VOLATILIDADE EPIDEMIOLÓGICA DO HIV/AIDS EM REGIÃO MINERARIA DA AMAZÔNIA

EPIDEMIOLOGICAL VOLATILITY OF HIV/AIDS IN THE MINING REGION OF THE AMAZON

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202408092230


Karen Domingos de Sousa1, Antonio Nilton Sousa Matos2, Poliana da Cunha de Oliveira3, Ingred Araujo da Silva4, Wiliam Araújo Gomes5, Jordana Cristiane Dionizio da Silva6, Victor Mateus Pinheiro Fernandes7


RESUMO:

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) causada pelo vírus da Imunodeficiência humana (HIV) é uma doença que surge após um período prolongado de incubação do vírus HIV. Este enfraquece o sistema imune, deixando o infectado vulnerável ao ataque por muitos outros organismos infecciosos. Atualmente, é um problema de saúde pública mundial, estima-se que, no mundo todo, existem 39 milhões de pessoas vivendo com o vírus. Objetivo: o objetivo deste estudo é utilizar informações do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) para determinar o perfil epidemiológico do HIV/AIDS nas cidades de Canaã dos Carajás e Parauapebas, no norte do Brasil, sudeste do Pará. Metodologia: Realizou-se um estudo epidemiológico descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa. Os dados foram obtidos por meio de consulta ao DATASUS, na base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), dados da Secretaria Municipal de Saúde de Canaã dos Carajás e dados Secretaria Municipal de Saúde de Parauapebas. Resultados e Discussão: a distribuição de casos de HIV/AIDS, destaca uma predominância de casos em homens em Parauapebas e uma variação nas proporções de óbitos ao longo do tempo em Canaã dos Carajás, chegando a 100% de óbitos masculinos a partir de 2022. Aborda estratégias diferenciadas de prevenção e tratamento, destacando questões éticas, morais, técnicas e estruturais. Conclusão: concluiu-se por meio deste estudo a complexidade da dinâmica do HIV/AIDS em Canaã dos Carajás e Parauapebas, apontando as barreiras à prevenção.  

Palavra-chave: hiv, aids, epidemiologia, prevenção e profilaxia

ABSTRACT:

Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS) caused by the Human Immunodeficiency Virus (HIV) is a disease that emerges after a prolonged period of HIV virus incubation. This weakens the immune system, leaving the infected individual vulnerable to attack by many other infectious organisms. Currently, it is a worldwide public health problem, with an estimated 39 million people living with the virus globally. Objective: The aim of this study is to use information from the Department of Health Informatics of the Unified Health System (DATASUS) to determine the epidemiological profile of HIV/AIDS in the cities of Canaã dos Carajás and Parauapebas, in northern Brazil, southeast Pará. Methodology: A descriptive, retrospective epidemiological study with a quantitative approach was conducted. Data were obtained through consultation of DATASUS, the database of the Notification of Injury Information System (SINAN), and data from the Municipal Health Secretariat of Canaã dos Carajás and Parauapebas. Results and Discussion: The distribution of HIV/AIDS cases highlights a predominance of cases in men in Parauapebas and variations in the proportions of deaths over time in Canaã dos Carajás, reaching 100% male deaths from 2022 onwards. It addresses differentiated strategies for prevention and treatment, highlighting ethical, moral, technical, and structural issues. Conclusion: Through this study, the complexity of the dynamics of HIV/AIDS in Canaã dos Carajás and Parauapebas was concluded, pointing out barriers to prevention. 

KEYWORDS: hiv, aids, epidemiology, prevention and prophylaxis

1. INTRODUÇÃO

Globalmente, 39,0 milhões [33,1-45,7 milhões] de pessoas viviam com HIV no final de 2022. Estima-se que 0,7% [0,6-0,8%] dos adultos de 15 a 49 anos em todo o mundo vivem com HIV, embora a carga da epidemia continue a variar consideravelmente entre países e regiões. 1O Brasil aponta para 381.793 casos de infecção por HIV , segundo dados de 2007 a 2021 levantados pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde. 2

O vírus da Imunodeficiencia Humana (HIV) é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae e é uma Infecção Sexualmente Transmissível. 3O HIV é o vírus causador da Aids, estágio avançado da infecção que debilita o sistema imunológico e deixa o organismo suscetível a doenças oportunistas. A infecção não possui cura, porém, sua progressão à AIDS pode ser evitada com o uso de tratamento farmacológico antiretroviral. 2

A AIDS é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. O vírus é capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. 3

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. São transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. 3

A infecção pelo HIV pode causar alterações no organismo do indivíduo e gerar a possibilidade de desenvolvimento de sintomas específicos desde o estágio agudo até o estágio avançado da AIDS. Assim, a promoção do conhecimento sobre o tema é essencial, uma vez que esse público apresenta sintomas da doença, tem comportamento de risco e não realiza comportamentos pós-exposição; e estima-se que o tempo médio entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas da doença seja de cerca de dez anos.4, 5

A transmissão sexual também é chamada de transmissão horizontal, pois ocorre por contato direto com o agente infectado; Assim, além do via sexual, pode ser propagada por transfusão de sangue contaminado e o uso de corte não estéril ou instrumentos perfurantes. Transmissão vertical, por outro lado, é o processo pelo qual o vírus passa da mãe para o bebê, o que pode ocorrer durante gravidez, trabalho de parto ou amamentação. 6, 7

No que tange as prevenções, temos as percepções de risco e profilaxia pós- exposição (PEP) disponibilizada pelo SUS desde 2010, usada em exposição sexual consentida. É uma alternativa emergencial de prevenção podendo ser utilizada até 72 horas após a exposição. É utilizada geralmente quando há intercorrências com o preservativo, uso de álcool e quando se esquecem de verificar se o parceiro é soropositivo. 8

Com relação ao cuidado, pacientes que vivenciavam a aceitação do diagnóstico conseguiam aderir ao tratamento, mas o sentimento de revolta e a não aceitação poderiam favorecer a sua interrupção. Dessa maneira, de acordo com relatos, a representação do diagnóstico e a forma de lidar com ele têm influência na continuidade do cuidado e na adesão ao tratamento. 9

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento farmacológico para a prevenção e tratamento do HIV/AIDS desde a década de 90 através da Lei 9313/1996.2O desenvolvimento de medicamentos para tratamento do HIV tem o objetivo de promover supressão viral por longo prazo, impedindo que o vírus se multiplique no organismo e evolua para a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, ou AIDS. 2

O Ministério da Saúde publicou uma nova versão do Protocolo Clínica e Diretriz Terapêutica (PCDT) para manejo do HIV em adultos. O documento orienta o cuidado e tratamento disponível no SUS e, com a atualização, passa a ser dividido em três módulos, para facilitar a consulta por pacientes e profissionais de saúde. Inclui, ainda, novas opções de terapia antirretroviral (TARV), para controlar a infecção pelo HIV, além de novos testes diagnósticos. (PCDT) está à recomendação de que o tratamento antirretroviral seja iniciado no mesmo dia ou, no máximo, até sete dias após o diagnóstico. 10

No tratamento antirretroviral, foi adicionada a opção de “terapia dupla” que consiste na tomada de comprimido único e diário composto por lamivudina e dolutegravir, alternativa importante para pessoas com outras doenças e/ou com intolerância aos outros medicamentos disponíveis. 10Diante do exposto este estudo visa explorar o sistema de informação em saúde DATASUS, e os dados obtidos das secretarias de saúde dos municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas  para determinar o cenário epidemiológico do HIV e da AIDS  nos referidos municípios no período de 2018 a 2023.

2. METODOLOGIA

Realizou-se um estudo epidemiológico descritivo, retrospectivo com abordagem quantitativa. Os dados foram obtidos por meio de consulta ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), no endereço eletrônico (http://www.datasus.gov.br), como também dados que foram solicitados as secretarias municipais de Saúde do município de Canaã dos Carajás e do município de Parauapebas e na base de dados do Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN). O levantamento de dados ocorreu no dia 02/11/2023 referente ao período de 01/01/2018 até 26/10/2023. O município de Canaã dos Carajás, possui uma população estimada de 77.079 habitantes, já Parauapebas possui 267.836 habitantes. Os dados foram inicialmente tabulados no Microsoft Office Excel e posteriormente foram realizados gráficos e tabelas dos mesmos. Por se tratar de um banco de domínio público, não foi necessário submeter o projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa.

3. RESULTADOS

Os resultados desta pesquisa incluem a apresentação e resultados de dados epidemiológicos recentes sobre o HIV/AIDS em Canaã dos Carajás e Parauapebas duas cidades no norte do Brasil, na região sudeste do Pará. Tais resultados destacam tendências e variações significativas ao longo do período analisado.

O gráfico 1 apresenta que em 2018, os casos masculinos de notificação de AIDS por sexo, representaram (65,38%) do total em Parauapebas, em 2019, essa proporção aumentou para (66,67%). Houve uma queda significativa em 2020, com (59,38%) dos casos notificados sendo do sexo masculino, em 2021 e 2022, a incidência em homens aumentou para (68,89%), (69,57%) sequencialmente, e até outubro de 2023, a proporção de casos em homens foi de (54,76%).

Já o segmento feminino representou (34,62%) do total em 2018, em 2019, essa proporção diminuiu para (33,33%), houve um aumento em 2020, com (40,63%) dos casos notificados sendo do sexo feminino, em 2021 e 2022, a incidência em mulheres diminuiu para (31,11%) e (30,43%) sequencialmente. Até outubro de 2023, a proporção de casos em mulheres foi de (45,24%).

Este comparativo ressalta as flutuações na distribuição de casos de AIDS entre homens e mulheres ao longo dos anos, fornecendo insights importantes para a compreensão das dinâmicas epidemiológicas. A variação nos percentuais destaca a necessidade de estratégias de intervenção e prevenção diferenciadas para cada grupo, visando uma abordagem mais eficaz na redução da incidência de casos de AIDS em Parauapebas.

Gráfico 1: Casos Notificados de AIDS Por Sexo em Residentes – Parauapebas 2018 a outubro de 2023.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Parauapebas.

O gráfico 2 apresenta a variação percentual na distribuição de casos de HIV em Parauapebas entre os sexos ao longo de seis anos. A incidência masculina iniciou em 63,83% em 2018, alcançou o pico em 2020 com 76,36%, e manteve-se elevada em 2023 com 74,19%. A incidência feminina, por sua vez, diminuiu de 36,17% em 2018 para 23,64% em 2020, com um pequeno aumento em 2021 (31,25%) e nova redução em 2023 (25,81%).

Gráfico 2: Casos Notificados de HIV Por Sexo em Residentes – Parauapebas 2018 a 26 outubro de 2023.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Parauapebas.

O gráfico 3 apresenta ass variações percentuais nos casos de HIV por sexo em Canaã dos Carajás, entre homens e mulheres, de 2018 a outubro de 2023. A incidência masculina manteve estabilidade em torno de 68,75% nos dois primeiros anos, seguida por uma queda acentuada para 16,67% em 2020 e um aumento expressivo para 85,19% em 2021. Em 2022, houve uma variação para 61,90%, com um aumento subsequente para 83,67% em 2023. Já a incidência feminina permaneceu estável em 31,25% nos anos iniciais, experimentando uma elevação significativa para 83,33% em 2020, seguida por uma redução para 14,81% em 2021. Em 2022, observou-se um aumento para 38,10%, seguido por uma nova redução para 16,33% em 2023.

Gráfico 3: Casos Notificados de HIV Por Sexo em Residentes – Canaã dos Carajás 2018 a 26 outubro de 2023.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Canaã dos Carajás.

O gráficos 4 apresenta a distribuição percentual de casos notificados de AIDS por sexo em residentes de Canaã dos Carajás de 2018 até outubro de 2023. Ao longo do período, a incidência masculina variou, começando em 57,14% em 2018, atingindo 100,00% em 2022 e 2023. Já a incidência feminina teve variações, iniciando em 42,86% em 2018, chegando a 0,00% em 2022 e 2023. 

Gráfico 4: Casos Notificados de AIDS Por Sexo em Residentes – Canaã dos Carajás 2018 a 26 outubro de 2023

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Canaã dos Carajás.

A tabela 1 relata a distribuição percentual de casos notificados de AIDS por faixa etária em residentes de Parauapebas de 2018 até outubro de 2023. Em 2018, houve uma divisão equitativa entre as faixas etárias de 20-34 anos e 35-49 anos, cada uma representando 50,00% dos casos. Ao longo dos anos seguintes, observou-se uma tendência de aumento na predominância da faixa etária de 20-34 anos, atingindo 59,38% em 2020. Posteriormente, houve variações, e a faixa etária de 35-49 anos manteve-se como a mais afetada em 2023, representando 52,38% dos casos, em comparação com os 47,62% na faixa etária de 20-34 anos. Essa análise destaca uma dinâmica na distribuição de casos de AIDS ao longo do período, com uma atenção especial para a predominância na faixa etária mais jovem nos anos (2019), (2020), e (2021) e a diminuição em (2022) e (2023).

Tabela 1: Casos Notificados de AIDS Por Faixa Etária em Residentes – Parauapebas 2018 a outubro de 2023.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Parauapebas.

A tabela 2 apresenta a distribuição percentual de casos notificados de HIV por faixa etária em residentes de Parauapebas de 2018 até outubro de 2023. Ao longo do período, observou-se uma predominância na faixa etária de 20-34 anos, iniciando em 63,83% em 2018 e variando ao redor dessa faixa nos anos subsequentes. Em 2023, a faixa etária de 20-34 anos representou 54,84% dos casos, em comparação com os 45,16% na faixa etária de 35-49 anos.

Essa análise destaca uma consistente prevalência de casos de HIV na faixa etária mais jovem.

Tabela 2: Casos Notificados de HIV Por Faixa Etária em Residentes – Parauapebas 2018 a outubro de 2023.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Parauapebas.

A tabela 3 apresenta a distribuição percentual de casos notificados de AIDS por faixa etária em residentes de Canaã dos Carajás de 2018 até outubro de 2023. Observa-se uma variação significativa na distribuição dos casos ao longo dos anos e faixas etárias. Em 2018, a faixa etária de 30-39 anos representa a maior proporção, com 42,86%, seguida pela faixa etária de 20-29 anos com 28,57%. Nos anos seguintes, há uma alteração nos padrões, com destaque para o aumento expressivo na faixa etária de 30-39 anos em 2019, representando 60,00% dos casos notificados. Em 2020, ocorre um aumento na faixa etária de 40-49 anos com 42,86%, enquanto em 2021 e 2022, há uma predominância na faixa etária de 30-39 anos. Notavelmente, em 2023, todos os casos notificados estão concentrados na faixa etária de 30-39 anos, totalizando 100,00%.

Tabela 3: Casos Notificados de AIDS Por Faixa Etária em Residentes – Canaã dos Carajás 2018 a outubro de 2023.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Canaã dos Carajás.

Os dados da tabela 4 apresentam a distribuição percentual dos casos notificados de HIV por faixa etária em residentes de Canaã dos Carajás, no período de 2018 a outubro de 2023. A análise por faixa etária inclui as categorias de 15-29, 30-49 e 50-79 anos.

Ao longo desses anos, observa-se variação nas proporções de casos notificados em cada faixa etária. Em 2018, a faixa etária de 30-49 anos apresentou a maior porcentagem (56,25%), enquanto a faixa de 15-29 anos representou 25,00%. Em 2019, houve um aumento significativo na faixa de 15-29 anos, atingindo 50,00%, enquanto a faixa de 30-49 anos diminuiu para 40,63%. Em 2020, a faixa de 30-49 anos novamente liderou com 58,33%, e a faixa de 50-79 anos registrou 0,00%. Nos anos seguintes, houve flutuações nas proporções, com destaque para 2022, onde a faixa de 15-29 anos teve um aumento substancial para 52,38%, enquanto a faixa de 30-49 anos diminuiu para 23,81%. Em 2023, até outubro, observa-se uma redução na faixa de 15-29 anos para 38,78%, enquanto a faixa de 30-49 anos novamente lidera com 57,14%. A faixa etária de 50-79 anos representa 4,08% dos casos notificados.

Tabela 4: Casos Notificados de HIV Por Faixa Etária em Residentes – Canaã dos Carajás 2018 a outubro de 2023.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Canaã dos Carajás.

Os dados do gráfico 5 apresentam o número de óbitos relacionados à doença pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) em residentes de Parauapebas, distribuídos por sexo, de 2018 a 2023. Em 2018, 60% dos óbitos foram de homens e 40% de mulheres. No ano seguinte, houve uma inversão, com 45,45% de óbitos em homens e 54,55% em mulheres. Em 2020, a distribuição equilibrou-se, com 53,85% de óbitos em homens e 46,15% em mulheres. Contudo, em 2021, observou-se um aumento expressivo nos óbitos masculinos, representando 70% do total, enquanto as mulheres compuseram 30%. Em 2022, o aumento nos óbitos masculinos continuou atingindo 75%, em comparação com os 25% de óbitos em mulheres, e em 2023, até o momento registrado, a disparidade entre os sexos persiste, com 77,78% dos óbitos relacionados ao HIV ocorrendo em homens e 22,22% em mulheres.

Gráfico 5: Quantitativo de óbitos por (HIV) – Parauapebas.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Parauapebas.

Os dados do gráfico 6 sobre óbitos relacionados ao HIV em Canaã dos Carajás revelam padrões distintos ao longo dos anos. Em 2019, todos os óbitos foram de mulheres (100%). Em 2020, a quantidade se igualou entre homens e mulheres, ambos representando 50% dos óbitos. Em 2021, a maioria dos óbitos foi de homens (71,43%), com as mulheres correspondendo a 28,57%. Nos anos seguintes, 2022 e 2023 (até o momento registrado), todos os óbitos foram de homens, alcançando 100%, enquanto não foram registrados óbitos relacionados ao HIV em mulheres.

Gráfico 10: Quantitativo de óbitos por HIV – Canaã dos Carajás.

Fonte: Autores (2023), baseado nos dados da secretaria municipal de Canaã dos Carajás.

Ao comparar os dados de óbitos relacionados ao HIV em Parauapebas e Canaã dos Carajás, observamos padrões distintos.

Em Parauapebas, ao longo dos anos de 2018 a 2023, houve uma tendência de aumento nos óbitos masculinos, com homens representando a maioria dos casos, especialmente a partir de 2021. Em contraste, em Canaã dos Carajás, a distribuição dos óbitos foi mais variada. Em 2019, todos os óbitos foram de mulheres, e em anos subsequentes, observamos mudanças significativas nas proporções, culminando em 100% de óbitos masculinos a partir de 2022.

4. DISCUSSÃO

Foram registrados no Brasil, nos últimos 14 anos, 380 mil casos de infecções pelo HIV sendo que na região Sudeste foi catalogado cerca de 43,3% destes casos, na região Nordeste 19,8% e no Sul 19,7%, em 2019, foram registrados 10 mil óbitos por AIDS. Apesar dos casos diminuírem ao longo dos anos regiões como sudeste ainda precisa de uma atenção rigorosa que requer vigilância e planejamento visando estratégias para sua superação. 11

Desde 2010, as novas infecções por HIV caíram cerca de 23%, de 2,1 milhões [1,6 milhão–2,9 milhões] para 1,7 milhão[1,2 milhão–2,2 milhões] em 2019, desde 2010, as novas infecções por HIV em crianças caíram 52%, saindo de 310.000 [200.000–500.000] em 2010 para 150.000 [94.000–240.000] em 2019. 12

Para Pavinati, (2023) ainda há inúmeras barreias a serem superadas como a ética, a moral, a técnica, a estrutura organizacional e a política para aplicação e aperfeiçoamento dos cuidados e da qualidade de vida dos portadores de HIV. No SUS é ofertado um acompanhamento dividido em etapas: diagnóstico oportuno, vinculação do indivíduo a um serviço, retenção no seguimento, início da terapia antirretroviral (TARV), supressão da carga viral e alcance de melhor qualidade de vida (QV). 11

Damião et, al., (2022) fala que existem inúmeros tipos de barreias, barreiras de dimensão individual, social e programática, gênero, raça, classe e geração, violência territorial, armada e simbólica (sutil), vulnerabilidade e precariedade. Damião explica que a violência por parte dos traficantes dificulta a ação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), e que a desigualdade de gênero contribui para o aumento da vulnerabilidade das mulheres tanto no que se refere à exposição às IST/HIV/AIDS quanto ao acompanhamento nos cuidados de saúde. 13

Foi realizado um estudo no estado da Bahia e estendeu-se a população brasileira em que o comportamento é primordial quanto a adesão e negociação do uso de preservativos, isso inclui a sua pose, pois muitas pessoas se envolvem em comportamentos de risco, mesmo sob a orientação de profissionais médicos. Nesse contexto, devem ser consideradas as formas de acesso dos usuários às informações e aos métodos contraceptivos, bem como aos serviços de saúde, tanto da atenção básica quanto da atenção especializada. 14

Os grupos de Pessoas que Vivem com HI/AIDS (PVHA) precisam de acordo com Carmo et al., (2022) de não apenas uma atuação macroestrutural onde são envolvidas políticas e programas de saúde, mas é necessária uma atuação microestrutural onde está sobretudo a postura de abordagem ao cuidado e a defesa da vida. 15

Em 2019, cerca de 690.000 [500.000 – 970.000] pessoas morreram por causas relacionadas à AIDS em todo o mundo, frente aos 1,7milhão [1,2 milhão- 2,4 milhões] de 2004 e aos 1,1 milhão [830.000 – 1,6 milhão] de 2010. A mortalidade por AIDS caiu 39% desde 2010. 12

Dentre os prejuízos adquiridos a partir do HIV temos o alto índice de morbidade e mortalidade que está permeado por questões sociais e além dessa necessidade há a questão biomédica onde esses indivíduos estão à mercê de doenças oportunistas que contribui para a vulnerabilidade dos indivíduos levando a possível óbito. 16, 17

5. CONCLUSÃO

Conclui-se que pesquisa oferece uma análise profunda e abrangente da dinâmica epidemiológica do HIV/AIDS em Canaã dos Carajás e Parauapebas, duas cidades no norte do Brasil. Ao longo dos anos, o estudo demonstra a complexidade das questões relacionadas à incidência da doença, explorando não apenas as mudanças nas taxas, mas também as barreiras substanciais à profilaxia e prevenção.

As barreiras individuais, sociais e programáticas destacadas oferecem insights valiosos, indicando que uma abordagem única pode não ser eficaz para todas as comunidades. A discussão sobre fatores como ética, moral, técnica, estrutura organizacional e política aprofunda a compreensão dos desafios enfrentados na gestão da epidemia.

A análise das estatísticas, juntamente com a comparação entre as cidades, revela padrões interessantes e proporciona uma base sólida para futuras intervenções. 

Em última análise, o estudo ressalta a importância de uma abordagem holística para lidar com o HIV/AIDS, abordando não apenas os aspectos clínicos, mas também considerando as complexas interações sociais, culturais e estruturais que moldam a epidemia. 

6. REFERÊNCIAS

1 HIV. Disponível em: <https://www.who.int/data/gho/data/themes/hiv-aids>. Acesso em: 24 nov. 2023.

2 Alerta de MHT aponta opção terapêutica no tratamento de pessoas com HIV. Disponível em: <https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/noticias/2023/abril/alertade-mht-aponta-opcao-terapeutica-no-tratamento-de-pessoas-com-hiv>. Acesso em: 24 nov. 2023.

3 Aids / HIV. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-az/a/aids-hiv>. Acesso em: 24 nov. 2023.

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5 FREITAS, A. N. DE et al. Caracterização das infecções que acometem o usuário no momento do diagnóstico para o Hiv/Aids. Arq. ciências saúde UNIPAR, p. 470–785, 2022.

6 GASCÓN, M. R. P. et al. Prevalence of cognitive impairment in HIV patients: vertical and horizontal transmission. Dementia & neuropsychologia, v. 16, n. 1, p. 45–51, 2022.

7 NEWELL, M.-L. Vertical transmission of HIV-1 infection. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 94, n. 1, p. 1–2, 2000.

8 MATHIAS, A. et al. Percepções de risco e profilaxia pós-exposição ao HIV entre homens que fazem sexo com homens em cinco cidades brasileiras. Ciencia & saude coletiva, v. 26, n. 11, p. 5739–5749, 2021.

9 MUNIZ, C. G.; BRITO, C. O que representa o diagnóstico de HIV/Aids após quatro décadas de epidemia? Saúde em Debate, v. 46, n. 135, p. 1093–1106, 2022.

10 Ministério da Saúde publica atualização do PCDT de HIV em adultos. Disponível em: <https://www.gov.br/conitec/pt-br/assuntos/noticias/2023/novembro/ministerioda-saude-publica-atualizacao-do-pcdt-de-hiv-em-adultos>. Acesso em: 24 nov. 2023.

11 PAVINATI, G. et al. Análise da internação e mortalidade por HIV no Brasil, 20162020. Rev. urug. enferm, p. 1–18, 2023.

12 DE,  O. F. DE 2019) O. F. Estatistícas mundiais sobre hiv. Disponível em: <https://unaids.org.br/wpcontent/uploads/2020/11/2020_11_19_UNAIDS_FactSheet_PORT_Revisada.pdf> Acesso em: 24 nov. 2023.

13 DAMIÃO, Jorginete de Jesus et al. Cuidando de Pessoas Vivendo com HIV/Aids na Atenção Primária à Saúde: nova agenda de enfrentamento de vulnerabilidades?. Saúde em Debate, [S.L.], v. 46, n. 132, p. 1-12, mar. 2022. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104202213211.

14 JESUS, Samuel José Amaral de et al. Sífilis e HIV/aids nas regiões de saúde da Bahia: uma abordagem ecológica. Revista Baiana de Saúde Pública, [S.L.], v. 46, n. 3, p. 119, 30 set. 2022

15 CARMO, Rose Ferraz et al. Reconectando vidas: práticas de cuidado em saúde sob o olhar de pessoas vivendo com hiv/aids. Saúde em Debate, [S.L.], v. 46, n. 135, p. 116, dez. 2022. FapUNIFESP (SciELO). doi.org/10.1590/0103-1104202213511.

16 ARAUJO, I. R. et al. Déficits motores e preditores de perda de mobilidade ao final da internação em indivíduos com neurotoxoplasmose. Fisioterapia e Pesquisa, v. 26, n. 4, p. 360–365, 2019.

17 CUNHA, Ana Paula da; CRUZ, Marly Marques da; PEDROSO, Marcel. Análise da tendência da mortalidade por HIV/AIDS segundo características sociodemográficas no Brasil, 2000 a 2018. Ciência & Saúde Coletiva, [S.L.], v. 27, n. 3, p. 1-14, mar.2022.


1Graduando em Enfermagem, Faculdade para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (FADESA), Parauapebas, PA. 
Karen.domings07@gmail.com
https://orcid.org/0009-0005-2370-3205
http://lattes.cnpq.br/5070725109974840

2Mestrando em Química Pura e Aplicada: Universidade Federal do Oeste da Bahia – UFOB, Parauapebas, PA. antonio.matos@dpt.ba.gov.br

3Graduando em Enfermagem, Faculdade para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (FADESA), Parauapebas, PA. 
pollyanaolliveira10@gmail.com
https://orcid.org/0009-0000-6543-7121
http://lattes.cnpq.br/7459932262664731

4Graduando em Enfermagem, Faculdade para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (FADESA), Parauapebas, PA. 
araujo.ingred1005@gmail.com
https://orcid.org/0009-0005-6763-4109
http://lattes.cnpq.br/8662348529419355

5Especialização em Educação Especial Inclusiva, Faculdade Adelina Moura, FADEMA, Parauapebas, PA. 
William.gomesaraujo@outlook.com
https://orcid.org/0009-0007-0548-2853
http://lattes.cnpq.br/0555671480587708

6Mestra em Microbiologia/Micologia pelo Programa de Biologia Parasitária na Amazônia pela Universidade do Estado do Pará, Parauapebas, PA. dioniziojordana@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-7849-9126
https://lattes.cnpq.br/7168595481003470

7Enfermeiro pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA. Mestrando em Ciências Ambientais pela Universidade do Estado do Pará – UEPA, Parauapebas, PA.
vmpf13@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-5130-3085
http://lattes.cnpq.br/7569615282259663