O USO DO LASER TERAPÊUTICO NO PROCESSO CICATRICIAL POR QUEIMADURA GRAU 3

THE USE OF THERAPEUTIC LASER IN THE HEALING PROCESS DUE TO GRADE 3 BURNS

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10109953


Felipe Eden Souza de Oliveira1, Aline Jane Ferreira Dos Santos2, Aucilange Rodrigues Cardoso3, Erika Luana De Carvalho Leão4, Eulene De Menezes Batista5, Juliana Mara Lima Pinheiro6


RESUMO

Introdução: As queimaduras, como todos tem conhecimento, são lesões causadas por diversos agentes e modos. Assim sendo, quando em grau mais elevado, produzem nos pacientes sequelas de alterações funcionais e deformidade na pele, as conhecidas cicatrizes, que prejudicam o físico, o psicológico e o emocional do paciente. Objetivo: Destacar os benefícios do uso do laser terapêutico em pacientes queimados grau 3. Método: O presente estudo, em uma revisão bibliográfica, realizou um levantamento nas bases de dados, por meio das plataformas da Scielo e Google Acadêmico, através de livros, revistas e artigos científicos, no período compreendido entre 2010 e 2023, sendo utilizados 34 artigos. Resultado: Observou-se que a fisioterapia é coadjuvante no tratamento de lesões por queimaduras, e a laserterapia sendo um recurso, mostrou-se bastante eficaz na recuperação das feridas, promovendo analgesia, sendo anti-inflamatório, bactericida e melhorando significativamente os aspectos das cicatrizes. Conclusão: concluiu-se que, o laser tem eficácia no processo da cicatrização, com melhoria significativa da inflamação e com resultado satisfatório na estética.

Palavras – chaves: Queimaduras, Tratamento, Abordagem fisioterapêutica, Laser terapêutico, Cicatrizes, Cicatrizes hipertróficas e queloide

Summary

Introduction: Burns, as we all know, are injuries caused by various agents and modes. Therefore, when at a higher level, they produce in the patient sequelae of functional alterations and deformity in the skin, the well-known scars, which harm the physical, psychological and emotional aspects of the patient. Objective: To highlight the benefits of the use of therapeutic laser in grade 3 burn patients. Method: The present study, in a literature review, carried out a survey in the databases, through the Scielo and Google Scholar platforms. through books, magazines and scientific articles, in the period between 2010 and 2023, being used 34 articles. Results: It was observed that physiotherapy is an adjuvant in the treatment of burn injuries, laser therapy is a resource, it has been shown to be very effective in the recovery of wounds promoting analgesia, being anti-inflammatory, bactericidal and significantly improving the appearance of scars. Conclusion: we conclude that the laser is effective in the healing process, with significant improvement in inflammation and satisfaction in aesthetics.

Keywords: Burns, Treatment, Physiotherapeutic approach, Laser therapy, Scars, Hypertrophic scars and keloid

INTRODUÇÃO

Os estudos apontam que as queimaduras de terceiro grau são umas das relevantes causas de sequelas estética e funcional. As lesões térmicas podem ser produzidas por agentes externos, tais como: térmicos, radioativos, químicos ou elétricos. Esses fatores destroem parcialmente ou completamente o tecido, podendo atingir estruturas profundas como a musculatura, tendões e ossos.1

Logo, de todos os órgãos do corpo, nenhum é mais facilmente observado ou exposto a infecções, doenças e lesões do que a pele. Em razão de sua visibilidade a ela torna-se vulnerável a danos por trauma, como em queimaduras de terceiro grau, são potencialmente fatais, em razão da perda de suas propriedades protetoras. Desta maneira, a pele é tão importante para a imagem do corpo, consequentemente as pessoas gastam tempo e dinheiro para restaurá-las e deixá-las com a aparência mais jovial. 3

Além disso, a pele do ser humano é um elemento que reveste todo o organismo. Apresentando ser muito dinâmica, denota alterações, sendo dotada de grande aptidão renovadora e de reparo. Corresponde em uma alta função de conservar a homeostasia termorreguladora da estrutura física, além do mais proporciona um papel sensorial com recursos do sistema nervoso combatendo agressores biológicos, químicos e físicos. 2

Portanto as queimaduras atingem o maior órgão do corpo humano que é a pele, que desempenha várias funções essenciais para o mecanismo corporal, e em relação a uma lesão por queimadura, algumas destas obrigações vitais podem ser corrompidas ou mesmo perdidas. Ocasiona resultado direto no controle da termorregulação, causando danos nos receptores sensoriais, diminuindo sua quantidade e ocorrendo o prejuízo na base protetora contra as infecções.4 ainda segundo Souza23 “as queimaduras são lesões decorrentes de fontes variadas capazes de produzir calor ao ponto de danificar os tecidos corporais e acarretar a morte celular”.

Assim a fisiopatologia das queimaduras pode ter um processo inicial igualmente a uma ocorrência de cicatrização de qualquer ferida, devido ser de maior proporção, sendo que a morte celular causa uma lesão bem mais prolongada e com repercussões sistêmicas. 27

Consequentemente as queimaduras acarretam grandes sequelas, em casos de sobrevivência da vítima, as cicatrizes e as contraturas perduram em seu corpo para sempre, assim ocorre a modificação da imagem e percepção física, causando ainda prejuízos psicológicos.5

Então as lesões térmicas têm como suas principais sequelas, as cicatrizes hipertróficas, queloidianas e as contraturas. O aparecimento de cicatrizes cutâneas é resultado de anormalidades em qualquer um dos processos básicos de reparo.6 Deste modo Tallamini13 já afirma que “o processo de cicatrização de feridas é complexo e dinâmico com alterações celulares e vasculares que demandam um ciclo contínuo e prolongado de tratamento para propagação celular, formação e deposição de colágeno, síntese de elastina e revascularização, até a contração da ferida.”

Como foi descrito o processo de cicatrização é complexo, sendo importante o conhecimento de toda sua fase, ou seja, para que assim tenha apuramento, e deste modo, se possa usar uma técnica eficiente, não havendo erros e o acontecimento de não surtir efeito que também pode trazer malefícios ao paciente.22 Visando este contexto o fisioterapeuta presta assistência hospitalar, ambulatorial e em consultório, tendo autonomia para analisar, planejar, ordenar, elaborar diagnóstico cinesiológico funcional para alcançar os resultados necessário.15 

Conforme o (COFFITO no 924, 2018), o fisioterapeuta na área da dermatofuncional está apto para o tratamento das lesões por queimadura. Sua competência abrange o tratamento de disfunções que prejudicam direta ou indiretamente o tegumento, influenciado em todos os níveis de atenção à saúde. 

Com o intuito de melhorar as sequelas deixadas pelas queimaduras o recurso que mais se destacou na recuperação tecidual de cicatrizes por queimaduras foi o laser terapêutico, que proporciona uma forma de fototerapia que abrange a aplicação de luz monocromática e coerente, de baixa potência, em vários tipos de feridas, alcançando sucesso quando utilizada para induzir a cicatrização de lesões difíceis. 8

Portanto a revisão foi efetivada por meio de uma pesquisa bibliográfica gerada pela problematização do uso da laserterapia, sendo uma técnica bastante utilizada no processo de recuperação tecidual, qual a frequência, age melhor nesse processo? Portanto, o objetivo, fundamenta-se em confirmar o recurso terapêutico do laser no procedimento de recuperação tecidual e nos efeitos fisiológicos, o seu tratamento nas cicatrizes de queimados bem como a promoção na melhora da autoestima do lesionado.

JUSTIFICATIVA

A fisioterapia atua no tratamento de cicatrizes de queimaduras por meio do uso de terapias que auxiliam no processo de cicatrização e recuperação da função adequada do tecido queimado. A terapia com o uso de laser de baixa frequência, por exemplo, é um procedimento menos invasivo, de baixo custo e que reduz complicações, melhora a estética e minimiza deformidades cicatriciais após uma lesão. 1

De acordo com Silva21 o uso de “Light amplification by stimulated emission of radiation”- a laser terapia traz efeitos fisiológicos que contribuem para o tratamento das lesões que podem acometer a pele, sendo assim através de feixes de luz é capaz de agir sobre os vasos profundos e de maior calibre durante a remodelação através da foto estimulação tendo uma resposta rápida e trazendo uma recuperação do tecido e atuando diretamente no metabolismo do processo cicatricial trazendo um aumento da vascularização da região queimada. 

As queimaduras de grau mais elevado são lesões profundas que destrói a epiderme e as camadas mais profundas da derme ocasionando perda de função e deixando sequelas e cicatrizes na pele. De acordo com essa alegação o uso do laser terapêutico de baixa potência auxilia no tratamento de cicatrizes acelerando o processo de proliferação celular e aumentando a vascularização promovendo o aumento do colágeno promovendo assim a recuperação estética e restauração funcional perdida.

OBJETIVOS

GERAL: 

  • Destacar os benefícios do uso do laser terapêutico em pacientes queimados grau 3.

ESPECÍFICOS: 

  • Discorrer sobre o sistema tegumentar na sua anatomia e fisiologia.
  • Destacar a fisiopatologia das queimaduras. 
  • Frisar o uso do laser no tratamento de cicatrizes hipertróficas e quelóides.
  • Evidenciar o uso do laser terapêutico como uma das técnicas mais eficazes no tratamento de queimaduras graves. 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1 SISTEMA TEGUMENTAR

A pele é o maior órgão do corpo humano e responsável por cerca de 16% do peso corporal, possui como principal função isolar as estruturas internas do ambiente externo, e é constituída por três camadas: epiderme, derme e hipoderme ou tela subcutânea. A camada mais externa é a epiderme, sendo uma região não vascularizada, seu papel principal é agir e combater agentes externos. É formada de células epiteliais achatadas sobrepostas, estão aparelhadas em germinativa ou basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea. 9

Segundo Moura10, na epiderme encontramos os queratinócitos produtores de filamentos de queratina e outras proteínas, que formam uma barreira física e proporciona impermeabilidade; os melanócitos, responsáveis pela pigmentação da pele e proteção contra raios UV; as células de Langherans; os macrófagos responsáveis pela resposta das células T a ataques inespecíficos de materiais estranhos; e as células de Merkel que são receptores sensoriais.

Na extensão da epiderme que é vascular, mas, porém, suas funções vitais são indispensáveis. O extrato córneo fornece a pele proteção contra infecção e proporciona característica impermeável. O estrato granuloso é a parte responsável pela regulação térmica e pela retenção de água. O estrato espinhoso acrescenta uma camada de proteção à camada subjacente do estrato basal. As células na camada basal dão a epiderme a capacidade de se regenerar e contêm melanócitos, o que gera a coloração da epiderme. 6

Já na derme que é a mais profunda camada da pele, abrange vasos sanguíneos, linfáticos, nervos, fibras colágenas e elásticas que são os anexos da epiderme. Composta de tecido conectivo areolar. E integra duas camadas, papilares superficial, que contêm alças capilares, que nutrem a epiderme através da osmose também inclui os receptores táteis que são terminações nervosas sensíveis ao tato e as terminações nervosas livres associadas ao calor, frio, dor, cócegas e coceira; e a camada reticular que localiza-se abaixo da derme papilar, formada por fibras de colágeno densamente entrelaçadas constituída por células adiposas englobando os folículos pilosos, nervos, as glândulas sebáceas e glândulas sudoríferas. 3

Na hipoderme que é considerada a última camada e pode ser chamada de tela subcutânea, também é um órgão endócrino, formado por adipócitos, tem a funcionalidade de armazenar reserva de energia, protege contrachoques, tem a função de uma manta térmica e modelação do corpo. 9

Portanto, na pele há existência de vários agregados que são os vasos sanguíneos e vasos linfáticos, nervos e distintas células destacando os macrófagos, monócitos, fibroblastos, leucócitos, entre muitos outros. Além disso serve como apoio, as fibras colágenas, providenciam força de tensão ao tecido cutâneo que juntamente com as fibras elásticas oferecem flexibilidade.

A lesão térmica danifica a integridade funcional da pele, afetando o controle da temperatura interna, é igualmente a flexibilidade a lubrificação da superfície corporal. O tecido necrótico decorrente da queimadura se torna povoado por bactérias exógenas e endógenas que criam proteases, e dão encadeamento ao procedimento de cicatrização das feridas, com alta capacidade de retração.19

Na opinião de Gera1 “compreende-se que em casos de queimadura profunda ou de grandes proporções essas funcionalidades tendem a ser comprometidas. A pele serve como um órgão de proteção contra não só traumas físicos, mas também perda de eletrólitos, e em casos de queimaduras na pele, essa proteção é comprometida e em casos graves interfere na homeostase corporal podendo causar a morte do indivíduo lesionado”.

2 QUEIMADURAS

As queimaduras graves são danos traumáticos extremamente caras quando se diz respeito aos custos de saúde, devido hospitalização ser longa e sua reabilitação e tratamento serem muito complexo e demorado da cicatrização.5 O Ministério da Saúde (MS) 200 mil pacientes sofrem essa circunstância, e 40 mil necessitam de hospitalização. Esse levantamento foi feito no cenário da pandemia, muito se utilizou o álcool 70% tornando se diário e assim o número de acidentes envolvendo queimaduras por agentes térmicos aumentou.28

Como descrito por Oliveira12 as queimaduras consistem em lesões cutâneas de origem térmica, química, elétrica ou radioativa que podem ocorrer por atrito ou fricção. Tais agentes atuam nos tecidos de revestimento do corpo, levando à destruição parcial ou total da pele, sendo capaz de atingir camadas mais profundas, como o tecido celular subcutâneo, músculos, tendões, nervos, ossos e capilares sanguíneos. 

Logo a etiologia da queimadura que se classificam em cinco, sendo, lesões térmicas provenientes de calor, frio, líquidos superaquecidos e chama de fogo, onde o grau é estabelecido de acordo com a intensidade e tamanho da área afetada. As químicas representam-se por ferimentos ocasionados pelo contato com substâncias cáusticas, ou substâncias comercializadas que encontram em materiais de limpeza, geram queimaduras e podem também provocar intoxicação. As biológicas são causadas por animais e vegetais, como no caso das urtigas e água-viva. Já nas queimaduras radioativas, são danos decorrentes de exposições aos raios ultravioletas e raios x, conhecidas também como fonte nucleares, no tratamento do câncer pode ocorrer queimaduras devido a medicamentos quimioterápicos após a radioterapia. As queimaduras elétricas são consideradas lesões proeminentes de descargas elétricas que podem ser graves variando do tipo de corrente.14

Convém lembrar, em relação às queimaduras, que podem também afetar severamente a musculatura, gerando perda ou fraqueza muscular e contraturas, que acarretam comprometimento físico em diferentes graus e na maioria das vezes, também causam uma diminuição da funcionalidade. 19

Vale destacar que as lesões térmicas podem ser consideradas de acordo com o grau da lesão, isto é, determina sua profundidade do trauma térmico da pele. A lesão de primeiro grau atinge a camada mais externa da pele, a epiderme. Não acomete deformações hemodinâmicas, também não é seguida de alterações clínicas e podemos citar queimaduras causadas por raios solares. Na lesão de segundo grau alcançar a epiderme e um trecho da derme, dividindo-se em superficial e profunda, dependendo do nível no qual atinge-se a pele, temos característica de bolhas ou flictenas, que pode ser causada por líquido superaquecido.15

Já nas queimaduras de terceiro grau, de espessura total, se estendem até a tela subcutânea e podem acometer o tecido muscular, podem ser menos dolorosas, visto que há destruição dos corpúsculos sensíveis, e apresentam edema marcante. As funções do tegumento são perdidas em sua maioria e as queimaduras que são lesões secas e carbonizadas com diferentes colorações. A regeneração ocorre de forma mais lenta e é necessário enxerto do cútio para diminuir a prevalência de cicatrizes.23

Em relação à extensão cutânea da lesão, é importante mensurar a região queimada que nada mais é a porcentagem da superfície corporal total. O cálculo é feito através da extensão apenas as áreas com profundidade de segundo e terceiro graus. Um método prático tendo como medida a referência, palma da mão do paciente, os dedos devem ficar unidos e estendidos, assim corresponde aproximadamente a 1% da superfície corporal.27

Portanto, a pele é um órgão de extrema importância no corpo humano e bem como ocorre alguma injúria neste tecido, a estrutura inicia um complexo procedimento de cicatrização na tentativa de conservar a homeostase e evitar maiores desastres. 19

3 CICATRIZAÇÃO HIPERTRÓFICAS E QUELÓIDES

A cicatrização é um resultado fisiológico normal ao trauma, desencadeando uma série complexa de acontecimentos vasculares, celulares e bioquímicos programados para trocar células danificadas ou imperfeitas por células saudáveis, no qual ocorre o chamado reparo, que permite o processo de reconstrução do tecido.17

Quando ocorre tal injúria, algumas ou várias destas atribuições da pele, podem ser totalmente perdidas ou comprometidas, sendo impactado também nos mecanismos de defesa do corpo deste indivíduo. Aliado a isto, ocorre uma grande mudança na orientação do colágeno existente na derme, que acontece de fibras paralelas para arranjos circulares, podendo acarretar várias disfunções no tecido em questão. 19

Quando a lesão é uma quebra na função protetora do tegumento com dano de continuidade do epitélio, ou seja, presença de feridas que pode ou não acarretar agravos aos tecidos conjuntivos subjacentes como: músculos, ossos e nervos. 13 Afirma Souza25 que em sua grande maioria ocasionadas por um trauma de origem térmica (fogo), as queimaduras são lesões que afetam o tecido orgânico do corpo, fazendo com que as células da pele afetada morram. Mas podem proceder também por estímulos elétricos, químicos e radiativos.

Desta forma, todos os tecidos do corpo humano estão expostos a incitamento danosos e, portanto, necessitam de um sistema de conserto tissular para se refazer suas funções. assim, apesar das alterações entre os elementos do corpo humano, a maioria segue um procedimento fisiológico de cicatrização, com realização de arcabouço colágeno povoado por fibroblastos, o qual, no tegumento, após reepitelização é designado cicatriz.16

A atuação da cicatrização é provocada por uma lesão inicial que progride sistemicamente, e é dividida em três estágios específicos: inflamação, proliferação e remodelação. Deste modo a duração dessa cadeia de eventos varia de indivíduo para indivíduo, e pode levar meses para ser concluída. No entanto, as interações complexas que acontecem durante esse procedimento não resultam necessariamente em uma pele lisa e normal, e a desregulação de estágios específicos do processo de cicatrização pode levar à deposição anormal de colágeno. Como decorrência, causa cicatrizes excessivas que levam a aparição de três tipos: as cicatrizes atróficas, hipertróficas e quelóides nas quais são adequadas para o tratamento a laser. 17 

Em Andrade8 vamos encontrar o seguinte esclarecimento sobre a fase inflamatória ou exsudativa inicia-se logo após a lesão, com formação de rede de fibrina e migração de neutrófilos, linfócitos e, mais tardiamente, os macrófagos, tendo como objetivo remover tecidos desvitalizados. A fase proliferativa é dividida em três subfases e é responsável pela formação do tecido de granulação. A primeira subfase é a reepitelização que ocorre pela migração de queratinócitos das bordas e anexos remanescentes; a segunda é a fibroplasia, na qual ocorre proliferação de fibroblastos e produção de colágeno, elastina e outras proteínas; a terceira é a angiogênese que ocorre paralelamente à fibroplasia, onde os novos vasos darão suporte à formação da nova matriz.

De acordo com Irion10 os neutrófilos aumentam a permeabilidade dos vasos não lesados, proporcionando extravasamento de plasma e proteínas, o edema associado à inflamação. Os macrófagos fazem papel duplo: de digestão de material inviável e de estimulação de crescimento de tecido novo, ele está presente em todas as fases da regeneração. Os mastócitos liberam a histamina e a heparina que consiste na manutenção da viabilidade do tecido circunvizinho à lesão. Ocorrendo logo após então a fase proliferativa, onde se dá a reepitelização e a granulação.

Uma vez que na fase proliferativa, há um desenvolvimento do tecido subjacente de granulação e a contração tecidual. A primeira fase ocorre a reepitelização, que incide na migração de queratinócitos para a região da lesão. Em que logo ocorre a propagação de fibroblastos cumprindo-se por produzir colágeno extracelular e a conceber novos vasos. Em cicatrizes hipertróficas, o colágeno tipo 5 encontra-se em excesso.1 

Desta maneira, na fase de remodelamento ou maturação advém a substituição do colágeno tipo 3 pelo tipo 1, assimilação de água e diminuição do número de vasos sanguíneos. Sendo assim a etapa pode prosseguir por meses ou anos, em geral, de 6 meses a 2 anos 4 meses, com a estrutura do novo tecido se modifica lentamente.20

Na visão de Fanti11 angiogênese e a vascularização são processos importantes durante a cicatrização de feridas, esse evento gera perfusão microvascular para a regeneração do tecido novo, por outro lado, a angiogenese excessiva e vascularização podem levar a alterações microvasculares, formando cicatrizes patológicas, sendo elas com maior densidade que a pele normal, as cicatrizes hipertróficas, ou com maior diâmetro que a pele normalmente, os queloides. De acordo com Ferreira1 as cicatrizes hipertróficas são cicatrizes que não se espalham além dos limites da lesão original, ao passo que os queloides crescem além da pele normal circundante. Sendo uma alteração benigna sem risco para a saúde, ocorre em virtude da disfunção do mecanismo de controle de reparo e regeneração tecidual.

Queloides e cicatrizes hipertróficas podem ser diferentes em termos de intensidade e duração de inflamação. são fibroproliferativo, distúrbios da pele causados pela cicatrização anormal no tecido lesada ou irritada.26

Cicatrizes hipertróficas não ultrapassam as margens da ferida original. São definidas por um distúrbio fibroproliferativo, ou seja, que gera lesões profundas na pele, contendo disfunção do tecido córneo, redução dos folículos pilosos, das glândulas, de outras estruturas auxiliares como papila dérmica da pele, derivando em uma cicatriz elevada, avermelhada, edemaciada e inelástica, com sinais e sintomas como prurido, eritema, urticária, púrpura e dor intensa, resultando em problemas funcionais e estéticos para o paciente.11

Os queloides no período de maior atividade da cicatrização, são mais endurecidas, avermelhadas ou violáceas e pequenos vasos sanguíneos podem ser observados em sua superfície. Com a evolução, o queloide permanece elevado e mais endurecido que o tecido normal, se tornando menos tenso e vascularizado. É capaz de surgir até 1 ano após o trauma. Os queloides são muito semelhantes nas manifestações clínicas das cicatrizes hipertróficas, tendo que diferenciá-lo. Que são também elevadas, vascularizadas, avermelhadas, duras, pruriginosas, dolorosas e demonstram desenvolvimento precoce.26

Portanto, o trauma sofrido pela queimadura, a cicatriz compromete a autoestima, e por vezes, produz uma notável limitação funcional, incluindo contraturas e alterações hipertróficas. O uso de tecnologias a laser ajuda na recuperação do aspecto estético da pele, bem como a restauração da função ou área anatômica perdida, que foi resultado de uma lesão profunda, tem mostrado resultados significativos.7

4 FISIOTERAPIA DERMATO FUNCIONAL

A fim de afirmar que os indivíduos que sofreram queimaduras e ficaram com cicatrizes essencialmente em áreas que ficam mais visíveis, acabam por afligir-se pela sua nova aparência o que procede em danos para qualidade de vida, devido às desvantagens que experimenta no seu cotidiano, no trabalho tendo dificuldades, ou de adaptar-se a atividade que desenvolvia anteriormente. Muitas vezes o paciente queimado se vê condicionado pela exigência de beleza física, ficando incomodado com a cicatriz que tem na sua pele.5

A fisioterapia dermatofuncional estuda pacientes queimados, proporcionando amplas ferramentas de trabalho em frente às sugestões de tratamento para minimizar as sequelas já instaladas, ou seja, para que não ocorra o desenvolvimento de novas sequelas, pois em sua grande maioria são crônicas e possuem um caráter individual.7

Segundo Araújo 15 conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) fisioterapia é a ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas.

Assim sendo, o fisioterapeuta alcança em atuar com recursos diversos em cada estágio da queimadura, evitando complicações, auxiliando a cicatrização correta e aperfeiçoando a qualidade de vida no âmbito físico, psicológico e social do paciente. Nessa patologia o profissional se mostra extremamente necessário para a recuperação, devido ao seu conhecimento sobre as sequelas, complicações e tratamentos e na sua importância para o paciente conseguir seus objetivos clínicos, e aliviar sua queixa principal reconstruído sua autoestima após o trauma.19

Desse modo, na RESOLUÇÃO Nº. 362/2009 a Fisioterapia Dermatofuncional é reconhecida como especialidade do profissional Fisioterapeuta. Sendo o único especialista na área de saúde, que inclui em sua grade curricular esta modalidade, assim como a capacitação para utilização de vários aparelhos eletrônicos com atribuições variadas na prática clínica.15

5 LASER TERAPIA 

Em vista disso, as queimaduras podem deixar muitas sequelas e as principais delas são motoras, que se alteram durante o atendimento hospitalar, sendo cicatrizes hipertróficas, rigidez articular, contraturas de tecidos moles ou articulares e quelóides.5 Com isso a recuperação da aparência estética da pele, as tecnologias a laser tem a função de restaurar a funcionalidade, ou perda de área anatômica decorrente de uma lesão profunda.17

Na visão de Moura10 os feixes de radiação a laser são separados por duas categorias distintas: os de alta potência, que são os de efeito térmico, usados em cirurgias para cauterização, coagulação e incisão; e os de baixa potência com efeitos terapêuticos como analgesia, cicatrização e bioestimulação. Estão localizados dentro do espectro eletromagnético da faixa vermelha (luz visível) num cumprimento de onda de 632 a 780nm, até a infravermelha (não visível) num cumprimento de onda que vai de 330 a 1100nm. Observou-se que a radiação de baixa potência apresentava inúmeros benefício isoladamente ou adjuvante em tratamentos específicos. Outros estudos mencionam parâmetros ideais diferentes com a potência menor que 500mw com dosagem menor que 35J/cm2 sendo do laser monocromático.20

Bernardes18 afirma que, a laserterapia é um dos recursos terapêuticos que vem sendo amplamente utilizada para a cicatrização tecidual. O laser de baixa intensidade (LBI) tem uma gama de efeitos em tecidos vivos, tais como: melhoria da qualidade da cicatrização, estímulo a microcirculação, efeitos anti-inflamatórios, antiedematosos e analgésicos. Assim o Laser independente do grau da lesão, acelera o processo cicatricial, proporcionando assim benefícios relacionados à barreira mecânica e a homeostase. Sendo assim o laser terapêutico acelera a proliferação das células reparativas e aumenta a organização do colágeno.7

Todavia, a terapia a laser de baixa potência (TLBP) demonstra efeitos químicos, físicos e biológicos que alteram o procedimento celular e promovem a reparação tecidual. Alguns parâmetros que devem ser realizados, estão proporcionalmente à distância entre pele e aparelho, área de irradiação, tipo de lentes e fonte, potência de saída, divergência do feixe irradiado, o tempo de aplicação do laser, extensão e profundidade do tecido, dispersão, absorção e técnica executada. No mais, é imprescindível analisar a dimensão de onda, densidade de energia, o tipo de pulso e a frequência do cuidado a fim de conseguir uma ação terapêutica efetiva. 1

A interação do laser depende do comprimento de onda e a fluência aconselhada para promover a restauração tecidual está entre 1 e 5 j/cm² e doses não satisfatórios seria acima provocariam efeitos inibitórios também. Outros parâmetros do laser AsGaAl com 4 e 8 j/cm² e um grupo controle tendo biomodulação de fibras elásticas e colágena, os efeitos de 4 j/cm² sobre a deposição e organização das fibras foi superior ao de 8j/cm².8 Na medida que o tratamento terapêutico tem seus efeitos benéficos com resultados do laser de baixa intensidade são alcançados por meio de comprimentos de onda que variam entre 600 e 1000nm e potências, aproximadamente, de 1 mW a 5W/cm2 das cicatrizes.1 

Para Silva4 esse método atua com efeitos fotoquímicos agindo, inicialmente, na célula, aumentando o metabolismo, promovendo o aumento de granulação nos tecidos, regenerando as fibras nervosas, estimulando a formação de novos vasos sanguíneos e regeneração dos linfáticos. Foi observado os efeitos do laser AlGaInP no modo varredura a 4 j/cm² em análise histológica, sete dias após a lesão, aparição de fibrina hemática neutrófica, linfócitos, neutrófilos e fibroblastos jovens, os não tratado exibiam fibrina hemática neutrófica em abundância, secreção purulenta, número menor de capilares e fibroblastos, isso em uma queimadura de 3 grau em um experimento em ratos.8

Com isso, a elevada produção de colágeno após o início da laserterapia, a fotoestimulação pode decorrer em virtude das frequências/doses determinadas, as quais desempenham influência no ciclo celular, o qual origina a proliferação das células e, portanto, dos fatores relacionados ao crescimento dos fibroblastos. Outro fator associado à produção de colágeno, que consiste no mecanismo de assimilação da energia por parte das mitocôndrias de modo a produzir ATP e ácido nucleico, procedendo na aceleração da restauração epitelial e crescimento de tecidos de granulação que produz o colágeno. Contudo, a laserterapia tem objetivo de promover redução dos processos inflamatórios. 1

Segundo Prestes 6 o laser HeNe (632,8nm) e o InGaAIP (670nm) são recursos que podem ser utilizados em queimaduras superficiais ou em lesão restrita à derme, pois apresentam alto poder regenerativo e podem ser usados em feridas abertas sem que haja contato da caneta laser e o tecido em regeneração.

Também pode ser recomendado dentre os tratamentos da fisioterapia direcionados para cicatrizes, é o laser de CO2 ablativo fracionado, introduzido em 2006, tão eficaz quanto os lasers ablativos tradicionais e com segurança semelhante à dos lasers não ablativos fracionados. Este atua nas colunas da epiderme apenas removendo-a, proporcionando maior controle na profundidade de ação, danos térmicos mais severos e desta forma reduzir significativamente nas taxas de efeitos colaterais graves.17

Outro estudo mostra o laser de CO₂ fracionado como referência para restauração da pele, é usado em vários tratamentos como para reduzir rugas, as famosas cicatrizes de acne, cicatriz de queloide, em sequelas de queimaduras, e muitos outros, pois diminui as irregularidades da pele, relaxa a contratura, melhorando a textura da pele.23 

Desta maneira, a laserterapia mostrou-se eficaz, pois observou-se uma melhora quantitativa no fechamento da lesão corpórea, e uma evolução qualitativa da cicatriz. 22

MÉTODO

O presente estudo é uma revisão da literatura, cujo alvo deste trabalho é apresentar o efeito do laser terapia na cicatrização em pacientes queimados grau 3 realizado no período de agosto a dezembro de 2023. 

O trabalho bibliográfico foi efetuado em artigos, livros, revistas científicas já publicados com referências datadas de 2010 a 2023 encontradas nas bases de dados por meio eletrônico SCIELO, Google Acadêmico, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e livro online. Foram eliminados os artigos que não retrataram o tema proposto ou não consentiram aos critérios de inclusão.

 Usando os descritores: Queimadura, Tratamento, Abordagem fisioterapêutica, laser terapêutico, Cicatrizes, Cicatrizes hipertróficas e queloide com os seguintes caracteres: Documento completo, em português e inglês, sendo dentro do período de 13 anos. Concentrando nos critérios de inclusão e exclusão, os artigos adquirimos num total de 40, 26 artigos lidos criteriosamente, foram escolhidos para composição deste trabalho.

Os artigos selecionados para revisão dos resultados foram apresentados através de uma tabela contendo os autores, o ano de publicação, tipo de intervenção e a principais variáveis analisadas. Posteriormente, foram realizadas as discussões a partir de parágrafos discursivos.

RESULTADOS

AUTOR/ANOTIPO DE ESTUDOTIPOS DE INTERVENÇÃOPRINCIPAIS VARIÁVEIS ANALISADAS
1Cardoso et al. 2020Revisão de literaturaPosicionamento no leito; Uso de órtese; Cinesioterapia; Massagem; Fisioterapia respiratória; Eletroterapia; CrioterapiaIncapacidade funcional, deformidades, cicatrizes patológicas contraturas.
2Prestes. 2013Revisão bibliográficaExercícios ativos; Imobilização; correntes diadinâmicas; Eletroestimulação; Micro correntes; ultrassom; Infravermelho; Crioterapia.Contraturas
Cicatrizes hipertróficas e quelóides
Perda de ADM.
3Oliveira et al. 2015Relato de casoLaser terapia de baixa intensidadeAnalisa a conduta do fisioterapeuta em pacientes com queimadura.
4Grousseaud. 2023Revisão sistêmicaFisioterapia respiratória e motoraAvaliação da aceleração cicatricial e redução do processo inflamatório.
5Pereira Sousa et al. 2018Estudo de casoLaserterapia; Liberação miofascial; alongamento.Avaliação do efeito laserterapia e reabilitação funcional
6Lamberti et al. 2014Relato de casoLaser de Arseneto de Galio; Cinesioterapia e MassoterapiaAvaliação do efeito laserterapia e reabilitação funcional.
7de Souza et al. 2013Estudo de casoLaser AlGalnP (Alumínio Gálio, Indio e Potássio)Avaliação na melhora das feridas crônicas pós queimadura.
8Salles et al. 2011Estudo de casoLaser de CO2 fracionadoAvaliação dos parâmetros seguros e processo fisiológico, tolerância desse indivíduo ao exercício.
9Nascimento et al. 2014Estudo de casoRadiofrequência, Fototerapia, Vácuo e luz intensa pulsada (LIP).Avalia o efeito do laser em conjunto observando a melhora estética
10Bravo et al. 2016Relato de caso.Laser Ablativo Fracionado (YAG) e Luz intensa pulsada (LIP)Avaliação da propriedade fisiológica
11Fante. 2015Revisão sistêmicaLaser de CO2, Laser Nd:YAG; Laser PDL; Lasers Cobre de Brometo CO2 Pulsado; Laser NAFL; HDTA.Redução dos sintomas e menor tempo de tratamento
Fonte: O próprio autor

FLUXOGRAMA

Fonte: próprios autores

DISCUSSÃO

No estudo realizado por Cardoso5 onde buscou-se afirma o atendimento precoce do fisioterapeuta em pacientes queimados, pois a sua intervenção é uma das chaves para um melhor tratamento e resultados a longo prazo. Deste modo, reabilitação proporciona o melhor desenvolvimento no tratamento, como por exemplo o posicionamento no leito evitando encurtamento, órtese evitar deformidade, a Cinesioterapia na manutenção da amplitude articular e deambulação, eletroterapia atua na cicatrização e na recuperação de função motora. Logo, nota-se que o profissional fisioterapeuta é importante para a promoção da qualidade de vida do paciente.

 No estudo de Prete6 salienta-se sobre alguns fatores, no qual, podem interferir no tratamento do paciente, como o estado metabólico, condições fisiológicas, grau de infecção, a idade e o psicológico. Também foi ressaltado as sequelas, como contraturas devido mau posicionamento, ADM perde-se rapidamente por qual do colágeno que contrai, assim havendo degeneração do tecido e o processo de cicatrização poderá ser interrompido e consequentemente podendo surgir as cicatrizes hipertróficas e quelóides. Neste ponto, há um papel muito importante do fisioterapeuta na avaliação do paciente ao chegar em um hospital, visando efetivar uma avaliação adequada para desenvolver uma boa conduta em desenvolver o tratamento adequado a este paciente.

 Em se tratando de conduta apropriadas, há métodos para tratamentos eficazes de sequelas de queimaduras Oliveira29 expõe sobre fisioterapia nas específicas aptidões de sua metodologia.  Foi feito o relato de um paciente de 17 anos que sofreu queimadura de 2 grau de descarga elétrica acometendo 45% do corpo nas áreas de MMSS, tórax, abdômen, face e pescoço. O acompanhamento do fisioterapeuta foi a beira leito com fisioterapia respiratória com manobras de higiene brônquica, suporte ventilatório e entre outros recursos para melhorar a troca gasosa e restaurar a funcionalidade. Na fisioterapia motora foi utilizado a cinesioterapia e outros meios para prevenir, manter, fortalecer e recuperar. Desta maneira evidenciou a importância na assistência desta modalidade que quebrou tabus, entrando precocemente no tratamento das melhorias em cicatrizes e prevenindo novas sequelas.   

Grousseaud28 analisou em 5 casos a aplicação do laser de baixa intensidade, visando constatar a eficácia do tratamento. Um deles constatou-se em uma biópsia feita em um dos lados afetados intensa atividade de queratinócitos, reepitelização e proliferação de fibroblastos com formação de colágeno, com os 21 dias de tratamento, o paciente relata melhora dos sintomas e apresenta cicatrização precoce, sendo que o lado não tratado pelo laser mostrou material necrótico, com células inflamatórias intensas e com edema intersticial. Assim sendo, evidenciou o resultado do potencial efetivo do lazer não apenas na cicatrização tecidual, mas, promovendo redução dos sintomas e parte fisiológica. 

Pereira Sousa30 em seu estudo analisou o efeito do laser em conjunto com as técnicas de liberação miofascial e alongamento para ganho de amplitude de movimento. Paciente de 30 anos sexo masculino foi acometida por queimadura tendo 30% do seu corpo sequelado na região Antero posterior do MSE com diminuição de ADM, foi submetido a oito sessões de fisioterapia, observou-se na aplicação do laser uma menor aderência na área do enxerto e melhoria da coloração, os exercícios de alongamento auxiliaram no ganho de ADM e a liberação dos tecidos moles em toda a região lesionada assim ajudando na tensão. Deste modo, a conduta fisioterapêutica alcançou seu objetivo.

No estudo de Lamberti31 relata a conduta fisioterapêutica em uma paciente de 19 anos que sobreviveu ao incêndio da Boate Kiss. Tendo 55% da área corporal queimada por gotejamento e vias aéreas prejudicadas pela fumaça tóxica do cianeto, ficou internada durante 165 dias. Foi averiguado uma ferida aberta no membro direito, que seria tratado com enxertia, mas a paciente não aceitou e foi conduzido o tratamento com laser terapêutico de Arseneto de Galio a 6J/cm2 nas bordas do ferimento e recuperação da funcionalidade dos movimentos em conjunto com as técnicas de cinesioterapia e massoterapia.  Logo após a conduta fisioterapêutica foi percebido melhora na cicatrização da lesão e recuperação funcional.

Além disso, Sousa22 evidencia que o laser de baixa potência com caneta AIGaJnP promoveu melhora do fechamento da ferida e com bom aspecto. O estudo foi realizado em um paciente de 67 anos sexo M que apresentava uma ferida crônica de queimadura de 3 grau. Ela tinha 7,7 cm de comprimento e 5,6 cm largura superior e 4,2 cm inferior, tendo sinais e sintomas de dor intensa, exsudato purulento, odor fétido. O modo de aplicação do laser foi de 660 nanômetros, pontualmente com emissão de luz visível e contínua, tempo de 56 segundo em cada parte. No final das sessões a ferida apresentou 7,2 cm, 5,0cm 3,2cm o parâmetro total com aspecto avermelhado, brilhante com sinais visíveis de cicatrização. Sendo assim afirmado que o laser de baixa potência é eficaz no fechamento de feridas, mesmo sendo de longo período.

Salles32 em seu estudo piloto selecionou 14 pacientes sendo 12 mulheres e 2 homens com idade 17 e 50 anos com fototipo III a VI com pós queimadura na face sendo de enxertados especialmente em cicatrizes hipertróficas. Utilizou-se do laser Co2, tendo como foco parâmetros seguros para tratamento. A aplicação foi de potência 30W, espaçamento 1000 µm tempo de exposição de 500µs, com único disparo com duração de 1 hora e jato de ar frio. Uma das pacientes não continuou o tratamento devido uma reação alérgica e suspendeu o tratamento. Contatou-se o efeito dos modeladores reparativos ao estimular o oxigênio e a vascularização, promovendo replicação de células (angiogênese), organizando colágeno e acelerando a cicatrização.

 O laser também pode ser afiliado a outras modalidades como no estudo de Nascimento33 que averiguou em uma paciente 21 anos, com pós-queimaduras de 2º e 3º grau na face e MMSS com cicatriz mista. Usou-se laser de baixa potência associado a radiofrequência, vácuo e LIP. Foi observada diminuição do relevo da cicatriz após aplicação LIP, houveram mudanças na coloração da pele passando de rosada a crônica, e diminuição do processo inflamatório. Contribuindo para resultados satisfatórios na melhora qualitativa das cicatrizes.

Bravo34relata a evolução da cicatriz de queimadura extensa em uma paciente de 38 anos, que com 6 anos sofreu queimadura por chamas tendo a região da face, cervical e tronco afetadas, com sequelas de cicatriz mista e limitação funcional da cervical e MSD. Foi abordado com laser ablativo fracionado YAG e LIP (luz intensa pulsada), apresentou bom aspecto da lesão tendo diminuição das cicatrizes hipertróficas e ganho funcional com maior ADM. Assim mostrando resultados promissores, além de possibilitar uma melhora estética, atua na flexibilidade da pele, elasticidade, na textura e na vascularização. Sendo bem mais vantajoso do que os métodos convencionais e tendo menor tempo de recuperação.

Fante11 analisou em sua pesquisa, 8 ensaios clínicos, sendo 2 controlados e 1 randomizado variando entre 8 e 50 pacientes com idade de 1 a 68 anos, entre 1 e 14 meses com no máximo de 12 sessões. Foi evidenciado a eficácia dos lasers havendo melhora significativa das cicatrizes patológicas sem piorar o quadro após os tratamentos. Cada laser teve seu destaque como o laser Nd; YAG eficaz na flexibilidade e diminuição da contratura da cicatriz, o laser fracionado de CO2 melhorou a textura, aparecia e altura da pele devido a sua ação vascular e foi o mais doloroso sendo aplicado anestesia. O laser PDL mais eficiente no aspecto do tom da pele, o laser Cobre de Brometo e o CO2 Pulsado foram bem mais efetivos nos sintomas das cicatrizes. O laser NAFL foi descrito como o melhor sem dor ou corte e com menor efeito colateral.

CONCLUSÃO

As lesões ocasionadas pela queimadura podem afligir os indivíduos tanto em suas formas físicas quanto psicológicas, resultando em sequelas que irão intervir em seus afazeres da vida diária. Deste modo, ocasionam-se grandes impactos principalmente relacionados à autoestima.

O fisioterapeuta é coadjuvante no tratamento de cicatrizes de queimaduras, por intermédio de métodos que auxiliam o processo de cicatrização e de recuperação da função adequada do tecido danificado. O laser terapêutico de baixa intensidade acarreta diversos benefícios fisiológicos durante e após o processo cicatricial desencadeado por queimaduras. Ele reduz complicações, melhora a estética e minimiza deformidades cicatriciais após uma lesão.

Este estudo trouxe diferentes amostras de lesões por queimaduras e alguns tipos de lasers de baixa intensidade, assim foram observados a aceleração da cicatrização, redução de sintomas e melhora das características da lesão nos pacientes irradiados. 

Desta forma, expondo-se de resultados favoráveis, reforçando a hipótese da introdução da laserterapia juntamente com os tratamentos já existentes para pacientes acometidos por queimadura. Gerando o alcance positivo e efetivo para os melhores resultados e maximizando a qualidade de vida dos indivíduos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Gera PM, Santana PC. aplicação da laserterapia de baixa intensidade no processo de cicatrização de queimaduras. Rep. Unif. Aema Repos. 2021; 44-32
  2. Da Silva IMN, Da Silva Pegas RR. novas tecnologias no tratamento de queimaduras graves. Repositório Institucional do UNILUS, v. 2, n. 1, 2023; 18-12
  3. Tortora GJ, Derrickson B. cap.5. tegumento comum. corpo humano-: fundamentos de anatomia e fisiologia. 10ª ed. São Paulo: Artmed; 2016. p. 99-115.
  4. Silva GM, Monteiro EMO. laserterapia no tratamento de cicatrizes em pacientes queimados. Rev. Liberum Accessum. 2021; 9(2):40-43.
  5. Cardoso ÉK, da Silva TDSL. atuação do fisioterapeuta em pacientes queimados graves. revista perspectiva: ciência e saúde. 2020; 5(1): 18-26.
  6. Prestes RB. o uso da fisioterapia dermato–funcional em pacientes queimados–revisão bibliográfica. Rev. de Saúde Dom Alberto. 2013; 1(2): 89-98.
  7. Fernandes MIS. atuação da fisioterapia dermatofuncional na reabilitação de pacientes queimados: uma revisão integrativa de literatura. Rev. uningá. 2019; 56(3): 176-177.
  8. Andrade AG, Lima CF, Albuquerque AKB. efeitos do laser terapêutico no processo de cicatrização das queimaduras. uma revisão bibliográfica. Rev. Bras. Queim. 2010; 9(1), 21-22.
  9. Bernardo AFC, Santos KD, Silva DPD. pele: alterações anatômicas e fisiológicas do nascimento à maturidade. Rev. Saúde em foco. 2019; 1(11), 1221-1224.
  10. Moura LS, Silva AS. benefícios da laserterapia como adjuvantes nos processos de cicatrização tecidual. Repositório Institucional do unilus. 2023; 2(1); 11-4
  11. Fanti NMBC. efeito de laser de diferentes potências na cicatriz hipertrófica e queloide: uma revisão sistemática. Bragança Paulista 2015; 38-5.
  12. Oliveira KMFD, Novais MR, Santos RC. resiliência: avaliação de pacientes queimados em um hospital de urgência e emergência. psicologia: ciência e profissão. 2023; 43, e248738. 18-2.
  13. Tallamini I, Marques LPS. processo de cicatrização e efeito da laserterapia de baixa potência: revisão integrativa. Rev. Ciência & Humanização do Hospital de Clínicas de Passo Fundo 2021; 1(1), 123-125.
  14. Araújo MF do N, Souza MA de O, Menezes Neto JA de, Silva AG da, Brito L da S de, Silveira Filho LN, Silveira JM, Santos JB de B, Santos FG dos, Santos LAP. ação da sulfadiazina de prata para o tratamento de queimaduras: uma revisão integrativa. Rev. Eletr. Acervo Saúde. 2022; 15(5), e10095-e10095; 9-2.
  15. Araujo RR, Dutra RKD, Alves LS, Porto NDPC, Souza WIM, Munguba EJA. novas abordagens fisioterapeuticas na reabilitação de queimados em uma equipe multidisciplinar: relato de caso. João Pessoa. 2016; 2447-2131; 530-535.
  16. Ferreira CI, de Ladeira, PRS, do Rêgo, FMP, Aldunate, JCB, Tutihashi, RMC, Castro M. alterações no processo de reparo fisiológico. Rev. Bras. Queim. 2011;10(2), 61-62.
  17. Luz, TSD, Renata Silva Zarpelão SR. a eficácia do laser de dióxido de carbono ablativo fracionado em cicatrizes de queimaduras hipertróficas. Repositório Universitário da Ânima (RUNA). 2022; 14-9.
  18. Bernardes LDO, Jurado SR. Efeitos da laserterapia no tratamento de lesões por pressão: uma revisão sistemática. Rev. cuidarte. 2018; 9(3), 2423-2425.
  19. de Lacerda Hernandez LS, Haddad CAS. a atuação da fisioterapia em vítimas de lesões por queimadura. Repositório Institucional do UNILUS. 2023; 2(1). 40-19.
  20. Azzi VJB, Di Pietro SN. aplicação da laserterapia no tratamento de queimaduras: uma revisão sistemática. Rev. Bras. Terap. e Saúde. 2012; 3(1), 15-16.
  21. Silva AS, Silva D, Araujo HG, Monteiro EMO. atuação da dermato-funcional em mulheres acometidas por queimaduras em ambiente doméstico em tempos de pandemia. Rev. Liberum Accessum 2021 nov.; 13(1): 10-14.
  22. de Souza DM, Menezes JA, Holler A, do Nascimento Gomes T. laserterapia no tratamento de ferida aberta crônica pós-queimadura: um estudo de caso. Rev. Saúde Integrada. 2013; 6(11-12), 73-80.
  23. de Souza LRP, Lima MFAB, Dias RO, Cardoso EG, Briere AL, Silva JO. O tratamento de queimaduras: uma revisão bibliográfica. Brazilian Journal of Development. 2021; 7(4); 37-14.
  24. Guanabara LCR. Andrade ATS. fisioterapia ambulatorial aplicada a queimados na diminuição de sequelas e cicatrizes: uma revisão sistemática. xvii simpósio internacional de ciências integradas da unaerp – Campus Guarujá. 2021; 23-3.
  25. Souza GSD, Lima MFAB, Dias RO, Cardoso EC, Briere AL, Silva JO. tratamento fisioterapêutico em pacientes queimados: revisão integrativa. Brazilian Journal of Development, Curitiba, 2021; 7(4); 37061-37066
  26. Romanenghi MCD, Vituri LP. laser e led no tratamento de cicatrizes hipertróficas e queloide. CONIC SEMEPS. 2018; 180; 12-6.
  27. Gemperli, R., Munhoz, A. M., & Gomez, D. D. S. (2015). Avaliação inicial e tratamento das queimaduras. In Fundamentos da cirurgia plástica. Thieme publicações.
  28. Gousseaud, G. Q. (2023). Eficácia da laserterapia de baixa intensidade no processo de cicatrização tecidual de pacientes queimados. Disponível em:  repositorio.bahiana.edu.br.
  29. LIMA, Thayssa de Morais Oliveira et al. Fisioterapia em grande queimado: relato de caso em centro de tratamento de queimados na Amazônia brasileira. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 14, n. 4, p. 285-289, 2015.
  30. Souza, D. P., de Matos Melo, E. G., & Rosa, C. R. M. (2018). Reabilitação fisioterapêutica em paciente queimado: caso clínico. Revista Interdisciplinar11(4), 112-115.
  31. LAMBERTI, D. B., ARANTES, D. P., OURIQUE, A. A. B., & PRADO, A. L. C. 2014. Recursos fisioterapêuticos em paciente queimado: relato de caso de um sobrevivente do incêndio na boate Kiss. Uningá Review18(2).
  32. Salles, A. G., Remigio, A. F. D. N., Zacchi, V. B. L., & Ferreira, M. C. 2012. Tratamento de sequelas de queimadura de face com laser de CO2 fracionado em pacientes com fototipos III a VI. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica27, 9-13.
  33. Ramos, C. D. N., Hansen, L. D., Sandoval, M. L., dos Santos, V. N., Vieira, A. L. N., & Scholz, F. 2014. Tratamento de sequelas de queimadura-Estudo de caso. Revista Brasileira de Queimaduras13(4), 267-270.
  34. Leonardo Gonçalves Bravo, B. D. S. F. B., de Bastos, J. T., de Almeida Balassiano, L. K., & da Rocha, C. R. M. (2016). Tratamento de cicatriz de queimadura com luz intensa pulsada e laser ablativo fracionado Erbium: YAG. Revista Brasileira de Queimaduras15(4), 274-277.

1Especialista em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais pelo Centro Universitário Fametro, Por Biocurso Pós-graduações; Docente do Curso de Fisioterapia na Universidade Paulista (UNIP)
2,3,4,5,6Graduando do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP)