BILINGUISMO E LETRAMENTO: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA COMO SEGUNDA LÍNGUA PARA SURDOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202504291109


Marcelly Mesquita¹
Rafaela Hoebel²


RESUMO 

Este artigo trata do processo de letramento de alunos surdos no contexto do bilinguismo, com foco na língua portuguesa como segunda língua. O bilinguismo, que envolve a fluência em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e em Português escrito, é fundamental para o desenvolvimento linguístico e cognitivo de surdos, proporcionando uma base sólida para o aprendizado. Entretanto, o ensino da língua portuguesa apresenta desafios específicos, como a diferença estrutural entre as duas línguas e a necessidade de adaptar metodologias pedagógicas. O artigo discute diversas estratégias eficazes que podem ser implementadas por educadores, incluindo o uso de recursos visuais, atividades práticas e a integração de contextos culturais relevantes. Também são abordadas as barreiras enfrentadas pelos alunos surdos, como preconceitos sociais e limitações no acesso a materiais didáticos adequados. Além disso, destaca-se a importância da formação contínua dos professores para que possam compreender as nuances do bilinguismo e aplicar práticas inclusivas em sala de aula. O objetivo é promover uma discussão que favoreça o letramento efetivo e a inclusão social dos alunos surdos, contribuindo para sua autonomia e participação plena na sociedade. Por fim, o artigo argumenta que um ensino bilíngue bem estruturado melhora as habilidades linguísticas dos alunos surdos, e ainda enriquece a experiência educacional como um todo. 

Palavras-chave: Bilinguismo. Letramento. Língua Portuguesa. Surdos. Educação Inclusiva. 

ABSTRACT 

This article discusses the literacy process of deaf students in the context of bilingualism, with a focus on Portuguese as a second language. Bilingualism, which involves fluency in Brazilian Sign Language (Libras) and written Portuguese, is fundamental for the linguistic and cognitive development of deaf students, providing a solid foundation for learning. However, teaching Portuguese presents specific challenges, such as the structural difference between the two languages and the need to adapt pedagogical methodologies. The article discusses several effective strategies that can be implemented by educators, including the use of visual resources, hands-on activities, and the integration of relevant cultural contexts. The article also addresses the barriers faced by deaf students, such as social prejudices and limited access to appropriate teaching materials. In addition, the article highlights the importance of ongoing teacher training so that they can understand the nuances of bilingualism and apply inclusive practices in the classroom. The objective is to promote a discussion that favors effective literacy and social inclusion of deaf students, contributing to their autonomy and full participation in society. Finally, the article argues that wellstructured bilingual education improves the language skills of deaf students and also enriches the educational experience as a whole. 

Keywords: Bilingualism. Literacy. Portuguese Language. Deaf. Inclusive Education. 

1. INTRODUÇÃO 

O ensino de estudantes surdos tornou-se um tema de significativa importância na pedagogia, especialmente quando considerado o papel essencial do bilinguismo no processo de letramento. A fluência em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e em Português na modalidade escrita oferece uma abordagem abrangente ao aprendizado, permitindo que esses alunos desenvolvam proficiência linguística em ambas as línguas. Contudo, ensinar o português como segunda língua para surdos representa um desafio considerável, dado as diferenças culturais e estruturais entre essas línguas. 

Este artigo busca analisar o processo de letramento à luz do bilinguismo, propondo estratégias pedagógicas para facilitar a aprendizagem do português por estudantes surdos. Serão explorados os principais obstáculos enfrentados por esses alunos, destacando a necessidade de uma formação especializada para educadores, de modo a atender às demandas específicas desse público. Além disso, será enfatizada a importância de um ambiente educacional bem preparado, capaz de promover o desenvolvimento linguístico, mas também autonomia e inserção social dos surdos. 

Sob essa ótica, o artigo tem como objetivo reforçar a relevância de práticas educacionais que reconheçam a diversidade cultural e linguística, defendendo um ensino que seja plenamente acessível. 

2. REVISÃO DE LITERATURA 

O bilinguismo, entendido como a prática de utilizar duas línguas em contextos sociais variados, é amplamente reconhecido como uma experiência promotora de desenvolvimento cognitivo. No caso da educação de alunos surdos, o bilinguismo desempenha um papel ainda mais crucial, pois abrange o domínio da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua primária e do Português, em sua modalidade escrita, como segunda língua. Essa abordagem permite que os estudantes surdos se expressem e se comuniquem tanto em uma língua visual-gestual quanto em uma língua escrita, oferecendo-lhes um repertório linguístico diversificado e adaptado às suas necessidades. 

O letramento, por sua vez, vai muito além da simples capacidade de decodificar palavras e compreender textos. Ele engloba a habilidade de interpretar e produzir mensagens, permitindo que os indivíduos participem de forma ativa na sociedade. No caso de alunos surdos, o processo de letramento na língua portuguesa, particularmente na modalidade escrita, apresenta desafios singulares devido às diferenças estruturais, semânticas e culturais entre Libras e Português. No entanto, quando fundamentado em uma abordagem bilíngue, o letramento se torna mais acessível, bem como mais eficiente, promovendo um aprendizado contextualizado. 

Para Fernandes (2002) a discussão sobre o letramento de surdos está intrinsecamente ligada à coexistência de duas línguas no processo educacional, e não apenas ao foco na língua dominante. O aprendizado da língua portuguesa, nesse contexto, depende diretamente do significado que ela assume nas práticas sociais, especialmente no ambiente escolar, para crianças e jovens surdos. Esse significado, por sua vez, só pode ser efetivamente construído a partir da mediação pela língua de sinais. Assim, o domínio da língua portuguesa pelos surdos está intimamente relacionado à criação de sentidos através da língua de sinais, que serve como base para a compreensão e a internalização da segunda língua.  

Aqui se destaca uma questão central do bilinguismo para surdos: o letramento não pode ser dissociado do contexto bilíngue, onde a Libras desempenha um papel fundamental como língua de base. Isso reafirma a importância de compreender que o aprendizado da língua portuguesa por alunos surdos não é um processo isolado, mas está profundamente ancorado na sua língua natural, a Libras. Nesse sentido, a língua de sinais funciona como um mediador essencial para atribuir significado ao Português, possibilitando que os alunos transitem entre os dois sistemas linguísticos de maneira mais fluida e significativa. 

Essa perspectiva reforça a necessidade de políticas educacionais e práticas pedagógicas que valorizem e integrem as duas línguas. O reconhecimento da Libras como ponto de partida no processo de letramento evidencia que as crianças e jovens surdos precisam se sentir conectados a um sistema linguístico que faça sentido para eles, antes de se engajarem no aprendizado de uma segunda língua como o Português. Além disso, esse entendimento contribui para a criação de estratégias inclusivas que promovam um ensino contextualizado e alinhado às realidades sociais dos alunos surdos. 

Essa visão também ressalta o valor de respeitar a cultura surda e sua expressão linguística na construção do conhecimento. Integrar o letramento bilíngue de forma que Libras e Português coexistam harmoniosamente não é apenas uma prática pedagógica eficaz, mas também uma medida que garante o respeito à diversidade linguística e cultural. Essa abordagem não só enriquece o aprendizado como contribui para a formação de sujeitos mais plenos, capazes de navegar entre diferentes contextos sociais e linguísticos. 

Segundo Saussure (2004) podemos compreender a língua como um elemento essencial dentro da ampla capacidade humana de linguagem. Ela não se confunde com a linguagem como um todo, mas representa um produto social fundamental dessa capacidade. A língua, portanto, constitui um conjunto de convenções e regras compartilhadas dentro de um grupo social, possibilitando que os indivíduos exerçam sua faculdade linguística de maneira estruturada e comunicativa. 

Relacionando essa ideia ao bilinguismo para surdos, a língua adquire um papel ainda mais profundo na construção da identidade e na interação social. No contexto do bilinguismo, a Libras é reconhecida como a primeira língua dos surdos, formando o alicerce de sua comunicação e identidade cultural. Como produto social, a Libras emerge das necessidades da comunidade surda de se expressar e interagir, constituindo um sistema compartilhado que permite o exercício da linguagem de forma visual-gestual. Ao mesmo tempo, o ensino do Português como segunda língua para surdos, geralmente na modalidade escrita, destaca-se como uma convenção social necessária para ampliar a inclusão, possibilitando sua participação em contextos mais amplos, como a academia, o mercado de trabalho e a vida pública. 

Segundo Bourdieu (1994), a linguagem ultrapassa o mero ato de trocar palavras; ela é profundamente imersa em relações simbólicas entre os interlocutores. O impacto da comunicação depende não só da competência linguística, mas também da posição de autoridade de quem fala. Dessa forma, a língua transcende seu papel como meio de expressão ou aprendizado e se torna um instrumento de poder. Ela pode ser usada para influenciar, conquistar legitimidade, obter respeito ou até mesmo exercer dominação. 

Segundo Bourdieu (1994), a linguagem ultrapassa o mero ato de trocar palavras; ela é profundamente imersa em relações simbólicas entre os interlocutores. O impacto da comunicação depende não só da competência linguística, mas também da posição de autoridade de quem fala. Dessa forma, a língua transcende seu papel como meio de expressão ou aprendizado e se torna um instrumento de poder. Ela pode ser usada para influenciar, conquistar legitimidade, obter respeito ou até mesmo exercer dominação.  

Essa análise de Bourdieu sobre a relação entre língua e poder pode ser diretamente aplicada ao contexto do bilinguismo e letramento de surdos. A língua de sinais, como Libras, não apenas representa um sistema de comunicação funcional para a comunidade surda, mas também é uma manifestação do reconhecimento e empoderamento social dessa comunidade. A ausência de valorização da Libras em alguns espaços educacionais reflete desigualdades simbólicas e uma distribuição desigual de poder entre as línguas majoritárias e minoritárias. Nesse cenário, o domínio do Português escrito pelos alunos surdos também carrega implicações de inclusão social e participação nas práticas institucionais onde o Português é a língua dominante. 

O conceito de poder linguístico, destacado por Bourdieu, ressalta a importância de práticas pedagógicas que não apenas promovam a fluência nas duas línguas, mas também reconheçam o valor e a legitimidade cultural da Libras como primeira língua. A autoridade simbólica atribuída ao Português em espaços sociais e educacionais pode marginalizar a Libras, dificultando a integração dos alunos surdos. Por isso, no processo de letramento bilíngue, é indispensável construir uma relação equilibrada entre essas línguas, permitindo que a Libras seja tanto um meio de construção de sentido quanto um veículo de acesso ao aprendizado do Português. 

Além disso, o bilinguismo educacional voltado para surdos não deve apenas ensinar competências linguísticas, mas também incentivar reflexões sobre o poder simbólico das línguas envolvidas. A compreensão da Libras como um instrumento de afirmação cultural e do Português como uma ponte para inclusão em espaços sociais mais amplos é crucial para preparar os alunos surdos para navegar pelas relações simbólicas que permeiam o uso da linguagem. Assim, práticas educacionais que valorizam essa dualidade linguística promovem tanto o aprendizado quanto a formação de cidadãos mais conscientes e empoderados. 

Quadros (2006) defende que a educação bilíngue para surdos deve ser planejada de maneira a garantir que os estudantes alcancem proficiência tanto em Libras quanto em Português. Essa abordagem implica que, além de desenvolverem habilidades de comunicação em Libras, considerada a primeira língua dos surdos, os alunos também precisam ser inseridos no aprendizado do Português, abrangendo sua forma escrita e falada. O objetivo principal é criar um ambiente educacional onde os estudantes surdos possam transitar entre as duas línguas de forma fluida e efetiva, permitindo-lhes explorar plenamente suas competências linguísticas e comunicativas. 

A proposta da autora destaca a essência do bilinguismo como um processo que vai além do simples domínio de dois idiomas: trata-se da criação de oportunidades para que os surdos se apropriem de ambas as línguas de maneira integrada e contextualizada. A fluência em Libras é fundamental para que os alunos consolidem sua identidade cultural e social, enquanto o aprendizado do Português, especialmente na modalidade escrita, amplia as possibilidades de participação no espaço acadêmico, profissional e público. 

Essa visão enfatiza, ainda, que o sucesso da educação bilíngue está diretamente ligado à estruturação de práticas pedagógicas inclusivas e adaptadas. É necessário garantir materiais didáticos, metodologias e tecnologias que dialoguem com as necessidades e realidades dos alunos surdos. Além disso, a formação de professores bilíngues é crucial para que eles sejam capazes de facilitar o aprendizado nas duas línguas, respeitando as diferenças culturais e linguísticas entre Libras e Português. 

Outro ponto relevante dessa abordagem é a naturalidade com que os alunos devem transitar entre as línguas, integrando-as em sua vida cotidiana e acadêmica. Isso reforça a ideia de que o bilinguismo não é apenas um meio de comunicação, mas também um caminho para a inclusão plena, autonomia e participação ativa dos surdos na sociedade. Dessa forma, o bilinguismo educacional, como proposto por Quadros, se consolida como um modelo transformador na busca por equidade e respeito à diversidade linguística. 

Uma das maiores vantagens de adotar o bilinguismo como base para o letramento de surdos é o uso de Libras como suporte para a aquisição do Português. Libras, como primeira língua, serve como um alicerce que ajuda os alunos a construírem significados e a compreenderem conceitos complexos em Português. Essa interação entre as duas línguas permite que os estudantes estabeleçam conexões cognitivas importantes, enquanto se sentem respeitados no ambiente educacional.  

Pesquisas têm demonstrado que estudantes surdos expostos ao bilinguismo alcançam resultados significativamente melhores em termos de desempenho acadêmico, quando comparados a aqueles que têm contato apenas com o Português como língua única. Isso ocorre porque o bilinguismo estimula uma série de competências cognitivas fundamentais, como a capacidade de memória, a atenção concentrada e a habilidade de resolução de problemas. Essas competências extrapolam a sala de aula, impactando positivamente outras esferas do aprendizado e da vida cotidiana. 

Além disso, o bilinguismo contribui para o desenvolvimento da consciência metalinguística, uma habilidade valiosa que permite aos alunos perceberem e analisarem as estruturas linguísticas e as regras de funcionamento de diferentes línguas. Esse tipo de consciência favorece um aprendizado mais profundo e reflexivo da leitura e da escrita em Português, ao mesmo tempo que estimula a criatividade e a flexibilidade cognitiva. 

Outro benefício essencial do bilinguismo está relacionado à inclusão social. Um modelo educacional que valoriza tanto a língua nativa quanto os aspectos culturais dos alunos surdos promove um senso de pertencimento e identidade, fatores determinantes para o bem-estar emocional e social.  

O bilinguismo representa uma metodologia eficaz para o processo de letramento dos alunos surdos, mas também um compromisso com a equidade e a inclusão no sistema educacional. Integrar Libras e Português no cotidiano escolar significa criar um espaço onde a diversidade linguística é reconhecida, proporcionando aos estudantes surdos oportunidades de crescimento pessoal, acadêmico e social.  

A educação de alunos surdos apresenta desafios únicos, especialmente no que diz respeito ao ensino da Língua Portuguesa como segunda língua. Para garantir que esses estudantes tenham acesso a um aprendizado significativo e eficaz, é fundamental adotar estratégias pedagógicas que respeitem suas necessidades linguísticas e culturais. A seguir, apresentamos algumas abordagens e técnicas que podem ser implementadas para facilitar o ensino da Língua Portuguesa a surdos. 

Uso de Libras como Língua de Instrução: 

Uma das estratégias mais eficazes é utilizar Libras como a língua de instrução principal nas aulas. Isso permite que os alunos compreendam conceitos e conteúdos de maneira mais intuitiva, já que Libras é sua língua materna. Ao ensinar novos vocabulários e estruturas do Português, os educadores podem fazer conexões diretas com sinais em Libras, facilitando a compreensão e a retenção do conhecimento. 

Atividades Multissensoriais: 

As atividades multissensoriais são uma excelente maneira de envolver os alunos surdos no processo de aprendizado. Incorporar elementos visuais, táteis e auditivos – quando possível -, pode tornar as aulas mais dinâmicas. Por exemplo, o uso de imagens, vídeos e dramatizações pode ajudar os alunos a relacionarem palavras escritas em Português com suas representações visuais e contextos práticos. 

Ensino Contextualizado: 

O ensino contextualizado envolve apresentar o aprendizado da Língua Portuguesa em situações reais ou significativas para os alunos. Isso inclui atividades relacionadas ao cotidiano deles, como preparar uma receita, planejar uma viagem ou discutir temas relevantes para suas vidas. Ao contextualizar o aprendizado, os alunos conseguem ver a aplicação prática da língua, aumentando seu interesse e motivação. 

Leitura Compartilhada: 

A leitura compartilhada é uma estratégia poderosa no ensino da Língua Portuguesa. Nela, o professor lê um texto enquanto os alunos acompanham visualmente. Durante essa atividade, os educadores podem parar para explicar palavras novas, fazer perguntas e promover discussões sobre o conteúdo. Essa interação enriquece o vocabulário dos alunos como também estimula a compreensão crítica. 

Produção Textual em Dupla: 

Incentivar a produção textual em duplas ou grupos é uma forma eficaz de promover o uso ativo do Português. Os alunos podem trabalhar juntos para criar histórias, diálogos ou relatórios sobre temas de interesse. Essa colaboração facilita o aprendizado da escrita em Português, mas também promove habilidades sociais e trabalho em equipe. 

Uso de Tecnologia Assistiva: 

A tecnologia assistiva pode ser um grande aliado no ensino da Língua Portuguesa para surdos. Ferramentas como aplicativos, softwares educacionais interativos e plataformas online que oferecem recursos multimídia podem enriquecer a experiência de aprendizado dos alunos. Essas tecnologias ajudam a personalizar o ensino e permitem que os alunos avancem em seu próprio ritmo. 

Formação Continuada dos Educadores: 

Por fim, é essencial que os educadores recebam formação continuada sobre as melhores práticas no ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para surdos. A capacitação deve incluir conhecimentos sobre bilinguismo, metodologias inclusivas e estratégias específicas para atender às necessidades desse público.  

As estratégias pedagógicas para o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para surdos devem ser diversificadas e adaptáveis às necessidades dos alunos. Ao integrar Libras no processo de ensino-aprendizagem e utilizar abordagens inovadoras e inclusivas, é possível proporcionar uma educação significativa para todos os estudantes surdos. 

O processo de letramento de surdos em ambientes bilíngues é marcado por uma complexidade que reflete os desafios e as conquistas presentes na educação inclusiva. Nesse contexto educacional, busca-se não apenas o domínio das habilidades de leitura e escrita, mas também a fluência tanto em Libras, considerada a língua natural da comunidade surda, quanto em Língua Portuguesa, que desempenha um papel essencial na inclusão social e no acesso às oportunidades acadêmicas e profissionais.  

Um dos principais desafios nesse campo reside nas diferenças estruturais que existem entre Libras e Língua Portuguesa. Libras, sendo uma língua visual-gestual, possui características únicas em sua gramática e sintaxe, enquanto o Português é uma língua oral visual que se baseia em sons e escrita. Essa discrepância estrutural dificulta a transferência de competências linguísticas entre os dois sistemas, especialmente porque muitos surdos têm um domínio mais sólido de Libras, sua língua materna, em detrimento do Português. 

Para esses alunos, aprender a ler e escrever em Português representa não apenas um desafio técnico, mas também cultural, exigindo metodologias que respeitem sua língua de origem como ponto de partida para o aprendizado. 

Para garantir que o letramento em ambientes bilíngues seja efetivo, é indispensável que os professores tenham domínio tanto de Libras quanto da Língua Portuguesa, além de habilidades pedagógicas especializadas. No entanto, em muitas instituições, essa formação não é oferecida de forma consistente, resultando em lacunas na prática educacional. Sem preparo adequado, educadores podem subestimar as capacidades dos alunos surdos, empregar metodologias inadequadas ou até mesmo reproduzir preconceitos que prejudicam a experiência de aprendizagem desses estudantes. 

Além dos desafios técnicos e pedagógicos, há também barreiras sociais que impactam diretamente o processo de letramento. A surdez, frequentemente mal compreendida pela sociedade em geral, é cercada por estigmas que perpetuam a ideia equivocada de que pessoas surdas têm limitações irreparáveis no aprendizado. Essa visão prejudica as expectativas de educadores e familiares, afeta a autoestima e a motivação dos próprios alunos. O enfrentamento desses preconceitos é uma parte essencial do trabalho voltado para a inclusão, demandando ações que promovam a valorização da diversidade e desconstruam ideias ultrapassadas. 

Apesar dos desafios, há conquistas significativas na educação bilíngue de surdos. Entre essas conquistas, destaca-se o desenvolvimento de currículos adaptados que integram Libras e Língua Portuguesa de forma complementar, permitindo que os alunos utilizem suas habilidades em Libras como apoio na compreensão e na prática do Português. A adoção dessa abordagem bilíngue fortalece o aprendizado linguístico e amplia a valorização da identidade cultural dos alunos surdos, criando um ambiente onde suas capacidades são estimuladas. 

Outra vitória importante é a crescente conscientização sobre os direitos da comunidade surda, impulsionando políticas públicas que garantem o acesso ao ensino bilíngue. Projetos educacionais têm avançado na implementação de práticas inclusivas, proporcionando suporte técnico, recursos financeiros e formação específica para educadores. Essas ações têm ampliado as oportunidades de aprendizagem para alunos surdos, promovendo sua inclusão em diversos contextos sociais e acadêmicos. 

Adicionalmente, a tecnologia tem desempenhado um papel transformador nesse cenário. Ferramentas digitais, como aplicativos educativos e plataformas interativas têm tornado o ensino mais acessível e atrativo. Esses recursos permitem que os alunos explorem conteúdos de forma dinâmica, combinando aprendizado visual e práticas linguísticas, o que potencializa a assimilação de conceitos e aumenta o engajamento dos estudantes no processo educativo. 

Por fim, as conquistas no letramento bilíngue podem ser observadas nos avanços individuais dos alunos ao longo do tempo. Muitos conseguem alcançar fluência em ambas as línguas, ampliando suas perspectivas de integração social, desenvolvimento pessoal e inserção profissional. Além disso, esses alunos se tornam verdadeiros agentes de mudança na luta pela inclusão, reforçando a importância de práticas educacionais que reconheçam suas necessidades e potencialidades. 

Embora existam desafios substanciais no campo do letramento de surdos em ambientes bilíngues, os progressos realizados demonstram que é possível promover uma educação transformadora. A valorização das línguas envolvidas, a capacitação especializada de educadores e o uso inovador da tecnologia são pilares indispensáveis para garantir que os alunos surdos tenham acesso a um aprendizado rico e adequado às suas demandas.  

As políticas linguísticas que abordam o bilinguismo para surdos, ao reconhecerem a Libras como a primeira língua e o Português como a segunda língua na modalidade escrita, representam um marco fundamental na busca por respeito à diversidade linguística. Elas são essenciais para assegurar que os surdos tenham acesso a uma educação que respeite sua identidade linguística e cultural, e promova o desenvolvimento de suas habilidades em um contexto equitativo e acessível. 

Uma das bases dessas políticas é o reconhecimento legal da Libras como língua oficial no Brasil, conforme estabelecido pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Essa legislação pioneira legitima a Libras como meio de comunicação e expressão, garantindo aos surdos o direito de utilizá-la em diferentes contextos sociais, educacionais e profissionais.  

No âmbito educacional, destaca-se a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, elaborada pelo Ministério da Educação (MEC). Essa política preconiza um atendimento especializado e inclusivo para alunos surdos, com foco na implementação de currículos bilíngues que integrem Libras e Português escrito. Nesse modelo educacional, a Libras deve ser usada como língua de instrução, favorecendo a aprendizagem de conteúdos curriculares em uma língua natural e acessível aos alunos. Paralelamente, o ensino do Português como segunda língua deve ser estruturado para abordar principalmente as habilidades de leitura e escrita, considerando as especificidades linguísticas e culturais da comunidade surda. 

Outro ponto crucial a ser considerado nas políticas linguísticas é a diversidade intrínseca à comunidade surda. A Libras apresenta variações regionais e dialetos que refletem as diferentes culturas e tradições locais no Brasil. Por isso, é essencial que essas políticas sejam flexíveis e se adaptem às realidades regionais, promovendo um diálogo constante com as comunidades surdas para atender suas demandas específicas.  

Ademais, as políticas voltadas ao bilinguismo devem garantir o acesso a materiais didáticos que integrem Libras e Português. A produção de recursos como livros didáticos bilíngues, vídeos educativos com tradução em Libras e aplicativos interativos é vital para facilitar o aprendizado. Essas ferramentas ajudam os alunos a desenvolverem suas competências linguísticas de forma integrada e dinâmica, promovendo um ensino mais engajante. Além disso, é fundamental que as políticas contemplem a elaboração de instrumentos de avaliação adaptados, que considerem as especificidades do bilinguismo.  

As implicações dessas políticas vão além da sala de aula, devendo se estender ao espaço público e à sociedade como um todo. Promover a Libras em ambientes sociais e conscientizar a população sobre a importância de uma comunicação acessível são passos fundamentais. Campanhas de sensibilização, aliadas à formação de profissionais em diversas áreas para lidar com a acessibilidade linguística, contribuem para reduzir preconceitos. 

Apesar dos avanços alcançados, a implementação dessas políticas ainda enfrenta desafios. A escassez de recursos, a falta de alinhamento entre as diretrizes nacionais e práticas locais, e a resistência de alguns setores da sociedade à inclusão de surdos nos espaços educacionais e sociais ilustram a necessidade de um compromisso contínuo com a causa. 

A influência da Libras no processo de aprendizado da língua portuguesa na modalidade escrita é um tema de ampla relevância no âmbito educacional, especialmente quando se trata da inclusão de alunos surdos em sistemas educacionais bilíngues. A interação entre essas duas línguas evidencia a complexidade do processo de bilinguismo e traz à tona a necessidade de abordagens pedagógicas mais robustas e integradas, que considerem a identidade linguística e cultural dos estudantes surdos como ponto de partida para o ensino. 

Para compreender a influência da Libras nesse processo, é essencial destacar que Libras e Língua Portuguesa são sistemas linguísticos distintos, cada um com sua própria lógica interna. Enquanto Libras opera como uma língua visual-espacial, utilizando gestos, expressões faciais e configurações de mãos como meio de comunicação, o Português é uma língua oral-aural, que se baseia em padrões sonoros e estruturas escritas. Essa diferença fundamental implica que o aprendizado do Português na forma escrita por alunos surdos é uma transição direta de habilidades adquiridas na Libras, mas não apenas isso, é um processo que envolve a construção de significados a partir de dois sistemas linguísticos e culturais diferentes. 

A Libras, como primeira língua dos alunos surdos, atua como um alicerce para o aprendizado do Português. Ela oferece uma base inicial para a compreensão de conceitos e estruturas gramaticais do Português, criando uma ponte que facilita a interação entre as línguas. Por meio da utilização de sinais em Libras, educadores podem explicar palavras, frases e regras gramaticais do Português de forma mais acessível, permitindo que os estudantes façam conexões significativas entre os dois sistemas linguísticos. Essas conexões são fundamentais para a internalização de habilidades em leitura e escrita. 

A Libras no ambiente escolar tem um impacto positivo na motivação e no engajamento dos alunos surdos. Quando seus professores e colegas reconhecem sua língua materna, os estudantes se sentem apoiados, o que contribui para seu entusiasmo em aprender o Português como segunda língua. Esse ambiente reduz os níveis de ansiedade que frequentemente acompanham o aprendizado de uma segunda língua, fomentando um espaço onde os alunos se sentem confortáveis para explorar, errar e aprender. 

Outro aspecto crucial na interação entre Libras e Português é o desenvolvimento das habilidades metalinguísticas dos alunos surdos. O bilinguismo possibilita uma reflexão sobre os diferentes funcionamentos das línguas, incentivando os estudantes a identificar e contrastar elementos estruturais e semânticos da Libras e do Português. Por meio dessa análise comparativa, os alunos podem desenvolver uma consciência linguística mais profunda, que fortalece sua habilidade de compreender e produzir textos em Português, ao mesmo tempo que aprimora sua compreensão geral sobre linguagens e comunicação. 

No entanto, o processo de aprendizado do Português por alunos surdos também apresenta desafios significativos. A interferência linguística é uma dificuldade comum, em que traços estruturais da Libras podem ser transferidos para a produção escrita em Português, resultando em frases que não seguem as normas gramaticais deste último. Por exemplo, os alunos podem aplicar a ordem visual das palavras e conceitos típicos da Libras na construção de frases escritas em Português, criando estruturas que parecem incomuns ou errôneas. Para superar essas barreiras, os educadores precisam estar preparados para reconhecer essas peculiaridades e oferecer orientações específicas que ajudem os alunos a compreender as diferenças entre as duas línguas. 

Os materiais didáticos bilíngues também são ferramentas essenciais nesse processo. Recursos como livros ilustrados que apresentam equivalências entre Libras e Português, aplicativos educativos interativos com conteúdos em ambas as línguas e vídeos explicativos em Libras ajudam os alunos a visualizar e compreender as conexões entre as línguas, facilitando seu aprendizado. 

Por fim, a influência da Libras no aprendizado do Português escrito também está conectada ao reconhecimento social e cultural da comunidade surda. Promover uma visão positiva do ser surdo e valorizar a Libras como língua legítima contribui para um ambiente educacional e social onde os alunos surdos se sentem incentivados.  

A interação entre Libras e Português na formação de alunos surdos é uma jornada complexa que envolve tanto desafios quanto oportunidades. Ao integrar a Libras no ensino do Português e adotar estratégias educacionais inclusivas, é possível oferecer uma educação que respeite a diversidade linguística e cultural dos alunos, ajudando-os a alcançar seus objetivos acadêmicos, pessoais e profissionais. Esse processo, quando bem executado beneficia os alunos surdos individualmente, enquanto contribui para a construção de uma sociedade consciente da importância da pluralidade linguística. 

3. METODOLOGIA 

A metodologia utilizada na pesquisa sobre o processo de letramento de alunos surdos no contexto do bilinguismo, com foco na língua portuguesa como segunda língua, assume um papel crucial na construção do conhecimento e na compreensão das dinâmicas que envolvem a educação bilíngue. Ao optar por uma abordagem qualitativa, fundamentada em referências bibliográficas e legislações pertinentes, conseguimos explorar de maneira mais profunda as nuances do letramento em uma segunda língua, especialmente em um contexto tão específico como o dos alunos surdos. 

A pesquisa qualitativa permite que os pesquisadores investiguem fenômenos sociais e educacionais com uma rica variedade de perspectivas. Ao invés de se limitar a dados quantitativos que podem oferecer uma visão superficial do processo de letramento, a abordagem qualitativa nos possibilita investigar as experiências individuais dos alunos surdos, suas interações sociais e as estratégias que utilizam para aprender a língua portuguesa escrita. Essa profundidade é vital para entender como esses estudantes se apropriam da língua em um ambiente onde a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a primeira língua e a língua portuguesa se apresenta como uma segunda língua a ser aprendida. 

Além disso, a fundamentação em referências bibliográficas e legislações específicas garante que nossa pesquisa esteja alinhada com os avanços teóricos e práticos mais recentes na área da educação bilíngue. A legislação brasileira, como a Lei Brasileira de Inclusão – Lei nº 13.146/2015 – e as diretrizes curriculares específicas para a educação de surdos, oferece um arcabouço legal que reconhece o direito dos alunos surdos ao bilinguismo e à educação de qualidade. Ao integrar essas referências normativas em nossa metodologia, fortalecemos a relevância da nossa pesquisa e sua aplicabilidade prática no contexto escolar. 

A importância dessa metodologia se reflete na possibilidade de desenvolver intervenções pedagógicas mais inclusivas. Ao compreender as particularidades do letramento dos alunos surdos em relação à língua portuguesa escrita, podemos propor práticas educativas que respeitem suas identidades linguísticas e culturais, promovendo um ambiente onde todos os alunos tenham acesso equitativo ao conhecimento.  

Além disso, a pesquisa qualitativa nos permite captar as necessidades que muitas vezes são marginalizadas nas discussões sobre educação. Esses dados qualitativos podem servir como base para políticas educacionais mais efetivas e sensíveis às necessidades desse grupo específico. 

A escolha por uma metodologia qualitativa embasada em referências bibliográficas e legislações é uma estratégia adequada para investigar o letramento de alunos surdos no bilinguismo, é também uma forma de assegurar que nossas descobertas possam ter um impacto na prática pedagógica e nas políticas educacionais. Através desse olhar atento e detalhado, conseguimos entender melhor o fenômeno estudado. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A pesquisa bibliográfica realizada sobre o bilinguismo e o letramento de surdos revelou uma série de significativos sobre a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras) no processo de ensino da língua portuguesa como segunda língua, especialmente na modalidade escrita. Os resultados foram organizados em cinco tópicos principais, refletindo as áreas de investigação abordadas. 

  1. A importância do bilinguismo no processo de letramento de surdos: A literatura analisada aponta que o bilinguismo é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos surdos. O acesso à Libras como primeira língua proporciona uma base sólida para a aquisição do Português escrito. Estudos mostram que alunos bilíngues tendem a apresentar melhores habilidades de leitura e escrita, pois são capazes de transferir conhecimentos e estratégias de uma língua para outra.  
  1. Estratégias pedagógicas para o ensino de língua portuguesa como segunda língua para surdos: A pesquisa destacou diversas estratégias pedagógicas que têm se mostrado eficazes no ensino do Português para surdos. Entre elas, o uso de materiais didáticos bilíngues, atividades que incentivam a interação entre os alunos em Libras e Português, e a promoção de um ambiente que valorize ambas as línguas. A formação contínua dos educadores é essencial para garantir que eles estejam aptos a implementar essas estratégias de forma adequada, ajustando suas abordagens às necessidades específicas dos alunos. 
  1. Desafios e conquistas no letramento de surdos em ambientes bilíngues: Embora existam conquistas significativas no letramento de surdos em contextos bilíngues, também foram identificados desafios persistentes. Um dos principais obstáculos é a resistência à adoção do bilinguismo nas escolas, muitas vezes devido à falta de recursos ou formação inadequada dos professores. Além disso, muitos alunos ainda enfrentam dificuldades relacionadas à interferência linguística, onde as estruturas da Libras impactam suas produções escritas em Português. No entanto, as conquistas observadas incluem um aumento na motivação dos alunos e uma maior aceitação da Libras como uma língua legítima nas escolas. 
  1. Políticas de educação bilíngue: A análise das políticas educacionais revela que existe uma necessidade urgente de diretrizes mais claras e efetivas que promovam a educação bilíngue para surdos. Muitas das políticas existentes ainda não são implementadas adequadamente nas salas de aula, resultando em disparidades significativas na qualidade da educação oferecida aos alunos surdos. As pesquisas indicam que um suporte institucional forte é crucial para garantir a implementação bem-sucedida das práticas bilíngues. 
  1. A influência da Libras no aprendizado da língua portuguesa como segunda língua na modalidade escrita: A influência positiva da Libras no aprendizado do Português escrito foi evidenciada através das análises realizadas. Alunos que têm acesso à Libras durante o processo de ensino apresentam maior facilidade em compreender estruturas textuais complexas e em desenvolver suas habilidades escritas. A comparação entre as duas línguas permite aos alunos explorar diferentes formas de expressão e ampliar seu vocabulário, contribuindo para um aprendizado mais significativo e contextualizado. 

Os resultados desta pesquisa ressaltam a importância fundamental do bilinguismo no processo educativo dos alunos surdos, evidenciando que o uso da Libras não deve ser visto como um recurso auxiliar, mas como uma parte integrante do processo de aprendizado da língua portuguesa escrita.  

As estratégias pedagógicas identificadas são essenciais para criar um ambiente que favoreça o aprendizado. O uso consciente das duas línguas durante as aulas facilita a construção do conhecimento e permitir que os alunos se sintam valorizados em sua identidade linguística.  

Os desafios enfrentados pelos alunos surdos em ambientes bilíngues destacam a necessidade urgente de mudanças nas políticas educacionais. Para que o bilinguismo seja efetivo, é necessário um comprometimento institucional com a formação adequada dos professores e com a disponibilização de recursos didáticos apropriados. A falta dessas condições pode levar à perpetuação das desigualdades educacionais enfrentadas pelos alunos surdos. 

Além disso, as conquistas observadas na motivação e aceitação da Libras como língua legítima são promissoras, mas devem ser acompanhadas por um esforço contínuo para superar os estigmas associados à surdez e à educação bilíngue. Uma mudança cultural nas instituições educacionais pode contribuir significativamente para melhorar as experiências de aprendizado dos alunos surdos. 

Por fim, este estudo reforça a ideia de que a integração da Libras no ensino do Português escrito facilita o aprendizado linguístico, promovendo uma abordagem mais abrangente ao letramento que considera as particularidades culturais dos alunos surdos. Assim, garantir um ambiente educacional inclusivo e efetivo requer um compromisso coletivo por parte das escolas, educadores e formuladores de políticas. 

5. REFERÊNCIAS 

BOURDIEU, P. A economia das trocas linguísticas. In: ORTIZ, R. Pierre Bourdieu. São Paulo: Editora Ática, 1994. 

BRASIL. Lei n.º 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 abr. 2002. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10436.htm. Acesso em: 11 jan. 2025. 

FERNANDES, E.. Linguagem e surdez. Porto Alegre: Artmed, 2002. 

QUADROS, Ronice Müller de. Políticas linguísticas e educação de surdos em Santa Catarina: espaço de negociações. Cadernos CEDES, v. 26, n. 69, p. 142, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccedes/a/T55NhKLDWBBWnZvNCTJ5Qqk/. Acesso em: 12 jan. 2025. 

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2004.


1https://lattes.cnpq.br/9052396706745151
2http://lattes.cnpq.br/9421738589805076