PHYSIOTHERAPEUTIC TREATMENT FOR FALL PREVENTION IN ELDERLY INDIVIDUALS IN THE HOME ENVIRONMENT
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202507132231
Adriano Victor Lysike Nardes Marques; Juliana Machado Parreira Thomaz Soares; Carlos Gustavo Sakuno Rosa; Pedro Martins Braga; Nathália de Souza Medeiro Bastos; Silvia Teixeira Damasceno; Thamirys Fraga Amorim; Eliara Oliveira da Costa; Fernando Mendonça Cardoso
Resumo:
O envelhecimento populacional tem aumentado significativamente no Brasil, evidenciando a necessidade de estratégias eficazes para a promoção da saúde e prevenção de agravos entre idosos. Dentre os problemas mais recorrentes nessa população estão as quedas, que impactam diretamente na autonomia, segurança e qualidade de vida. A fisioterapia domiciliar apresenta-se como uma alternativa eficaz, pois permite a personalização do tratamento e a atuação preventiva no ambiente do paciente. Este trabalho teve como objetivo identificar os métodos fisioterapêuticos mais eficazes na prevenção de quedas em idosos no domicílio. Para isso, realizou-se uma revisão sistemática da literatura, com seleção de estudos publicados entre 2016 e 2025 nas bases de dados PubMed, SciELO e PEDro. Foram analisados 25 estudos que evidenciaram a eficácia de programas multicomponentes, envolvendo exercícios de fortalecimento muscular, equilíbrio, propriocepção e reeducação postural. Os resultados demonstraram redução na frequência de quedas e melhora funcional dos idosos atendidos em casa. Conclui-se que a fisioterapia domiciliar é uma intervenção relevante, capaz de promover envelhecimento ativo e prevenir complicações decorrentes das quedas, contribuindo para maior autonomia, segurança e bem-estar dos idosos.
Palavras-chave: “Acidentes por quedas”, “Idosos”, “Fisioterapia” e “Fatores de risco”
Abstract:
The aging population has increased significantly in Brazil, highlighting the need for effective strategies to promote health and prevent health issues among the elderly. Among the most recurrent problems in this population are falls, which directly impact autonomy, safety, and quality of life. Home-based physiotherapy emerges as an effective alternative, as it allows for personalized treatment and preventive action within the patient’s environment. This study aimed to identify the most effective physiotherapeutic methods for preventing falls in elderly individuals at home. To this end, a systematic literature review was conducted, selecting studies published between 2016 and 2025 in the PubMed, SciELO, and PEDro databases. A total of 25 studies were analyzed, which demonstrated the effectiveness of multicomponent programs involving muscle strengthening exercises, balance training, proprioception, and postural reeducation. The results showed a reduction in fall frequency and functional improvement in elderly patients treated at home. It is concluded that home-based physiotherapy is a relevant intervention capable of promoting active aging and preventing complications related to falls, contributing to greater autonomy, safety, and well-being among the elderly.
Keywords: “Fall accidents”; “Elderly”; “Physiotherapy”; “Risk factors”.
1 INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional no Brasil tem se intensificado nas últimas décadas, trazendo desafios significativos para o sistema de saúde. Dentre os principais agravos à saúde do idoso, as quedas destacam-se como um problema de alta incidência e impacto, contribuindo para a perda da autonomia, aumento das taxas de hospitalização e declínio funcional. Esses eventos afetam não apenas a saúde física, mas também o bem-estar psicológico e social, exigindo intervenções preventivas eficazes e acessíveis.
Nesse contexto, a fisioterapia domiciliar surge como uma abordagem promissora na prevenção de quedas em idosos. Ao permitir a atuação direta no ambiente do paciente, essa prática possibilita a personalização dos cuidados, maior adesão ao tratamento e a promoção de um envelhecimento funcional e seguro. Intervenções baseadas em exercícios de fortalecimento muscular, equilíbrio e orientações ambientais têm demonstrado resultados positivos na redução de quedas e na melhora da mobilidade funcional.
Este estudo tem como objetivo identificar os métodos fisioterapêuticos mais eficazes na prevenção de quedas em idosos no ambiente domiciliar. Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, conduzida por meio de pesquisa bibliográfica nas bases de dados PubMed, SciELO e PEDro, com seleção de estudos publicados entre 2016 e 2025. Os critérios de inclusão consideraram estudos sobre intervenções fisioterapêuticas em idosos com risco de quedas no domicílio.
A análise dos 25 estudos selecionados evidenciou que os programas multicomponentes, compostos por exercícios de força, equilíbrio, propriocepção e reeducação postural, foram os mais eficazes na prevenção de quedas. Tais intervenções, quando aplicadas em domicílio com acompanhamento fisioterapêutico, proporcionam benefícios funcionais significativos, promovendo a segurança, a autonomia e a qualidade de vida da população idosa.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Envelhecimento
2.1.1 Alterações Fisiológicas no envelhecimento
O envelhecimento é um processo natural que envolve uma série de mudanças biológicas, ocorrendo de maneira gradual ao longo do tempo. Essas alterações, que são intrínsecas ao organismo, manifestam-se de forma sutil, mas acumulam-se, trazendo consequências significativas para a qualidade de vida (Revista Remecs, 2022).
À medida que envelhecemos, é comum que algumas limitações apareçam em nosso cotidiano. Por exemplo, a má postura pode surgir, frequentemente resultado do enfraquecimento muscular e da rigidez das articulações, afetando nossa mobilidade e conforto. Além disso, muitos de nós notamos uma diminuição na visão, tornando atividades simples como ler um livro ou dirigir mais desafiadoras (Pinheiro, Barrena e Macedo 2019).
O enfraquecimento muscular é outro aspecto que pode se manifestar com a idade, levando à perda de força e resistência, o que torna tarefas diárias, como subir escadas ou carregar compras, mais difíceis. A perda de equilíbrio também se torna uma preocupação, aumentando o risco de quedas e lesões, o que pode gerar insegurança (Silva et al. 2024).
A nossa capacidade de raciocínio pode ser afetada, e muitos idosos relatam que a rapidez de pensamento e a memória não são as mesmas de antes. Isso pode dificultar a realização de atividades que exigem concentração e agilidade mental. Por último, a marcha, ou seja, a forma como caminhamos, pode apresentar alterações que resultam de uma combinação de fraqueza muscular e problemas de equilíbrio (Brandão et al. 2022).
2.1.2 Direito à Saúde do Idoso
No final da década de 90, a Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu o conceito de “envelhecimento ativo”, reconhecendo que o envelhecimento envolve não apenas cuidados com a saúde, mas também diversos fatores que impactam nossa qualidade de vida. Esse conceito pode ser entendido como um esforço para maximizar as oportunidades de saúde, participação e segurança à medida que envelhecemos (Organização mundial da saúde, 2021).
O envelhecimento ativo se refere à implementação de políticas públicas que incentivam estilos de vida mais saudáveis e seguros em todas as fases da vida. Isso inclui promover a prática de atividades físicas tanto no dia a dia quanto no tempo livre, prevenir situações de violência, garantir o acesso a alimentos nutritivos e reduzir o consumo de tabaco, entre outras ações (Organização mundial da saúde, 2021).
Com o crescimento da população idosa, várias iniciativas estão sendo desenvolvidas para atender às novas necessidades. Nesse contexto, a Organização Mundial da Saúde lançou, em 2002, o projeto “Towards Age-friendly Primary Health Care”. O objetivo desse projeto é ajustar os serviços de atenção básica para oferecer um melhor atendimento aos idosos, priorizando a conscientização e a educação sobre cuidados de saúde que atendam às suas necessidades específicas (Ministério da Saúde, 2007).
Por meio do programa Melhor em Casa, o idoso tem a sua disposição uma equipe composta por diversos profissionais da saúde, que realizam atendimento no seu domicílio, levando de forma mais intensivas o cuidado à saúde (Ministério da Saúde, 2023).
Essas iniciativas, como o projeto de Lei 990/22, estabelece que o atendimento por cuidadores de idosos seja reconhecido como um dos principais serviços domiciliares oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Portanto, quando o idoso tem o apoio adequado, é possível envelhecer de maneira saudável, ativa e plena, aproveitando cada momento dessa fase da vida.
2.2 Quedas
2.2.1 Causas e consequências das Quedas
As quedas são uma preocupação importante para a saúde, especialmente entre os idosos. Elas podem ocorrer por várias razões, como fraqueza nos músculos, problemas de visão e ambientes perigosos. As consequências podem ser sérias, como fraturas e contusões, e em casos graves, até a morte. Além dos danos físicos, as quedas podem afetar a mobilidade e a qualidade de vida, causando medo e restrições nas atividades diárias (Costa et al. 2021).
As quedas entre idosos são uma preocupação significativa, pois são causas importantes de morbidade e podem resultar em consequências desastrosas. Além do risco de fraturas, essas quedas geram perda de confiança para caminhar, alimentando o medo de novas quedas. Isso leva à redução da mobilidade, criando um ciclo vicioso: a diminuição das atividades resulta em perda de força muscular e enfraquecimento dos membros inferiores. Essa situação pode resultar em dependência e isolamento social. Além disso, as quedas podem causar lesões na cabeça, ansiedade e depressão, afetando até mesmo aqueles que nunca sofreram uma queda (Bogado e Silva 2020).
As quedas podem causar uma grande perda de autonomia e qualidade de vida para os idosos, afetando também seus cuidadores, especialmente os familiares. Esses cuidadores muitas vezes precisam fazer ajustes em suas rotinas para oferecer cuidados especiais e ajudar na recuperação ou adaptação do idoso após a queda (Costa et al. 2021).
Foram identificadas várias consequências das quedas, incluindo fraturas, imobilização, lesões em tecidos moles, contusões, entorses, feridas, abrasões, vazamentos de líquido, lesões musculares e neurológicas. Além disso, podem surgir problemas nos pés, outras doenças, dificuldades sensoriais, dor, e limitações na movimentação dos braços. Os idosos podem ter dificuldades para levantar-se, fazer exercícios, caminhar e realizar atividades diárias. Isso pode levar a atendimentos médicos, hospitalizações, uso de medicamentos, reabilitação, fisioterapia, cuidados de enfermagem e até cirurgias (Costa et al. 2021).
As quedas também têm consequências psicológicas e sociais, como o medo de cair, abandono de atividades, tristeza, mudanças nos comportamentos, problemas de memória, desorientação no tempo e espaço, sentimento de impotência, declínio na vida social, isolamento, perda de autonomia e independência, mudanças de casa, alteração de hábitos, necessidade de apoio, reorganização familiar e, em casos extremos, a morte (Cameron et al. 2018).
Portanto, para reduzir as quedas entre os idosos, é essencial melhorar os ambientes em que vivem, monitorar sua saúde e aumentar a conscientização sobre a importância de cuidar da visão, da audição, do fortalecimento muscular e equilíbrio, utilizando abordagens de intervenções fisioterapêuticas para prevenir e proteger o idoso de eventuais acidentes no seu lar. Essas medidas podem ajudar a aumentar a segurança e a qualidade de vida dos idosos (Lopes, 2022).
2.3 Intervenções Fisioterapêuticas
2.3.1 Fisioterapia Domiciliar
A fisioterapia domiciliar é um tipo de atendimento em que os cuidados fisioterapêuticos são realizados na casa do paciente. Essa abordagem permite ao profissional avaliar a situação e as dificuldades do paciente em seu próprio ambiente. Com base nessa avaliação, o fisioterapeuta cria um plano de tratamento que se adapta às necessidades e à realidade do paciente (Figueira et al. 2024). O fisioterapeuta personaliza as sessões de acordo com as necessidades de cada paciente, criando um espaço confortável e familiar. Essa forma de atendimento não só facilita o compromisso com o tratamento, mas também pode ajudar a prevenir quedas e aumentar a qualidade de vida, proporcionando mais independência. Além disso, a fisioterapia domiciliar tem demonstrado resultados positivos e maior satisfação entre os pacientes (Góis e Veras, 2019).
A promoção dos serviços de Home Care está abrindo novas oportunidades para o atendimento domiciliar, mas é indispensável considerar as características desse ambiente familiar. O profissional que visita o paciente deve compreender bem o espaço e como ele funciona, pois isso é vital para um atendimento eficaz. A cooperação entre a equipe de saúde e a família ou o paciente é essencial para garantir bons resultados no tratamento (Central da Saúde 2024).
No estudo de Moura et al. (2018) diz que podemos criar estratégias de intervenção e prevenção, tanto para os idosos ou pessoas com qualquer necessidade de atendimento ao seu domicílio e por isso a fisioterapia domiciliar vem sendo uma forma de tornar o atendimento mais fácil e integrado para a família.
2.3.2 Benefício da Fisioterapia Domiciliar para o idoso
O processo de envelhecimento traz mudanças no corpo, e algumas dessas mudanças podem ser intensificadas, aumentando o risco de várias doenças (Langowshi, 2025). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, uma pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril de 2020, cerca de 14,26% da população do país era composta por idosos.
Nesse sentido, no trabalho de Ramos, (2022) diz que para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos idosos, a fisioterapia domiciliar é incluída na rotina deles. Essa abordagem traz vários benefícios, como mais autonomia, menos risco de quedas e o fortalecimento muscular. Além disso, a fisioterapia ajuda a aliviar dores, melhora a mobilidade e a flexibilidade, e promove a recuperação de lesões. Também pode contribuir para o aumento da confiança e da autoestima, permitindo que os idosos participem mais ativamente de suas atividades diárias e sociais.
Essa população apresenta um alto índice de comorbidades relacionadas a quedas, resultado das mudanças fisiológicas que ocorrem com o envelhecimento. Uma das principais alterações é a diminuição do equilíbrio, que é afetado por mudanças no sistema nervoso, vestibular, visual, proprioceptivo e musculoesquelético. As quedas frequentemente causam lesões, incluindo fraturas, que são comuns devido à redução da densidade óssea causada pela osteopenia (Souza e Lima, 2024).
Silva e Pinheiro (2024), destacam que a necessidade de fisioterapia pode surgir a qualquer momento. Contudo, para os idosos, essa prática é particularmente importante como medida preventiva, além de ser essencial para tratamentos e para melhorar a qualidade de vida. A fisioterapia auxilia na manutenção da mobilidade, na redução de dores e na prevenção de lesões, permitindo que os idosos tenham uma vida mais ativa e saudável. Com o acompanhamento adequado, é possível aumentar a segurança nas atividades diárias e promover um envelhecimento mais saudável.
De acordo com o estudo de Pillatt et al. (2019), relatam que os benefícios dos exercícios para idosos são amplamente reconhecidos na literatura: eles diminuem a síndrome da fragilidade, aumentam a velocidade da marcha, melhoram o desempenho nas atividades da vida diária (AVD) e promovem maior independência e qualidade de vida. A prescrição de exercícios domiciliares é uma prática comum na fisioterapia. Estudos mostram que pacientes que seguem programas de exercícios em casa relatam menor dor e maior força muscular, resultantes dos benefícios da prática regular de atividades físicas. Sendo assim, é muito importante a inclusão e inicialização do idoso no atendimento domiciliar.
2.3.3 Técnicas de Reabilitação fisioterapêuticas
No estudo de Passos et al. (2022), a recomendação de atividade física para prevenir quedas enfatiza que a qualidade de vida e a independência dos idosos estão relacionadas à manutenção de um bom desempenho físico, que depende da prática regular de exercícios.
Foram incluídos exercícios de equilíbrio associados a diferentes modalidades, como alongamento, força, aeróbicos e coordenação motora, abrangendo tanto o equilíbrio estático quanto o equilíbrio dinâmico. O Tai Chi, por ser uma prática que integra corpo e mente, além de unir respiração e movimento, foi utilizado como uma abordagem única. O treinamento de equilíbrio que não se vinculou a outros tipos de intervenção (força, flexibilidade, resistência) são abordados como técnicas de reabilitação ao idoso (Viana et al. 2024).
De acordo com o Trabalho de Pillatt et al. (2019), os exercícios domiciliares que são realizados pelos idosos são os mesmos de fortalecimento aplicados no ambulatório, mas sem carga adicional, a fim de evitar compensações e a ocorrência de dor. O peso do próprio membro contra a gravidade já proporciona um estímulo muscular suficiente para manter um nível funcional adequado.
De acordo com estudos do Tanaka et al. (2016) o programa de exercícios, inclui: alongamento, exercícios de equilíbrio semi-estático e dinâmico, posição sentada com descarga de peso nas pernas, marcha com obstáculos e circuito com foco na melhoria da mobilidade, força e coordenação motora. Além disso, o programa visa promover a independência funcional, reduzir o risco de quedas e melhorar a qualidade de vida dos participantes. A combinação dessas abordagens contribui para o fortalecimento muscular e o aumento da confiança nas atividades diárias. Os resultados indicam benefícios significativos, especialmente em idosos, no aumento da estabilidade e na promoção da saúde geral.
Entre os exercícios recomendados estão: aquecimento, caminhada, movimentos de cabeça e pescoço, alongamentos para as costas e o tronco, além de exercícios para os tornozelos. Também são propostos exercícios de força, como fortalecimento da parte da frente e atrás do joelho e dos quadris. Para melhorar o equilíbrio, sugerem-se caminhadas nas pontas dos pés e movimentos de apoio usando cadeiras, além de subir escadas com apoio, sempre ajustando a dificuldade conforme o idoso ganha confiança e equilíbrio (Ramos, 2022).
Conforme a figura 1, Ramos (2022), apresentou o seguinte programa de exercícios:
Figura 1 – Exemplos de Exercícios em Programa Domiciliar

Fonte: Ramos (2022).
Os autores Tanaka et al, (2016) dizem que o treinamento associado (multifatorial ou múltiplo) proporcionam benefícios superiores na prevenção de quedas em comparação ao treino isolado. Essa abordagem combina diferentes tipos de exercícios, como força, equilíbrio, flexibilidade e coordenação, resultando em melhorias significativas nas capacidades funcionais e na segurança dos indivíduos. Ao integrar essas várias modalidades, o treinamento multifatorial promove um fortalecimento abrangente do corpo, essencial para reduzir o risco de quedas e melhorar a qualidade de vida. Além disso, essa diversidade de exercícios contribui para um aumento da confiança e da autonomia, fatores importantes para o bem-estar geral. Sendo assim, são usadas técnicas de atendimento que ajudam o idoso a ter uma maior aceitação ao atendimento e a fim de incluir a família, para se tornar algo mais dinâmico e contínuo.
3 METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como uma revisão sistemática da literatura, classificada como pesquisa aplicada, conduzida por meio de investigação bibliográfica. O objetivo principal foi identificar os métodos de reabilitação fisioterapêutica no ambiente domiciliar que podem prevenir quedas em idosos.
A revisão sistemática busca reunir e avaliar criticamente estudos relevantes sobre o tema, com base em protocolos bem definidos, garantindo transparência e reprodutibilidade. Esse método é amplamente empregado na área da fisioterapia para analisar a eficácia das intervenções terapêuticas. O levantamento foi feito em estudos publicados entre 2016 e 2025, garantindo que as informações sejam atuais e relevantes para o tema de pesquisa.
Os critérios de inclusão adotados foram: estudos que abordem a intervenção fisioterapêutica domiciliar em idosos com risco de quedas; estudos publicados nos últimos 10 anos; estudos disponíveis em inglês ou português; e estudos do tipo ensaio clínico randomizado, estudo de coorte, estudo de caso-controle e revisões sistemáticas. Por outro lado, foram excluídos artigos que tratem de intervenções fisioterapêuticas em ambientes hospitalares ou clínicos; estudos que envolvam pacientes com comorbidades graves ou que não focam em idosos com risco de quedas; estudos publicados antes de 2016; e estudos não disponíveis na íntegra ou com dados insuficientes.
A busca pelos artigos foi realizada nas bases de dados científicas PubMed, SciELO e PEDro, amplamente reconhecidas pela comunidade científica. As estratégias de busca foram conduzidas utilizando as palavras-chave: “fisioterapia domiciliar”, “prevenção de quedas”, “idosos” e “intervenção fisioterapêutica”, sendo empregados os operadores booleanos “AND” e “OR” para refinar os resultados e garantir a relevância dos estudos selecionados. A seleção inicial dos artigos foi feita com base nos títulos e resumos. Os estudos que atenderam aos critérios de inclusão foram lidos na íntegra para confirmação de sua adequação. A extração dos dados foi realizada de forma padronizada, por meio de uma planilha, a fim de garantir que todas as informações relevantes fossem coletadas de maneira consistente. Dois revisores independentes realizaram a seleção dos estudos para reduzir possíveis erros e, em caso de discordância, um terceiro revisor foi consultado para a resolução.
Este estudo teve como objetivo principal identificar, analisar e comparar os métodos de reabilitação fisioterapêutica no ambiente domiciliar que poderiam prevenir quedas em idosos. A identificação desses métodos permitiu uma melhor compreensão das estratégias terapêuticas mais eficazes para essa população, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para a redução das complicações associadas às quedas.
Os dados extraídos dos estudos selecionados foram organizados e analisados de forma qualitativa, com o objetivo de identificar as intervenções mais eficazes na prevenção de quedas em idosos. A análise foi descritiva e interpretativa, com foco nos desfechos relatados nos estudos, como a redução no número de quedas e a melhoria no equilíbrio dos participantes. Os resultados foram discutidos com base na literatura existente e nas evidências científicas mais recentes sobre o tema, permitindo uma avaliação crítica das intervenções fisioterapêuticas domiciliares.
4 RESULTADOS
A busca sistemática resultou inicialmente em um total de 47 artigos, identificados por meio das bases de dados PubMed, SciELO e PEDro. Após a leitura dos títulos e resumos, 35 estudos foram selecionados para leitura na íntegra. Destes, 25 atenderam a todos os critérios de inclusão previamente estabelecidos, compondo a amostra final desta revisão sistemática.
Os estudos selecionados foram publicados entre os anos de 2016 e 2025 e foram, em sua maioria, ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas. As intervenções fisioterapêuticas abordadas incluíram exercícios de equilíbrio, fortalecimento muscular, atividades funcionais, alongamentos e práticas integrativas, como o Tai Chi.
Em relação aos desfechos, observou-se que 14 dos 25 estudos relataram redução significativa na frequência de quedas entre os idosos submetidos às intervenções fisioterapêuticas domiciliares. Além disso, 12 estudos apontaram melhora no equilíbrio postural e na mobilidade funcional, favorecendo a autonomia dos idosos nas atividades da vida diária (AVD).
As intervenções mais eficazes envolveram programas multicomponentes com foco no fortalecimento de membros inferiores, exercícios de propriocepção e reeducação postural. Tais programas, quando realizados no ambiente domiciliar com supervisão fisioterapêutica, demonstraram maior adesão por parte dos idosos, promovendo benefícios contínuos e sustentáveis.
5 DISCUSSÃO
O envelhecimento populacional no Brasil tem ampliado a demanda por estratégias de promoção da saúde que visem à preservação da funcionalidade e autonomia dos idosos. Entre os principais agravos associados à perda de independência está a ocorrência de quedas, frequentemente relacionada à diminuição da força muscular, alterações sensoriais, déficits de equilíbrio e limitações cognitivas (Silva et al., 2024; Brandão et al., 2022). Esses fatores impactam diretamente a qualidade de vida e aumentam o risco de hospitalizações, fraturas e restrição da mobilidade.
De acordo com Costa et al. (2021), as quedas têm consequências físicas, emocionais e sociais importantes, sendo responsáveis por fraturas, traumas e pelo desenvolvimento de medo de cair novamente. Esse medo reduz a participação do idoso em atividades cotidianas, o que leva à perda de força e mobilidade, criando um ciclo de inatividade e declínio funcional. Tais achados reforçam a necessidade de intervenções preventivas contínuas e eficazes.
Nesse contexto, a fisioterapia domiciliar desponta como uma abordagem estratégica, ao permitir o acompanhamento individualizado do idoso no seu ambiente de convivência, contribuindo para a reabilitação funcional e para a adaptação do espaço doméstico (Figueira et al., 2024). Essa modalidade permite observar riscos ambientais, como tapetes soltos, degraus mal sinalizados ou ausência de barras de apoio, orientando medidas simples e eficazes de prevenção (Lima, 2022; Souza et al., 2025).
A presente revisão sistemática identificou que os programas fisioterapêuticos mais eficazes na prevenção de quedas são os que associam múltiplos componentes, como fortalecimento muscular, treino de equilíbrio, alongamentos e exercícios funcionais (Tanaka et al., 2016; Passos et al., 2022). Segundo Viana et al. (2024), atividades que trabalham simultaneamente força, flexibilidade e coordenação contribuem para o ganho de estabilidade postural e redução dos episódios de quedas.
Além disso, práticas integrativas como o Tai Chi, apontadas por Ramos (2022), demonstraram impacto positivo na melhora do equilíbrio dinâmico e na consciência corporal dos idosos. Tais práticas oferecem baixo risco de lesões e são bem aceitas, especialmente em ambientes familiares e seguros. A adesão ao tratamento foi outro aspecto amplamente discutido nos estudos, sendo mais expressiva quando o atendimento ocorre no domicílio, favorecendo a regularidade dos exercícios e o vínculo com o profissional (Góis e Veras, 2019; Barbosa et al., 2023).
A participação da família também se mostrou essencial, tanto no suporte ao idoso durante os atendimentos quanto na manutenção das recomendações ao longo da rotina. Moura et al. (2018) e Costa et al. (2021) destacam que a inclusão dos cuidadores no plano terapêutico favorece o engajamento da rede de apoio, ampliando os benefícios do tratamento fisioterapêutico e contribuindo para a continuidade dos cuidados.
Programas públicos como o “Melhor em Casa” demonstram a relevância da atenção domiciliar, ao reunir diferentes profissionais da saúde em ações interdisciplinares voltadas para o cuidado integral do idoso (Sousa et al., 2018; Ministério da Saúde, 2023). A atuação conjunta de fisioterapeutas com enfermeiros, médicos e assistentes sociais garante não apenas a prevenção de quedas, mas também o fortalecimento da autonomia e o respeito à dignidade da pessoa idosa.
Apesar dos resultados promissores, alguns estudos apresentaram limitações metodológicas, como tamanho amostral reduzido ou tempo curto de acompanhamento, o que pode comprometer a generalização dos dados (Cameron et al., 2018). Por essa razão, recomenda-se o desenvolvimento de novas pesquisas com maior robustez científica, que avaliem os efeitos das intervenções em médio e longo prazo, além da aplicação de protocolos padronizados.
Dessa forma, os dados discutidos corroboram a hipótese inicial deste trabalho: a fisioterapia domiciliar é uma intervenção eficaz na prevenção de quedas em idosos. As evidências reunidas confirmam que, quando realizada de forma planejada e adaptada às necessidades individuais, essa abordagem favorece ganhos funcionais, reduz riscos e promove o envelhecimento com maior independência e qualidade de vida.
6 CONCLUSÃO
O presente trabalho buscou analisar e compreender a eficácia das intervenções fisioterapêuticas domiciliares na prevenção de quedas em idosos. Através de uma revisão sistemática da literatura, foi possível constatar que o envelhecimento acarreta alterações fisiológicas significativas, como a perda de força muscular, diminuição do equilíbrio e dá qualidade de vida. A fisioterapia domiciliar mostrou-se uma estratégia eficaz na prevenção de quedas em idosos, promovendo melhora no equilíbrio, força muscular e segurança nas atividades do dia a dia. Estar no ambiente familiar facilita o tratamento, aumenta a adesão e respeita as limitações de cada paciente. Assim, conclui-se que o cuidado fisioterapêutico no domicílio contribui diretamente para um envelhecimento mais saudável, autônomo e com melhor qualidade de vida.
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Centro Universitário Luterano de Palmas.
