabalho, o sistema de apoio disponível, as políticas da empresa e a sua própria situação social. É fundamental reconhecer e abordar esses desafios para apoiar as mulheres após a licença-maternidade, esses desafios envolvem sobrecarga de responsabilidades, preocupações, incertezas, sentimento de impotência e distanciamento em relação aos filhos, além do conflito entre as obrigações profissionais e o desejo de cuidar da família.

A literatura revela várias estratégias utilizadas para lidar com esses desafios, como o apoio da família e a construção de redes de apoio, otimização do tempo com os filhos e o gerenciamento das demandas de trabalho. Aumentar o tempo dedicado aos filhos é reconhecido como uma estratégia eficaz para enfrentar esses desafios, fortalecendo o vínculo com as crianças e proporcionando uma sensação de proteção. Durante a pandemia, tornou-se ainda mais evidente que o vínculo entre mãe e filho é crucial. Portanto, as empresas devem considerar a implementação de políticas de trabalho flexíveis, como horários adaptáveis, trabalho home oficce, ou meio período, para apoiar o retorno das mães ao trabalho.

Além disso, as organizações podem oferecer apoio psicológico e emocional às mulheres, facilitando sua adaptação a essa fase. É crucial que pesquisas futuras se concentrem na análise e compreensão dos conflitos enfrentados por mulheres de diferentes origens sociais durante esse período, independentemente de estarem relacionados ao retorno ao trabalho ou à escolha de não retornar. Aspectos como apoio familiar, acesso a creches ou serviços de cuidados infantis de qualidade, bem como políticas de licença-maternidade flexíveis, desempenham um papel crucial na decisão de voltar ao trabalho. Para algumas mulheres, o trabalho também oferece uma rede de apoio social e a oportunidade de manter um senso de identidade profissional. Portanto, o retorno ao trabalho após a licença-maternidade é uma escolha influenciada por uma variedade de fatores pessoais e contextuais

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1 Discente do curso Superior em Psicologia do Centro Universitário UNIVEL. E-mail: biaanccams@hotmail.com.

2 Docente do curso Superior em Psicologia do Centro Universitário UNIVEL. Especialista em Desenvolvimento Humano e Lideranças com Ferramentas de Coaching (FAG), em Recursos Humanos (UNIVEL) e em Gestão Empresarial (Universidade Positivo). E-mail: ligia.bresolim@univel.br