WEGOVY E OZEMPIC: O FEITO DA SEMAGLUTIDA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10836475


Laura Belchior Vilas Novas1, Pedro Arthur Carlos de Sousa2, Isabella de Paula Siqueira Ferreira3, Gustavo Negrão Mancini3, Ana Luiza Siqueira Ferreira3, Marianna Bibiano Roncato3, Natália Sampaio Sobrinho3


RESUMO

Objetivos: Realizar uma análise acerca do manejo no que concerne à aplicação do Ozempic e Wegovy, assim como os avanços tecnológicos que envolvem os mesmos e as perspectivas no que tangem ao futuro do manejo dos medicamentos na Diabetes Mellitus e Obesidade, consequentemente. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, realizada a partir da busca por publicações científicas indexadas nas bases de dados: MEDLINE via PubMed, Cocrahne, Lilacs e SciELO. Os seguintes descritores foram utilizados: Diabetes; Desenvolvimento tecnológico; Tratamento; Semaglutida; Obesidade. Ao final das buscas, 17 publicações atenderam aos critérios de inclusão e  exclusão propostos, sendo elegíveis para o estudo. Resultados: Diante dos achados extraídos dos estudos selecionados, percebeu-se que os tratamentos preconizados para a Diabetes mellitus (DM) possuem limitações, sendo um desafio em relação a esse tratamento, o alto custo dos medicamentos de maior efetividade, assim como, modificações no estilo de vida, atividades físicas e alimentação, como facilitador, a Semaglutida vem sendo empregue, podendo oferecer contribuições importantes para enfrentar as repercussões dessa doença, que tem sido considerada cada vez mais presente na sociedade. Conclusão: Este estudo permitiu refletir sobre a necessidade de garantir tratamentos efetivos para o indivíduo com Diabetes Mellitus e Obesidade, promovendo melhora na qualidade de vida e maior sobrevida, utilizando para tal novos medicamentos e novas tecnologias. o apoio médico e uma relação médico paciente efetiva se faz eficaz, assim como o estabelecimento de terapêuticas de acordo com a necessidade de cada paciente.

PALAVRAS-CHAVE: Semaglutida. Obesidade. Emagrecimento.

ABSTRACT

Objectives: To analyze the management of Ozempic and Wegovy, as well as the technological advances that involve them and the perspectives regarding the future of drug management in Diabetes Mellitus and Obesity, consequently. Methodology: This is an integrative literature review, carried out by searching for scientific publications indexed in the following databases: MEDLINE via PubMed, Cocrahne, Lilacs and SciELO. The following descriptors were used: Diabetes; Technological development; Treatment; Semaglutide; Obesity. At the end of the searches, 17 publications met the proposed inclusion and exclusion criteria and were eligible for the study. Results: In view of the findings extracted from the selected studies, it was realized that the treatments recommended for Diabetes mellitus (DM) have limitations, and a challenge in relation to this treatment is the high cost of the most effective drugs, as well as lifestyle modifications, physical activities and diet, as a facilitator, Semaglutide has been employed, and may offer important contributions to face the repercussions of this disease, which has been considered increasingly present in society. Conclusion: This study allowed us to reflect on the need to guarantee effective treatments for individuals with Diabetes Mellitus and Obesity, promoting improved quality of life and greater survival, using new drugs and new technologies to do so. medical support and an effective doctor-patient relationship is effective, as is the establishment of therapies according to the needs of each patient.

KEYWORDS: Semaglutide. Obesity. Weight loss.

1 INTRODUÇÃO

A semaglutida, um análogo do hormônio GLP-1, imita o peptídeo semelhante ao glucagon, estimulando o pâncreas a produzir mais insulina. O Ozempic, medicamento com a dose mais baixa de semaglutida, vem sendo utilizado para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 e obtendo bons resultados clínicos, visto que esses pacientes tem uma à insulina e o medicamento facilita a sua liberação no pâncreas e diminui o nível de glicose. A controversa é gerada a partir do uso do Wegovy, medicamento com a dose mais alta da semaglutida, que está sendo utilizada de forma off label em pessoas com obesidade e excesso de peso. A pesquisa foi efetuada a partir de uma revisão bibliográfica em um ensaio clínico randomizado e trabalhos científicos. O trabalho tem o objetivo de indagar o uso excessivo do medicamento em pessoas que não possuem diabetes, e os efeitos gerados à longo prazo em seu organismo

Tratando-se de duas doenças crônicas e multifatoriais, a diabetes que é um transtorno metabólico gerado pela elevação de glicose no sangue e que acomete, segundo o SUS, cerca de 6,2% da população adulta brasileira. Uma enfermidade que se não for tratada precocemente pode gerar complicações degenerativas como nefropatia, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, dentre outros. Já a obesidade, caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, é um problema de saúde pública, haja vista que segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, existem mais de 20 milhões de indivíduos obesos. O que gera distúrbios físicos como hipertensão, aumento do colesterol, esteatose hepática e problemas emocionais como ansiedade e depressão. (IBGE at al.,2020)

O uso do fármaco originariamente instituído para o tratamento de diabetes, com a fama midiática da rápida perca de peso vem sendo utilizado de forma “off-label” por médicos e indiscriminada por pessoas que o compram em farmácia, sem prescrição médica, uma vez que não é necessário receita para sua compra. Ou seja, eram prescritos para tratar uma condição diferente daquelas para as quais o medicamento havia sido testado e que constam em bula. Ela atua como o hormônio GLP-1, aumentando a produção de insulina e diminuindo a produção de glucagon quando os níveis de açúcar no sangue estão elevados, a insulina diminui os níveis de glicemia, facilitando a entrada de glicose nas células, que será convertida na forma de energia. Além disso, atua na diminuição do apetite, enviando sinais para o cérebro de saciedade, fazendo com que o corpo entenda que já ingeriu a quantidade de calorias necessárias, promovendo, assim, a perda de peso. A semaglutida, além do emagrecimento e redução da hiperglicemia, contribui na melhora da esteatose hepática e tem efeito cardioprotetor.

Foi realizado um ensaio clínico randomizado de adultos com sobrepeso ou obesidade, 803 pessoas, 20 semanas utilizando semaglutida subcutânea, escalando a dose a cada 4 semanas, até a dose de manutenção, 2,4 mg, realizado em 73 locais em 10 países, de junho de 2018 a março de 2020, em adultos com índice de massa corporal de pelo menos 30 (ou ≥27 com ≥1 peso comorbidade relacionada) e sem diabetes. Semaglutida vs placebo por mais 48 semanas, foi feita uma randomização 2;1. Com intervenção no estilo de vida, dieta e exercício físico. Ao final desse período, a variação média do peso foi de -7,9% vs +6,9%, respectivamente. O que significa que houve uma recidiva.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo identificado como uma Revisão integrativa da Literatura (RIL), que garante a identificação, síntese e execução de uma análise ampla na literatura acerca de uma temática específica. (Silva et al.,2020). Diante disso, foram empregues seis etapas para sua elaboração: (1) identificação do tema e elaboração da pergunta norteadora da pesquisa; (2) levantamento na base de dados analisados; (3) classificação e análise das informações identificadas em cada estudo; (4) análise crítica das pesquisas selecionadas; (5) descrição dos resultados encontrados e (6) inclusão, análise crítica dos achados e síntese da revisão da literatura.

Diante disso, a presente RIL tem como pergunta norteadora: “Quais os efeitos antagônicos do uso off-label do princípio ativo, semaglutida, em pacientes obesos e diabéticos?” Consequentemente, para a realização deste estudo, foram utilizadas as seguintes bases de dados: portais de Serviço de Saúde (World Health Organization, GlobalMed e Fundação Oswaldo Cruz) portais de Órgãos Governamentais (Ministério da Saúde do Brasil e Fundação Nacional de Saúde) e  Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE via PUBMED).

Os trabalhos foram localizados a partir de busca avançada, realizada entre os meses de Dezembro de 2023 e Março de 2024, sendo utilizado filtros em dois idiomas (português e inglês) e com datas de publicações entre os anos de 2019 a 2024.  A escolha deste recorte temporal dos últimos 5 anos, se deu pela atualidade da temática, com artigos que contemplassem as palavras chave:  Semaglutida, obesidade e emagrecimento. Desse modo, foram acrescentadas publicações que englobassem a Diabetes e a Obesidade, bem como a correlação de tratamentos promissores utilizando a semaglutida.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Observa-se que a semaglutida tem seus pontos antagonicos, haja vista que não é oferecida no SUS e o medicamento é caro. Ademais, é fato que a substância tem efeitos adversos como: náusea em 44,2% das pessoas que utilizam; 31,5% tem diarreia, 24,8% apresentam vomito; 23,4% constipação; 21,5% nasofaringite; 74,2% com pertubações gastrointestinais. No grupo da semaglutida, ocorreu morte cardíaca súbita num participante com histórico médico de hipertensão e apneia obstrutiva do sono que tinha descontinuado o semaglutida. No grupo placebo, ocorreu morte devido a glioblastoma, pneumonia por aspiração e sepse grave num participante, cada um dos quais tinha descontinuado o placebo.(N Engl J Med at el.,2021).

Fonte: Autoria própria

Diante dos estudos analisados, foram listados importantes condutas não farmacológicas que se mostram eficientes no manejo da Diabetes Mellitus 2 e Obesidade. Dentre elas, mudança nos hábitos de vida, inclusão de uma alimentação saudável, prática recorrente de atividades físicas, redução de etanol e tabaco. A obesidade apresenta inúmeras complicações e, de acordo com a tendência individual, pode desencadear diabetes tipo 2, o que confirma a inter-relação dessas doenças.

Outro fato, é a utilização indiscriminada do Ozempic e Wegovy, inserido sem prescrição médica, em doses altas e indeterminadas. Contudo, se usado de forma correta, pode trazer inúmeros benefícios. Além de proporcionar perda de peso, os pacientes que usam o medicamento apresentam melhora dos parâmetros metabólicos, como diminuição da pressão arterial, da glicemia, dos triglicérides, entre outros. Além disso, a semaglutida ajuda a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, sem causar efeitos colaterais psiquiátricos ( Alvarenga, at el., 2023). Infelizmente, não existe uma caneta mágica que conserte um estilo de vida ruim, e, muitas vezes, os pacientes se agarram na expectativa de que só a caneta o fará emagrecer , e quando o tratamento acaba, ganham novamente o peso perdido. 

Desse modo, é notório enfatizar, que a semaglutida apresenta benefícios. Como emagrecimento, redução da pressão arterial, redução da dislipidemia, em contrapartida retém de muitos efeitos colaterais. Até que ponto isso se torna válido? É imprescindível, uma boa anamnese e discussão de caso, para que, de acordo com o perfil do paciente, seja escolhido o melhor tratamento e prognóstico.

4 CONCLUSÃO

No presente estudo, foram sistematizados conhecimentos sobre a aplicação e uso da semaglutida, as adversidades a serem contornadas referente a utilização da mesma e estratégias de manejo, assim como, mecanismos de ajuda não medicamentosa, expondo a perspectiva da doença.

Em suma, é notório salientar que as fontes midiáticas influenciam uma padronagem corporal. E o medicamento mesmo tendo bons resultados em doentes, acaba sendo utilizado por pessoas sem obesidade para diminuir o índice de massa corpórea. Observa-se a dificuldade na mudança de hábitos da população e  o anseio imediato pela resolutividade. A droga possui muita adesão da classe alta, visto que é um medicamento caro e não ofertado pelo SUS. Apesar de grande procura, está associado a grandes efeitos colaterais.

Procedimentos cirúrgicos podem ser utilizados em caso de obesidade e diabetes, a bariátrica apresenta-se como melhor técnica operatória. A cirurgia de perda de peso deixa de ser experimental e passa a ser uma alternativa de tratamento para quem tem diabetes tipo 2 e IMC entre 30 Kg/m2 e 34,9 Kg/m2. As cirurgias de redução de peso se mostraram 6 vezes mais eficazes que o tratamento intensivo. A cirurgia é mais benéfica ainda que o tratamento seja associado à medicação, uma alimentação balanceada e atividade física. .(N Engl J Med at el.,2022).O tratamento do Diabetes tipo 2 visa minimizar o surgimento de complicações ao longo do tempo de diagnóstico. Cerca de 90% das pessoas que desenvolvem diabetes tipo 2, apresentam sobrepeso ou obesidade, sendo assim, a perda de peso é fundamental para melhorar o controle dos níveis de glicose no sangue.

Vale ressaltar, que embora os desafios dessas doenças, é irrefutável a ação dos profissionais de saúde, corroborando para o tratamento e qualidade de vida dos pacientes, além de escolherem o melhor manejo para cada situação.

REFERÊNCIAS

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“TODOS precisam agir”: 04/3 – Dia Mundial da Obesidade | Biblioteca Virtual em Saúde MS. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/todos-precisam-agir-04-3-dia-mundial-daobesidade/#:~:text=Segundo%20a%20OMS,%20uma%20pessoa,24,9%20kg/m2. Acesso em: 17 mar. 2024.

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VARELLA, Mariana. “Rosto de Ozempic” é um dos efeitos colaterais da semaglutida | Drauzio Varella. 24 mar. 2023. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/medicamentos/rosto-deozempic-e-um-dos-efeitos-colaterais-da-semaglutida/. Acesso em: 17 mar. 2024.

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1Acadêmica de Medicina Universidade Nove de Julho- São Paulo-SP

2Acadêmico de Medicina Universidade Ceuma- Imperatriz- MA

3Acadêmicos de Medicina Universidade Nove de Julho- São Paulo-SP