ATRASO MOTOR EM CRIANÇAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA: DESCRIÇÃO DA FISIOTERAPIA NAS ESCOLAS PARA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202506301506


Carla Cristina Caldas Gomes
Carolina da Cunha Silva
Emanoelle da Silva Santos Alves
Karol Alves Bandeira
Orientador: Prof. Flávio Leão Borges


RESUMO 

Esta revisão integrativa analisou o papel da fisioterapia no desenvolvimento motor infantil, especialmente no contexto da atenção primária e inclusão escolar. Dados do Ministério da Saúde (2023) revelam que 12% das crianças brasileiras até cinco anos apresentam suspeita de atraso no desenvolvimento, enquanto projeções globais indicam que 120 milhões de crianças poderão ter atraso no crescimento até 2030, com potenciais consequências neuromotoras irreversíveis. 

O desenvolvimento motor progride de habilidades simples para complexas, resultando da interação entre tarefas motoras, características biológicas individuais e fatores ambientais. Atrasos neste processo podem comprometer significativamente atividades diárias, relações sociais e desempenho escolar, conforme evidenciado nos estudos de Willrich (2009), Rosa Neto (2010) e Beltrame (2016). Estes autores demonstram a relação estreita entre desenvolvimento motor e cognitivo, destacando como o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação impacta negativamente o autoconceito e participação social das crianças. 

O fisioterapeuta, amparado pela Resolução COFFITO N°80/87, possui autonomia para avaliação, prevenção e tratamento de distúrbios do movimento, transcendendo ações meramente reabilitadoras. No ambiente escolar, este profissional contribui significativamente para a inclusão de crianças com deficiência física, implementando técnicas específicas e adaptações que minimizam limitações funcionais. 

A metodologia desta revisão seguiu o modelo PICO, examinando seis bases de dados que resultaram em 3.403 registros iniciais, dos quais 17 artigos foram selecionados após criteriosa triagem. Os dados foram categorizados tematicamente, destacando o papel dos fisioterapeutas na promoção do desenvolvimento infantil e na educação em saúde, contribuindo para práticas baseadas em evidências no contexto da atenção primária. A revisão evidencia a lacuna na literatura sobre a atuação do fisioterapeuta escolar na prevenção, orientação e inclusão. Justifica-se pela necessidade de compreender o impacto deste profissional no desenvolvimento neuropsicomotor infantil e sua contribuição para famílias em vulnerabilidade econômica, adaptando atividades para crianças com necessidades especiais no ambiente escolar. 

Palavras-chave: Desenvolvimento Motor Infantil; Fisioterapia; Atenção Primária; Inclusão Escolar; Intervenção Precoce. 

ABSTRACT 

This integrative review analyzed the role of physiotherapy in child motor development, especially in the context of primary care and school inclusion. Data from the Ministry of Health (2023) reveal that 12% of Brazilian children up to the age of five are suspected of having developmental delays, while global projections indicate that 120 million children could have growth delays by 2030, with potential irreversible neuromotor consequences. Motor development progresses from simple to complex skills, resulting from the interaction between motor tasks, individual biological characteristics and environmental factors. Delays in this process can significantly compromise daily activities, social relationships and school performance, as evidenced in studies by Willrich (2009), Rosa Neto (2010) and Beltrame (2016). These authors demonstrate the close relationship between motor and cognitive development, highlighting how Developmental Coordination Disorder negatively impacts children’s self-concept and social participation. The physiotherapist, supported by COFFITO Resolution N°80/87, has autonomy to assess, prevent and treat movement disorders, transcending merely rehabilitative actions. In the school environment, this professional contributes significantly to the inclusion of children with physical disabilities, implementing specific techniques and adaptations that minimize functional limitations. The methodology of this review followed the PICO model, examining six databases that resulted in 3,403 initial records, of which 17 articles were selected after careful screening. The data were categorized thematically, highlighting the role of physiotherapists in promoting child development and health education, contributing to evidence-based practices in the context of primary care. The review highlights the gap in the literature on the role of school physiotherapists in prevention, guidance and inclusion. It is justified by the need to understand the impact of this professional on child neuropsychomotor development and its contribution to families in economic vulnerability, adapting activities for children with special needs in the school environment.

Keywords: Child Motor Development; Physiotherapy; Primary Care; School Inclusion; Early Intervention.

1. INTRODUÇÃO 

De acordo com pesquisa do (Ministério da Saúde, 2023) cerca de 12% das crianças brasileiras de até cinco anos têm suspeita de atraso no desenvolvimento e não apresentam os comportamentos e habilidades esperados para essa faixa etária. 

Os dados coletados através da Revista Científica de Alto Impacto desenvolvimento motor é um processo sequencial e contínuo, associado com a idade cronológica, na qual o comportamento motor modifica-se ao longo do ciclo da vida, progredindo de movimentos simples e desorganizados para habilidades motoras complexas e organizadas. Tal mudança é resultado das interações das exigências da tarefa motora, das características biológicas do indivíduo e do ambiente onde se insere (Revistaft, C. L. 2024). É possível ser moldado a partir de diferentes estímulos externos, é muito importante a identificação precoce de crianças expostas a fatores de risco, assim como a avaliação de seu desenvolvimento, a fim de prever ou minimizar prejuízos futuros (Willrich A, et al., 2009). 

Os atrasos e comprometimentos nos marcos motores e na aquisição das habilidades básicas, podem produzir efeito significativamente negativo no desenvolvimento global, assim como em atividades de vida diária, relações sociais, emotivas, afetivas e no ambiente escolar. A criança que apresenta dificuldades no desempenho de habilidades motoras fundamentais diminui as chances ou tem prejuízos na participação em atividades motoras escolares, reduzindo seu   desenvolvimento neuropsicomotor, engajamento e interação social em futuras atividades que fazem parte do seu cotidiano, afetando assim sua qualidade de vida (Beltrame, t. s. et al., 2016). 

De acordo com (Ministério da saúde, 2022), por meio do relatório de 2016 sobre a situação mundial da infância. Quase 120 milhões de crianças em 2030 puderam ter atraso no crescimento, prejudicando assim seu desenvolvimento neuromotor, com algumas consequências irreversíveis. Dessa forma podemos afirmar que o desenvolvimento infantil, principalmente nos primeiros meses de vida, deve ser tido como prioridade. Nas literaturas especializadas há concordância que o desenvolvimento da criança não depende apenas da maturação do sistema nervoso central (SNC), mas como também diversos fatores: biológicos, relacionais, afetivos, simbólicos, contextuais e ambientais. Essa diversidade de fatores e dimensões envolvidas com o desenvolvimento infantil evidencia-se nas experiências e nos comportamentos dos bebês e das crianças, da forma como agem e a sua interação com objetos, pessoas, situações e ambientes. Podemos informar que a obtenção dos marcos de desenvolvimento pelas crianças que dependem da operação do SNC e de outras dimensões do funcionamento orgânico, bem como da quantidade e da qualidade dos estímulos e das relações que a criança vivencia. Consequentemente, fatores internos e externos que perturbem o desenvolvimento podem provocar, com maior ou menor intensidade, prejuízo nesse processo. 

As crianças que por algum motivo não podem participar das atividades típicas dos colegas da mesma idade podem padecer com dificuldades sociais e emocionais, porque a idade escolar é uma fase da vida onde obtêm-se seu lugar no grupo, por meio do seu envolvimento em atividades lúdicas como brincadeiras e atividades físicas. 

2. O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA 

O Fisioterapeuta busca a recuperação da capacidade do movimento humano. É ele quem avalia, previne e trata os distúrbios da cinesia humana, sejam decorrentes de alterações de órgãos e sistemas ou com repercussões psíquicas e orgânicas (CREFITO 1). 

Pode-se reiterar que o profissional fisioterapeuta tem autonomia e qualificação para executar diversas atividades, como avaliar pacientes, estabelecer diagnósticos fisioterapêuticos, planejar e programar ações preventivas, além de educação em saúde, gerenciamento de serviços de saúde, emissão de laudos de nexo de causa laboral entre outras (Rev Bras Fisioter. 2009). 

A Resolução do COFFITO N°80/87 informa sobre a importância da inclusão do fisioterapeuta nas diversas áreas da saúde, devido a sua formação acadêmica, o profissional é habilitado e deve atuar juntamente com outros profissionais, nesse entendimento, sendo indispensável sua atuação na atenção à saúde ofertada a população. 

De acordo com o Ministério da Educação, o fisioterapeuta é um profissional habilitado a atuar em diversas áreas relacionadas à saúde; e não deve ficar limitado somente a ações curativas e reabilitadoras (DELIBERATO, Paulo César P. 2002) 

2.1. A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ESCOLA 

A atuação do fisioterapeuta no ambiente escolar é assegurada pelo código de ética profissional. Este código decide as responsabilidades fundamentais do fisioterapeuta. “É atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicos com finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente”. É importante que o fisioterapeuta venha a dominar os seguintes objetivos comportamentais, no que diz respeito a sua contribuição para a educação das crianças portadoras de deficiência: reconhecer a importância da fisioterapia como contribuição para a educação; tomar consciência da importância do desenvolvimento sensório-motor na aprendizagem; identificar os padrões posturais característicos da criança portadora de paralisia cerebral que influenciam suas atividades escolares; caracterizar os déficits e impedimentos determinados por esses padrões posturais, em termos genéricos e em casos particulares; discriminar e utilizar as diferentes formas de técnicas e equipamentos acessíveis ao professor no ensino da criança; e desenvolver relações profissionais indispensáveis ao trabalho em equipe (Durce, et al.2006) 

A reabilitação é o desenvolvimento completo do potencial físico, psicológico, social, profissional, não profissional e educacional de um indivíduo, dentro do seu comprometimento fisiológico ou anatômico, levando em conta limitações ambientais. 

O papel do fisioterapeuta é realçar as técnicas de recursos auxiliares existentes na fisioterapia que poderão ser utilizadas para minimizar as dificuldades do deficiente físico. Por meio de técnicas especiais e adequação de equipamentos e mobiliário podem-se criar condições para uma melhor adaptação, atuação e oportunidades para as crianças deficientes em termos de desenvolvimento de suas capacidades e trocas de experiência com o meio (Durce, et al.2006). 

Os aspectos da inclusão escolar de crianças deficientes e como o fisioterapeuta fazendo parte de uma equipe multidisciplinar pode atuar de forma efetiva neste processo. Em Salamanca, no ano de 1994, na Espanha, ocorreu um evento muito importante, que é a Conferência Mundial sobre as Necessidades Educativas Especiais (NEE), a qual foi abordado sobre a igualdade educacional e sem fazer distinções de classes, qualificando como dever dos governos a inserção dessas crianças no sistema regular de ensino. Fica claro que, por direito, o acesso de deficientes é livre nas escolas regulares e, desse modo, a escola tem de se apresentar como um contexto inclusivo, ou seja, deve estar preparada para receber todos os alunos. A implementação de uma equipe multidisciplinar que é composta por várias especialidades como educadores, médicos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fisioterapeutas dentro do ambiente escolar é de suma importância. 

Cabe ao fisioterapeuta instruir o professor sobre o posicionamento e manuseio para a criança portadora de deficiência física, bem como orientá-la na seleção e uso de equipamentos, mobiliários, dispositivos de suporte, adaptação e facilitação dos padrões posturais, tanto no ambiente de sala de aula como em atividades extra-classe como passeios, jogos recreacionais, enfim, em qualquer atividade (Durce, et al.2006). 

3. OBJETIVOS 

3.1 Objetivo geral 

Descrever a atuação da Fisioterapia nas Escolas para Promoção do Desenvolvimento Motor na primeira infância. 

3.2 Objetivos específicos 

I – Traçar o perfil epidemiológico das crianças em desenvolvimento motor na primeira infância; 

ll – Compreender os desafios do desenvolvimento motor infantil; 

lll – Buscar as possibilidades para construir as habilidades motoras na primeira infância no ambiente escolar. 

4. JUSTIFICATIVA 

Segundo Piaget (1967), as crianças passam por estágios de desenvolvimento cognitivo, nos quais constroem ativamente o conhecimento através da interação com o ambiente. Essa convivência é primordial para o desenvolvimento íntegro, pois proporciona à criança a oportunidade de conhecer, testar e aprender. Para incentivar o desenvolvimento global do aluno é primordial a aplicação de variados recursos. 

A primeira infância é um período crucial para o desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional. Muito do que somos na adolescência e na idade adulta são resultados das nossas experiências e aprendizados, cujo esses são moldados desde a primeira infância. Caso tenhamos atrasos no desenvolvimento motor, algum tipo de dificuldade de interação ou dificuldade de aprendizado, mesmo que sutis, podem postergar ou impedir certos tipos de ações ou atividades. A abordagem fisioterapêutica nas escolas terá um olhar clínico nas disfunções motoras, sensoriais e comportamentais. Podendo assim, existir uma atuação precoce junto com a instituição escolar, família e equipe multidisciplinar, promovendo saúde e qualidade de vida. 

O papel do fisioterapeuta é lidar com a motricidade humana, e seu trabalho vai muito mais além do que cuidar da doença instalada na criança, mas sim, pode operar no sentido de prevenir doenças, proporcionar a saúde e o desenvolvimento infantil; ele pode atuar no próprio ambiente em que a criança está inserida, de modo a proporcionar condições favoráveis para o seu desenvolvimento global (VITTA; et al., 2000). 

  1. Estímulo ao Desenvolvimento Motor: Crianças pequenas estão aprendendo habilidades motoras básicas, como correr, saltar e equilibrar-se. A fisioterapia pode ajudar a melhorar essas capacidades, promovendo coordenação e equilíbrio (AIDPI 2005). 
  2. Detecção e Intervenção Precoce: Alguns distúrbios motores ou neurológicos podem ser identificados na primeira infância. Um projeto de fisioterapia escolar pode facilitar intervenções rápidas e eficazes, otimizando os resultados. (TUDELLA,1989)
  3. Promoção de Hábitos Saudáveis: Introduzir a ideia de cuidar do corpo desde cedo incentiva as crianças a adotarem hábitos saudáveis ao longo da vida. (RIDGERS, N. D. et al. 2012) 
  4. Integração Social e Inclusão: Crianças com necessidades especiais podem se beneficiar do suporte fisioterapêutico para participar plenamente de atividades escolares, promovendo maior inclusão e interação social (MOLOCHENCO; et al., 2002). 
  5. Método Focado na Criança: É fundamental reconhecer e valorizar as vivências, interesses e competências das crianças para estimular seu desenvolvimento completo. Um método que prioriza a criança consiste em estabelecer um ambiente educacional que respeite sua singularidade e favoreça sua independência. Isso pode ser alcançado por meio de atividades que se baseiem nos interesses e experiências dos pequenos, além de proporcionar opções e oportunidades para que tomem decisões. (PORTAL EPITAYA, 2024). 
  6. Ambientes de Aprendizagem Inclusivos e Diversificados: Promover um ambiente de aprendizagem inclusivo e diversificado é fundamental para atender às necessidades individuais de todas as crianças e promover seu desenvolvimento integral. Isso inclui criar espaços físicos e materiais acessíveis e estimulantes, oferecer atividades e recursos que reflitam a diversidade cultural e social das crianças, e adotar práticas pedagógicas que valorizem e respeitem a individualidade de cada criança. Nesse sentido, Black (2009) ressalta que um ambiente de aprendizagem positivo envolve a criação de relações interpessoais positivas entre alunos e professores, bem como a valorização da diversidade e inclusão de todos os estudantes, respeitando suas individualidades e necessidades.  

5. METODOLOGIA 

5.1 Tipo de estudo 

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, método que permite a síntese do conhecimento produzido sobre um determinado tema, de forma sistemática e ordenada, contribuindo para a prática baseada em evidências. Essa abordagem possibilita a identificação, análise e síntese de resultados de pesquisas já publicadas, com o intuito de responder a uma questão de pesquisa específica. 

A construção da revisão Integrativa seguiu as etapas propostas por Willrich, Revistaft, Beltrame, Fiocruz, Durce, Baú LM, Rezende M, Deliberato, Prado, Croker, Vitta, Opas, Ridgers, Tudella, Molochenco. 

Elaboração da pergunta norteadora: A pergunta foi construída com base na estrutura PICO (População, Intervenção, Comparação, Resultado), adaptada ao contexto da revisão integrativa, visando direcionar a busca por evidências relevantes. 

Definição dos critérios de inclusão e exclusão: Foram incluídos estudos disponíveis na íntegra, publicados nos últimos 10 anos, em português e inglês, que abordassem estratégias educativas desenvolvidas por Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais no contexto da Atenção Primária no Desenvolvimento Motor na Primeira Infância. Excluíram-se cartas ao leitor, resumos simples de eventos e duplicatas. 

Seleção das bases de dados: A busca foi realizada nas seguintes bases de dados eletrônicas, SciELO, MEDLINE via PubMed, Cochrane, BVS, CDC. Utilizando descritores controlados conforme o DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings), combinados por operadores booleanos (AND, OR). 

Procedimento de busca: A busca bibliográfica foi conduzida por meio da combinação dos seguintes descritores: “Saúde da Criança”, “Desenvolvimento Motor Infantil”, “Fisioterapia na saúde da Criança”, “Fisioterapia no Desenvolvimento Motor”, “Fisioterapia nas Escolas” e “Desenvolvimento Motor na Primeira Infância”. 

Triagem e seleção dos estudos: Os resultados foram inicialmente analisados por título e resumo, seguidos da leitura na íntegra dos textos potencialmente relevantes. Este processo foi auxiliado pelo uso do software Rayyan QCRI, que simplifica a triagem por pares e previne vieses na escolha. 

Extração e análise dos dados: Os dados foram extraídos por meio de um instrumento padronizado contendo informações como: autor, ano, país, tipo de estudo, população-alvo, tipo de intervenção/estratégia educativa, e principais resultados. A análise dos dados seguiu abordagem qualitativa, com categorização temática dos achados. 

Síntese dos resultados: Os dados foram organizados facilitando a apresentação e a comparação entre os estudos selecionados. As categorias emergentes foram discutidas à luz da literatura científica, destacando as contribuições dos Fisioterapeutas para o processo de Desenvolvimento Motor na Primeira Infância, e para promover uma conscientização em educação em saúde. 

Foram incluídos número de relatos identificados no banco de dado de buscas: PubMed (n= 2589), Cochrane (n=163), Scielo (n=252), BVS (n=80), CDC (n=20), MEDLINE (n= 268), LILACS (n=31) total de 3403. Com base nas pesquisas realizadas, foram incluídos apenas 17 artigos científicos neste estudo de espécie humana, crianças na primeira infância e com idiomas português e inglês, publicados nos últimos 36 anos. 

Foram excluídos os estudos observacionais, os que associavam diversas terapêuticas, relatos de caso, revisão de literatura, revisão sistemática com meta-análise ou não, artigos realizados em animais. 

6. REFERENCIAL TEÓRICO 

O desenvolvimento motor das crianças é um processo em constante mudança, influenciado por vários elementos biológicos e ambientais. Alterações nesse processo podem levar a atrasos motores, impactando o desempenho funcional e a qualidade de vida das crianças. O artigo de Willrich, Azevedo e Fernandes (2009) analisa os fatores de risco associados a esses atrasos e destaca a importância dos programas de intervenção precoce na promoção do desenvolvimento motor adequado. O desenvolvimento motor ocorre de forma progressiva e está interligado a aspectos neurológicos, musculoesqueléticos e ambientais. Durante a infância, a aquisição de habilidades motoras segue padrões típicos, como a sequência cefalocaudal e proximodistal, sendo essencial para a independência funcional da criança. 

Willrich et al. 2009 destacam que as diferenças no ritmo do desenvolvimento motor podem estar relacionadas a fatores genéticos, pré-natais e ambientais, tornando fundamental a identificação precoce de alterações para a implementação de estratégias preventivas. 

Os fatores de risco podem ser classificados em prematuridade, baixo peso ao nascer, complicações perinatais, doenças genéticas e alterações neurológicas, como paralisia cerebral e síndromes genéticas. Nível socioeconômico baixo, estímulo reduzido, institucionalização prolongada e privacidade de experiências motoras adequadas. Falta de acesso a serviços de saúde, práticas inadequadas de criança nos primeiros anos e negligência no estímulo motor. 

O Fisioterapeuta busca a recuperação da capacidade do movimento humano. É ele quem avalia, previne e trata os distúrbios da cinesia humana, sejam decorrentes de alterações de órgãos e sistemas ou com repercussões psíquicas e orgânicas (CREFITO 1). 

O autor enfatiza que a interação entre esses fatores pode potencializar o impacto no desenvolvimento motor infantil, reforçando a necessidade de intervenção precoce. Para um programa de intervenção é fundamental minimizar os efeitos negativos dos fatores de risco. Segundo Willrich et al. 2009, tais programas devem ser estruturados conforme as necessidades individuais da criança e podem incluir, estimulação precoce; intervenções fisioterapêuticas; terapia ocupacional e atividades lúdicas adaptadas. Treinamento de cuidadores e professores, orientação sobre práticas de estímulo motor no ambiente domiciliar e escolar. Adaptações ambientais; modificações nos espaços e brinquedos para incentivar o movimento e a exploração ativa. Atividades motoras dirigidas, exercícios específicos para fortalecimento muscular; melhora da coordenação e do equilíbrio. 

Essas intervenções têm sido amplamente estudadas e demonstram impacto positivo no desenvolvimento de crianças com risco de atrasos motores, favorecendo sua participação nas atividades diárias e sociais. 

Avaliação dos marcos de desenvolvimento motor. Podendo comparar a idade motora com a cronológica, identificar as causas dos atrasos e definir um plano terapêutico eficaz (AIDPI 2005). 

O estudo de Willrich et al. (2009) evidencia a importância da identificação precoce dos fatores de risco para o atraso motor e da implementação de programas de intervenção adequados. A promoção do desenvolvimento motor na infância não apenas melhora a funcionalidade da criança, mas também contribui para um melhor desempenho escolar e social. Dessa forma, a integração entre profissionais da saúde e educação é essencial para garantir um suporte abrangente e eficaz, prevenindo impactos negativos no desenvolvimento infantil. 

A pesquisa fundamenta-se em estudos que destacam a conexão estreita entre o que a criança aprende e o que consegue executar, ressaltando as possíveis correlações entre o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento motor.  Autores como Rosa Neto et al. (2010) são mencionados para reforçar essa conexão, indicando que um desempenho motor adequado está relacionado a um bom rendimento escolar. 

Além disso, o estudo utiliza a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), descrita por Rosa Neto (2010), como instrumento de avaliação das áreas do desenvolvimento motor infantil, englobando a coordenação motora fina e global, o equilíbrio, a estrutura corporal, a organização espacial e temporal, e a lateralidade. Essa escala é reconhecida por sua aplicação atrativa para crianças e por oferecer uma avaliação completa e esclarecedora do desenvolvimento motor. 

Discute a importância das condições ambientais e dos estímulos recebidos pelas crianças, citando estudos como os de Almeida (2013), que afirmam que um ambiente estimulante e uma renda familiar mais elevada podem impactar positivamente o desenvolvimento motor infantil. Apoia-se em estudos que relacionam o desenvolvimento motor ao desempenho escolar, destacando a influência de fatores ambientais e socioeconômicos, e utiliza a EDM como ferramenta principal de avaliação. 

Beltrame, T. S.,2016 aborda o impacto do desenvolvimento motor na formação do autoconceito de crianças com transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC), condição que compromete a habilidade de realizar movimentos coordenados. O desenvolvimento motor é um processo contínuo e progressivo, no qual a criança adquire habilidades motoras, tanto básicas quanto mais complexas, ao longo do tempo. Esse processo envolve uma sequência de aquisições, mas também é modulado por fatores biológicos, psicológicos e sociais. O TDC interfere nesse desenvolvimento, gerando dificuldades em atividades diárias que exigem habilidades motoras, como caminhar, correr, escrever ou participar de jogos. Explora as implicações desse transtorno no desenvolvimento motor, destacando as dificuldades enfrentadas pelas crianças com TDC em comparação com aquelas sem essa condição. 

Em seu autoconceito refere-se à percepção da criança sobre si mesma, incluindo aspectos como autoestima, confiança e sua visão em relação aos outros. No contexto do TDC, examina o impacto das dificuldades motoras no autoconceito infantil. Crianças com distúrbios no desenvolvimento motor frequentemente têm um autoconceito mais negativo, especialmente em atividades físicas que envolvem interações sociais, como jogos e esportes. Esse quadro pode resultar em uma autoestima mais baixa e aumentar o risco de exclusão social, afetando o bem-estar emocional e psicológico da criança. 

A Fisioterapia desempenha um papel essencial na habilitação e reabilitação de crianças com deficiência física, sendo um recurso terapêutico fundamental para promover a funcionalidade, autonomia e participação social dessas crianças. A fisioterapia visa melhorar a mobilidade, equilíbrio, coordenação e as capacidades motoras, elementos essenciais para facilitar a integração dessas crianças no ambiente escolar regular. 

A inclusão escolar de crianças com deficiência física requer uma colaboração estreita entre diversos profissionais, como fisioterapeutas, pedagogos, psicólogos e professores. Segundo Sassaki (1997), o trabalho em equipe é crucial para implementar estratégias educacionais que atendam às necessidades específicas dos alunos, promovendo tanto o aprendizado quanto a socialização. Nesse cenário, a Fisioterapia complementa o ensino, contribuindo para a adaptação do ambiente escolar às necessidades motoras e de mobilidade das crianças. 

A adaptação do ambiente escolar é outro fator importante para garantir a participação ativa das crianças com deficiência física. Sassaki (1997) enfatizam a necessidade de ajustar o currículo, materiais didáticos e infraestruturas escolares para atender à diversidade dos alunos. A Fisioterapia desempenha um papel crucial nesse processo, garantindo que as adaptações sejam eficazes, tanto do ponto de vista físico (mobilidade e postura) quanto funcional (acesso a atividades e espaços escolares). 

A participação da família é um aspecto fundamental para o sucesso da inclusão escolar. Sugerem que a colaboração entre a família, a escola e os profissionais de saúde, incluindo Fisioterapeutas, é essencial para garantir um desenvolvimento completo e integrado para a criança. A Fisioterapia, nesse contexto, também envolve capacitar os pais e educadores para aplicar estratégias que favoreçam tanto o aprendizado quanto a inclusão da criança. 

A educação inclusiva tem como objetivo oferecer um ensino de alta qualidade a todas as crianças, sem distinção de suas limitações. Nesse contexto, a Fisioterapia é uma ferramenta fundamental para facilitar a adaptação e inclusão dessas crianças. A Fisioterapia pode ser integrada aos programas educacionais, auxiliando as crianças com deficiência a alcançar um melhor desempenho em termos de autonomia e participação social, demonstram que intervenções fisioterapêuticas adequadas podem melhorar significativamente a qualidade de vida dessas crianças, promovendo maior independência e integração social. 

7. RESULTADOS 

Tabela de Bases de Dados e Estratégias de Busca – Desenvolvimento Motor Infantil

Autor(es) Tema Objetivo Metodologia Resultados 
Baú LM, Klein AA (2009) O reconhecimento da especialidade em fisioterapia do trabalho pelo COFFITO e Ministério do Trabalho/CBO Discutir o reconhecimento oficial da especialidade em fisioterapia do trabalho Análise documental e institucional das normativas do COFFITO e CBO Consolidação do reconhecimento da especialidade, representando conquista para a fisioterapia e saúde do trabalhador 
Black, P.; Wiliam, D. (2009) Developing the theory of formative assessment Desenvolver e consolidar a teoria da avaliação formativa em contexto educacional Desenvolvimen
to teórico baseado em revisão crítica da literatura e análise conceitual 
Avanços significativos na fundamentação teórica da avaliação formativa, estabelecendo princípios para implementação prática 
Beltrame, T. S. et al. (2016) Desenvolviment o motor e autoconceito de escolares com transtorno do desenvolviment o da coordenação Investigar a relação entre desenvolviment o motor e autoconceito em crianças com TDC Estudo correlacional com escolares utilizando instrumentos padronizados de avaliação motora e autoconceito Identificação de correlações significativas entre déficits motores e baixo autoconceito em crianças com TDC 
Croker, A. e Kentish, M. (1999) Serviços de fisioterapia para crianças em idade pré-escolar e escolar Caracterizar serviços fisioterapêutico s direcionados à população pediátrica escolar Abordagem descritiva e análise de serviços existentes Sistematização de modelos de atendimento fisioterapêutico para crianças em idade escolar 
Deliberato, Paulo César P. (2002) Fisioterapia preventiva: fundamentos e aplicações Estabelecer fundamentos teóricos e práticos da fisioterapia preventiva Revisão integrativa e sistematização teórico-prática Consolidação dos princípios fundamentais da fisioterapia preventiva com aplicações práticas 
Desenvolvimen
to Motor Normal ([s.d.])
Desenvolvimen
to motor normal 
Descrever padrões normais de desenvolvimen
to motor
Material de referência baseado em evidências clínicasCaracterização dos marcos do desenvolvimen
to motor típico 
Fiocruz (2016) Diretrizes de Estimulação Precoce – Crianças de Zero a 3 Anos com Atraso no desenvolvi
mento 
Estabelecer diretrizes nacionais para estimulação precoce Consenso de especialistas baseado em evidências científicas Protocolo nacional padronizado para estimulação precoce em crianças com atraso no desenvolvimento 
Durce, Karina, et al. (2006) A atuação da fisioterapia na inclusão de crianças deficientes físicas em escolas regulares Analisar o papel da fisioterapia no processo de inclusão escolar Revisão sistemática da literatura especializada Identificação do papel fundamental da fisioterapia como facilitadora do processo de inclusão escolar 
OPAS (2005) Manual para vigilância do desenvolviment o infantil no contexto da AIDPI Fornecer diretrizes para vigilância do desenvolvimento infantil Elaboração de manual técnico baseado em evidências e consenso internacional Manual padronizado para vigilância do desenvolvimento infantil integrado à AIDPI 
Molochenco MO (2002) Inclusão escolar de alunos com deficiência: opinião de mães Investigar percepções maternas sobre o processo de inclusão escolar Pesquisa qualitativa com entrevistas estruturadas Identificação de percepções, expectativas e preocupações maternas sobre inclusão escolar 
Prado, T.F.A. (2001) Apostila de Terapia Ocupacional Material didático sobre fundamentos da terapia ocupacional Material educativo estruturado Conteúdo didático sistematizado para formação em terapia ocupacional 
Piaget, J. (1967) Biologia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognitivos Estabelecer relações teóricas entre processos biológicos e desenvolviment o cognitivo Ensaio teóricofilosófico baseado em observações e reflexões Fundamentação teórica das relações entre biologia e cognição, influenciando teorias do desenvolvimento 
Revistaft, C. L. (2024) Desenvolviment o Motor em Escolares com e sem Indicativos de Dificuldades de Aprendizagem Comparar desenvolviment o motor entre escolares com e sem dificuldades de aprendizagem Metodologia não especificada na referência disponível Resultados não especificados na referência disponível 
Rezende M, et al. (2009) A equipe multiprofissiona l da Saúde da Família: uma reflexão sobre o papel do fisioterapeuta Refletir sobre a integração do fisioterapeuta na equipe de Saúde da Família Análise reflexiva baseada em revisão da literatura e experiências práticas Definição clara do papel e contribuições do fisioterapeuta na atenção primária à saúde 
Ridgers ND, et al. (2012) Physical activity during school recess: a systematic review Revisar sistematicamen te evidências sobre atividade física no recreio escolar Revisão sistemática com busca abrangente em bases de dados Síntese das evidências sobre padrões, determinantes e intervenções na atividade física escolar 
Rosa Neto F, et al. (2010) Análise da consistência interna de motricidade fina da EDM – Escala de Desenvolviment o Motor Analisar propriedades psicométricas da subescala de motricidade fina da EDM Análise psicométrica com cálculo de coeficientes de consistência interna Validação da consistência interna adequada da subescala, confirmando sua confiabilidade 
Sassaki, K. R. (1997) Inclusão: Construindo uma sociedade para todos Discutir princípios e práticas da inclusão social Abordagem teórico conceitual baseada em análise crítica Fundamentação teórica abrangente dos princípios da inclusão social 
Tudella, E. (1989) Tratamento precoce no desenvolviment o neuromotor de crianças com diagnóstico sugestivo de paralisia cerebral Investigar eficácia do tratamento precoce em paralisia cerebral Metodologia não especificada na referência disponível Resultados não especificados na referência disponível 
Vitta, F.C.F. et al. (2000) Desenvolvimento motor infantil: avaliação de programa de educação para berçaristas Avaliar eficácia de programa educativo direcionado a berçaristas Estudo de intervenção com avaliação pré e pós-programa educativo Melhoria significativa no conhecimento e práticas dos berçaristas após implementação do programa.
Willrich A, et al. (2009) Desenvolviment o motor na infância: influência dos fatores de risco e programas de intervenção Analisar fatores de risco e estratégias de intervenção no desenvolviment o motor Revisão narrativa da literatura especializada Identificação de principais fatores de risco e evidências de eficácia de programas de intervenção precoce 

FONTE: PRÓPRIA 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria e Desenvolvimento Motor Normal Traumatologia e Ortopedia (SBP, 2018) : 

0 a 1 mês: bebê recém-nascido é incapaz de encarar a gravidade; capaz de manter a cabeça apenas por alguns instantes; ganha a habilidade de segurar a cabeça em uma postura crescentemente cervical; se mantém na postura fletida; movimentos em bloco (supino), movimentos rastejantes (prono), maior movimentação de MMII (pedalagem ou cruzamento), movimentos lentos, sem ritmo ou sincronismo, aumenta a movimentação em resposta a estímulos dolorosos, pode ser observados tremores dos MMSS até o final do 1ºmês, desloca constantemente a cabeça de um lado para o outro, são observados movimentos de abrir e fechar mãos. 

2° mês: o bebê mantém a cabeça erguida quando está de bruços, move os dois braços e as duas pernas, abre as mãos brevemente, observa você enquanto você se move, olha para um brinquedo por vários segundos. 

3° mês: movimentação ativa:  R.T.C.A. – influenciando, mas pode ser quebrado facilmente; as mãos podem ser trazidas à linha média e permanecem predominantemente abertas; movimentos mais coordenados; brinca com as mãos (por muito tempo), começa o reconhecimento; início do apoio sobre os antebraços (puppy). 

4° mês: mantém a cabeça firme sem apoio quando você está segurando-o, segura um brinquedo quando você coloca na mão dele, usa os braços para balançar brinquedos, traz as mãos para a boca, empurra o tronco para cima apoiado nos cotovelos/antebraços quando deitado de barriga para baixo, se estiver com fome abre a boca quando vê a mama ou a mamadeira, olha para suas mãos com interesse. 

5° mês: movimentação ativa; vira-se facilmente para os decúbitos laterais (inicia dissociação), rola de prono para supino; leva pés à boca (início); eleva a cabeça em supino e inicia ponte; em prono faz movimentos natatórios; 

Anormalidade: Não se move contra a gravidade; move-se assimetricamente; não move a cabeça na posição sentada (com apoio). 

6° mês: Vira de supino para prono (de barriga para cima para barriga para baixo), empurra o seu corpo com braços esticados quando deitado em prono (barriga para baixo), apoia-se nas mãos para se sustentar quando sentado, coloca coisas na boca dele para explorá-las, alcança para pegar um brinquedo que ele quer, fecha os lábios para mostrar que não quer mais comida. 

7° mês: movimentação ativa: muda constantemente de decúbito ( rola dissociado); já sinaliza quando quer ser erguida (eleva braços e flete a cabeça); inicia arrastar em prono; movimentação simétrica; pode iniciar o rastejar ou engatinhar; na postura sentada já libera as mãos por um tempo maior; se alimenta sozinha com bolachas e pães; senta-se bem sem apoio; usa as mãos para manipular objetos; realiza flexão da coluna; de pé oscila entre flexão e extensão; sustenta peso quando sustentada pela axila; em suspensão ventral eleva a cabeça e o tronco. 

8° mês: movimentação ativa; mudança de decúbito segundo a necessidade ou preferência; fica na postura de gatas e às vezes já engatinha (sem dissociação); em prono vira-se em torno do próprio eixo; sentada realiza rotação do tronco (início) e apresenta boa coordenação dos movimentos; as mãos estão livres para o bebê usá-las; sentada mostra tronco ereto com bom controle de tronco; em pé se mostra mais estável. 

9° mês: chega a uma posição sentada sozinho, move as coisas de uma mão para a outra, usa os dedos para “angariar” comida para si mesmo, senta-se sem suporte, procura objetos quando jogados fora de vista (como sua colher ou brinquedo), bate duas coisas juntos. 

Nesse 9° mês é indicado fazer uma triagem, para avaliar seu desenvolvimento, conforme recomendado para todas as crianças pela Academia Americana de Pediatria.   É importante que você pergunte ao pediatra sobre a triagem de desenvolvimento do seu bebê. 

10° mês: movimentação ativa: Passa fácil de prono para sentado (passando por gatas); passa de supino para sentado, com ou sem rolar; passa para postura de pé segurando em objeto ou nas pessoas (postura semi-ajoelhada ou puxada); de pé, dobra e estica MMII; inicia marcha com apoio (segurando em objetos); engatinha dissociado (prefere engatinhar); sentada, manipula constantemente objetos; faz pinça; bate as mãos; se interessa por objetos pequenos. 

11° mês: movimentação ativa; passa para todas as posturas sozinha; boa movimentação na postura sentada e gatas; faz dissociação e transferência de peso; andam segurando nos móveis, de pé; abaixam-se para pegar algo e levantam-se de cócoras; se locomovem rapidamente de gatas; marcha sem dissociação; ficam em pé sem apoio; pode andar apoiado em apenas uma mão; passa de um móvel a outro andando lateralmente. 

12° mês: puxa para cima para ficar em pé, caminha segurando nos móveis, bebê de um copo sem tampa enquanto você o segura, pega as coisas entre o polegar e o indicador, come pequenos pedaços de comida. 

2 anos: Chuta uma bola, corre, sobe (não escala) até algumas escadas com ou sem ajuda, come com uma colher, segura algo em uma mão enquanto usa a outra mão (por exemplo, segurando um recipiente e tirando a tampa tenta usar interruptores, botões ou botões em um brinquedo), brinca com mais de um brinquedo ao mesmo tempo, coloca comida de brinquedo em um prato de brinquedo. 

3 anos: alinhava itens juntos, como contas grandes ou macarrões, veste algumas roupas sozinhas (como calças soltas ou uma jaqueta), usa um garfo, desenha um círculo quando você mostra a ele como é, evita tocar objetos quentes (como um fogão) quando você o avisa. 

4 anos: Pega uma bola grande na maior parte do tempo, serve a si mesmo comida ou água, com supervisão de adultos; desabotoa alguns botões; segura lápis ou lápis entre os dedos e o polegar (não no punho); nomeia algumas cores de objetos; conta o que vem a seguir em uma história bem conhecida; desenha uma pessoa com três ou mais partes do corpo.

Essa cartilha atua como ponte entre o conhecimento acadêmico complexo e a aplicação prática, traduzindo informações com base na literatura para informação com linguagem clara e aplicável a todos, democratizando o acesso às evidências científicas, permitindo que os achados da pesquisa efetivamente influenciem práticas, políticas e comportamentos na sociedade.  

8. CONCLUSÃO  

Apesar das evidências apresentadas, é notório que há uma lacuna significativa na literatura quanto à atuação do Fisioterapeuta nas escolas atuando na prevenção, orientação, inclusão e promoção de saúde dos estudantes, professores e demais funcionários, proporcionando apoio à inclusão de crianças com necessidades especiais (motoras, neurológicas ou sensoriais) e adaptação de atividades físicas e pedagógicas para alunos que possuem alguma limitação física. 

Este estudo se justifica pela necessidade de integrar as descobertas existentes, explorando de forma abrangente o papel da Fisioterapia nessas intervenções, tendo como objetivo principal analisar através de uma revisão, o impacto do Fisioterapeuta dentro do âmbito escolar e o que ele pode contribuir ao desenvolvimento neuropsicomotor de crianças e famílias em situação de vulnerabilidade econômica. 

A análise temporal dos estudos incluídos revelou escassez de pesquisas relacionadas ao tema. Esta distribuição pode refletir o tempo necessário para desenvolvimento, aprovação ética e publicação de estudos na área, bem como possíveis impactos da pandemia de COVID-19 na condução de pesquisas. Embora esta limitação temporal seja reconhecida, os fundamentos teóricos e metodológicos identificados mantêm relevância contemporânea, uma vez que a atuação sistemática da fisioterapia nas escolas brasileiras tenha iniciado de forma mais consistente entre as décadas de 1980 e 1990, intensificando-se nos anos 2000. Com tudo a escassez identificada aponta para a necessidade urgente de novas investigações que abordem o tema e a grande necessidade do fisioterapeuta na educação inclusiva, nas demandas de saúde escolar e políticas públicas de saúde na escola. Constituindo importante agenda para pesquisas futuras. 

9. REFERÊNCIAS: 

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