REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202506092038
Amanda Cunha Sampaio
José Amauri Siqueira da Silva
Suzana Gusmão Lima
RESUMO
Este artigo aborda os desafios enfrentados no ensino prático de Ciências Naturais na Educação de Jovens e Adultos (EJA), com base em uma pesquisa realizada na Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, em Manaus-AM. O objetivo é analisar os fatores econômicos e pedagógicos que interferem diretamente no processo de ensino aprendizagem, especialmente nas aulas práticas, considerando as especificidades do público da EJA. A motivação da pesquisa partiu da necessidade de articular teoria e prática como estratégia para melhorar a aprendizagem dos alunos, que vivenciam diversas sobrecargas sociais, familiares e econômicas. Diante da escassez de recursos e infraestrutura, observa-se o esforço dos professores em utilizar espaços alternativos e metodologias inovadoras para tornar as aulas mais dinâmicas e significativas. O estudo descreve essas estratégias e adaptações utilizadas, destacando a importância de práticas educativas diferenciadas para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes e para a efetivação do direito à educação com qualidade.
Palavras-Chave: Ensino de Ciências. Aulas práticas. Fatores Econômicos, Didáticos e Pedagógicos. Formação Docente.
RESUMEN
Este artículo aborda los desafíos enfrentados en la enseñanza práctica de Ciencias Naturales en la Educación de Jóvenes y Adultos (EJA), con base en una investigación realizada en la Escuela Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, en Manaos-AM. El objetivo es analizar los factores económicos y pedagógicos que interfieren directamente en el proceso de enseñanza-aprendizaje, especialmente en las clases prácticas, considerando las especificidades del público de la EJA. La motivación de la investigación surgió de la necesidad de articular teoría y práctica como estrategia para mejorar el aprendizaje de los alumnos, quienes enfrentan múltiples sobrecargas sociales, familiares y económicas. Ante la escasez de recursos e infraestructura, se observa el esfuerzo de los docentes por utilizar espacios alternativos y metodologías innovadoras para hacer las clases más dinámicas y significativas. El estudio describe estas estrategias y adaptaciones utilizadas, destacando la importancia de prácticas educativas diferenciadas para el desarrollo cognitivo de los estudiantes y para la efectivización del derecho a una educación de calidad.
Palabras clave: Enseñanza de las ciencias. Clases prácticas. Factores económicos, didácticos y pedagógicos. Formación de profes
1. INTRODUÇÃO
O ensino de Ciências Naturais na EJA enfrenta diversos obstáculos, especialmente quanto à realização de aulas práticas. Este estudo, realizado em 2021 na Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, em Manaus-AM, buscou analisar os fatores econômicos e pedagógicos que dificultam esse processo, levando em conta as especificidades do público da EJA. Diante da ausência de laboratórios e recursos didáticos, professores têm adotado estratégias alternativas e criativas, utilizando espaços e materiais acessíveis para tornar as aulas mais atrativas e significativas. A pesquisa destaca a importância de valorizar as vivências dos alunos, que conciliam os estudos com responsabilidades familiares e profissionais, e reforça que a EJA representa o exercício do direito à educação, conforme garantido pela Constituição Federal de 1988 e a LDB/96. Investir em práticas inovadoras é essencial para uma educação inclusiva e de qualidade.
1.1. Abordagem do Problema, Perguntas de Pesquisa e Objetivos
A pesquisa aborda as dificuldades e desafios na aplicação de aulas práticas de Ciências Naturais na EJA da Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, em Manaus-AM, considerando aspectos socioeconômicos e pedagógicos que impactam o processo de ensino-aprendizagem. O estudo parte da seguinte pergunta central: Quais os desafios no ensino prático de Ciências Naturais para Jovens e Adultos da Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, Manaus-AM, 2020? Com base nisso, foram formuladas as seguintes perguntas específicas: Como os desafios e dificuldades que o docente enfrenta para a realização de aulas práticas no ensino de Ciências Naturais interferem diretamente no processo de ensino-aprendizagem dos alunos da EJA? Como os fatores econômicos interferem diretamente nesse processo? Quais os fatores didático-pedagógicos enfrentados pelo professor para aplicar essas aulas? E quais as dificuldades e contribuições das aulas práticas para os alunos da EJA? O objetivo geral é analisar os desafios no ensino prático de Ciências Naturais para Jovens e Adultos da referida escola. Os objetivos específicos são: destacar os desafios e dificuldades enfrentados pelos docentes; selecionar os fatores econômicos que interferem no ensino-aprendizagem; identificar os fatores didático-pedagógicos que dificultam a aplicabilidade das aulas práticas; e explicitar as dificuldades e contribuições dessas aulas para os alunos da EJA.
1.2. JUSTIFICATIVA
Essa abordagem evidenciou como os conteúdos curriculares de Ciências Naturais ministrados em sala de aula podem ser desenvolvidos por meio de aulas práticas, destacando as dificuldades que o docente precisa superar para aplicá-las, especialmente considerando a situação socioeconômica dos alunos e a aquisição dos materiais didáticos necessários para promover a integração entre teoria e prática.
1.3. Limitação da Pesquisa
Diante do exposto, um dos propósitos desta pesquisa foi analisar as dificuldades e os desafios enfrentados pelos docentes, perpassando pelas consequências econômicas e pedagógicas na aplicabilidade das aulas práticas de Ciências Naturais aos alunos da EJA e, a partir destes resultados, propor ações e estratégias com materiais de baixo custo, implantação de um laboratório de Ciências, manutenção e aquisição de materiais laboratoriais para experimentos e novas metodologias com auxílio das tecnologias da educação como sugestões que possam atender na melhoria da educação, possibilitando melhor compreensão dos conteúdos curriculares, relacionando-os às suas vivências do dia a dia.
1.4. Identificação Conceitual das Variáveis
A pesquisa teve como foco as dificuldades e desafios na aplicação de aulas práticas de Ciências Naturais na EJA da Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto. Buscou-se compreender como fatores socioeconômicos e pedagógicos interferem nesse processo. As principais variáveis analisadas foram: suporte pedagógico, Ciências Naturais, discente e processo ensino-aprendizagem. Realizada com 30 alunos do 2º segmento da EJA, a investigação apontou que, apesar da importância das aulas práticas, sua execução é comprometida pela falta de materiais, laboratórios e condições socioeconômicas dos alunos. Conclui-se que há necessidade de melhorias estruturais e pedagógicas para efetivar um ensino mais significativo.
1.4.1. Definição Operacional das Variáveis
Quadro 01: Operacional de Variáveis

2. METODOLÓGICO
2.1. Contexto da Investigação
O objetivo do estudo foi compreender como fatores econômicos e pedagógicos dificultam a realização de aulas práticas de Ciências Naturais na EJA, na Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, zona norte de Manaus-AM. A investigação envolveu alunos do 8º e 9º anos do 2º segmento, com idades entre 25 e 50 anos, e destacou os desafios de aprendizagem decorrentes da falta de recursos didáticos, estruturais e das condições socioeconômicas dos estudantes. A seleção das turmas considerou a complexidade dos conteúdos de Biologia, Química e Física, que exigem abordagens práticas voltadas ao público adulto. Com apoio de questionários e observações, analisou-se o perfil dos alunos e o contexto escolar, identificando os impactos dessas limitações no ensino de Ciências.
2.2. População e Amostra
A pesquisa foi realizada com 60 alunos da EJA (2º segmento – 8º e 9º anos) e 9 professores da Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto. A amostra foi escolhida conforme os conceitos de Kromrey (2006) e Gil (2021), buscando representar o universo estudado. A coleta de dados incluiu questionários fechados, observações e entrevistas informais, sem interferência da pesquisadora. Os participantes, em sua maioria com mais de 30 anos e histórico de afastamento escolar, apresentavam dificuldades em Ciências da Natureza e Exatas. Os procedimentos adotados permitiram compreender os desafios do ensino de Ciências na EJA, em consonância com a LDBEN/96 e as diretrizes da UNESCO.
2.3. Instrumento de Coleta de Dados
A coleta de dados envolveu as turmas 02 e 03 da EJA (2º segmento) por meio de entrevistas semiestruturadas, questionários fechados, pesquisa bibliográfica e observação. Foram aplicados dois questionários (para alunos e docentes), com 22 questões de múltipla escolha. A observação complementou a análise, permitindo registrar comportamentos e situações reais. Todos os participantes foram voluntários e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), garantindo ética e transparência na pesquisa.
2.3.1. Análises de dados
Este item apresenta a análise dos dados coletados por meio de questionários e entrevistas semiestruturadas, utilizando uma abordagem mista (qualitativa e quantitativa). A interpretação permitiu compreender as ações e percepções dos participantes no contexto educacional. Com base em Richardson (1999), destaca-se que a análise qualitativa é eficaz para entender fenômenos sociais, valorizando a percepção dos sujeitos. A pesquisa foi realizada em 2020, na Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, com estudantes da EJA do 2º segmento (turno noturno).
2.4. Desenho da Investigação
O estudo, de natureza descritiva e não experimental, foi desenvolvido com 30 alunos do 2º segmento da EJA (8º e 9º anos), no turno noturno da Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, em Manaus-AM. A abordagem mista (qualitativa e quantitativa) teve como foco as dificuldades na compreensão dos conteúdos de Ciências Naturais, considerando os desafios relacionados à infraestrutura e às condições socioeconômicas. Foram utilizados questionários de múltipla escolha, aplicados com consentimento e anonimato, além de revisão bibliográfica. A proposta buscou identificar os principais obstáculos à aprendizagem, como a escassez de materiais e a ausência de suporte pedagógico, seguindo orientações metodológicas de Gil (2021) e Marconi & Lakatos (2000).
2.5. Alcance
A pesquisa, de caráter exploratório, teve como objetivo compreender as dificuldades enfrentadas pelos docentes de Ciências Naturais da EJA na realização de aulas práticas. Utilizando revisão bibliográfica e estudo de caso, investigou fatores econômicos e pedagógicos que limitam essas práticas, como a falta de recursos e materiais. Os dados coletados permitiram propor estratégias educativas que tornem o ensino mais significativo e conectado ao cotidiano dos alunos.
3. MARCO ANALÍTICO
3.1. Apresentação de Resultados
A pesquisa, de abordagem quali quantitativa, buscou compreender as ações pedagógicas voltadas para aulas práticas de Ciências Naturais na EJA – 2º segmento, na Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto. Utilizando questionários, entrevistas e observações, o estudo destacou o uso de espaços como a biblioteca e o refeitório nas atividades práticas. Os dados revelaram desafios enfrentados pelos docentes e possibilitaram a proposição de estratégias para aproveitar os ambientes escolares como recursos que tornem o ensino mais prático e contextualizado.
3.2. Análise de Resultados
A pesquisa utilizou questionários fechados aplicados a 10 docentes e 30 alunos, com base nos objetivos do estudo. A análise dos dados seguiu uma abordagem quali quantitativa e descritiva, com técnicas de análise de conteúdo conforme Gil e Triviños. Os dados foram codificados, tabulados e apresentados em gráficos, destacando as alternativas mais frequentes. O foco foi identificar desafios no ensino de Ciências Naturais, especialmente quanto à prática pedagógica nos espaços escolares. Os resultados foram associados a categorias temáticas e ao referencial teórico, servindo de base para propostas pedagógicas que promovam uma aprendizagem significativa.
3.3. Análise de Conteúdo do Questionário dos Docentes
Apresentam-se, a seguir, os gráficos com os dados coletados por meio dos questionários aplicados aos docentes (Apêndice A), analisados com base na análise de conteúdo. As questões de múltipla escolha seguiram, em sua maioria, um padrão de alternativas de A a G, com algumas exceções em que o número de opções foi reduzido, conforme a necessidade de cada pergunta.
Questão 01: Possui Especialização em que área?
A maioria dos docentes (8) possui especialização em áreas diversas, como Metodologia no Ensino de Arte, Coordenação Pedagógica, Gestão Educacional, Neuropsicologia, Docência na Educação Infantil e Fundamental, Supervisão Escolar e até Engenharia. Quatro professores não responderam. Esses dados mostram o interesse dos professores em ampliar sua formação e aprimorar sua atuação profissional.
Gráfico 1: Levantamento por titulação

Fonte: SAMPAIO. Amanda Cunha (2021)
Questão 2: Você exerce à docência na rede municipal de ensino há quantos anos?
Cerca de 70% dos docentes atuam na rede municipal de educação há mais de 12 anos, e 20% têm entre 9 e 12 anos de serviço. Esses números indicam que a maioria dos professores possui sólida experiência na educação pública de Manaus. Abaixo o gráfico demonstra os dados representados acima.
Gráfico 2: Período de docência na rede municipal de Educação

Questão 03: Enquanto docente da EJA, há quantos anos vem desenvolvendo sua profissão nessa modalidade de ensino?
Entre os docentes, quase metade possui mais de 10 anos de experiência na EJA, com 3 atuando entre 10 e 12 anos e 2 há 15 anos ou mais. Outros têm entre 4 e 8 anos de atuação, e apenas 2 contam com até 3 anos. Essa experiência prolongada contribui para a qualidade do ensino na modalidade.
Gráfico 3: Atuação na EJA

Questão 4: Quais as problemáticas e dificuldades enfrentadas na realização de sua prática docente na EJA?
Entre os desafios enfrentados pelos docentes na EJA, a maioria destacou a baixa participação dos alunos nas atividades como o maior obstáculo. Também foram apontadas a falta de materiais pedagógicos adequados e a pouca participação dos pais na vida escolar. Essas dificuldades comprometem diretamente o processo de ensino-aprendizagem nessa modalidade.
Gráfico 4: Levantamento de problemáticas e dificuldades na prática

Questão 05: Você recebeu ou recebe algum tipo de formação ou algum treinamento específico para sua atuação docente na modalidade EJA?
O levantamento sobre a formação continuada voltada à atuação na EJA mostrou que 90% dos docentes já participaram de capacitações específicas, enquanto apenas 10% não tiveram acesso a esse tipo de preparo.
Esse cenário demonstra um investimento significativo na qualificação profissional, fator essencial para o aprimoramento das práticas pedagógicas e para a melhoria do ensino oferecido nessa modalidade.
Gráfico 05: Levantamento de qualificação docente

Questão 6: Gostaria de receber formação continuada ou treinamento
A pesquisa mostrou que 80% dos docentes demonstram interesse em participar de formações continuadas ou treinamentos específicos para atuar na EJA. Outros 10% não manifestaram interesse, enquanto 10% afirmaram desejar com certeza esse tipo de capacitação.
Esses dados refletem a valorização, por parte da maioria dos professores, da importância do aprimoramento profissional para melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem na modalidade.
Gráfico 06: Levantamento de formação continuada ao docente da EJA.

Questão 7: Você considera a Proposta Pedagógica Curricular adequada para a modalidade de ensino EJA?
A análise sobre a adequação da Proposta Pedagógica Curricular à EJA mostrou que 40% dos docentes a consideram pouco adequada, 30% afirmam que está adequada, 20% entendem que não está adequada e 10% a classificam como insatisfatória. Nenhum participante escolheu a opção intermediária. Os resultados revelam que a maioria dos professores enxerga limitações na proposta curricular vigente, apontando uma desconexão entre os conteúdos e a realidade dos alunos da EJA. Essa falta de alinhamento compromete a eficácia do processo de ensino-aprendizagem, exigindo revisões que considerem as especificidades dessa modalidade.
Gráfico 7: Adequação da Proposta Pedagógica Curricular

Questão 8: Os conteúdos dos livros didáticos estão de acordo com a Proposta Pedagógica Curricular da modalidade de ensino EJA?
A avaliação sobre os livros didáticos e a Proposta Pedagógica Curricular da EJA mostrou que 50% dos docentes consideram os materiais desalinhados à proposta. Outros 30% informaram a falta de livros disponíveis para professores e alunos, e 20% afirmaram que os recursos existentes não refletem a realidade dos estudantes. Esses dados indicam a falta de materiais adequados, prejudicando tanto o trabalho dos professores quanto a aprendizagem dos alunos, agravada pela insuficiência de investimentos da SEMED-Manaus.
Gráfico 8: Levantamento dos livros didáticos e conteúdos curriculares

Questão 9: Você costuma utilizar novas metodologias nas suas práticas de sala de aula?
O levantamento sobre a adoção de novas metodologias nas práticas pedagógicas mostrou que todos os 10 docentes participantes (100%) afirmaram utilizar essas abordagens em sala de aula. Nenhuma outra alternativa foi assinalada.
Esse cenário revela o comprometimento dos professores da EJA em tornar as aulas mais dinâmicas e atrativas, adotando estratégias que favorecem a compreensão dos conteúdos e contribuem significativamente para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Os dados estão representados no gráfico 16.
Gráfico 9: Uso de novas tecnologias

Questão 10: Qual é a situação econômica de seus alunos?
A questão investigou a realidade socioeconômica dos alunos da EJA na Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto. Dos 10 docentes participantes, 50% classificaram os estudantes como “muito pobres”, 40% os identificaram como pertencentes à “classe média baixa” e 10% afirmaram que estão “abaixo da linha da pobreza”. As demais opções não foram assinaladas.
Os dados revelam um cenário preocupante: a maioria dos alunos vive em situação de vulnerabilidade econômica, o que, segundo os professores, interfere diretamente na permanência e no rendimento escolar. As dificuldades financeiras são apontadas como um dos principais fatores para a evasão, faltas frequentes e abandono dos estudos.
Gráfico 10: Levantamento socioeconômico

Questão 11: Os pais ou responsáveis costumam frequentar a escola para acompanhar sua vida escolar de seus filhos?
O acompanhamento familiar na vida escolar dos alunos da EJA é baixo, segundo 10 professores consultados: 50% afirmaram que não há acompanhamento, 30% relataram que ocorre raramente, e apenas 20% apontaram algum nível de envolvimento familiar. Esse distanciamento pode afetar negativamente o desempenho, a motivação e a permanência dos estudantes na escola.
Gráfico 11: Levantamento do acompanhamento familiar na vida escolar dos filhos

Questão 12: Em suas práticas educativas e seu convívio com os alunos da EJA, qual a visão que você tem deles?
A maioria dos docentes (80%) considera os alunos da EJA esforçados, apesar das dificuldades de aprendizagem, mostrando comprometimento e dedicação. Já 20% dos professores os veem como desestimulados, indicando possíveis sinais de cansaço ou falta de apoio para seguir estudando. As outras opções não foram escolhidas, evidenciando uma visão dividida entre esforço e desânimo.
Gráfico 12: Levantamento do desempenho dos alunos

Questão 13: Quais são as principais dificuldades didático-pedagógicas enfrentadas na prática docente da EJA?
Cinquenta por cento dos docentes da EJA apontaram a infrequência dos alunos como o maior desafio, seguida pela falta de materiais pedagógicos (30%) e pela desmotivação estudantil (20%). A ausência frequente compromete o rendimento escolar, tornando essencial a adoção de estratégias como a busca ativa para aumentar a presença e o engajamento dos estudantes.
Gráfico 13: Levantamento das dificuldades didático-pedagógicas

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve como objetivo analisar os fatores econômicos e pedagógicos que interferem diretamente no processo de ensino-aprendizagem nas aulas práticas de Ciências Naturais, com foco nos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal Antísthenes de Oliveira Pinto, em Manaus-AM. Os dados levantados permitiram confirmar que, apesar do esforço e dedicação dos docentes, ainda há obstáculos significativos que dificultam a efetiva aplicação das aulas práticas.
Os principais desafios encontrados dizem respeito à ausência de infraestrutura adequada, como laboratórios equipados, e à escassez de materiais pedagógicos acessíveis tanto para professores quanto para estudantes. Esses fatores, atrelados às limitações econômicas enfrentadas pela escola e pela comunidade escolar, impactam diretamente na qualidade do ensino de Ciências Naturais e no engajamento dos alunos da EJA, que já convivem com múltiplas responsabilidades sociais e profissionais.
Apesar das dificuldades, a pesquisa evidenciou que, quando há interação significativa entre professor e aluno e o uso criativo de espaços alternativos para realização de atividades práticas, é possível proporcionar um ensino mais dinâmico, contextualizado e motivador. A contribuição dos próprios alunos, inclusive adquirindo materiais com recursos próprios, demonstra o valor e o interesse atribuídos à prática pedagógica diferenciada.
Assim, conclui-se que os objetivos da pesquisa foram alcançados, uma vez que foi possível identificar e analisar os entraves econômicos e pedagógicos existentes, além de compreender os esforços dos docentes para superá-los. A prática pedagógica, quando aliada à criatividade, ao compromisso do professor e à participação ativa dos alunos, torna-se um instrumento importante para tornar o ensino de Ciências Naturais mais efetivo e relevante no contexto da EJA. Fica evidente a necessidade de investimentos estruturais e formativos para que o ensino prático não seja uma exceção, mas uma constante realidade, garantindo o direito a uma educação pública de qualidade e alinhada às demandas do século XXI.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
ARROYO, M. A Educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão. Construção Coletiva: Contribuições à Educação de Jovens e Adultos. Edições, MEC/UNESCO, Brasília-DF, junho, 2006, p. 221.
BELIZARIO, M.R. J. Políticas públicas e educação de jovens e adultos no Amazonas: diretrizes, debates e perspectivas, 2015, 131 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Amazonas.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
Proposta curricular para educação de jovens e adultos: segundo segmento do ensino fundamental. Brasília: MEC, 2002. v.1
Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Pinto, Márcia Windt e Lívia Céspedes. 39º ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2006, Coleção Saraiva de Legislação.
Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, 1996.
Lei n° 9.424 de 24 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, 1996.
Lei n° 10.172 de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências, 2001.
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica / Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. 562p.
MEC/SEF Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, Outubro 1997.
Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n 9394 de 20 de dezembro de 1996..
Parecer CNE/CEB nº 11, de 11/05/2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, 2000.
Resolução CNE/CEB nº 01, de 05/07/2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.
Resolução CNE/CEB nº 03, de 15/06/2010. Diretrizes Operacionais para a Educação de Jovens e Adultos nos aspectos relativos à duração dos cursos e idade mínima para ingresso nos cursos de EJA.
Resolução CNE/CEB nº 04, de 15/06/2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.
CACHAPUZ, A. et al. (org). A necessária renovação do ensino das ciências. São Paulo: Cortez, 2005.
DI PIERRO, M. C.; JOIA, O.; RIBEIRO, V. M. Visões da educação de jovens e adultos no Brasil. Cadernos Cedes, v. 21, n. 55, p. 58-7, 2001.
FÁVERO, O. Lições da história: os avanços de sessenta anos e a relação com as políticas de negação de direitos que alimentam as condições de analfabetismo no Brasil. In: OLIVEIRA, I. B.; PAIVA, J. (Orgs.). Educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. p. 13-28.
FONSECA, M.C.F.R. A Educação matemática e EJA. Construção coletiva: Contribuições à Educação de Jovens e Adultos. Edições MEC/UNESCO, Brasília-DF, junho, 2006, p. 321.
GENEVOIS, M.B.P. Os direitos humanos na história. Construção Coletiva: Contribuições à Educação de Jovens e Adultos. Edições MEC/UNESCO, Brasília-DF, junho, 2006, p.69.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7ª ed.-[Reimpressão]. – São Paulo: Atlas, 2021.
GUARESCHI, P. A criança e a representação de poder e autoridade: negação da infância e afirmação da vida adulta. In M. J. Spink (Ed.), O conhecimento no cotidiano (pp. 212-233). São Paulo, SP: Brasiliense, 1994.
HADDAD, S.; DI PIERRO, M. C. Escolarização de jovens e adultos. Revista Brasileira de Educação, n. 14, p. 108-130, 2000.
HADDAD, S. (Coord.). Educação de jovens e adultos no Brasil (1986-1998). Série Estado do Conhecimento, 2002. Acesso em 05 de maio, 2020, em http://www.publicacoes.inep.gov.br/arquivosmiolo_educ_jovens_adultos_est_conhecimento8_303.pdf
KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: EPU, 1987.
Reformas e realidade: o caso do ensino das ciências. São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 1, p. 85-93, 2000.
KRASILCHICK, M.O.; MARANDINO, M. Ensino de Ciências e Cidadania. São Paulo: Moderna, 2007.
MANAUS-SEMED:https://guia-amazonas.escolasecreches.com.br/ensino regular/ESCOLA-MUNICIPAL-ANTISTHENES-OLIVEIRA-PINTO-manaus-manaus amazonas-i13081705.htm. Acesso em 07 de maio de 2020.
MANAUS-SEMED:http://antisthenesoliveirapinto.blogspot.com/2013/11/historia-da escola-antisthenes-de_27.html. Acesso em 07 de maio de 2020.
MARTINS, R. B. Educação para cidadania: o projeto político-pedagógico como articulador. In: VEIGA, I. P. A.; REZENDE, L. M. G. de. Escola: espaço do projeto político-pedagógico. 4. Campinas: Papirus, 2001. cap. 3, p. 49-73.
MARTÍNEZ, A.M.; TACCA, M.C.V.R. Possibilidades de aprendizagem: ações pedagógicas para alunos com dificuldade e deficiência. Campinas, SP: Editora Alínea, 2011.
MEC, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, Brasília: Secretaria da Educação Básica, 2017.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA/ SECRETARIA DE ENSINO FUNDAMENTAL. Proposta curricular para a educação de jovens e adultos: segundo segmento do ensino fundamental, v.3, p.71, 2002.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/propostacurricular/segundosegmento/ vol3_ciencias.pdf. Acesso em: 02 de maio de 2020.
OLIVEIRA, M. K. Jovens e adultos como sujeitos de ensino e aprendizagem. Revista brasileira de educação n.12, p.59-73. Acesso em: 23 de fev. 2020.
OLIVEIRA, M. K. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, 12, 59-73, 1999.
PÉREZ, D. G. Formação continuada de professores de Ciências: no âmbito ibero americano. Campinas: Autores associados, 1996.
PORTO, A; RAMOS, L; GOULAART, S. Um olhar comprometido com o ensino de ciências. 1 ed. Belo Horizonte: Editora FAPI, 2009.
QUEIROZ, R. M; TEIXEIRA, H. B; VELOSO, A. S; TERAN, A. F. QUEIROZ, A. G. A caracterização dos espaços não formais de educação científica para o ensino de ciências. Universidade do Estado do Amazonas. Programa de Pós-Graduação em Educação e o Ensino de Ciências na Amazônia, 2011.
RIBEIRO, V.; M. Masagão et al. Alfabetismo e atitudes: Pesquisa junto a jovens e adultos. São Paulo/Campinas: Ação Educativa/Papirus, 1998.
SACRISTÁN, G. Educação obrigatória: seu sentido educativo e social. [tradução] Jussara Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 2001.
SANTOS, P. R. dos. O Ensino de Ciências e a ideia de cidadania. Mirandum. Ano X. n. 17. 2006.
SEMED-MANAUS:https://semed.manaus.am.gov.br/wpcontent/uploads/2017/05/Proposta-Do-Segundo-Segmento.pdf. Acesso em: 12 de maio de 2020.
UNESCO. Educação de jovens e adultos: uma memória contemporânea – 1996- 2004. Brasília: MEC, 2004.
V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos: declaração final e agenda para o futuro. Brasília: MEC/SEF, 1998.
VARGAS, M.C. Vinte anos do MST: sempre é tempo de aprender. Construção Coletiva: Contribuições à Educação de Jovens e Adultos. Edições MEC/UNESCO, Brasília-DF, junho, 2006, p. 175.
VENTURA, J. P. Educação ao longo da vida e organismos internacionais: apontamentos para problematizar a função qualificadora da Educação de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos, Vol. 1, Nº 1, 2013.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3 ed. Porto Alegre: Bookman,