EXERCÍCIOS RESISTIDOS: INFLUÊNCIA DE DOIS TEMPOS DE EXECUÇÃO

Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 15, nº 87, Julho/Agosto de 2012. http://www.novafisio.com.br

Exercícios Resistidos: Influência de dois tempos de execução. 
RESISTANCE EXERCISE: INFLUENCE OF TWO RUNTIMES.

Rodrigo Elias dos Santos*; Luis Claudio Paolinetti Bossi**
* Graduado em Educação Física pelo Centro das Faculdades Associadas de Ensino – UNIFAE: rodrigo36953@hotmail.com
** Orientador e Docente do curso de Educação Física do Centro das Faculdades Associadas de Ensino – UNIFAE: luisclaudiobossi@gmail.com
Revisado por: Rodrigo Silva Perfeito (rodrigosper@yahoo.com.br)
Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 15, nº 87, Julho/Agosto de 2012. http://www.novafisio.com.br

 

Resumo

O presente estudo objetivou uma análise de um treinamento de força com diferentes tempos de execução de exercícios resistidos para membros inferiores na composição corporal e força. Oito voluntários com idade variando entre 20 e 35 anos, fisicamente ativos com experiência prévia no treinamento resistido foram selecionados e divididos em dois grupos: Grupo Lento 4”(excêntrica)x 2”(concêntrica) e Grupo Rápido 2”(excêntrica)x 2”(concêntrica). Os dois grupos foram submetidos a avaliações de dobras cutâneas, perimetria e teste de 1RM pré e pós treinamento. O protocolo de treinamento para ambos os grupos consistiu em um treinamento três vezes por semana, sendo quatro séries de sete repetições e a cada duas semanas aumentava-se uma repetição, com 75% da carga máxima. Os exercícios realizados foram: agachamento livre, leg press 45°, extensora, flexora, mantendo-se essa ordem. Todos os voluntários realizaram três sessões de familiarização com intuito de utilizar o metrônomo para fazer a temporização da velocidade de execução. Após oito semanas verificou-se um aumento de massa magra, diminuição de massa gorda e aumento de força máxima nos dois grupos, porém o trabalho excêntrico em 4 segundos foi superior quando comparado a uma velocidade mais rápida, devido aos resultados obtidos na redução da massa gorda, no aumento de massa magra corporal e força máxima, mostrando a importância de se periodizar um treinamento baseado em objetivos diferentes.

Palavras-chave: Treinamento resistido; velocidade; contração isotônica, composição corporal, força.

Abstract

The fallowing study has as an objective a strength training analysis with different execution periods of resistance exercises for inferior members wit the body composition end strength. Eight volunteers ages ranging between 20 and 35 years-old, physically active with previous experience on the resistance training, were selected and divided in two groups: Slow group 4”(eccentric) vs. 2”(concentric)., and Fast group 2”(eccentric) vs. 2”(concentric). Both groups were submitted to cutaneous folds evaluation, perimetry, and 1RM test pre and post training. The training protocol for both groups consisted of a three –times-a-week training ,being four series of seven repetition (reps),  and every two weeks it would be added one more, with 75% of maximum load. The executed exercises were: free squat, leg press 45°, extensor, flexor, being carried in this order. All the volunteers executed three familiarization sessions aiming on using the metronome to gange the executions timing and speed. After eight weeks, it was verified a lean mass augmentation, fat mass reduction and an increase of maximum strength, in both groups, however the eccentric work in 4 seconds was higher when compared to a higher speed, due to the obtained results from the fat mass reduction, the augmentation of body lean mass and maximum strength emphasizing the importance in setting up a training based on different goals.

Keywords: Resisted training, speed, isotonic contraction, body composition, strength.

Introdução

Atualmente em diversos países os exercícios físicos realizados na musculação vêm sendo muito pesquisados e discutidos por estudiosos que atribuem grande importância à realização da prática de musculação que hoje é embasada cientificamente tanto em aspectos fisiológicos como metodológicos (FERREIRA, et al. 2008).
Para Guedes Júnior e Rocha (2008) o treinamento de força pode ser considerado uma metodologia de treinamento que tem como principal objetivo o desenvolvimento de uma capacidade física denominada força. Durante os últimos vinte anos o treinamento resistido vem ganhando popularidade e adeptos, pois, inúmeros são os benefícios associados a sua prática entre eles: redução de riscos de doenças crônico-degenerativas, melhora da atividade da vida diária, tratamento não medicamentoso de várias doenças, melhoria da qualidade de vida e da saúde.
Os resultados obtidos com o treinamento físico são influenciados tanto por estímulos mecânicos como metabólicos. Estudos sugerem que os ganhos de força e massa muscular estão diretamente ligados as alterações metabólicas ocorridas no músculo esquelético, em função de estímulos mecânicos diretamente influenciados pela quantidade de peso levantado durante o treinamento (GENTIL, et al. 2006).
Mas, muitas vezes as variáveis de um treinamento de musculação como intervalo entre as séries e exercícios, assim como a velocidade de execução dos exercícios não são levadas em consideração pelos professores de musculação, comprometendo todo o processo de treinamento, pois se sabe que estas variáveis são tão importantes quanto à carga (peso) utilizada para o exercício. Com isso o profissional de Educação Física que lida com indivíduos que visam saúde ou atletas que buscam aprimoramentos é de extrema importância regular fatores ligados ao treinamento para então, interferir em algumas respostas durante um treinamento físico e na sua recuperação. Nesse sentido, o profissional de Educação Física poderá prescrever treinos que maximizem tais respostas de acordo com o objetivo do cliente (FERREIRA, et. al 2008).

Treinamento de força

Um método bastante eficaz utilizado atualmente para manter ou até mesmo melhorar a força e a saúde, é o treinamento de força, seus benefícios são comprovados tanto em atletas como em pessoas que buscam a reabilitação ou condicionamento físico. Portanto a chave do sucesso para o alcance dos objetivos traçados com o treinamento de força se resume em uma elaboração apropriada de um programa de treinamento de força (SCHAEFER e RIES, 2010).
O sucesso de um treinamento de força está associado a princípios básicos que dão suporte aos métodos utilizados no treinamento de força. Devem-se levar em consideração dois princípios gerais: A Especificidade e a Sobrecarga Progressiva (KFOURI, 2005).
A especificidade é um princípio muito complexo, mas, importante para se obter sucesso dentro de um treinamento. Como o corpo humano adapta-se às mais diversas atividades, os exercícios específicos do treinamento levam a modificações fisiológicas e anatômicas que são relacionadas ao tipo de treinamento. Deste modo a intensidade deve ser controlada para produzir adaptações adequadas, pois um processo de recuperação fisiológica ineficiente leva a exaustão, causando destreinamento (BOMPA, 2002).
O princípio da sobrecarga visa um aumento progressivo na carga de trabalho, para haver uma melhora na aptidão física. A sobrecarga pode ser administrada através de variáveis como o volume e a intensidade. Quando o volume é aumentado se ganha em quantidade, ou seja, em um treinamento de força o número de exercícios, séries e repetições são responsáveis por um aumento no volume. Um aumento na intensidade refere-se à qualidade, ou seja, a intensidade se torna qualitativa, quando se tem um aumento do peso dentro de um programa de treinamento de força (MONTEIRO, 2006).
Algumas variáveis são fundamentais para se obter êxito na elaboração de um treino, são elas: seleção e ordem dos exercícios, tempo de recuperação entre séries e sessões, intensidade, volume da carga, freqüência de treino e o número de séries e repetições (SCHAEFER e RIES, 2010).
De acordo com Vieira e Souza (2005) os exercícios multi-articulares (que utilizam mais de uma articulação), que geralmente envolvem os músculos maiores devem ser trabalhados inicialmente, pelo fato dos mesmos demandarem mais massa muscular e conseqüentemente vascularizarem mais músculos em função do maior número de fibras musculares recrutadas, preservando os músculos e também as articulações do corpo, evitando o risco de lesão.
O volume do treinamento é caracterizado como uma medida da quantidade total do trabalho realizado em um período de treinamento. Atualmente existe uma relação direta entre o volume e a hipertrofia muscular, pois em um treinamento de força a importância de se trabalhar grandes volumes, tem favorecido a diminuição da porcentagem de gordura corporal, bem como o aumento da massa muscular magra (FLECK e KRAEMER, 1999). A intensidade pode variar em função do objetivo que se queira atingir com o treinamento. No caso do treinamento de força geralmente é utilizado cargas altas com baixas repetições, produzindo um esforço máximo durante os exercícios, fazendo com que a intensidade do treinamento esteja sempre elevada (GHORAYEB e BARROS, 1999).
Para Balsamo e Simão (2007) a freqüência de treino pode depender de outros fatores como o nível de condicionamento e números de grupos musculares a serem treinados por sessão. Geralmente três vezes por semana os benefícios de um treinamento resistido são maiores do que em indivíduos que treinam uma ou duas vezes por semana. Mas, nada impeça que o treinamento seja desenvolvido uma ou duas vezes por semana, embora os maiores resultados se obtenham acima de duas vezes por semana.
Outro fator muito importante dentro do programa de treinamento é a recuperação entre séries de um exercício dentro do treinamento. Se o objetivo for ganho de força muscular deve respeitar períodos longos de descanso geralmente três minutos, se o objetivo for exercícios de alta intensidade sustentada por vários segundos, o descanso entre as séries devem ser menor do que um minuto e se o objetivo for de endurance, o tempo de descanso entre as séries são curtos, em média menos de trinta segundos. A recuperação entre as sessões de treino de um determinado grupo muscular é de um dia, período de descanso menor pode causar dor muscular residual, comprometendo o desempenho físico (FLECK e KRAEMER, 1999).
No treinamento de força, geralmente é utilizado de três ou mais séries por exercício, e as repetições variam de oito a doze repetições por série podendo melhorar níveis de força e hipertrofia muscular. Na busca de otimização de um treinamento resistido é preciso levar em consideração a duração do treino, pois os programas de séries simples se traduzem em um programa de treinamento melhorado, evitando períodos estendidos entre as sessões, que resultaria em um destreinamento (BALSAMO e SIMÃO, 2007).

Tipos de fibras musculares

McArdle et al. (2003) as fibras musculares que compõem o sistema músculo esquelético não possuem somente um grupo homogêneo com propriedades metabólicas e contráteis semelhantes. Quanto ao método da terminologia e dos critérios para classificação do músculo esquelético, foram adotadas para identificação as características contráteis e metabólicas dos tipos de fibras musculares.
Conforme Wilmore e Costill (2001) existem no corpo humano dois tipos principais de fibras musculares, as fibras de contração lenta, que são vermelhas e do tipo I, e fibras de contração rápida, que são brancas e do tipo II. As fibras de contração rápida podem ser classificadas em outros tipos como, IIa, IIb (IIx), e IIc.
Para Bossi (2008) as fibras do tipo IIa, usam como fonte de energia os sistemas energéticos glicolítico e oxidativo, com alto limiar de excitação. As fibras rápidas do tipo IIb (IIx) também são fibras de alto limiar de excitação, e usam os sistemas energéticos ATP-CP e glicolíse anaeróbia. As fibras do tipo IIc, são fibras adaptativas, ou seja, elas são caracterizadas em função do estímulo dado. Assim como as fibras de contração rápida, as fibras do tipo I também possuem outra subdivisão formada pelo tipo I e Ic, a diferença entre esses dois grupos é que a fibras tipo I não se hipertrofiam, e as fibras do tipo Ic, se hipertrofiam, só que em uma escala menor.
As características das fibras lentas estão intimamente ligadas ao alto número de mitocôndrias, altos níveis de metabolismo oxidativo, uma velocidade de encurtamento mais lento, alta resistência a fadiga e altos níveis de mioglobina (MCARDLE et al., 2003).
As fibras de contração rápida exibem características de geração rápida de energia e alto poder de transmissão eletroquímica dos potenciais de ação, possuem um retículo sarcoplasmático eficiente, capaz de liberar e captar o cálcio com mais velocidade, dando condições às fibras de se contraírem de forma acelerada e vigorosa, isso se explica pelo suporte dado as fibras pelos sistemas ATP-CP e glicolítico. Por serem fibras rápidas que são mais utilizadas em eventos de resistência mais curtos e intensidade mais elevada, essas fibras fatigam mais rápido e tem uma resistência bastante limitada (MCARDLE et al., 2003)

Adaptação das fibras musculares ao treinamento

Os exercícios físicos praticados durante vários dias, semanas ou meses, provocam adaptações fisiológicas e bioquímicas nas fibras musculares, melhorando o rendimento físico. Estas adaptações acontecem pelo fato da musculatura ser extremamente plástica, ou seja, é passível de mudanças em suas características funcionais, morfológicas e metabólicas (AMADIO e BARBANTI, 2000).
Ambos os tipos de fibras musculares submetidas ao treinamento podem ter suas características alteradas. As fibras musculares de contrações rápidas B – CRb (IIx) submetidas a ação do treinamento orientado de resistência podem adquirir características de contrações rápidas A – CRa, conseguinte, as fibras CRa transformam-se em fibras contração lenta – CL. No treinamento de força  acontece ao contrário, ou seja, as fibras CL adquirem características de CRa e, conseguinte, as fibras CRa passam a CRb (IIx) (PLATONOV, 2008).
De acordo com Amadio e Barbanti (2000) as adaptações sofridas pelas fibras musculares diante dos variados tipos de treinamento, seriam causadas pela influência das ações nas miofibrilas induzidas pelo treinamento de força, causando nessa estrutura o efeito da hipertrofia, em resposta a sobrecarga imposta ao músculo através de contrações musculares. Outra causa seria as ações nas mitocôndrias, induzidas pelo treinamento de resistência, obrigando o músculo esquelético a persistir por longos períodos uma alta taxa de oxidação.
Embora os dois tipos de fibras musculares possam hipertrofiar isso não ocorre no mesmo grau e em condições de recrutamento diferentes. As fibras do tipo II na maioria das vezes são solicitadas em exercícios que contém movimentos rápidos e potentes ou até mesmo em contrações isométricas de alta intensidade. Por outro lado as fibras do tipo I são exigidas em exercícios de longa duração como a corrida, podendo neste caso sofrer um leve grau de hipertrofia. Embora o treinamento de força resulte em um aumento da secção transversa do músculo de todos os tipos de fibras, a maioria dos estudos comprovam que as fibras musculares de contração rápida se hipertrofiam mais, quando comparadas as fibras musculares do tipo I (BACURAL et al., 2005).

Exercícios

Agachamento

Para Oliveira e Gentil (2009) o agachamento é um exercício para membros inferiores bastante utilizado no treinamento de força, pois ele envolve um elevado número de músculos e articulações. Sua execução favorece o fortalecimento da musculatura da coxa, do quadril e outros músculos envolvidos na execução do movimento. Nas atividades diárias utilizamos freqüentemente seu movimento, pois, sentar e levantar de uma cadeira é uma tarefa funcional, que pode ser estimulada com o exercício de agachamento.
No exercício de agachamento o praticante deve afastar os membros inferiores, um pouco mais que a largura dos ombros, posicionar-se em baixo da barra, apoiando a mesma na porção superior do trapézio, com uma pegada das mãos mais afastada que o ombro, em seguida distanciar-se do suporte e iniciar a descida até formar um ângulo de 90° nas articulações dos joelhos. Retornar, então, estendendo o quadril, os joelhos e os tornozelos, até ficar com o corpo ereto, sem pausa, realizar o mesmo movimento (UCHIDA, 2004).  Os músculos exigidos no exercício de agachamento, que fazem a extensão do quadril são adutor magno parte longa, piriforme, semitendíneo, semimembranáceo, bíceps femoral cabeça longa, glúteo máximo e médio, a extensão do joelho é feita pelo músculo quadríceps (BOSSI, 2008).

Leg press 45°

O movimento a ser executado no leg press 45° começa com o praticante instalado no aparelho, com as costas bem apoiada no encosto, os pés com um afastamento médio, inspirar, desbloquear a trava de segurança e flexionar os joelhos ao máximo de modo a levá-los ao nível das costelas da caixa torácica. Retornar à posição inicial, expirando no final do movimento (DELAVIER, 2000).
O músculo quadríceps é quem faz a ação primária, ou seja, o músculo responsável pelo movimento. Com ajuda dos secundários que são: glúteos, músculos posteriores da coxa e adutores (EVANS, 2007).
Para Maldonado et al. (2008) no exercício de leg press 45° ao posicionar os pés juntos na parte inferior da base do aparelho, o trabalho de flexão do joelho é maior, em conseqüência disso, a ação da musculatura do quadríceps será mais intensa, comparada a ação dos demais músculos que participam do movimento. Mas, se os pés forem posicionados próximos a parte superior da base do aparelho, a ação será maior na musculatura do glúteo máximo e posteriores da coxa, em função de uma acentuada flexão do quadril. Se a ênfase do treinamento no exercício de leg press 45° for aos músculos adutores, os pés devem ficar afastados a uma largura superior à dos ombros.

Cadeira Extensora

De acordo com Mussi et al. (2002) possivelmente a cadeira extensora, é um tipo de aparelho que mais isola a musculatura do quadríceps. Este tipo de exercício também é bastante indicado para iniciantes, cuja forma de execução geralmente é feita unilateralmente. A maior resistência e força muscular desenvolvida no movimento ocorrem na flexão entre 45° e 50°. Quando os pés estão voltados para fora o trabalho maior recai sobre os músculos vasto medial, vasto intermédio e o reto femoral, e se a posição dos pés for feita para o lado de dentro, o trabalho muscular é mais intenso sobre o vasto lateral e intermédio.
Para realizar o exercício o executante deve sentar-se no aparelho e colocar os pés em baixo dos rolos, e estender as pernas, conseguinte deve abaixar as pernas até a posição inicial, com os joelhos dobrados em 90°. A musculatura exigida nesse movimento é o quadríceps que realiza a extensão da perna (EVANS, 2007).

Mesa Flexora

O exercício de flexão de joelhos, pode ser feito na cadeira flexora na posição sentada, ou pode ser realizado na mesa flexora na posição deitada.  O ajuste do suporte do membro inferior deve ter uma aproximação à articulação do tornozelo, para que a execução seja realizada de forma correta. Podem ser feitas variações com o posicionamento do tornozelo, a origem de inserção dos gastrocnêmios se aproximam quando o tornozelo está em flexão plantar e na dorso flexão as origens se afastam. Como os gastrocnêmios atuam na flexão de joelhos, podemos ter alterações em sua participação quando utilizamos uma dessas variações. A execução consiste em flexionar a perna em um ângulo de 80°, retornando em seguida à posição inicial. A respiração deve ser feita com a expiração no ato da flexão e a inspiração no momento do retorno da flexão. Os músculos trabalhados na flexão de joelhos são semimembranáceo, semitendíneo, bíceps femural, gastrocnêmio, poplíteo, grácil e sartório (MARCHETTI et al., 2007).

Objetivos

O presente artigo tem como tema: Exercícios Resistidos: Influência de dois tempos de execução.

Objetivo geral

O presente artigo objetivou uma análise de um treinamento de força com diferentes tempos de execução de exercícios resistidos para membros inferiores na composição corporal e força.

Objetivos específicos

•    Analisar o aumento do nível de força.
•    Identificar qual tempo de execução é mais eficiente para a prescrição de diferentes treinamentos.
•    Analisar as diferenças na composição corporal.

Método

Voluntários

A pesquisa foi realizada na Academia Star Fitness na cidade de Poços de Caldas – MG, 8 (oito) voluntários saudáveis participaram do estudo após receberem uma explicação verbal detalhada sobre os procedimentos do estudo e assinarem um termo escrito de consentimento. Durante o período experimental, todos os sujeitos restringiram suas atividades físicas sistemáticas àquelas prescritas neste estudo. A pesquisa foi realizada três vezes por semana, sendo: segunda, quarta e sexta-feira, com duração de 8 (oito) semanas, nos períodos noturno e diurno.

Idade e sexo

Todos os participantes da pesquisa eram do sexo masculino, com idade variando de 20 a 35 anos, sendo que a média de idade dos participantes foi de 25 anos e a mediana foi de 23 anos com uma amplitude de 15 anos. Todos os participantes eram fisicamente ativos e tinham experiência prévia no treinamento contra-resistência.

Materiais

A pesquisa contou com a utilização de aparelhos de musculação da marca Physicus tais como: extensora, flexora e leg press 45°. Foi utilizado anilhas (pesos) e barra reta da marca Profitness, além de um metrônomo (que é um aparelho que tem como função regular o andamento do ritmo) produzido pela empresa M & M – Systeme, um aparelho celular da marca LG com mp3, para emissão de sinal sonoro, um adipômetro da marca Body Caliper , para mensurar o tecido adiposo “gordura”, uma balança da marca Geom utilizada para fazer a pesagem e uma fita métrica da marca Sanny, para medir a circunferência dos pesquisados.
Os resultados encontrados na pesquisa foram interpretados pelo Programa BodyMove, que é um software de avaliação física, capaz de comparar dados da composição corporal inicial e final do treinamento, mostrando o peso magro e peso gordo de cada um dos pesquisados, levando em consideração a antropometria, perimetria, peso corporal, estatura e idade.

Procedimentos

O treinamento teve 8 (oito) semanas de duração, três vezes/semana como já mencionado, com exercícios para membros inferiores compostos por: agachamento livre, leg press 45°, extensora, flexora, mantendo-se essa ordem.
Os 8 (oito) voluntários foram divididos em dois grupos:
Um grupo com 4 (quatro) voluntários  realizaram os exercícios com um tempo de execução na fase excêntrica de 4”(segundos) e concêntrica 2”(segundos) este grupo foi caracterizado como lento 4”x 2” (GL).
O segundo grupo também com 4 (quatro) voluntários realizaram os exercícios com o tempo de execução na fase excêntrica 2”(segundos) e concêntrica também 2”(segundos) ficando caracterizado como grupo rápido 2”x2” (GR).
Os voluntários foram submetidos à mensuração de dobras cutâneas (abdome, coxa e perna), perimetria (abdome, quadril, coxa e perna) e teste de 1RM para estabelecer a carga máxima, sendo que o teste foi realizado em velocidade livre.
Todos os voluntários realizaram três sessões de familiarização com intuito de utilizar o metrônomo para fazer a temporização da velocidade de execução, apurando assim, o sentido cinestésico, com o intuito de evitar erros durante os exercícios propostos no estudo.
Como a velocidade foi marcada por batimentos eletrônicos o exercício completo do GR 2”X2” utilizou quatro batimentos eletrônicos para o movimento completo de cada um dos exercícios, sendo 2 bips para a fase excêntrica e 2 bips para a fase concêntrica, enquanto o GL 4”X2” utilizou seis batimentos eletrônicos para o movimento completo de cada um dos exercícios, sendo 4 bips para a fase excêntrica e 2 bips para a fase concêntrica.
Os exercícios foram realizados inicialmente com 4 (quatro) séries de 7 (sete) repetições e a cada duas semanas aumentava-se 1 (uma) repetição, ou seja, na 8ª (oitava) semana os sujeitos estavam realizando 4 (quatro) séries de 10 (dez) repetições com 75% da carga máxima.
Todos os participantes da pesquisa foram submetidos a uma avaliação inicial e final do treinamento, a fim de coletar os resultados e conseqüentemente discuti-los.

Resultados

De acordo com os dados da pesquisa pode-se analisar que os indivíduos do Grupo Lento (GL) 4”X2” tiveram uma média de ganho de massa magra de 2,53% e uma média de diminuição de massa gorda em 9,04%, além de uma média de ganho na carga máxima de 69,63%. Como mostra a tabela (tabela 1) abaixo:

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Já os indivíduos do Grupo Rápido (GR) 2”X2” tiveram uma média de ganho de massa magra de 2,93%, e uma média de diminuição de massa gorda de 1,78%, além de uma média de ganho na carga máxima de 38,77%. Como mostra a tabela (tabela 2) abaixo:

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A tabela a seguir mostra uma comparação em porcentagem entre o grupo rápido (GR) 2”X2” e o grupo lento (GL) 4”X2”, no que se refere a massa magra, gorda e carga máxima.

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Discussões

Considerando os estudos que investigaram o treinamento com velocidades diferentes e a necessidade de melhor compreender e prescrever programas de exercícios resistidos, o objetivo deste estudo foi investigar a influência do treinamento com exercícios para membros inferiores utilizando diferentes velocidades de execução na composição corporal e força.
Os resultados encontrados no presente estudo mostraram ganhos de massa muscular similares nos dois grupos lento (4”X2”) e rápido (2”X2”). Conforme mostra a tabela 3 o grupo lento (4”X2”) teve um aumento de 2,53% de massa magra, enquanto o grupo rápido (2”X2”) teve um aumento de 2,93% de massa magra, mostrando que o trabalho excêntrico em 2 segundos foi superior ao trabalho excêntrico em 4 segundos no que se refere a ganho de massa muscular.
O aumento da força máxima obtido nesta pesquisa mostrou-se válido nas duas velocidades de execução, na qual o grupo rápido (2”X2”), obteve um aumento de 38,77%, enquanto o grupo lento (4”X2”), teve uma média de aumento na força máxima em 69,63%, como mostra a tabela 1, porém obteve-se um aumento superior da força máxima no grupo lento (4”X2”). Estes dados sugerem que a utilização de menor velocidade de contração implica no desenvolvimento de maiores níveis de força máxima.
Analisando a massa gorda dos indivíduos pesquisados, podemos perceber que o grupo que realizou os exercícios com uma velocidade de execução mais lenta (4”X2”) teve uma diminuição média de massa gorda em 9,04%, conforme mostra a tabela 1. O grupo rápido (2”X2”), obteve uma diminuição de massa gorda em 1,78%, mas, quando comparado ao grupo rápido (4”X2”) nota-se uma diferença na diminuição de massa gorda de 7,26% maior no grupo lento (4”X2”), indicando que a execução do trabalho excêntrico em 4 segundos obteve resultados mais expressivos na diminuição da massa gorda.

Considerações finais

Sabendo da necessidade de conhecer e controlar de forma eficiente todas as variáveis que envolvem o treinamento resistido, o objetivo deste estudo foi verificar a influência da velocidade de execução de exercícios resistidos para membros inferiores na composição corporal e força máxima.
A prescrição de exercícios resistidos com utilização de diferentes velocidades mostrou ter a sua validade, no sentido de se estabelecer padrões, acerca de qual a melhor velocidade no treinamento resistido objetivando ganhos em força máxima e modificação da composição corporal.
Conclui-se que para este grupo analisado no presente estudo o treinamento resistido para membros inferiores utilizando os trabalhos excêntricos em 4 segundos e em 2 segundos promoveram mudanças no nível de força máxima e composição corporal, porém o trabalho excêntrico em 4 segundos foi superior quando comparado a uma velocidade mais rápida, devido aos resultados obtidos na redução da massa gorda, no aumento de massa magra corporal e força máxima, mostrando a importância de se periodizar um treinamento baseado em objetivos diferentes.

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