A RELAÇÃO DO USO DOS ANTICONCEPCIONAIS ORAIS DE ACETATO DE CLORMADINONA + ETINILESTRADIOL VERSUS O USO DE LEVONORGESTREL + ETINILESTRADIOL COMO FATORES DE RISCO AO DESENVOLVIMENTO DA TROMBOSE VENOSA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10069500


Karoline Pinto Melo1
Victor Silva Soares2
Omero Martins Rodrigues Junior3


RESUMO

Objetivo:Compreender a relação do uso dos anticoncepcionais orais de Acetato de Clormadinona + Etinilestradiol versus o uso de Levonorgestrel + Etinilestradiol como fatores de risco ao desenvolvimento da trombose venosa. Metodologia:Revisão bibliográfica, exploratória e qualitativa, baseada nas referências de sites, revistas, plataformas de universidades e livros acadêmicos, das plataformas SCIELO (Biblioteca Eletrônica ScientificEletronic Library Online) e Google Acadêmico, partindo do uso dos descritores: uso de anticoncepcional oral, efeitos adversos, trombose venosa e orientação farmacoterapêutica; no período de 2013 e 2023, nos idiomas português, espanhol e inglês. Como critério de exclusão foram desconsiderados os manuscritos não relacionados ao assunto, duplicados, em línguas estrangeiras e outras plataformas de busca, fora do período ao estudo. Resultados: Verificou-se que o uso dos anticoncepcionais orais exige uma atenção especial em suas formulações por ser um medicamento muito consumido pelo público feminino. mesmo ofertando efeitos benéficos, traz efeitos adversos que comprometem a saúde metabólica da mulher, e dentre estas reações esta o desenvolvimento da trombose venosa. Por isso, a precisão do farmacêutico na orientação farmacoterapêutica quanto aos efeitos indesejáveis dos medicamentos. Conclusão: Os anticoncepcionais orais analisados são fármacos bastante empregados na forma de contracepção, sendo eficazes e eficientes quando utilizados de forma correta, no entanto, ofertam um alto risco para o desenvolvimento da trombose venosa. Dessa forma, torna-se essencial a participação do profissional de farmácia em contribuir à sociedade quanto a importância de reconhecer os riscos e complicações no uso destes medicamentos.

Palavras-chave: Anticoncepcionais Orais. Fatores de Risco. Trombose Venosa. Orientação farmacêutica.

ABSTRACT

Objective:To understand the relationship between the use of oral contraceptives Chlormadinone Acetate + Ethinyl Estradiol versus the use of Levonorgestrel + Ethinyl Estradiol as risk factors for the development of venous thrombosis. Methodology:Bibliographic, exploratory and qualitative review, based on references from websites, magazines, university platforms and academic books, from the SCIELO (Scientific Electronic Library Online) and Google Scholar platforms, based on the use of descriptors: use of oral contraceptives, adverse effects, venous thrombosis and pharmacotherapeutic guidance; between 2013 and 2023, in Portuguese, Spanish and English. As an exclusion criterion, manuscripts unrelated to the subject, duplicates, in foreign languages and other search platforms, outside the study period, were disregarded. Results: It was found that the use of oral contraceptives requires special attention in their formulations as it is a medicine widely consumed by women. Even though it offers beneficial effects, it brings adverse effects that compromise women’s metabolic health, and among these reactions is the development of venous thrombosis. Therefore, the pharmacist’s precision in pharmacotherapeutic guidance regarding the undesirable effects of medications. Conclusion:The oral contraceptives analyzed are drugs widely used as contraception, being effective and efficient when used correctly, however, they pose a high risk for the development of venous thrombosis. Therefore, the participation of pharmacy professionals in contributing to society regarding the importance of recognizing the risks and complications in the use of these medications becomes essential.

Keywords: Oral Contraceptives. Risk factors. Venous Thrombosis. Pharmaceutical guidance.

1. INTRODUÇÃO

Os anticoncepcionais orais são medicamentos esteroidais empregados em mulheres desde a década de 1960. Atualmente são consumidos por mais de 214 milhões de usuárias por ano no mundo, e se destinam ao equilíbrio e reposição hormonal agindo no organismo feminino para manter os níveis de estrógeno e de progesterona nivelados, quando tais hormônios não são mais secretados pela hipófise e visam impedir a fecundação (OLIVEIRA, 2021).

Os efeitos dos anticoncepcionais são resultantes somente em mulheres, por serem contituidas de hormônios femininos (estrogênio e progesterona), se ingeridos por homens podem causar o aparecimento e crescimento das mamas, depósito de gordura na região dos quadris, mudança na distribuição dos pêlos, alteração nos testículos e na qualidade do esperma (OSTERKAMP, 2016).

O consumo de anticoncepcional deve ser avaliado e prescrito por um médico responsável, que define a via farmacoterapêutica a ser aplicada, e qual o tipo adequado de anticoncepcional a cada usuária, visto que existem diversos métodos contraceptivos(SILVA, 2017).

Desta maneira, o principio ativo em ambos os anticoncepcionais está em liberar hormônios, e dentre seus efeitos colaterais está o surgimento da Trombose Venosa Profunda, isso porque tais medicamentos facilitam o processo de coagulação sanguínea, resultando na formação de trombos logo no primeiro ano de uso continuo (TAVARES e FREITAS, 2014).

A trombose venosa, por sua vez, é uma patologia caracterizada pelo desenvolvimento de coágulos sanguíneos dentro da cavidade da veia ou artéria, principalmente de regiões periféricas como os membros inferiores. A formação de coágulos no sangue tem causas que partem de uma lesão endotelial, alterações do fluxo sanguíneo e a hipercoagulabilidade, em decorrência do número elevado de plaquetas, modificação funcional e alterações anticoagulantes em uma determinada região, podendo ser adquiridas pelo uso concomitante de anticoncepcionais orais (BRASILEIRO FILHO, 2013).

Com uma incidência mundial anual de 2/10.000 pessoas, o seu risco é mais elevado devido o uso das pílulas contraceptivas (a cada 10.000 usuárias/ano), que contribuem ativamente para a ocorrência de eventos trombóticos (MONTEIRO et al., 2018).

Os dados epidemiológicos resultantes do consumo de anticoncepcionais orais apontam em geral que o surgimento da trombose venosa é a cada 60 casos/100.000 habitantes. Em relação à idade é frequente após os 40 anos de idade, no entanto entre 25 e 35 anos a incidência de trombose venosa é cerca de 30 casos/100.000 habitantes ao ano, tendo como ponto caracteristico sua pertinência no público feminino (SBACV, 2020).

Diante esta frequência, as medidas estratégicas aplicadas a intervenção farmacoterapêutica da trombose, incluem o uso de medicamentos antiplaquetários, anticoagulantes e trombolíticos, para interferirem nas etapas iniciais da formação e permanência do coágulo. No entanto, para o tratamento da trombose venosa são utilizados fármacos de classes dos anticoagulantes (COSTA etal.,2017).

Neste contexto, em meio a este cenário, eis que surge a seguinte questão: Qual a relação do uso dos anticoncepcionais orais de acetato de clormadinona + etinilestradiol versuso uso de levonorgestrel + etinilestradiol como fatores de risco ao desenvolvimento da trombose venosa?

O estudo justifica-se pela necessidade de compreender e conhecer a relação do uso dos anticoncepcionais orais de acetato de clormadinona + etinilestradiol versuso uso de levonorgestrel + etinilestradiol como fatores de risco ao desenvolvimento de eventos trombóticos venosos, promovendo disfunções vasculares e alterações de coagulação, evidenciando assim uma maior importância e atenção do profissional farmacêutico na orientação e acompanhamento farmacoterapêutico no uso racional do medicamento de maneira mais segura.

Diante disso, o estudo tem por objetivo compreender a relação do uso dos anticoncepcionais orais de acetato de clormadinona + etinilestradiol versus o uso de levonorgestrel + etinilestradiol como fatores de risco ao desenvolvimento da trombose venosa.

2. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica, referente aos principais assuntos abordados para destacar o uso do anticoncepcional oral de acetato de clormadinona + etinilestradiol versus o uso de levonorgestrel + etinilestradiol como fatores de risco em relação ao desenvolvimento da trombose venosa. Conforme afirmam De Sousa etal. (2021) trata-se de um estudo exploratório, de natureza bibliográfica e pesquisa qualitativa, envolvendo uma revisão integrativa de publicações existentes, conforme as diretrizes disponíveis.

O levantamento e coleta de dados foram baseadas nas referências de sites, revistas, plataformas de universidades e livros acadêmicos, das plataformas SCIELO (BibliotecaEletrônicaScientificEletronicLibraryOnline) e Google Acadêmico, partindo do uso dos descritores: uso de anticoncepcional oral, efeitos adversos, trombose venosa e orientação farmacoterapêutica; isolados e combinados, com base em manuscritos do período de 2013 e 2023.

Deste forma, foram inclusos artigos, monografias, teses, livros e pesquisas da internet catalogadas na integra de acesso livre, nas línguas portuguesa, espanhola e inglesa, dentro do período estabelecido ao estudo, e que os objetivos, resumos e considerações finais se relacionaram ao tema da pesquisa.

Em relação ao critérios de exclusão, todos os manuscritos não relacionados ao assunto, duplicadas, em línguas estrangeiras e outras plataformas de busca, fora do período ao estudo foram desconsiderados.

A análise dos manuscritos tiveram como foco os objetivos, resumos e considerações finais relacionados ao tema do artigo, ou semelhantes, para que ocorresse o desenvolvimento do estudo, foram abordados como fatores de comparação publicações no idioma português, inglês e espanhol, para uma análise mais elaborada do estudo. Os artigos pesquisados foram classificados por assuntos para a preparação dos respectivos objetivos do desenvolvimento da pesquisa.

Após a análise das publicações, estabeleceu-se por meio do fluxograma PRISMA (Figura 1), o processo de busca e seleção dos artigos desde o princípio, resultando ao final em 20 publicações e 5 livros que compõem a parte textual deste estudo.

Figura1. Fluxograma PRISMA para esta revisão integrativa.

Fonte: Os autores, 2023.

3. RESULTADOS

Dentre as 20 publicações e 5 livros selecionados, todos os manuscritos foram publicados no período de janeiro de 2013 a 2023. Em relação aos estudos selecionados foram selecionados 7 artigos principais para uma análise mais fidedigna, onde quanto ao ano temos 1 estudo do ano de 2013, 2017, 2018, 2019, 2022 e 2 artigos de 2021.

No Quadro 1, a seguir tem-se a compilação dos principais artigos selecionados destacando-se os autores, ano, título, periódico, objetivo e resultados para esta composição textual.

Quadro 1. Sintese dos principais artigos analisados na pesquisa.


Autor(es)/Ano

Título do estudo

Periódico

Objetivo

Resultados



Cardoso et al.,2013.



Profilaxia da Trombose Venosa Profunda e Tromboembolismo Pulmonar: Uma revisão bibliográfica.



BrazilianJournal ofSurgery &ClinicalResearch

Desenvolver uma revisão de literatura sobre a subutilização de profilaxia em pacientes com risco de tromboembolismo, por ser uma complicação de alta prevalência

A prevenção do tromboembolismo é um assunto de grande importância na prática diária dos cirurgiões. Muitas formas físicas e medicamentos podem ser usados. Observou-se que os médicos não aplicam adequadamente os protocolos de prevenção de TEV.







Silva, 2017






Interações medicamentosas com contraceptivos hormonais orais.







ÚNICA CadernosAcadêmicos





Promover o uso racional dessa classe terapêutica que é muito utilizada pela população.

Os contraceptivos hormonais são os métodos reversíveis mais utilizado pelas mulheres brasileiras (aproximadamente 25%) para planejamento familiar. É feita uma associação entre os hormônios estrogênios e progestogênios ou medicamentos que contêm somente progestogênio. Um dos motivos para adesão ao uso de contraceptivos hormonais está relacionado aos benefícios que estes proporcionam.



Cabral et al.,2018


Prevalência dos efeitos colaterais pelo uso de anticoncepcionais orais em estudantes de medicina de uma instituição privada.


Anais daFaculdadede MedicinadeOlinda

Investigar a prevalência dos efeitos colaterais do uso de anticoncepcionais oral em mulheres que estudam na Faculdade de Medicina de Olinda (FMO)

Foram observadas 35 (31,5%) acadêmicas que apresentaram efeitos colaterais. Destas, 29 (82,9%) apresentaram mais de um efeito colateral. Entre estes, os mais frequentes foram: cefaleia, retenção hídrica e ganho de peso.




Ferreira et al.,2019



O uso da pílula anticoncepcional e as alterações das principais vias metabólicas.





Femina


Analisar como a pílula anticoncepcional pode alterar as principais vias metabólicas femininas.

Apesar de existirem recomendações que preconizam o uso de outros métodos contraceptivos e estudos que demonstram a satisfação feminina ao trocar os anticoncepcionais orais pelos métodos contraceptivos de longa duração (LARCs), a pílula ainda é a mais utilizada pelas mulheres.


Da Silva e Pinto, 2021

Atenção farmacêutica no uso de métodos contraceptivos: uma revisão narrativa.

Research,Society andDevelopment

Discutir a atenção farmacêutica quanto ao uso de métodos contraceptivos.

A atenção farmacêutica nas orientações aos métodos contraceptivos deve começar averiguando o histórico de saúde da paciente, identificando condições ou características relacionadas à segurança do contraceptivo hormonal



Jurema e Jurema, 2021


Efeitos Colaterais a longo prazo associados ao uso de Anticoncepcionais Hormonais Orais.




RevistaCereus


Delinear os efeitos colaterais relacionados ao uso contínuo e a longo prazo de anticoncepcionais hormonais orais.

Entre os resultados encontrados evidenciou-se que os anticoncepcionais hormonais orais podem acarretar danos maiores a saúde, como trombose, aumento da pressão arterial, problemas cardiovasculares, neoplasias, principalmente com o uso a longo prazo.





Santos et al.,2022




ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS ORAIS: TEM RELAÇÃO COM A TROMBOSE?





VisãoAcadêmica


Abordar através de uma revisão bibliográfica a relação entre o uso de anticoncepcionais orais combinados (ACO’s) e a trombose.

O estudo evidenciou que apesar de os anticoncepcionais serem substâncias valiosas na vida das mulheres, eles precisam de atenção ao serem utilizados já que também possuem efeitos adversos, dentre eles o mais severo, a trombose, e com isso é ressaltada a importância da atenção farmacêutica na orientação dos fármacos

Fonte: Os autores, 2023.

Conforme os dados obtidos, os estudos citados demonstram que no geral, os anticoncepcionais hormonais orais, apesar das recomendações de uso de outros métodos contraceptivos, são o principal método de escolha no planejamento familiar utilizado pelas mulheres, com ou sem comorbidades, e uma das razões para o uso consistente destes contraceptivos hormonais tem a ver com os benefícios de ação prolongada que eles proporcionam (SILVA, 2017; FERREIRA etal.,2019).

Em outra análise, com 35 estudantes universitárias foram observadas a presença de efeitos colaterais. Sendo que destas, 29 apresentaram mais de um efeito colateral, como: dores de cabeça, retenção de líquidos e ganho de peso. Assim, os anticoncepcionais hormonais orais apresentam outros riscos à saúde, como o aumento da pressão arterial, problemas cardiovasculares, tumores, e a trombose venosa, uma patologia sem regime de profilaxia e comum na prática diária dos cirurgiões, especialmente pelo uso prolongado dos contraceptivos (CABRAL et al.,2018; JUREMA e JUREMA, 2021; CARDOSO etal., 2013).

Observa-se nas pesquisas que os anticoncepcionais são substâncias importantes na vida das mulheres. Porém, eles precisam ser usados com cautela, pois também podem produzir efeitos adversos, inclusive as formas mais graves de trombose venosa, destacando a importância dos serviços farmacêuticos na orientação medicamentosa, em investigar o histórico de saúde do paciente e identificar condições ou características relevantes para a segurança dos contraceptivos hormonais ao fornecer orientações sobre métodos contraceptivos, assim como aos medicamentos acetato de clormadinona + etinilestradiol e levonorgestrel + etinilestradiol (SANTOS etal., 2022; DA SILVA e PINTO, 2021 ).

4. DISCUSSÃO

Farmacologia dos anticoncepcionais orais Acetato de Clormadinona + Etinilestradiol versus Levonorgestrel + Etinilestradiol

No que tange a farmacologia dos anticoncepcionais orais analisados, Silva (2017) e Ferreira et al. (2019) definem que tais medicamentos por serem muito consumidos pelo público feminino, e devido a constante necessidade e alto consumo, requerem uma análise minunciosa no teor de suas substâncias que compõem a pílula anticoncepcional em suas formulações (Figura 2) como do acetato de clormadinona + etinilestradiol versus levonorgestrel + etinilestradiol, que podem desencadear uma série de alterações das vias metabólicas femininas.

Figura 2. Estrutura do Acetato De Clormadinona + Etinilestradiol.versus Levonorgestrel + Etinilestradiol.

Nota: Em A(Acetato De Clormadinona + Etinilestradiol) e em B(Levonorgestrel + Etinilestradiol).

Fonte: Katzung e Vanderah (2022).

Em concordância com Hee et al., (2013) os contraceptivos orais acetato de clormadinona + etinilestradiol versus levonorgestrel + etinilestradiol, possuem três mecanismos de ação, como: inibir a ovulação; o desenvolvimento endometrial impedindo que óvulos fertilizados se implantem na parede endometrial; e secretar muco cervical mais espesso.

Nesse sentido, Finotti (2015) descreve que os relativos contraceptivos orais possuem como mecanismo de ação a promoção da inibição do pico do hormônio luteinizante (LH), responsável pela ovulação e também atuam dificultando a concepção, como a mudança do muco cervical, que torna mais trabalhoso a ascensão dos espermatozoides, a diminuição dos movimentos das trompas e a modificação inadequada do endométrio.

Em vista disso, observa-se por meio da comparação entre os medicamentos Acetato de Clormadinona + Etinilestradiol versus Levonorgestrel + Etinilestradiol, que ambos exigem uma atenção na análise de suas substâncias por atuarem diretamente na liberação e produção de hormônios femininos, principalmente com relação a resposta terapêutica dos efeitos esperados e adversos que ocorrem devido ao uso constante, para determinar suas respectivas efitividades.

Efeitos colaterais dos anticoncepcionais orais em relação a trombose venosa na mulher

No que diz respeito, aos efeitos coleterais ao uso de contraceptivos orais acetato de clormadinona + etinilestradiol versus levonorgestrel + etinilestradiol, e em conformidade com Maia (2015), os contraceptivos trazem uma série de benefícios a mulher, pois reduzem o fluxo menstrual, a intensidade das cólicas, podem ser via terapêutica no tratamento de cistos e, prevenir gravidez indesejada, aumentando assim a probabilidade de planejamento familiar. Entretanto, o uso continuado pode trazer efeitos adversos indesejavéis, sendo necessário acompanhamento profissional durante o consumo destes medicamentos (MAIA, 2015).

Contudo, Jurema e Jurema (2021) e Cabral et al., (2018) citam que o uso prolongado destes medicamentos pode promover além dos efeitos benéficos, o surgimento de efeitos colaterais relacionados a disfunção da pressão arterial, problemas cardiovasculares, trombose venosa e até neoplasia, aumentando assim a prevalência destes eventos adversos devido a fatores de risco, como: tabagismo, histórico familiar, obesidade, idade, tempo de uso e correlação entre a dose destes medicamentos nas usuárias em potencial.

De acordo com Simões et al., (2015) evidenciam-se outros riscos que os medicamentos acetato de clormadinona + etinilestradiol versuslevonorgestrel + etinilestradiol representam para a saúde da mulher, como a redução dos níveis séricos de zinco, afetando a sua distribuição, resultando em pico de massa óssea inferior ao normal nestas usuárias a longo prazo.

Nos trabalhos de Santos et al. (2022), Cardoso et al. (2013) e Da Silva e Pinto (2021) observa-se que a prescrição para o uso dos medicamentos acetato de clormadinona + etinilestradiol versus levonorgestrel + etinilestradiol combinados ou em monoterapia propiciam o desencadeamento da doença tromboembólica venosa, devido a presença da substância progestagênio e por gerar resistência às proteínas C-reativas, que são os anticoagulantes naturais do organismo.

Diante isto, o contraceptivo comprovado cientificamente que menos favorece o efeito colateral de distúrbio vascular por trombose venosa, sendo reação muito rara (≥ 1/10.000 e < 1/1000), justificável devido ao baixo teor de progestagênio em sua composição é o fármaco acetato de clormadinona + etinilestradiol.

Logo, o fármaco levonorgestrel + etinilestradiol tende a promover maior risco de eventos trombolíticos profundos, pois o levonorgestrel é a forma sintética do progestagênio, sendo reação rara, porém frequente em usuárias no primeiro ano de uso, levando em consideração a idade, a predisposição genética, se fez imobilização prolongada, se é fumante, se possui hipertensão ou problemas cardiovasculares. Nota-se, a necessidade destes contraceptivos receberem uma atenção farmacêutica direcionada ao uso racional de maneira segura.

Dessa forma, os contraceptivos analisados são fatores de risco aos quadros evolutivos de formação de coágulos por trombos por serem constituídos de hormônios sintéticos como o estrogénio endógeno bioativo e progesterona, afetando a saúde vascular da mulher com ou sem predisposição a varizes.

Importância farmacoterapêutica no uso dos medicamentos Acetato de Clormadinona + Etinilestradiol versusLevonorgestrel + Etinilestradiol

De acordo com Brasil (2014), registra-se que os profissionais farmacêuticos estão autorizados a prescrever medicamentos nos limites legais de sua qualificação e registro no Conselho Federal de Farmácia em sua jurisdição. Documentando terapias farmacológicas e não farmacológicas e outras intervenções relacionadas ao atendimento de pacientes que realizam o uso de medicamentos, como os anticoncepcionais orais, destinados a promover, proteger e restaurar a saúde e prevenir doenças e outros problemas de saúde da população.

A assistência farmacêutica para mulheres que utilizam os anticoncepcionais orais, equivale-se a um modelo complementar de práticas que incluem atitudes, valores éticos e compromisso com a prevenção, promoção e restauração da saúde integrada à equipe de saúde. Estas interações entre as terapias medicamentosas do medicamentos acetato de clormadinona + etinilestradiol versuslevonorgestrel + etinilestradiol, tem por objetivo alcançar resultados claros e mensuráveis, visando a qualidade de vida destas usuárias (CORREA etal.,2022).

Neste sentido, Bueno etal.,(2018) afirma que mesmo diante a ampla utilização destes anticoncepcionais orais por mulheres, se faz necessário uma maior participação do profissional farmacêutico no ato da liberação quanto a orientação do uso destes medicamentos, pois ainda se observa um conhecimento deficiente quanto aos efeitos adversos, precauções e contraindicações destes fármacos, propiciando riscos de desenvolvimento de trombose venosa nestas usuárias.

Para tanto, em concordância com Araújo etal.,(2019) o farmacêutico tem uma função importante e igualmente reconhecida, que vai além da venda de medicamentos. O exercício profissional do farmacêutico clarifica o conhecimento sobre os efeitos e contraindicações destes medicamentos. Pois, com orientação correta no tratamento individualizado, a paciente receberá as informações pertinentes do medicamento, com orientações sobre posologia e uso, evitando assim efeitos indesejáveis do medicação.

Em consonância com os estudos explanados, o profissional farmacêutico possui as habilidades necessárias para realizar a condução farmacoterapêutica de contraceptivos orais, como os respectivos medicamentos Acetato de Clormadinona + Etinilestradiol versusLevonorgestrel + Etinilestradiol, desde o período inicial do consumo destes medicamentos, conduzindo as usuárias para além dos efeitos benéficos a uma atenção dedicada quanto aos efeitos colaterais que podem desencadear disfunções de aspectos funcionais no organismo de cada mulher.

Mediante as informações apuradas, verificam-se sob ponto de concordância, que os anticoncepcionais orais são a principal via de escolha como método contraceptivo ao publico feminino, e que produzem efeitos benéficos que não se restringem apenas no planejamento familiar, mas que atuam diretamente na produção hormonal por serem constituintes de substâncias sintéticas similares aos hormônios naturais do organismo da mulher. Sendo preciso a atuação da assistência farmacêutica na orientação quanto ao consumo diário destes medicamentos, para esclarecer as usuárias sob os efeitos esperados e os efeitos adversos que os mesmos produzem reações indesejáveis devido a ingestão destes fármacos.

Apesar do recorte deste estudo abordar os medicamentos Acetato de Clormadinona + Etinilestradiol versus Levonorgestrel + Etinilestradiol como fármacos fatores de risco ao desenvolvimento da trombose venosa, coexiste um ponto de discordância. Na literatura, vê-se que não são os únicos medicamentos, mas que existem outros anticoncepcionais orais de consumo continuo que podem propiciar a trombose venosa em suas formas mais graves, sendo variável pelas singularidades de cada usuária, de forma independente da sua posologia e dosagens terapêuticas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista a importância do tema, torna-se necessário após profundos estudos por meio da revisão bibliográfica evidenciar e compreender a relação do uso dos anticoncepcionais orais de Acetato de Clormadinona + Etinilestradiol versuso uso de Levonorgestrel + Etinilestradiol como fatores de risco ao desenvolvimento da trombose venosa.

Os anticoncepcionais orais analisados são fármacos bastante empregados na forma de contracepção, sendo eficazes e eficientes quando utilizados de forma correta. Em contrapartida, possuem efeitos adversos que causam efeitos de múltiplas vertentes, como alterações do fluxo sanguíneo e a hipercoagulabilidade, propiciando o desenvolvimento da trombose venosa.

De modo geral, a relação do uso dos anticoncepcionais orais de Acetato de Clormadinona + Etinilestradiol versuso uso de Levonorgestrel + Etinilestradiol possuem risco para o desenvolvimento da trombose venosa, sobretudo em usuárias com predisposição genética, sendo um fator facilitador para a ocorrência de eventos trombóticos.

Desse modo, a utilização desses medicamentos deve ser feita de forma racional e por indicação médica, visto que a venda desses medicamentos é feita sem prescrição. Dessa forma, torna-se essencial a participação do profissional farmacêutico na liberação e orientação farmacoterapêutica do medicamento, em vistas a fornecer todo o conhecimento necessário a paciente sobre os efeitos esperados e colaterais do uso destes anticoncepcionais.

Uma grande contribuição desta revisão é aprofundar-se no vasto conhecimento e fatos relatados sobre a importância do farmacêutico neste tema pouco discutido em relação aos fármacos analisados, pois a intervenção deste profissional poderá contribuir a sociedade quanto a importância de reconhecer os riscos da medicação e suas possíveis complicações.

Desta forma, sugere-se mais aprofundamentos científicos sobre o tema, pois evidências científicas demonstram que o consumo das formulações combinadas apresentadas neste estudo favorecem o risco de trombose venosa. Esta revisão bibliográfica sugere que mais estudos futuros sejam feitos relacionando os anticoncepcionais a trombose venosa, e aos medicamentos contraceptivos existentes e nos próximos a serem lançados no mercado farmacêutico.

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1 Graduanda do curso de Farmácia. E-mail: karolinepinto1@gmail.com

2 Graduando do curso de Farmácia. E-mail: victoor.s.soares@gmail.com

3 Prof. Esp. Orientador do curso de Farmácia. E-mail: omeromartins.farma@gmail.com