FROM THE STAGE TO THE CLASSROOM: SONGS BY LUIZ GONZAGA AS A DIDATIC-PEDAGOGICAL RESOURCE
DEL ESCENARIO AL AULA: CANCIONES DE LUIZ GONZAGA COMO RECURSO DIDÁCTICO-PEDAGÓGICO
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10046838
Francisco Wilson Soares Cruz1
RESUMO
Um dos grandes desafios dos educadores tem sido o de ressignificar a prática e as atividades pedagógicas com o intento de tornar o processo de ensino mais lúdico, atrativo e acima de tudo, que o aprender possa realmente se fazer presente nas atividades escolares. Neste sentido, lançamo-nos na análise da música, e sua possibilidade de utilização como recurso didático-pedagógico pelos professores. Para tanto, debruçamo-nos sobretudo, nas canções de Luiz Gonzaga e parceiros de composições. Tendo como objetivos: i) Contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, a partir da utilização da poesia e músicas de Luiz Gonzaga nas práticas pedagógicas realizadas em sala de aula ou espaços não-formais de educação; ii) Analisar de que maneira a poesia e música gonzaguiana pode colaborar significativamente para o processo de ensino-aprendizagem iii) Conhecer quais poesias e músicas de Luiz Gonzaga poderão ser utilizadas nas aulas e em quais componentes curriculares iv) Analisar quais temas ou conteúdos, poderão ser trabalhados com a playlist gonzaguiana. Constatou-se que, o uso das músicas do nordestino Luiz Gonzaga representa um excelente recurso didático a ser explorado pelos educadores em suas aulas, pois trazem uma abordagem de cunho político-social acerca de diferentes temas de interesse da sociedade.
Palavras-chave: Músicas. Recurso didático. Luiz Gonzaga. Ensino-aprendizagem.
ABSTRACT
One of the great challenges for educators has been to re-signify the practice and pedagogical activities with the intention to make clear that the teaching process be more playful, attractive and, above all, that learning can really be present in school activities. In this sense, and by analyzing the possibility of using music as a didactic-pedagogical resource by teachers and to this end, focusing mainly on the songs of Luiz Gonzaga and songwriting partners. Having as objectives: i) Contribute to the teaching-learning process, from the use of Luiz Gonzaga’s poetry and songs in pedagogical practices carried out in the classroom or in non-formal spaces of education; ii) Analyze how Gonzaga’s poetry and music can significantly contribute to the teaching-learning process; iii) Knowing which poems and songs by Luiz Gonzaga can be used in classes and in which curricular components; iv) Analyze which themes or contents can be worked with the Gonzaga’s playlist. It was confirmed that the use of songs by the northeastern Luiz Gonzaga represents an excellent didactic resource to be explored by educators in their classes, as they bring a political-social approach to different topics of interest to society.
Key words: Music. Didactic resource. Luiz Gonzaga. Teaching-learning.
RESUMEN
Uno de los grandes desafíos de los educadores ha sido resignificar la práctica y las actividades pedagógicas con la intención de dejar claro que el proceso de enseñanza sea más lúdico, atractivo y, sobre todo, que el aprendizaje pueda realmente estar presente en las actividades escolares. En este sentido, y analizando la posibilidad de utilizar la música como recurso didáctico-pedagógico por parte de los docentes y para ello, centrándose principalmente en las canciones de Luiz Gonzaga y compañeros de composición. Teniendo como objetivos: i) Contribuir al proceso de enseñanza-aprendizaje, a partir del uso de la poesía y las canciones de Luiz Gonzaga en prácticas pedagógicas realizadas en el aula o en espacios no formales de educación; ii) Analizar cómo la poesía y la música de Gonzaga pueden contribuir significativamente al proceso de enseñanza-aprendizaje; iii) Saber qué poemas y canciones de Luiz Gonzaga se pueden utilizar en las clases y en qué componentes curriculares; iv) Analizar qué temas o contenidos se pueden trabajar con la playlist de Gonzaga. Se constató que el uso de las canciones del nororiental Luiz Gonzaga representa un excelente recurso didáctico para ser explorado por los educadores en sus clases, pues aportan un acercamiento político-social a diferentes temas de interés para la sociedad.
Palabras clave: Música. recurso didáctico. Luis Gonzaga. Enseñanza-aprendizaje.
1 INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios dos educadores, tem sido o de tornar as aulas mais atrativas e, assim, conseguir a plena atenção dos estudantes para o que está sendo discutido em sala de aula. E nesta perspectiva, buscar lograr êxito no decorrer do processo de ensino-aprendizagem. Mas como tornar as aulas interessantes para que se obtenha aprendizagem efetiva e significativa? Que ferramentas poderão ser adotadas pelos educadores para que isto ocorra? Como tais ferramentas poderão ser trabalhadas para que haja uma participação a contento e onde a alegria e motivação por aprender se façam presentes nas atividades pedagógicas?
Os questionamentos são muitos. Mas, assim como estes, as respostas também se apresentam como num oceano inesgotável de possibilidades, que emerge, assim que o campo de pesquisa do educador é ativado para o modo On de (RE)significação da prática pedagógica, em conexão com o autoconhecimento, empatia, sentido de pertencimento, trabalho em equipe, avaliação sistemática do processo como um todo, e desejo fervoroso de transform(AÇÃO) da realidade escolar e social, no qual os agentes, bem como, a escola estão inseridos. Ante aos inúmeros desafios e possibilidades é digno reverberar as palavras de Ken Robinson (2019, p.97),
Professores excelentes entendem que não é suficiente conhecer suas disciplinas. Seu trabalho não é ensinar conteúdos; é ensinar alunos. Eles precisam motivar, inspirar e entusiasmar os alunos criando condições para que eles estejam dispostos a aprender. Quando conseguem fazer isso, seus alunos certamente irão ultrapassar suas próprias expectativas e também as de outras pessoas. Grandes professores fazem isso por meio de vários métodos.
Sendo assim, o presente trabalho, tem como uma de suas premissas compartilhar subsídios aos educadores que buscam diversificar a prática pedagógica. Promovendo interação, participação e acima de tudo, desenvolvimento cognitivo aos educandos, seja em ambiente formal ou informal de ensino. Possibilitando numa simbiose entre educador/educando propiciar um conhecimento construído a partir das histórias com raízes profundas do erudito ao popular. Das culturas locais, de gente simples que tece diariamente a teia da saberia popular que impacta diretamente na escala global do desenvolvimento social. Daí a importância de conhecer os estudantes e suas trajetórias na comunidade. “Conhecer o aluno e sua cultura é apresentar propostas de diálogo, de amizade e confiança, é não ser autoritário e sim comunicativo, é saber ouvir, ensinar e aprender. E reconhecer na prática que “ao ensinar se aprende e ao aprender se ensina” (FREIRE, 1996, p.12)
Neste sentido, lançou-se especial atenção ao estudo da música e sua possibilidade de uso como ferramenta didático-pedagógica e a perspectiva de sucesso na promoção do processo de ensino-aprendizagem, a partir da utilização da mesma como proposta metodológica. É válido salientar no que se refere ao uso da música, a lei 11.769 de 2008, sancionada pelo então presidente Luís Inácio Lula da Silva, estabelece a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas de educação básica. Portanto, esta lei abriu espaço para a escola e os educadores fazerem uso da música nas atividades pedagógicas amparado por uma legislação específica e que ratifica a importância da musicalidade para o desenvolvimento cognitivo dos aprendizes.
Segundo Alves (2009) o uso de músicas no processo de ensino, representa um excelente recurso didático no tocante principalmente ao desenvolvimento das comunicações entre professor e aluno. Corroborando para que os discentes aprimorem os conhecimentos de cultura, realidade social e política.
Figueiredo (2004, p.60) nos diz que, “aproximar música e pedagogia pode representar uma alternativa para que a educação seja compreendida, solicitada e aplicada sistematicamente”.
Para tanto, valeu-se da playlist gonzaguiana pela simbologia que este artista representa para o povo brasileiro. Luiz Gonzaga é uma das maiores expressões da brasilidade cultural, e porque não dizer, da globalização musical nacional, que naquele momento histórico, ocorria numa época anterior a existência da internet e redes sociais. Mesmo assim, o artista nascido e criada em meio as inúmeras intempéries predominantes no Nordeste, ganhou o Brasil através de sua música e, posteriormente, passou a ser cantado em praças e palcos do mundo retratando a realidade política, econômica e social presente sobretudo, no nordeste do país.
Por essas e outras facetas, o campo de análise, se debruçou nas poesias e músicas do nordestino coroado como “Rei do Baião” Luiz Gonzaga, uma vez que este artista com seu talento, e em parceria com grandes letristas como Humberto Teixeira e Zé Dantas, exploraram com maestria o contexto social; trazendo em tela importantes temas que vão de problemas sociais como a seca, econômicos; migração, políticos; “auxílio” destinado pelos representantes do povo no combate a seca, Violência; Cangaço, Ambientais; Xote Ecológico, Resistência; fé e religiosidade, dentre outros.
O estudo ora realizado, partiu da seguinte indagação: De que maneira a música de Luiz Gonzaga pode ser utilizada como metodologia pedagógica, de forma que esta, possa contribuir de maneira lúdica e inovadora no processo de ensino-aprendizagem?
Com o intento de colaborar com o processo de ensino-aprendizagem e em busca de respostas para as questões norteadoras da pesquisa. Esperou-se alcançar os seguintes objetivos:
OBJETIVO GERAL
Contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, a partir da utilização da poesia e músicas de Luiz Gonzaga nas práticas pedagógicas realizadas em sala de aula ou espaços não-formais de educação. Tendo como objetivos específicos:
Analisar de que maneira a poesia e música gonzaguiana podem colaborar significativamente para o processo de ensino-aprendizagem.
Conhecer quais poesias e músicas de Luiz Gonzaga poderão ser utilizadas nas aulas e em quais componentes curriculares.
Analisar quais temas ou conteúdos, poderão ser trabalhados com a playlist gonzaguiana.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A realização da pesquisa apresenta em sua essência uma abordagem qualitativa, com pesquisa que compreendeu diferentes referências bibliográficas; livros e artigos que tratam da temática em tela. Além de pesquisas em sites de músicas que dispunham da playlist de Luiz Gonzaga. Sobretudo, àquelas que trazem um viés de cunho sociocultural e de temas relevantes que pudessem ser discutidos em sala de aula como recurso didático pelos professores.
O trabalho ora realizado, também envolveu pesquisa quantitativa com a aplicação de questionário. Tendo como intento, aferir dados acerca da utilização da música em sala de aula por professores, e com qual frequência a mesma fora trazida nas discussões propostas no ambiente formal ou informal de ensino pelos educadores pesquisados.
No que se refere aos objetivos definidos, a pesquisa se classifica como descritiva, uma vez que esta, mergulhou na análise de fontes bibliográficas, no trabalho de Luiz Gonzaga e letristas, e na possibilidade de uso do acervo gonzaguiano como recurso pedagógico, ao passo que a mesma, abre caminho para outras abordagens de cunho científico acerca da temática tratada no estudo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para Santos e Parra (2015) a música ativa estruturas cerebrais, contribuindo para processos cognitivos e aprendizagens através do sistema límbico. Responsável dentre outras coisas pelas emoções, sentimentos, atividades socias e comportamentais.
Imbricada com a interdisciplinaridade através da didática, o uso da música como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem pode apresentar-se de maneira salutar e agradável, uma vez que em decorrência da mesma, é possível promover uma participação efetiva dos educandos. Tendo em vista que alguns sentidos e sensações são ativados no cérebro através da melodia e letras, que corroboram para ativação da percepção, memória, sensibilidade e diferentes conexões afetivas e emocionais. Sobretudo, àquelas que estão ligadas ao sentimento de pertencimento relacionadas aos lugares de origem ou por adoção e suas variadas características e relações sociais ali estabelecidas. A despeito deste sentimento de pertencimento, o “Rei do Baião” cantou e encantou com a composição Vida de Viajante:
Minha vida é andar por esse país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei
Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa, sigo o roteiro
Mais uma estação
E alegria no coração […]
(GONZAGA, CORDOVIL, 1979)
Gonzaga traduziu perfeitamente nesta obra prima com Cordovil, o desejo de conhecer outros lugares. Criando “networking” de emoções e recordações com pessoas e lugares visitados. A fim de que, com o passar dos anos, pudesse descansar em paz relembrando os momentos felizes que o conhecer do mundo poderia oferecer. Ainda é possível analisar algumas características existentes na variação climática do país; chuva e sol. Além de seca, que principalmente ao soprar do vento quente, faz levantar poeira no bioma caatinga com sua vegetação castigada pelos baixos índices pluviométricos, e “ardente” com as altas temperaturas, capazes de em alguns casos, torná-la carvão; seja por fatores naturais ou pela ação antrópica ao realizar o desmatamento e queima da mesma para o plantio no “roçado”.
As letras de Luiz percorrem diferentes caminhos, percepções e alternativas para uso nas aulas. Como por exemplo, em análise de figuras de linguagem, como podemos observar na composição de Humberto Teixeira e imortalizada na voz do “Rei do Baião”:
Quando oiei’ a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu preguntei’ a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação?
Eu preguntei’ a Deus do céu, uai
Por que tamanha judiação?
Que braseiro, que fornaia’
Nenhum pé de prantação’
Por farta’ d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta’ d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté’ mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce’ eu disse: adeus, Rosinha
Guarda contigo meu coração
Entonce’ eu disse: adeus, Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar’ pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar’ pro meu sertão […]
(TEIXEIRA, 1947)
Nesta canção, há a existência de palavras escritas com grafia “errônea”, vícios de linguagem, retratando o modo “comum” de falar em várias partes do Nordeste de então. Situação que possivelmente poderia ser explicada pela quase inexistências de escolas na maior parte da região. Asa Branca é sem dúvidas, uma das músicas mais tocadas na história do Brasil e retrata um quadro de sofrimento marcado pelo contexto histórico vivenciado pelos compositores e a sociedade nordestina, que após sofrer com sucessivos anos de seca, escassas ações de políticas públicas efetivas, acabou servindo como inspiração para uma “narrativa real cantada”, demonstrando nesta perspectiva diversas nuances da essência do povo nordestino; bravura, religiosidade, resiliência, esperança e fé, traduzem perfeitamente o DNA de um genuíno nordestino. Sobre isto, Euclides da Cunha (1902) em sua magistral obra “Os Sertões”, foi enfático ao afirmar “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Com este viés de ausências de políticas públicas para amenizar o sofrimento do povo nordestino e de grande parte do país que sofria a anos com a seca, Luiz Gonzaga e Zé Dantas compuseram nos idos de 1953, a música Vozes da Seca, que dentre algumas de suas estrofes, traz os seguintes versos com críticas de cunho econômico, político e social:
Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão
É por isso que pedimos proteção a vosmicê
Homem, por nós, escolhido, para as rédias do poder
Pois doutor, dos vinte estados, temos oito sem chover
Veja bem, mais da metade do Brasil tá sem comer
Dê serviço a nosso povo, encha os rios e barragens
Dê comida a preço bom, não esqueça a açudagem
Livre assim, nós da esmola, que no fim desta estiagem
Lhe pagamo inté os juros sem gastar nossa coragem
Se o doutor fizer assim, salva o povo do sertão
Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação
E nunca mais nós pensa em seca, vai dá tudo neste chão
Como vê, nosso destino, mercer tem na vossa mão
Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão
Pelo auxílio dos sulistas nesta seca do sertão
Mas doutor, uma esmola a um homem que é são
Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão […]
(GONZAGA, DANTAS, 1953)
Percebe-se claramente em Vozes da Seca, que os compositores agradecem a ajuda vinda do sul do país, mas como homens “sãos” (sadios) preferem ao invés disso, que lhes seja oferecido serviços. Afim de que com os próprios braços, pudessem produzir, e em contrapartida, combater o vício que a “esmola” poderia trazer aos cidadãos. A estrofe faz nas entrelinhas um alerta para políticas clientelistas sob o risco de homens e mulheres “vulneráveis”, ficarem sob julgo de lideranças políticas locais que têm marcado historicamente as classes menos favorecidas da sociedade, inclusive nos dias de hoje. Tais políticos, tem na miséria do povo sofrido sua principal moeda de troca, cujo o valor momentâneo da “exploração da consciência” alheia, reflete diretamente na eficiência e eficácia dos serviços públicos, na dependência total do Estado, na espera constante da população por auxílios diversos; seja os advindos da esfera federal ou aqueles que chegam juntamente com o período de campanhas eleitorais, esbofeteando a cidadania. Cerceando assim, o voto livre e o direito “sagrado” de escolha do cidadão.
Sugerem ainda aos “homens escolhidos para as rédeas do poder”, que construam e enchem açudes e barragens, tendo como intento, saciar a sede e a fome do povo. Este tipo de ação, poderia incentivar junto aos trabalhadores, o plantio e aumento da produção nas áreas próximas a estes reservatórios.
Por outro lado, houveram momentos no país, em que o sertão nordestino diferente de períodos de seca, sofreu com excesso de chuvas, continuando a saga de dor e sofrimento em determinados momentos da história do país. Esse período extraordinário foi relatado na canção “Súplica Cearense”, composta em 1960 por Gordurinha e Nelinho e interpretada por inúmeros artistas. Contudo, sua maior notoriedade e projeção, foi alcançada na voz de Gonzaga.
Oh! Deus, perdoe esse pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair, cair sem parar
Oh! Deus será que o senhor se zangou
E é só por isso que o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há
Oh! Senhor, pedir pro sol se esconder um pouquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão
Oh! Meu Deus, se eu não rezei direito
A culpa é do sujeito
Desse pobre que nem sabe fazer a oração […]
Em Súplica Cearense, os compositores retrataram a aflição de um sertanejo que havia recorrido a Deus em orações, para que a chuva chegasse e amenizasse a situação de penúria decorrente da falta da mesma à molhar os rincões do Nordeste castigado pela estiagem. Mas, que com o excesso de precipitação, que naquele período se fez presente, corroborando para inúmeros transtornos para a sociedade local como; enchentes, alagamentos deixando inúmeras famílias desabrigadas e sem seus pertences pessoais. Passou a se lamentar da própria sorte, acreditando que aquela situação de desespero advindo do excesso de chuvas, teria sido ocasionado por seus pedidos para a chuva cair sem parar. Portanto, na concepção eu lírico, seria um castigo divino tal situação.
Luiz Gonzaga, por ser um regionalista declarado, amante da cultura de sua região, o que pode ser facilmente percebido através de suas composições e parcerias musicais. Mantinha uma fidelidade em sua essência musical; o jeito poético e simples de retratar aspectos da vida cotidiana do nordestino. Cantando de temas alegres, passando pelas belezas, e aspectos que por vezes, narravam melancolia. Como em um de seus clássicos: Assum Preto.
Tudo em volta é só beleza
Céu de abril e a mata em flô
Mas assum preto, cego dos zóio’
Não vendo a luz, ai, canta de dor
Mas assum preto, cego dos zóio’
Não vendo a luz, ah, canta de dor
Talvez por ignorância
Ou maldade das pió
Furaro os zóio’ do assum preto
Pra ele assim, ah, cantar mió’
Furaro os zóio’ do assum preto
Pra ele assim, ah, cantar mió’
Assum preto vevi solto
Ma’ não pode avuá’
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ah, pudesse oiá’
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá’
Assum preto, o teu cantar
É tão triste como o meu
Também roubaro o meu amor, ai
Que era a luz, ah, dos zóio’ meu
Também roubaro o meu amor, ai
Que era a luz, ah, dos olhos meu
Também roubaro o meu amor, ai
Que era a luz, ah, dos olho meu
Também roubaro o meu amor, ai
Que era a luz, ah, dos olhos meu
Também roubaro
(HUMBERTO TEIXEIRA, LUIZ GONZAGA)
Nesta composição de 1950, Gonzaga e Teixeira narram em tom melancólico, apesar da beleza cênica presente no sertão naquele momento com a chegada das chuvas, principalmente nos primeiros meses do ano. Período em que a vegetação acinzentada castigada pelos meses de seca, “renasce” esverdeiam-te, renovando os sonhos e a esperança do povo nordestino. “Tudo em volta é só beleza, céu de abril e a mata em flô”. Uma beleza aliás, que devido aos maus-tratos com os animais, não poderá ser vista pelo Assum Preto, em razão da cegueira ter sido provocada propositalmente por um sujeito indeterminado: “furaro”. Afim de que o pássaro, cantasse continuamente e melhor. “Mas Assum Preto, cego dos zóio, não vendo a luz, ai, canta de dor”. “Talvez pura ignorância, ou maldade das pior, furaro os zóios do Assum Preto, pra ele assim, ah, cantar mió”. A estrofe relata o canto, não de alegria pela chegada das águas, mas pela dor e desespero por não poder enxergar o brilho e a beleza paisagística que agora tomava conta do sertão com suas variedades de cores, aromas, “fartura” de alimentos e diversidade de formas de vida.
Os compositores fazem ainda uma analogia entre a dor sentida pelo pássaro e a perda de um amor pelo eu lírico: “Assum Preto, o teu cantar; É tão triste como o meu; Também roubaro o meu amor, ai; Que era luz, ah, dos olhos meu;
Um tema muito presente na vida do nordestino e que também pode ser abordado nas aulas é o processo de migração. Sobretudo, o ocasionado pela estiagem ou pela busca por oportunidade de emprego e uma vida melhor na cidade grande. Esse processo migratório ocorre tanto dentro do Estado de origem, quanto para outras regiões do Brasil, principalmente para a região Sudeste. Que têm na cidade de São Paulo, o destino preferido destes migrantes que vivem constantemente num fluxo migratório interno, ou seja, quando ocorre dentro do próprio país. Neste sentido, uma música que pode ser explorada nas aulas, é a que trata do tema migração. Por, exemplo, a canção Baião da Garoa, escrita por Luiz Gonzaga em 1952, faz uma alusão aos retirantes, termo usado para designar aquele sertanejo que de maneira isolado ou em grupo, emigra para outras áreas devido a escassez de chuvas e a falta de políticas públicas para convivência com a seca. Deixando para traz seu lugar, suas poucas posses e suas raízes familiares.
Na terra seca
Quando a safra não é boa
Sabiá não entoa
Não dá milho e feijão
Na Paraíba, Ceará, nas Alagoas
Retirantes que passam
Vão cantando seu rojão
Meu São Pedro me ajude
Mande chuva, chuva boa
Chuvisqueiro, chuvisquinho
Nem que seja uma garoa
Uma vez choveu na terra seca
Sabiá então cantou
Houve lá tanta fartura
Que o retirante voltou
Oi! Graças a Deus
Choveu, garoou
Na música Baião da Garoa, Luiz Gonzaga destaca que devido a ausência de chuvas, não é possível produzir alimentos, o que contribui para o surgimento de fluxos migratórios. Em Estados como a Paraíba, Ceará e Alagoas, o que é percebido, segundo ele, na estrofe: “retirantes que passam vão cantando seu rojão¹”. Nesta perspectiva, a palavra rojão, tratar-se-ia de: ação, movimento, algo pesado, esforço; cânticos que enaltecem a valentia, bravura.
No que se refere a questão ambiental e como possibilidade para se trabalhar a Educação Ambiental. O professor pode fazer uso da música Xote Ecológico, lançada em 1989 por Aguinaldo Batista e Luiz Gonzaga. Nela, os compositores fazem uma abordagem acerca da utilização dos recursos naturais e as possíveis consequências que o usufruto desenfreado do mesmo poderá ocasionar para a natureza. Tal preocupação pode ser percebido pelo estudo da letra transcrita a seguir:
Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo, não dá mais pra plantar
E se plantar não nasce, se nascer não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar
Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo, não dá mais pra plantar
E se plantar não nasce, se nascer não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar
Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo, não dá mais pra plantar
E se plantar não nasce, se nascer não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar
Cadê a flor que tava aqui
Poluição comeu
O peixe que é do mar?
Poluição comeu
O verde onde é que está?
Poluição comeu
Nem o Chico Mendes sobreviveu
(AGUINALDO BATISTA, LUIZ GONZAGA,)
Em Xote Ecológico, Batista e Gonzaga demonstram já naquele período histórico uma preocupação com a questão ambiental. Uma vez que na década anterior ao lançamento da música, mais precisamente na década de 70, já haviam sido realizados debates no planeta no que concerne a preocupação com o crescimento econômico e as consequências advindas da exploração irracional da natureza.
A realização da Conferência de Estocolmo em 1972, de responsabilidade da ONU, culminou com a elaboração da Declaração Sobre o Meio Ambiente Humano, que em sua introdução destacava que: “atendendo a necessidade de estabelecer uma visão global e princípios comuns, que sirvam de inspiração à humanidade, para a preservação e melhoria do meio ambiente humano”. Outro ponto digno de nota, destaca que: O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade, tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador de solene obrigação de proteger e melhorar esse meio ambiente para as gerações presentes e futuras. Esta conferencia abriu caminho para que a preocupação com o meio ambiente, se fizesse presente no seio da sociedade. Prova disso, foram a realização de outros eventos com esta temática em discussão, como a Conferência do Clima (1979), Rio-92, Protocolo de Kyoto (1997), Acordo de Paris (2015), dentre outros. Tais eventos, acabaram servindo como alerta para a sociedade e referência para ideais preservacionistas, conservacionista e mais recentemente, sustentabilidade.
O professor pode fazer com os estudantes, uma abordagem tendo como tema a Educação Ambiental, apresentando uma linha temporal das conferências do meio ambiente já realizadas, e no último momento, com a distribuição da letra, fazer análise da música Xote Ecológico, reverberando a importância que cada cidadão pode exercer para o cuidado com a natureza e o planeta como um todo.
3.1 Dados do campo
No tocante aos dados quantitativos, foi realizada pesquisa com 50 estudantes do Fundamental II e Ensino Médio de 4 escolas, a saber: Palácio da Educação ( Fundamental II), CETI Lima Rebelo (Fundamental II e Ensino Médio), Dona Rosaura Muniz Barreto (Ensino Médio) e CEEPRU Cônego Cardoso (Ensino Médio Profissionalizante), tendo como finalidade aferir dados relacionados ao uso da música pelos professores no processo de ensino-aprendizagem. Entre os pesquisados, foram colhidos os seguintes dados:
TABELA 1
Perguntas a estudantes relacionadas ao uso da música por professores no processo de ensino-aprendizagem
RESPOSTAS | % |
São do sexo feminino | 72 |
São do sexo masculino | 28 |
Têm idade entre 10 a 15 anos | 38 |
Têm idade entre 15 a 20 anos | 62 |
Afirmaram que algum professor já fez uso da música em sala de aula | 78 |
Disseram que nenhum professor utilizou a música em sala de aula | 22 |
Afirmaram que consideram o uso da música importante, pois facilitam a aprendizagem do conteúdo | 86 |
Não consideram a música importante | 14 |
Afirmaram gostar quando o professor faz uso de música para explicar algum conteúdo porque todos participam da aula | 84 |
Outra resposta | 8 |
Não gosta quando o professor faz uso de música para explicar conteúdo | 4 |
Prefere que o professor não leve música para explicar conteúdo | 4 |
Gostariam que às vezes os educadores usassem música nas aulas | 76 |
Sempre usassem músicas nas aulas | 16 |
Nunca usassem músicas nas aulas | 8 |
Responderam que consideram as aulas com músicas chatas | 4 |
Consideram aulas com músicas muito boas | 40 |
Acham regulares as aulas com utilização de músicas | 20 |
Consideram excelentes as aulas com uso de músicas | 36 |
Fonte de pesquisa: Estudantes do Palácio da Educação, CETI Lima Rebêlo, Dona Rosaura Muniz Barreto e CEEPRU Cônego Cardoso-2022.
Dentre tantas informações importantes analisadas na pesquisa e presentes na tabela 1, vale pontuar como positivos o total citado pelos estudantes, no que se refere a pergunta sobre se algum professor já tinha feito uso da música no processo de ensino-aprendizagem como possibilidade de melhorar a compreensão do conteúdo? E para 78% dos pesquisados, algum educador já tinha feito utilização da música para explicar um determinado assunto.
Também é digno de nota, o resultado referente a pergunta, se eles (estudantes) consideram o uso da música importante para facilitar a aprendizagem? Para 86%, a música é muito relevante, pois auxilia na compreensão do conteúdo trabalhado. Outro dado a ser frisado, trata do envolvimento e engajamento dos estudantes. 84% dos entrevistados, afirmaram gostar quando o professor faz uso de música em suas aulas para explicar algum conteúdo, pois todos participam.
Com relação aos educadores, foram entrevistados 21 que integram o Ensino Fundamental II e Ensino Médio das escolas mencionadas anteriormente, onde foram colhidas as seguintes informações:
TABELA 2
Perguntas aos professores relacionadas ao uso da música no processo de ensino-aprendizagem
RESPOSTAS | % |
São do sexo feminino | 57,15 |
São do sexo masculino | 42,85 |
Atuam no Ensino Médio | 61,90 |
Atuam no Ensino Fundamental II | 38,10 |
Acreditam que o uso da música facilita no processo de ensino-aprendizagem | 95,23 |
Consideram que a música não facilita no processo de ensino-aprendizagem | 4,77 |
Afirmaram já ter usado música no processo de ensino-aprendizagem de algum conteúdo | 90,47 |
Disseram nunca ter usado música no processo de ensino-aprendizagem | 9,53 |
Fonte de pesquisa: Professores do Palácio da Educação, Dona Rosaura Muniz Barreto, CETI Lima Rebelo e CEEPRU Cônego Cardoso-2022
Nos dados da tabela 2, referente as entrevistas com os educadores. É válido destacar o item que versa sobre a crença dos entrevistados na música como facilitadora no processo de ensino-aprendizagem. 95,23% disseram acreditar que de fato, a música é uma importante ferramenta para facilitar a aprendizagem dos estudantes. E destes, 90% afirmaram já ter usado música no processo de ensino-aprendizagem com intento de contribuir para compreensão de conteúdo trabalhado na aula.
O gráfico a seguir, trata do período de exercício do magistério pelos professores ora pesquisados. Demonstrando uma maioria de exercício da atividade docente entre 15 a 20 anos.
GRAFICO 1
Fonte de pesquisa: Professores do Palácio da Educação, Dona Rosaura Muniz Barreto, CETI Lima Rebelo e CEEPRU Cônego Cardoso-2022
No gráfico 2, foi feito o seguinte questionamento: Você considera a música uma ferramenta didático-pedagógica importante no processo de ensino-aprendizagem?
GRAFICO 2
Fonte de pesquisa: Professores do Palácio da Educação, Dona Rosaura Muniz Barreto, CETI Lima Rebelo e CEEPRU Cônego Cardoso-2022
O resultado obtido nesta questão, destaca o reconhecimento inegável dos profissionais docentes de que a música representa sim, um recurso didático extremamente significativo para o desenvolvimento da prática em ambientes formais e informais de aprendizagem. Representando, portanto, uma possibilidade a ser levada em consideração ao planejar a aula a ser trabalhada.
No gráfico 3, foi feita a seguinte abordagem: Com que frequência você faz uso de músicas no processo de ensino-aprendizagem com o intento de facilitar a compreensão de algum conteúdo?
GRAFICO 3
Fonte de pesquisa: Professores do Palácio da Educação, Dona Rosaura Muniz Barreto, CETI Lima Rebelo e CEEPRU Cônego Cardoso-2022
Embora 95,23% considere a música importante como recurso didático, e que 90% dos entrevistados tenha citado que já usou música para explicar algum conteúdo, conforme consta na tabela 2. O gráfico 3, nos diz que a grande maioria raramente tem feito uso deste recurso como demonstrado no gráfico 3. 61,9% dos professores, afirmaram raramente usar a música no exercício da atividade docente.
4 CONCLUSÃO
Os resultados encontrados permitem tirar as seguintes conclusões:
- O uso da música como recurso didático-pedagógico, surge como uma interessante ferramenta para contribuir no processo de ensino-aprendizagem. Uma vez que como evidenciado na pesquisa ora realizada, além de colaborar neste processo, torna as aulas mais lúdicas e atrativas para os estudantes. Pois é capaz de despertar diferentes emoções nos ouvintes. Propiciando assim, um número acentuado de sinapses, corroborando para o aprendizado conforme explicado pela neurociência.
- Que apesar de representar uma possibilidade a ser considerada no processo de ensino, ratificada por lei do Governo Federal, a música raramente têm sido explorada para esta finalidade pelos educadores. Conforme dados obtidos através da pesquisa realizada nas escolas do município. Necessitando, portanto, um maior incentivo por parte das instituições de ensino.
- Ressalta-se que de fato, às músicas e poesias de Luiz Gonzaga e demais parceiros de composição. São sim, um valioso recurso pedagógico a ser explorado em ambiente escolar ou fora dele. Pois fazem relatos em sua maioria, de experiências reais, com letras de forte impacto social, seja com viés de protesto, de regionalismo e exaltação local, mas principalmente como denuncismo à falta de políticas públicas eficientes no que concerne à convivência com a seca e a situação de quase abandono de algumas áreas do Nordeste do Brasil pelos poderes constituídos.
- Constata-se que as músicas estudadas, bem como muitas outras da playlist gonzaguiana, apesar de terem sido escritas em tempos históricos diferentes do país, trazem temas extremamente atuais. Apresentando-se como importantes fontes de pesquisa e excelentes meios para uso no processo de ensino. Sendo possível intervir de maneira (inter)transdisciplinar abordando diferentes conteúdos: migração, clima, figuras de linguagem, IDH, Educação Ambiental, Desenvolvimento Regional, Impacto Ambiental, Aspectos Literários dentre outros.
- Após estudo das músicas pelo professor e estudantes, como atividades avaliativas poderá ser proposto; a produção de cordel ou de texto dissertativo, produção de paródias, apresentação de seminários ou debates com sugestões para preservação e conservação dos recursos naturais, peça teatral, confecção de folders, jornal ou banner explicativo, produção de vídeos ou podcast, trazendo em voga, os diferentes temas discutidos no trabalho proposto ou outros de interesse dos professores.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROBINSON, Ken. Escolas criativas: a revolução que está transformando a educação/Ken Robinson, Lou Aronica; tradução: Luis Fernando Marques Dorvillé. -Porto Alegre: Penso, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1996.
PIANGERS, Macos. A escola do futuro: o que querem (e precisam) alunos, pais e professores/Marcos Piangers, Gustavo Borba. – Porto Alegre: Penso, 2019.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros curriculares nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. 2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
1Mestrando em Geografia pela Universidade Federal do Pará.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9723-7626, e-mail: mestrewilsonsoares@hotmail.com