REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202503300037
Adriana Cavalhero Medina
Jéssica Leite Colombo
Liz Carolina Insfran Moses
Suzi Mara de Lima Silva
Orientadora: Profª. Ms. Eliane Campos Ruiz
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a importância da musicalização como instrumento lúdico de desenvolvimento e aprendizagem dos educandos de Educação especial por meio de uma pesquisa bibliográfica. É possível afirmar que o lúdico capacita o educando de uma maneira mais ampla e faz com que ele se interaja com o mundo de uma forma mais criativa, divertida e transformadora. A música é uma forma de linguagem e de comunicação, desperta no ser humano vários sentimentos, como alegria, tristeza, saudade, além de contribuir para a socialização e interação com os demais.
Palavras-chave: Desenvolvimento Infantil, Lúdico, musicalização.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre a relevância do lúdico para o aperfeiçoamento do educando de zero a seis anos no que diz respeito ao aspecto motor, intelectual e afetivo. Acredita-se que para o educando crescer normalmente, com saúde física e intelectual deve receber muito carinho, atenção, alimentos e um ambiente que lhe ofereça condições de pesquisar e descobrir.
Convêm ressaltar, segundo o Dicionário Brasileiro Globo (1995), que a palavra “lúdica” é adjetivo relativo a jogos, brinquedos e divertimentos. Como se há de verificar na seguinte monografia será empregado o termo brincar em sentido amplo, que abarca todas as formas de atividade de natureza lúdica realizadas pelo educando, inserindo, portanto, o jogo e a brincadeira.
A princípio, é evidente que o lúdico é uma questão importante e presente na vida cotidiana. Nas diferentes fases do desenvolvimento o recurso lúdico quando bem utilizado suscita situações de aprendizagem significativas, envolvendo a participação ativa do adulto nesse processo.
Na Educação Especial, os alunos podem aprender brincando, experimentando, fazendo descobertas, agindo, brincando e jogando. O educando aprende pelos seus sentidos, segue seus movimentos e suas ações e a cada dia na vida de um educando deve ser pleno de atividades e de novas situações de aprendizagem.
Assim, é importante estabelecer relações entre os referenciais teóricos e o lúdico na ação pedagógica do educador em sala de aula, considerando que essa área ainda tem muito a ser valorizada.
Assim sendo, o presente estudo tem como objetivo investigar a importância da musicalização como instrumento lúdico de desenvolvimento e aprendizagem dos educandos na Educação Especial Infantil. Para tanto, pautou-se numa pesquisa bibliográfica mediante leitura, análise, fichamento de livros periódicos e banco de dados, no sentido de confrontar teorias diferentes para uma melhor compreensão do tema.
A pesquisa apresenta-se dividida em três capítulos, assim constituídos:
O Capítulo 1 apresenta o lúdico e o desenvolvimento infantil a partir dos conceitos de jogo, brinquedos e brincadeiras, bem como o lúdico como recurso pedagógico direcionado à alfabetização, aprendizagem e desenvolvimento psicomotor, além de apresentar os principais teóricos e suas contribuições.
O Capítulo 2 aborda o brincar na escola a partir da relação brincar e educação na educação, visando a importância da educação psicomotora. O Capítulo 3 trata da ludicidade como um novo olhar para a formação do educador, visando à função lúdica da música como recurso pedagógico. Por fim, tece as considerações finais sobre o estudo proposto.
1. A LUDICIDADE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
1.1 CONCEITOS DE JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS
Historicamente, o brinquedo como objeto não pertence a uma categoria única, apresentando várias manifestações, como a confecção com materiais perecíveis, esquecidos, como raminhos, raízes, vegetais, e também com objetos do mundo domésticos e recicláveis, que passam a ter sentido de brinquedo quando incide sobre ele a função lúdica.
Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando, que o educando revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.
O educando, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. A linguagem, segundo Vygotsky (1984), tem importante papel no desenvolvimento cognitivo da criança à medida que sistematiza suas experiências e ainda colabora na organização dos processos em andamentos. De acordo com Vygotsky (1984, p. 97):
A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz;
As atividades lúdicas reproduzem muitas situações vividas no cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz de conta, são reelaboradas pelos educandos. Esta representação do cotidiano se dá por meio da combinação entre experiências passadas e novas possibilidades de interpretações e reprodução do real, de acordo com suas afeições, necessidades, desejos e paixões. Estas ações são muito importantes para a atividade criadora do educando.
Tanto para Vygotsky (1984) como para Piaget (1975), o desenvolvimento não é linear, mas evolutivo e nesse trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez que o educando brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de conhecimento, ele dificilmente perde essa capacidade.
Vale ressaltar que é com a formação de conceitos que se dá a verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos maiores espaços para a formação de conceitos. Negrine (1994) sustenta que:
As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui a energia necessária para a criança, progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança (NEGRINE, 1994, p. 19).
Brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar, sendo que o educando avança no raciocínio, desenvolve o pensamento, estabelece contato social, compreende o meio, satisfaz desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade. As interações que o brincar e o jogo oportunizam favorecem a superação do egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia, e introduzem, especialmente no compartilhamento de jogos e brinquedos, novos sentidos para a posse e o consumo.
A escola deve compreender que, por um determinado tempo da história pedagógica, foi um dos instrumentos da imobilização da vida, e que esse tempo já terminou. A evolução do próprio conceito de aprendizagem sugere que educar passe a ser facilitador da criatividade, no sentido de repor o ser humano em sua evolução histórica e abandonando de vez a ideia de que aprender significa a mesma coisa que acumular saberes sobre fatos, dados e informações isoladas numa autêntica sobrecarga da memória. De acordo como o Referencial Curricular da Educação Infantil – Brasil (1998, p.23):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
A ideia de estudo com prazer provém da época de Platão e Aristóteles e foi se adaptando as varias concepções de educando e aos interesses e necessidades da sociedade vigente. Desta forma a brincadeira exerceu papel e função específica de acordo com cada momento histórico.
Entende- se que educar ludicamente não é jogar lições empacotadas para o educando consumir passivamente. Educar é um ato consciente e planejado, é tornar indivíduo consciente, engajado e feliz. É seduzir para o prazer de conhecer e aprender. É resgatar o verdadeiro significado da palavra Escola, local de alegria, prazer intelectual, satisfação e desenvolvimento em todos os aspectos.
Para atingir esse propósito, é necessário que o educador repense o conteúdo e a sua prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela vida, pela alegria, pelo entusiasmo de ensinar e aprender, pela maneira de ver, pensar, compreender e reconstruir o conhecimento.
Segundo Almeida (1995, p.41):
A educação lúdica contribui e influencia na formação do educando, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, se integrado ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção seria de conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.
A escola precisa repensar quem ela está educando, considerando a vivência, o repertório e a individualidade do mesmo, pois se não considerar, dificilmente estará contribuindo para a verdadeira mudança e a produtividade em todos os aspectos do educando.
O jogo, o brinquedo e a brincadeira são essenciais para o processo de desenvolvimento do educando. Sabendo que tais atividades possuem diferentes funções, vamos ver os conceitos de cada um. Para Kishimoto (1994, p.4), “o jogo se define como uma ação voluntária do educando, um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa um resultado final, o que importa é o processo em si de brincar que o educando se impõe”.
O jogo possui como característica marcante a existência de regras, tem sua realização em um tempo e espaço definido, possuindo uma condição histórica e geográfica e uma sequência na própria atividade. No jogo, as situações se caracterizam por um quadro no qual a realidade interna predomina sobre a externa.
Já o brinquedo definido por Kishimoto (1994), “o brinquedo é o suporte da brincadeira quando serve a uma atividade espontânea, sem intencionalidade inicial, que se desenvolve de acordo com a imaginação do educando”. A brincadeira, por sua vez, encontra fundamento na fala de Kishimoto (1994) é uma atividade instintiva do educando, sozinha ou em grupo. Ela faz a relação entre a fantasia e a realidade construindo uma ponte entre elas, o que a leva lidar com complexas dificuldades psicológicas, como a vivência de papeis e situações não bem compreendidas e aceitas em seu universo infantil. A brincadeira na infância leva a criança a solucionar conflitos por meio da imitação, ampliando suas possibilidades linguísticas, psicomotoras, afetivas, sociais e cognitivas.
Nessa perspectiva, a brincadeira infantil possibilita o educando a imitação de diferentes papeis, comumente de seu cotidiano, ação que facilita a expressão de sentimentos e relação que estabelece com a pessoa do seu meio. Quando brinca de faz de conta, o educando age e enfrenta desafios, organiza os pensamentos e elabora suas regras, o que facilita a transposição do mundo adulto para o seu universo.
Kishimoto (2008) destaca quatro tipos de brincadeiras na ação lúdica dos educando: As educativas caracterizadas pela ação lúdica com fins pedagógico; As tradicionais que perpetuam a manifestação livre e espontânea da cultura popular e tem por objetivo estimular diferentes formas de relação social e o prazer de brincar; Os de faz de conta criam novos significados que se desenvolve na função simbólica, o elemento que garante a racionalidade ao ser humano; Ao brincar de faz de conta o educando está aprendendo a criar símbolos; E as de construção eles enriquecem a experiência sensorial, estimulando a criatividade e desenvolve habilidades do próprio educando.
Através do brincar o educando tem a capacidade de criar, imaginar, cooperar, de ter autoestima e assim ter mais confiança em si mesma, sendo capaz de desenvolver-se com uma pessoa plena. Brincando, o educando estimula a inteligência. Este ato faz com que o educando solte a sua imaginação, desenvolva a sua criatividade, possibilitando o exercício de concentração, atenção e engajamento. A aprendizagem baseada no brinquedo, jogos e brincadeira com certeza fará desse educando um indivíduo que se relaciona melhor com o outro e com a sociedade em qual convive.
A concepção do lúdico como um recurso pedagógico direcionado à alfabetização e à aprendizagem das diferentes áreas do saber destaca-se com a expressão entre as questões da prática pedagógica dos educadores, por estar ligada às questões de conhecimento e da aprendizagem. Nessa perspectiva, a ludicidade tem sido um dos temas favoritos de teóricos e pesquisadores. Friedman (1996), em seus estudos analisa o jogo como meio de estimular o desenvolvimento de determinadas áreas ou de, igualmente, promover a aprendizagem específica. Ao encontro desta ideia, Almeida (2004) argumenta que o sujeito percebe que, em situações de jogo, o educando inicialmente elabora estratégias para atingir sua meta, que é superar os obstáculos, pois já visualiza o resultado mesmo que simbolicamente. Assim, o raciocínio é uma das habilidades cognitivas mais desenvolvidas no jogo. Quando antecipa o resultado e pensa sobre as razões de sua vitória ou fracasso, o sujeito cria hipóteses, as quais podem contribuir para o seu processo de construção do saber.
É nesse contexto que devemos dar mais atenção para o processo do jogo, como conteúdo de aprendizagem; é nesse momento que o educador deve se concentrar, e não apenas no produto final, a vitória. Nesse sentido, há uma necessidade absurda de se rever a preocupação do educador com os métodos de ensino e não com o modo como o educando aprende. Desconsiderando o processo pelo qual o educando estabelece relação com o meio, com suas aprendizagens anteriores, as diversas metodologias podem ser improdutivas e não condizer com o modo de aprender do educando.
É nessa concepção que a abordagem de Vygotsky (1984) sobre a aprendizagem da leitura e da escrita se destaca. O melhor método para aprender a ler e escrever é perceber essas habilidades durante situações de brincadeira. Considera-se que é necessário que as letras passem a tornar-se uma primordialidade na vida do educando. O jogo como recurso pedagógico favorece a relação entre o processo de construção do saber por parte do educando e a ação pedagógica do educador. Nesse sentido, o lúdico na ação educativa possibilita que a referência seja apresentada ao educando por meio de diversos tipos de linguagens, atendendo aos vários estilos de aprendizagens.
Em relação à mediação do processo de aprender com os jogos Moyles (2002) aborda que é preciso que o educador auxilie os educandos nas resoluções de problemas.
O educador tem o papel fundamental e pode aconselhar sobre ações ou materiais, permitir a ocorrência da tentativa e erro, oferecerem novos materiais, informações ou perceber quando isso é preciso, instigar o interesse e a motivação, ouvir e responder apropriadamente as explicações do educando, garantir o envolvimento de todo educando de acordo a sua capacidade, proporcionar um meio ambiente propicio, oferecer elogios, conservar o senso de humor e manter a situação prazerosa.
Em relação à utilização do lúdico como recurso pedagógico na alfabetização, destaca-se seu emprego como metodologia em que o jogo aparece como recurso que favorece o educando como sujeito ativo na construção do conhecimento, entendendo-o como um processo contínuo.
Embora, em contato com a educação escolar, ainda possamos perceber alguns equívocos em relação às concepções e aos recursos utilizados no processo de alfabetização do educando, as próprias leis de incentivo à educação tem despertado reflexões sobre a necessidade de mudanças no contexto pedagógico escolar.
A educação infantil, nesse sentido, obteve um incentivo com o estabelecimento, pela Constituição Brasileira, do direito à educação a partir do nascimento. É daí que podemos deduzir o conteúdo e a forma da educação naquela primeira fase da vida escolar do educando. A educação infantil é o primeiro nível de ensino da educação básica, seguida pelo ensino fundamental e médio e nessa perspectiva deve ter garantido o direito a uma educação de qualidade. Nesse sentido, a prática de jogos e brincadeiras nessa etapa da vida do educando pode contribuir para a formação de um sujeito crítico e construtivo, pois aprende a lidar com suas emoções, explora, descobre diferentes formas de se expressar, utiliza linguagens variadas e significativas, é participativo, expositivo e ouve ideias, e por fim, faz tudo isso em diferentes contextos que não apenas o da esfera escolar.
A alfabetização como processo de ensino aprendizagem pode ser organizada de modo que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas por meio de uma linguagem real, natural, significativa e vivenciada. O educando precisa sentir a necessidade da linguagem e o seu uso no cotidiano. Assim a assimilação do código linguístico não será uma atividade de mão e dedos, mas sim uma atividade de pensamento, uma forma complexa de construção de relações.
1.2 O LÚDICO COMO RECURSO PEDAGÓGICO
A concepção do lúdico como um recurso pedagógico direcionado ao desenvolvimento psicomotor surge entre os aspectos relacionados à interação do educando com o meio em que vive e, nesse sentido, ao conhecer o perfil neurosensório-motor do educando, o educador irá perceber como está o avanço do sistema nervoso, sensorial e motor, conforme já foi apontado anteriormente, não separadamente, mas em sua interligação.
A aprendizagem requer do educando habilidades que vão além da esfera cognitiva, mas também da afetiva e da motora e, nesse sentido, um educando com dificuldades de aprendizagem expressa corporalmente como se sente. Considerando a área psicomotora como a interligação entre o corpo e a mente, o comportamento descrito reflete dificuldades psicomotoras envolvendo as funções de lateralidade, equilíbrio e esquema corporal. Segundo Amorim (1994), para o educando na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, o espaço é o corpo vivido, descoberto e conquistado com suas próprias vivências, sendo esta a referência básica para que ela primeiro localize a si mesma no espaço e depois aos outros.
De acordo com Tolkmitt (1993), a lateralidade se caracteriza pela habilidade de identificar partes do corpo dos lados direito e esquerdo, mas também das partes superior e inferior. Assim, o educando que tenha dificuldade nessa habilidade não tem independência de movimentos da parte superior e inferior, ou seja, não consegue coordenar os movimentos de ambas as partes do corpo, o que interfere também na sua atenção e concentração durante a aula.
De igual forma, é esperado que o educando busque opções diante do que sabe que irá lidar com a frustração que a falta de atenção irá lhe trazer quando não conseguir se concentrar e entender o conhecimento que será apresentado a ele. As funções psicomotoras de lateralidade, equilíbrio, esquema corporal e coordenação motora são indissociáveis e quando trabalhadas completamente por meio de jogos e brincadeiras, auxiliam o educando a primeiro perceber-se, depois o outro, objetos, o espaço. É a imagem corporal se formando e possibilitando a interação com o meio, condição essencial para a percepção e significação dos diferentes estímulos que conferem o processo de ensino aprendizagem;
Os aspectos que compõem o movimento são definidos nos estudos da psicomotricidade, desenvolvidos por autores como Le Boulch (1982), que conceitua a área como o controle mental sobre a expressão motora, que objetiva obter uma organização que possa atender, de forma consciente e constante, às necessidades do corpo. Nesse sentido, o sentir, o pensar e o agir estão indissociados, pois o sujeito é uma integração de todas as áreas, motora, afetiva e cognitiva.
Os elementos envolvidos na psicomotricidade, de acordo com Le Bouch (1982), são: esquema corporal; lateralidade; organização espacial; organização temporal; coordenação motora; ritmo; postura; controle respiratório e relaxamento. A psicomotricidade contempla as áreas de orientação, coordenação, expressão e comunicação. Assim, a aprendizagem requer habilidades motoras que são fundamentais para o desenvolvimento sensorial, cognitivo, afetivo, como os da linguagem.
Ampliando a reflexão sobre a relação corpo e aprendizagem, a abordagem de Amorim (1994) destaca o educando na escola como referencial de todas as disciplinas, como um corpo em movimento passível de ser conhecido, conhecer-se e dominar suas estruturas corporais. O movimento encontra nos jogos os recursos e procedimentos metodológicos para a sua execução consciente, social e histórica. O homem sempre utilizou o corpo para se expressar; o que mudou no decorrer da história é como e para que ele utiliza o corpo. A psicomotricidade está presente em todas as atividades humanas, sejam elas ligadas à sobrevivência, as expressões artísticas ao trabalho ou a aprendizagem sistematizada pela escola.
O jogo é um recurso que possibilita a construção do conhecimento porque explora infinitamente diferentes tipos de linguagens, característica que atende as diferentes necessidades e aos vários interesses do educando no processo de ensino aprendizagem.
Com o trabalho pedagógico envolvendo a ludicidade como recurso, percebe se que aos poucos o educando adquire autoconfiança e conhecimento de suas possibilidades e limites, aprende a cooperar nas situações de aprendizagens e sociais, transforma suas atitudes, socializa-se, o que se refere a uma excelente condição de relação com o mundo. Brincando, o educando desenvolve as áreas sensorial e motora. Brincar é um dos recursos essenciais utilizados para o desenvolvimento psicomotor.
Portanto, o educando ao brincar interage com o meio e com o grupo, ampliando sua autoimagem positiva e constituindo sua personalidade. Acrescentamos aqui o que afirma Friedmann (1996, p.66), “a afetividade é uma constante no processo de construção do conhecimento e é ela que, na verdade, irá influenciar o caminho do educando na escolha de seus objetivos”.
1.3 PRINCIPAIS TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA AS ATIVIDADES LÚDICAS
Baseados em algumas teorias citadas pelos teóricos, percebemos a grande importância que o brincar tem na vida do educando, pois através das atividades lúdicas se desenvolve muita habilidade e resoluções de problemas, assim ele consegue superar obstáculos e se interagir com o meio.
Através desses teóricos podemos observar que brincando o educando vai criando uma abertura infinita de possibilidades que permitem uma legitimidade do mundo, e é inserida nesta perspectiva transformadora que a ação lúdica se desenvolve.
1.3.1 Contribuições de Piaget e Vygotsky
Para Piaget (1973), tanto a brincadeira como o jogo são essenciais para contribuir com o processo de aprendizagem. Por isso, ele afirma que os programas lúdicos dentro da escola são o berço obrigatório das atividades intelectuais. Em relação ao que foi dito, Piaget (1976, p.160) explica:
O jogo é, portanto sob, suas duas formas essenciais de exercício sensório- motor e de simbolismo uma assimilação do real a atividade própria, fornecendo a este seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todo um material conveniente a fim de que jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem uso permanecem exteriores a inteligência infantil.
Ainda segundo Piaget (1976), nessa perspectiva, por meio da prática pedagógica do jogo, o educador pode conhecer as expressões do educando, porque nessa atividade lúdica, ele se liberta de situações difíceis, as situações e os objetos representados e as ações não são o que aparentam ser.
Segundo Piaget (1976) existem três tipos de conhecimentos, e vão se formando gradualmente. O conhecimento físico, o conhecimento lógico-matemático e o conhecimento social. O conhecimento físico é a interação das propriedades dos objetos e é derivado das ações sobre os objetos. O conhecimento lógico – matemático é a interação construída com base nas ações sobre o objeto. O conhecimento social é a interação sobre as coisas criadas pelas culturas. Enquanto que o conhecimento físico e social tem sua fonte fora do indivíduo, o conhecimento lógico – matemático tem sua fonte no próprio pensamento do indivíduo. As contribuições de Piaget (1976) levam os educadores a compreender as atividades lúdicas como parte da vida da criança. O entendimento sobre a relação entre jogos de exercícios sensoriais – motor, jogo simbólico, jogo de regras e o jogo de construção como um processo contínuo e ao mesmo tempo inter-relacionados, propicia a compreensão sobre os processos de desenvolvimento infantil. Para Piaget (1976), a simples vivência, a simples interação do educando com o meio não garante que os conceitos sejam construídos. É preciso que ela reflita sobre a ação feita. O desenvolvimento é o processo de equilíbrio constante, através de estruturas variáveis, visando à adaptação do indivíduo, por meio da assimilação e acomodação. Adaptação é a capacidade de adaptarem-se às suas estruturas mentais ou comportamento para se adaptar às exigências do meio. A assimilação é moldar novas informações para encaixar nos esquemas já existentes. A acomodação é a mudança nos esquemas existentes pela alteração de antigas formas de pensar e agir.
Para Aranha (1996, p. 185), Jean Piaget descreve que as mudanças mais significativas ocorrem na passagem de um estágio para o outro:
Os quatros estágios (sensório – motor, intuitivo, das operações concretas e das operações abstratas) representam o desenvolvimento mental (inteligência e afetividade) desde o nascimento até a adolescência. A inteligência evolui da simples motricidade do bebê até o pensamento abstrato do adolescente. A afetividade parte do egocentrismo infantil até atingir a reciprocidade e cooperação típica da vida adulta. A consciência moral resulta de uma evolução que parte da anomia (ausência de leis) passa pela heteronomia (aceitação de norma externa) até atingir a autonomia ou capacidade de autodeterminação. Que indica a superação da moral infantil.
É de fundamental importância a perspectiva construtivista de Piaget que coloca o educando e não o educador como o centro do processo de aprendizagem. Atribui a ele um papel ativo, como responsável por seu próprio processo de aquisição de conhecimento.
Para Vygotsky, segundo Aranha (2002), a brincadeira, o jogo são atividades específicas da infância, na qual o educando recria a realidade usando sistemas simbólicos. É uma atividade social, com contexto cultural. A Zona de Desenvolvimento Proximal – ZDP, é a distância entre o nível de desenvolvimento, determinado pela capacidade de solucionar, independentemente, um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto ou de um companheiro mais capaz.
A percepção do ZDP interliga a sensibilidade do educador em junção as vontades e capacidades do educando. As brincadeiras que são oferecidas ao educando devem estar de acordo com o ZDP em que ele se encontra. Pode-se dizer que o educando é o agente de seu desenvolvimento, cabe ao educador o papel de desafiador, provocando desequilíbrios, conflitos, para que o educando seja estimulado a descobertas e, portanto a construção do seu saber.
Segundo Aranha (2002, p.186):
Segundo Vygotsky, para atingir o nível superior de reflexão, do conhecimento abstrato do mundo, o homem começa com as interações sociais cotidianas, desde as atividades práticas da criança até alcançar a formulação de conceitos. Portanto a relação entre o sujeito que conhece e o mundo conhecido, não é direta, mas se faz por mediações dos sistemas simbólicos.
O autor classifica o brincar em três fases. Na primeira fase, o educando inicia seu distanciamento do seu primeiro meio social, representado pela mãe; começa então, a falar, andar e movimentar-se em volta das coisas. E é nesta fase que o ambiente a alcança por meio do adulto. A fase seguinte é caracterizada pela imitação, o educando copia o modelo dos adultos. E a última fase se caracteriza pelas convenções que surgem através das regras e normas a elas associadas.
Seguindo essa linha, Vygotsky (1991) afirma que é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento do educando. É no brinquedo e no jogo que o educando aprende a agir numa esfera cognitiva.
Vygotsky (1984) define como característica do jogo o fato de que nele, uma situação imaginária é criada pelo educando, o brincar do educando é a imaginação em ação. O jogo é o nível mais alto de desenvolvimento na educação infantil e é por meio dele que o educando se move cedo, além do comportamento habitual na sua idade. Para o autor, a ideia de brincar origina-se na imaginação criada pelo educando, em que os desejos impossíveis podem ser realizados, reduzindo a tensão e, ao mesmo tempo, constituindo uma maneira de acomodação a conflitos e frustrações da vida real.
Conforme Vygotsky (1984, p.64);
Brincar leva a criança a torna-se mais flexível e a buscar alternativas de ação. Enquanto brinca a criança concentra sua atenção na atividade em si e não em seus resultados e efeitos. Permitir brincar as crianças é uma tarefa essencial do educador.
Nota-se que a partir do momento que o educador se aproxima e consegue entender o pensamento infantil do educando torna o seu relacionamento mais significativo, fazendo com que seus conhecimentos ampliem-se de forma gradual e satisfatória. Kishimoto (2000, p.138) aponta Piaget e Vygotsky referindo à relevância do jogo como:
Promotor de aprendizagens, seja, elas de conteúdos sistematizados ou não pela escola. Mas, certamente esses conteúdos originam-se nas interações entre as crianças em situações de jogo e permitem sua compreensão a medida que novos conteúdos vão sendo incorporados as estruturas anteriores, modificando-as.
Percebe-se que o papel do educador é o de criar um clima de cooperação, respeito mútuo propor as mais diversas atividades e observar como está se dando a evolução do educando.
1.3.2 Contribuições de Wallon
Para Wallon (1989), o fator mais importante para a formação da personalidade não é o meio físico, mas sim o social. Ele chama a atenção para o aspecto emocional, afetivo e sensível do ser humano e elege a afetividade, intimamente fundida com a motricidade, como desencadeadora da ação e do desenvolvimento da ação e do desenvolvimento psicológico do educando.
A personalidade humana é um processo de construção progressiva, onde se realiza a integração de duas funções principais: a afetividade, vinculada a sensibilidade interna e orientada pela social. A inteligência, vinculada as sensibilidades externas, orientada para o mundo físico, para a construção do objeto.
A afetividade é a característica do ser humano de ser afetado interior e exteriormente por sensações de bem- estar e mal – estar, que segundo Wallon (1989) pode ser dividida em: emoção, sentimento e paixão, sendo a emoção a primeira expressão da afetividade, o sentimento tendo como caráter mais cognitivo e a paixão ser o autocontrole em função de um objeto.
Mahoney (2007, p.39) refere que:
A afetividade é um conceito amplo que, além de envolver um componente orgânico, corporal, motor e plástico que é a emoção, apresenta também um componente cognitivo, representacional, que são os sentimentos e a paixão. O primeiro componente a se diferenciar é a emoção, que assume o comando do desenvolvimento logo nos primeiros meses de vida; posteriormente, diferencia-se os sentimentos e, logo a seguir, a paixão.
O autor enfoca a importância da motricidade no desenvolvimento do educando, ressaltando o papel que as aquisições motoras desempenham para o progresso individual; segundo ele, é pelo corpo e pela sua projeção motora que o educando estabelece a primeira comunicação (diálogo Tonico) com o meio, apoio fundamental do desenvolvimento da linguagem. É a incessante ligação da motricidade com as emoções, que prepara a gênese das representações que, ao mesmo tempo, precede a construção da ação, na medida em que significa um investimento, em relação ao mundo exterior.
O movimento é a primeira forma de expressão do educando e é o primeiro campo a se desenvolver, é através do movimento que desenvolvemos nossa percepção. Wallon (1989) ressalta que a motricidade, percepção do eu corporal, é indissociável e necessária ao desenvolvimento do eu psíquico.
Galvão (2007, p.77) sustenta que:
É pela interação com os objetos e com seu próprio corpo em atitudes como colocar o dedo na orelha, pegar os pés, segurar uma mão com a outra que a criança estabelece relações entre seus movimentos e suas sensações e experimenta, sistematicamente, a diferença de sensibilidade existente entre o que pertence ao mundo exterior e o que pertence ao seu próprio corpo.
Na concepção de Wallon (1989) infantil é sinônimo de lúdico. Toda atividade do educando é lúdica, no sentido que se exerce por si mesma antes de poder integrar-se em um projeto de ação mais extensivo que a subordine e transforme em meio. Deste modo, ao postular a natureza do jogo, define como uma atividade voluntária do educando. Se imposta, deixa de ser jogo; é trabalho ou ensino.
Wallon (1989), ao classificar os jogos infantis apresenta quatro categorias:
a) Jogos funcionais caracterizam-se por movimentos simples de exploração do corpo, através dos sentidos;
b) Jogos de ficção atividades lúdicas caracterizadas pela ênfase no faz de conta, na presença da situação imaginária;
c) Jogos de aquisição desde que o bebê, todo olho, todo ouvido, se empenha para compreender, conhecer, imitar canções, gestos, sons, imagens e histórias começam os jogos de aquisição;
d) Jogos de fabricação são jogos onde o educando se entretém com atividades manuais de criar, combinar, juntar e transformar objetos. Os jogos de fabricação são quase sempre as causas ou consequências do jogo de ficção, ou se confundem num só.
Wallon (1989) diz que é através da imitação que o educando vive o processo de desenvolvimento que é seguido por fases distintas, no entanto, é a quantidade de atividades lúdicas que proporcionarão o progresso, e diante do resultado, temos a impressão que o educando internalizou por completo o aprendido, mas, ela só comprova seu progresso através dos detalhes. Portanto, para que o movimento alcance eficácia, para que seja uma ação completa, necessariamente o educando experimenta as quatro fases descritas acima.
Os jogos comprovam as múltiplas experiências vividas pelos educandos como: memorização, enumeração, socialização, articulação sensorial entre outros. O papel do educador se faz necessário numa vivência em todas as fases da infância, pois é importante ter atrelado ao seu autoconhecimento, e autoconsciência, o conhecimento teórico. Desta forma, ele estará preparado para intervir no jogo, de maneira adequada, destacando o progresso e proporcionando mais crescimento. O educador deve ser um facilitador do jogo e não um jogador. Brincar com o educando não é perder tempo, é ganhá-lo.
2. O PAPEL DOS AGENTES SOCIAIS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
2.1 PAPEL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA ESCOLA
A Educação Inclusiva é a educação para todos, que visa reverter o percurso da exclusão, ao criar condições, estruturas e espaços para uma diversidade de educandos. Assim, a escola será inclusiva quando transformar, não apenas a rede física, mas a postura, as atitudes e a mentalidade dos educadores, e da comunidade escolar em geral, para aprender a lidar com o heterogêneo e conviver naturalmente com as diferenças.
Os sistemas de ensino devem dar respostas às necessidades educacionais de todos os alunos, pois o movimento inclusivo nas escolas, por mais contestado, que ainda seja, até mesmo pelo caráter ameaçador de toda e qualquer mudança, especialmente no meio educacional, é irreversível e convence a todos pela sua lógica e pela ética do seu posicionamento social.
A escola vive um momento de inclusão social da educação especial e das novas tecnologias. Pela Legislação vigente, constata-se que cabe ao poder ofertar serviços de Atendimento Educacional Especializado (AEE) para que as pessoas com necessidades especiais tenham acesso a um conjunto de medidas que viabilizem seu aprendizado na rede pública de ensino. Porém, para que isso ocorra, exige-se que toda a comunidade escolar envolvida se organize, a fim de incentivar e promover estratégias educacionais eficazes, na perspectiva de não só oportunizar, mas garantir a permanência e o sucesso destes alunos no contexto escolar.
Para Freire (1999, p. 11) ensinar “exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”. O ato de ensinar é, portanto, político-social, científico e técnico, refletindo necessidades e expectativas de uma escola para todos.
A inclusão escolar contribui para a inclusão social, mas na área da deficiência intelectual/mental, haverá sempre a defasagem cognitiva que a caracteriza como “especial” nas necessidades para o aprendizado acadêmico da criança. As escolas regulares apresentam serviços de apoio pedagógico especializados para atenderem aos alunos com necessidades educacionais especiais, como as salas de recursos e as classes especiais, porém os alunos com deficiência intelectual/mental necessitam de atendimento de uma equipe multiprofissional atuante, preocupada, que trabalhe de forma interdisciplinar, atendendo não só a criança, mas dando apoio e orientação à família e subsidiando os trabalhos pedagógicos em sala de aula. Se a inclusão não for responsável, corre se o risco de evasão escolar por muitas crianças com deficiência intelectual ficando as mesmas sem acesso ao currículo, não contemplando os pressupostos filosóficos e legais dispostos nos documentos norteadores da inclusão.
Como se pode observar a inclusão escolar de alunos especiais tem como objetivo fazer com que os alunos se socializem com as demais crianças, que todos tenham uma interação pautada no respeito e na autonomia de cada um, obviamente de acordo com cada especificidade, mas que todas as crianças tenham os mesmos direitos e que possam acima de tudo conviver uns aos outros, respeitando suas necessidades e aceitando o outro.
2.2 RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA
A escola tem o papel de agente socializador na vida dos alunos de educação infantil, obviamente não podemos tirar a família como principal agente socializador, porém é na escola que o ambiente, torna-se mais positivo para a relação com o brincar, ação esta, natural da criança.
O brincar sempre se fez presente na vida das crianças. Através dele, elas viajam do mundo real para um mundo imaginário onde tudo pode acontecer. Objetos criam vida, ao mesmo tempo em que desaparecem e adquirem novas formas e sentidos; lugares distantes ficam a ‘um passo’ do alcance e até planetas desconhecidos viram ‘reais’. Pode-se construir e desconstruir ‘mundos’ e objetos. Nas brincadeiras, pode-se ser rainha ou bruxa, herói ou bandido, pequeno ou grande, pois elas nos permitem ir além.
Desta forma, tanto a família, quanto a escola e o professor detém o lúdico como forma de passar algum conhecimento a criança, a escola e o professor utilizam-se da brincadeira, do faz-de-conta para transmitir ou compartilhar conhecimento a criança, já a família utiliza-se do lucido para entretenimento da criança, ou como passatempo, mas os papeis destes agentes, contribuem significativamente, por isso devem sempre estar atentos, aos brinquedos e brincadeiras que estão levando a essas crianças e se realmente elas acrescentam algo na vida desta criança.
Macedo (2005) destaca ainda que, o brincar é sério, uma vez que supõe atenção e concentração. “Atenção no sentido de que envolve muitos aspectos inter relacionados, e concentração no sentido de que requer um foco, mesmo que fugidio, para motivar as brincadeiras”.
Nesse sentido, entende-se que a relação do agente social é também muito relevante juntamente com o brincar, ou seja, o aspecto lúdico contribui para uma aprendizagem significativa, onde estes agentes também contribuem em função do papel que cada um têm no ambiente de aprendizagem. O lúdico tem muito destaque na Educação Especial Infantil, pois a mesma é a responsável pelo auxílio no processo de aprendizagem dos educandos, sendo os jogos e as brincadeiras muito utilizados como prática pedagógica, estimulando o desenvolvimento de forma prazerosa e criativa.
De acordo com Feijó (1992 apud GRILO et al., 2002, p.3), “o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana”.
A escola e a família têm papéis diferenciados, porque envolvem diferentes relações sociais e afetivas. É preciso considerar que cada criança tem sua maneira de ver o mundo ao seu redor. É através da ludicidade que ela transmite aos adultos o seu modo de interpretar o mundo exterior. “A brincadeira consiste em uma atividade de simulação que reforça o significado da vida cotidiana, enquanto processo assimilativo participa do conteúdo da inteligência, à semelhança da aprendizagem” (KISHIMOTO, 1996, p. 32).
A parceria entre família e escola é fundamental, ambas precisam se acolher, se entender e se ajudar para o bem comum desse indivíduo, preparado como pessoa para viver em sociedade, porém, sempre cabe à família educar e estar alerta, pois o contrato com a escola pode ser rescindido, mas o contrato de pai, mãe e filho é para a vida toda. Portanto, é muito importante exercer os papéis com sabedoria e responsabilidade de todos.
A cultura organizacional do gestor é decisiva para o sucesso ou fracasso da qualidade de ensino da escola, a maneira como ele conduz o questionamento das ações é o foco que determinará o sucesso ou fracasso da escola. (LÍBANEO, 1998, p.302).
O verdadeiro papel da escola é o de ser meio de ascensão social, então o papel não pode ser considerado totalmente cumprido, porque o verdadeiro papel é o de formar cidadãos críticos, através de um trabalho crítico e da busca pelo exercício da cidadania, a escola deve mostrar às novas gerações a importância de cada indivíduo e seu papel na sociedade, enquanto cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, sendo preciso que a escola compreenda que também é seu papel, dar ao aluno condições para se inserir no meio social.
Já o professor, por sua vez, deve considerar no exercício de sua função o aluno como sujeito de múltiplas relações, que por estar em processo de formação, deve ser considerado em sua totalidade. Assim, deve assegurar ao educando uma formação crítica, capaz de levá-lo a refletir sobre temáticas cotidianas e interferir positivamente em seu meio e, sobretudo, em sua vida para transformá-la. O professor deve compartilhar os ensinamentos de forma que o aluno se sinta dentro de uma inesquecível “viagem” e dessa forma possa assegurar a produtividade do conhecimento, sempre utilizando-se da criticidade no ensino e aprendizagem dos conteúdos. Os docentes devem se preocupar, também, com a arte de ensinar. Não basta ser um bom pesquisador, é necessário também que seja um bom transmissor de conhecimentos e formador de opinião.
A escola enquanto instituição detentora do saber precisa compreender sua importância na formação de um sujeito que atua em uma sociedade e deve contribuir positivamente para que esse saber seja trabalhado de forma democrática, independentemente de qual grupo social ele pertença. A família e a escola são os grupos que têm maiores repercussões neste processo de socialização, e a escola não só detém o papel de transmissão de conhecimentos científicos, denominada de socialização formal, como também cabe a esta o desenvolvimento de capacidades cognitivas, afetivas, capacidade de relacionamento em sociedade, competências comunicativas e participação na formação da identidade individual de cada aluno, denominada de socialização informal.
A família é a base afetiva do indivíduo, é a esta que se delega a responsabilidade de satisfazer as necessidades básicas da criança logo à nascença, para além disto a transmissão de cultura que envolve todas as práticas e saberes acumulados de geração em geração dá-se também no seio desta instituição. A partir destas reflexões compreende-se a importância que a família e a escola têm como pilares para a formação da identidade e personalidade do indivíduo bem como transmissores dos princípios éticos e morais que permeiam a sociedade. Com o passar dos anos, muitos conceitos foram mudando e a deficiência passou a ganhar novo enfoque. Porém, para que a mudança aconteça é necessário mostrar a importância da família, da escola, da sociedade em geral e do poder público, para a efetivação dessas mudanças e para o desenvolvimento pleno das pessoas com necessidades especiais. A família pode ser vista como o primeiro e mais importante agente educativo, pois podemos encará-la como o núcleo central do desenvolvimento global da criança, nomeadamente no que se refere ao domínio afetivo, social, cognitivo e motor. Segundo Giorgi (1980: 26),
A família é o principal agente de socialização da criança, preside aos processos fundamentais de desenvolvimento psíquico e à organização da vida afetiva e emotiva da criança. Acrescenta ainda, que como agente socializado e educativo primário, ela exerce a primeira e a mais indelével influência sobre a criança.
Assim sendo, é essencial a existência de um ambiente familiar agradável, que possa proporcionar à criança um clima de estabilidade, favorecendo, portanto, o seu desenvolvimento harmonioso no seio familiar. Com a escola inclusiva, todos os alunos estão na escola para aprender, participando.
As escolas podem, dessa forma, tornarem-se comunidades de apoio, onde todos os alunos se sintam valorizados, que permita a promoção de práticas inclusivas mediante as quais os alunos possam viver experiências enriquecedoras, aprender uns com os outros e assimilar atitudes e valores que conduzam a uma melhor aceitação da diversidade (CORREIA, 2008).
Numa escola inclusiva só pode existir uma educação inclusiva, uma educação em que a heterogeneidade do grupo não é mais um problema, mas um grande desafio à criatividade e ao profissionalismo dos profissionais de educação, gerando e gerindo mudanças e mentalidades, de políticas e de práticas educativas (CORREIA, 2003).
A família é de todos os agentes educativos aquele que maior importância repercute na vida de uma criança com necessidades educativas especiais, assim como a escola também não pode ser esquecida, pois é aqui que a criança passa grande parte do seu dia. Neste sentido, consideramos que estes dois agentes educativos devem estar em constante cooperação no processo educativo, pois são “duas faces de uma só moeda” – a Educação.
2.3 PAPEL DO PROFESSOR E O TRABALHO COM A LUDICIDADE
Lúdico é uma atividade essencial ao ser humano, possibilitando ao educando uma aprendizagem significativa, despertando interesses pelas atividades individuais e coletivas, proporcionando, crescimento intelectual e a integração de todos participantes. A descoberta de novas formas de ensinar e aprender são um desafio motivador, principalmente no que se refere ao desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos.
Toda criança, desde os primeiros anos de vida, brinca, joga e desempenha atividades lúdicas. O mundo da criança é uma realidade de jogo e brincadeira. O brincar e o jogar para a criança representa sua razão de viver, onde elas se esquecem de tudo que as cerca e se entregam ao fascínio da brincadeira.
Portanto, partindo de uma concepção sócio-construtivista-interacionista do jogo, ou seja, pensando-o como um meio de garantir a construção do conhecimento e a interação entre os indivíduos; a possibilidade de trazer o jogo para dentro da escola é a possibilidade de pensar a educação numa perspectiva criadora, autônoma e consciente.
Para Fortuna (2002, p.465), o brincar:
[…]Associa pensamento e ação, é comunicação e expressão, transforma e se transforma continuamente, é um meio de aprender a viver e de proclamar a vida. Um direito que deve ser assegurado a todos os cidadãos, ao longo da vida, enquanto restar, dentro do homem, a criança que ele foi, um dia, e enquanto a vida nele pulsar. Quem vive, brinca.
A emoção e o prazer da descoberta no jogo tendem a tornar a aprendizagem rica e importante, de modo a estabelecer a relação entre o aprender e o brincar, contextualizando o saber e destacando a funcionalidade do lúdico na construção cultural do sujeito.
Para tanto, o professor de sala de aula precisa saber que a criança cega consegue estabelecer contato com o mundo a sua volta, mas para isso precisa explorar através do contato físico todas as possibilidades, criando um referencial não visual, uma vez que possuem o mesmo potencial de desenvolvimento de crianças videntes, mas tudo depende do mediador, aquele que oportuniza o conhecer a ela, pois quando toca um objeto esta criança vai formando seus conceitos, baseados no toque e na descrição a ser estabelecida, dessa forma ela irá se desenvolver cognitiva, motora e psicologicamente, sendo capaz de identificar diferentes sons, cheiros, imitar e locomover-se com autonomia, porque a criança não se percebe incapaz perante o mundo.
Dessa forma, no jogo é importante que o corpo e a mente estejam unidos, contribuindo para a obtenção do conhecimento, através da sistematização dos conceitos informais, sendo um componente curricular que integra todo o universo cultural que se almeja construir na escola, oferecendo ao aluno elementos para o desenvolvimento de habilidades, possibilitando-o alcançar seu pleno desenvolvimento para evidenciar, mais tarde, sua totalidade como cidadão.
Contudo, é importante que a instituição escolar esteja voltada para a problemática social, a inclusão, e perceba qual sua função. Que estejam abertas as mudanças paradigmáticas, fugindo à robotização humana, favorecendo e organizando seus tempos e espaços, bem como estar aberta as discussões e a participação da comunidade escolar.
Nessa perspectiva, precisa pensar a administração do tempo e do espaço que gera conflitos, porque permite e exige um espaço de trabalho mais rico, flexível, democrático, favorecendo a interação de todos os segmentos que compõem a esfera escolar. Não é uma tarefa fácil, mas exige perspicácia, persistência e competência dos que defendem e acreditam nesta causa, educadores, pais, alunos e comunidade.
O jogo será o elemento desencadeador de toda a transformação social na esfera escolar, porque ao propô-lo o educador mexerá, literalmente, com a estrutura organizacional de cada aluno, ritmo, tempo, pensamento, criação, mas que deve ser respeitado, visto que:
A escola que oferece um modelo sadio de aprendizagem é aquela que organiza um espaço para, e a partir dele significar o conhecimento dos alunos sobre sua realidade, respeitando seus processos cognitivos. Redimensionar as relações de aprendizagem em sala de aula implica em abandonar a ação pedagógica centrada única e exclusivamente na objetividade intelectualizada (ESCOTT, 1997, p. 314).
O professor é a peça chave na condução do aluno cego rumo à aquisição de uma aprendizagem significativa, porque compete a ele conhecer todo o processo de construção de conceitos de seu aluno para que possa estabelecer critérios que sejam adequados às práticas adotadas para com este aluno.
3. ESTRATÉGIAS LÚDICAS PARA MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Este capítulo tem como objetivo demonstrar a importância da música na educação Especial, pois pretende-se analisar formas que colaborem com o processo de ensino e de aprendizagem. Compreender a música como linguagem e forma de conhecimento, leva a ver a criança não como um ser estático e sim como alguém que interage o tempo todo com o meio, organizando suas ideias e pensamentos. Os primeiros anos de aprendizagem são propícios para que a criança comece a entender o que é linguagem musical, aprenda a ouvir sons e a reconhecer diferenças entre eles.
Todo o trabalho a ser desenvolvido na educação infantil deve buscar a brincadeira musical, aproveitando que existe uma identificação natural da criança com a música. A atividade deve estar muito ligada à descoberta e a criatividade. Os objetivos deste projeto foram verificar teóricos que contribuam com a metodologia utilizada no trabalho musical realizado com as crianças. As crianças em idade de escolarização sempre demonstram interesse pela música, desta forma pretende-se também explorar esse interesse natural da criança pela música.
3.1 O QUE É A MÚSICA
A música é uma forma de linguagem e de comunicação, desperta no ser humano vários sentimentos, como alegria, tristeza, saudade, além de contribuir para a socialização e interação com os demais. A música na educação é um eixo da grade curricular e através dela proporciona as crianças da educação Especial desenvolvimento no processo de aprendizagem.
A contribuição da música para a formação da criança na Educação Especial Infantil, é um processo contínuo de construção e envolve vários sentidos do ser humano, a Música é uma linguagem muito importante, é um meio de expressar sentimentos e ideias dos mais variados. O silêncio, os vários sons, ruídos e suas combinações, já despertam sentidos e significados desde o início da vida quando o ser humano ainda é um bebê já estão assimilando tudo ao seu redor, quando começa a aprender a falar, compreendendo o tempo e espaço.
O Objetivo deste trabalho é o de proporcionar conhecimento e interesse na área, estimular novos trabalhos com a música, explorar novas técnicas de trabalho que sejam significativas para a aprendizagem das crianças
3.2 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Através da linguagem musical pode se chamar a atenção para o estímulo ao desenvolvimento do instinto rítmico (com ordens para andar, correr, pular, rolar, balançar); marcação da pulsação com palmas e com os pés, dramatizações simples como imitação de animais (seus movimentos e sons); relacionamento do pulso musical à pulsação do coração, fazendo a criança ouvir o coração do amigo, em repouso e depois de correr; apresentação de canções que sugiram movimentos de acordo com a pulsação da música.
Todos os sentidos humanos são muito importantes para conhecer e explorar o mundo, mas o que muitas pessoas não sabem é sobre o fato de que a audição é um dos mais importantes para a exploração mais precisa e rica de vivências e descobertas, ou seja ouvir é essencial antes de tudo. A criança por si só é bastante curiosa, portanto qualquer ruído a distrai, mas a música, pode ter o efeito de concentração, pois ativa regiões do cérebro da criança onde está seu lado poético e artístico.
Enquanto a linguagem musical não for pensada como uma das formas de conhecimento que integra a formação da personalidade humana, o ensino musical será visto como ensinamento acessório não incorporado à totalidade curricular, quando comparado a áreas bem mais estruturadas, o que inviabiliza uma atuação funcional eficiente (LIMA, apud SOBREIRA, 2008, p.49).
Como orientação aos professores, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Especial sugere que cada profissional faça um contínuo trabalho pessoal, no sentido de sensibilizar-se em relação às questões inerentes à música; reconhecer a música como linguagem, cujo conhecimento se constrói; entender e respeitar como as crianças se expressam musicalmente em cada fase, para, a partir daí, fornecer os meios necessários (vivências, informações, materiais) ao desenvolvimento de sua capacidade expressiva.
A música é uma ferramenta que contribui para a formação integral do ser humano. Por meio dela a criança entra em contato com o mundo letrado e lúdico. Ensinar utilizando-se da música, ajuda a criança a valorizar uma peça musical, teatral, concertos, pois, dando a oportunidade do conhecimento dos vários gêneros musicais, ela tem a oportunidade de construir sua autonomia, criatividade, aquisição de novos conhecimentos e criticidade.
Por sua estrutura, a linguagem não é simples reflexo especular da estrutura do pensamento, razão pela qual não pode esperar que o pensamento seja uma veste pronta. A linguagem não serve como expressão de um pensamento pronto. Ao transformar-se em linguagem, o pensamento se reestrutura e se modifica. O pensamento não se expressa, mas se realiza na linguagem (VYGOTSKY, 2001a, p.412).
A criança não é um ser estático, ela interage o tempo todo com o meio e a música tem este caráter de provocar esta interação, pois, ela traz em si ideologias, emoções, histórias que muitas vezes se identificam com as de quem as ouvem. Contudo, percebe-se que em todo o ensino há necessidade de uma mudança com relação à utilização da música na Educação Especial.
Apresentar e dar oportunidade à criança de conhecer os vários ritmos e gêneros musicais trará a esta criança a possibilidade de tornar-se um ser crítico capaz de comunicar-se por meio da diversidade musical. A música também pode ser usada na Educação Infantil com crianças de 0 a 5 anos em contribuição para o processo ensino-aprendizagem. Utilizando seus vários níveis de alcance desde a socialização até o gosto musical da criança.
3.3 BRINCANDO COM A MÚSICA
Compreende-se que para que a criança na faixa etária de educação Especial seja bem orientada ela necessita do Pedagogo, o profissional que tem a formação para lidar com o lúdico, jogos brincadeiras e também a música.
Podemos compreender que a música se relaciona com os aspectos lúdicos para a criança, assim como também o é para o adulto, nesse sentido a criança tem o direito a brincar a ouvir música, tudo que lhe é próprio da sua infância.
Segundo Junqueira Filho (2006), a criança possui um desejo, uma necessidade de aprendizagem. Para ele, “[…] o processo de seleção e articulação dos conteúdos programáticos em creches e pré-escolas só atingirá os desejos, interesses e necessidades das crianças, se realizado a partir da leitura articulada, pelo professor, das diferentes linguagens a partir das quais as crianças se produzem e se inscrevem no dia a dia de sua vida, seja em família, seja na escola de educação infantil especial” (JUNQUEIRA FILHO, 2006, p. 13).
Uma das linguagens bem conhecidas da educação infantil da educação especial é Linguagem sonoro-musical – sons da natureza, sons da cultura, sons do corpo, música ouvida e cantada. A Música desperta o lado afetivo e sensível de uma pessoa, no ato de carinho de abraçar alguém, de ter reflexões no momento de ouvir um ritmo calmo, com letras que lhe despertem esses sentimentos. Destacando todo esse contexto social de expressão humana, a música é essencial no meio social, uma linguagem muito forte que se justifica por si só na educação em um contexto geral e é fundamental ter início na educação infantil, quando se está no início de descobertas e aprendizagens, para focar e ter um melhor resultado em um ser humano, que crie, aprecie e reflita em todos os aspectos.
De acordo com Silva (apud JORDÃO, 2012, p.146), “Cientistas acreditam que a música possibilita o cérebro para formas superiores de raciocínio”. “Aliado a isso, as novas gerações poderão transformar nossa sociedade com mais criatividade, equilíbrio, alegria e cultura.
A realização musical implica tanto em gesto como em movimento os diferentes sons que percebe. Os movimentos de flexão, balanceio, torção, estiramento etc., estabelecem relações diretas com os diferentes gestos sonoros (BRASIL,1998, p.61).
A criança se desenvolve vertiginosamente através da música, concebem o mundo de uma maneira mais lúdica e prazerosa, trabalha seu gestual, se expressam melhor, muitas vezes perdem sua timidez, conquistam grupos de amizade, desde pequenas as crianças começam a assimilar e a decodificar até sons que demonstrem outras como expressões de raiva, alívio e dor.
Ao crescerem podem adquirir várias habilidades, e podem brincar com pequenos instrumentos musicais, explorando os sons, o movimento e outros brinquedos modernos, como carrinhos de sirene e joguinhos, no brincar associam o barulho do carrinho e imitam o som com o barulho da boca, diferenciando para cada brinquedo e brincadeira.
As crianças aprendem a utilizar os recursos expressivos de sua cultura. Falam alto quando querem chamar atenção, falam baixo para contar um segredo e usam adequadamente o tom de voz para mostrar seriedade ou brincadeira. Elas logo aprendem o significado de “psssiu”..e “hum”!!! Também reconhecem quando o “ai”, é uma reclamação ou uma expressão de alívio. As crianças são muito receptivas a esses sons, decifrando e criando significados (MAFFIOLETTI CRAYDY, 2001, p.127).
A música está em todos os lugares, na natureza, nos animais, todo som pode-se tornar música, e para as crianças em seu processo lúdico de aprendizagem qualquer ruído é uma música, e através desses momentos que o Pedagogo pode construir suas metodologias, avaliando o que a própria criança tem a oferecer, a música pode ser retirada de qualquer lugar; da boca, do chão, das palmas, e é com a imaginação da criança que essa prática é construída pois eles aprendem tudo muito rápido, fazendo com que tenha valor cada minuto junto a eles, em seu fantástico mundo infantil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término deste trabalho podemos observar o que o lúdico é uma ferramenta essencial para compreendermos como funciona o modo que cada educando se adapta e reage quando são apresentadas as brincadeiras concernentes a cada dia.
Além disto, foram essenciais as informações coletadas sobre como desenvolver as atividades com pessoas que possuem algum tipo de necessidade especial, ou seja, as definições sobre educação inclusiva, ludicidade é uma forma de evidenciar que se podem realizar muitas atividades, pois não devemos limitá-los, mas buscar como deve ser trabalhada tal atividade lúdica para um melhor aproveitamento.
Por isso, a proposta lúdica centrada no brincar inclui e recebe a todos, que articula a convivência tolerante com as diferenças, liga-se nessa rede, onde no exercício do encontro humano, cada momento é único, subjetivo e singular.
Portanto, o lúdico e a musicalização é essencial no aprendizado, como proposta de mudança de paradigmas, de maneira que promova a inclusão e oportunidade de conhecer, de saber quais atividades pertinentes para o educando que possui necessidade especial, considerando que não são uma atividade complementar as outras, mais sim uma atividade que auxilia na construção da identidade complementar as outras, mas sim uma atividade que auxilia na construção da identidade e da personalidade.
Enfim, trata-se de questionar se essas crianças têm estruturas suficientes para usufruir daquilo que o convívio social pode lhes proporcionar enquanto abertura a novos laços sociais e se a escola reconhece a criança menos sob a ótica de suas capacidades cognitivas do que na sua condição de sujeito do desejo. A inclusão só acontece realmente quando o educando dá certo com a escola como um todo, não somente com o educador.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, P.N. Educação lúdica: técnica e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.
AMORIM, M. Atirei o pau no gato: a pré-escola em serviço, São Paulo: Brasiliense, 1994.
ARANHA, M. L. A. História da educação. 2da edição. São Paulo: moderna, 2002.
BARRETO, S. De Jesus, Psicomotricidade: educação e reeducação. Blumenau: Odorizzi, 1998.
C.N.E. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB n. 2/200l. Diário Oficial da República, Brasília, 14 set. 2001.
CHATEAU, Jean. O jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987.
ESPINDOLA, M. A construção da afetividade.
Disponível em WWW.espirito.org.br.portal/palestras/Piaget/afetividade. Acesso em 15 de julho de 2016.
FERREIRA, P. V. P. Afetividade e cognição. Disponível em WWW.psicopedagogia.com.br. Acesso em 15 de julho de 2016.
FREIRE, P. Pedagogia de autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 16 edição. Petrópolis: Rio de Janeiro. Vozes. 2007.
KISHIMOTO, T.M. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 1996.
KISHIMOTO, T, M. O jogo, a criança e a educação. São Paulo, tese (livre-doc.) USP 1992.
LDB. Leis e Decretos. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1998.
_______. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. Saberes e práticas da inclusão. MEC/seesp, 2005.
LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 1998.
LE BOULCH, J. O Desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. Porto Alegre: Artmed, 1982.
MACEDO, L. de; PETTY, A. L. S.; PASSOS, N. C. Os jogos e o lúdico na aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MARCELLINO, N. C. Pedagogia da animação. São Paulo: Papirus, 1990.
MOHONEY,A. A; ALMEIDA,R de A. Constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon, São Paulo: Edições Loyola. 2004.
MOYLES, J. T.R. Só brincar o papel do brincar na educação infantil. Tradução, Maria Adriana. Porto Alegre, Artmed, 2002.
NEGRINE, A. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Propil, 1994.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. São Paulo: Zahar, 1975. . O raciocínio na criança. Rio de Janeiro: Record. 1967, p.241.
RAU DORNELES, M.C.T. A ludicidade na educação. Curitiba: IBPEX editora; Segunda edição. 2005.
RESENDE, C. A.. Didática em Perspectiva. São Paulo: Tropical, 1999.
ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira, 1979.
SANTOS, S. M. P. dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
SNEYDERS, G. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
TAILLE, Y. de La. Piaget, Vygostky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo. Summus, 1992.
TOLKMITT, V.M. Educação física, uma produção cultural: do processo de humanização a robotização. Curitiba: modulo 1993.
VYGOSTKY, L.S. A formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
WAJSHOP, Gisela. Brincar na Pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.
WALLON, H. A Evolução psicológica da criança – Lisboa; edição 70, 1981.
Psicologia e educação da criança. Lisboa: Vega – Universidade. 1997.
WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: IMAGO, 1975.