EXPERIENCES OF AN INTERPROFESSIONAL TEAM IN CTA/SAE IN THE PREVENTION AND CONTROL OF STIs/AIDS DURING THE COVID19 PANDEMIC
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501031250
Angela Cavalcanti Marcondes1
Isabelle Diniz Cerqueira Leite2
Rossana Carla Rameh-de-Albuquerque3
Márcia Maria Cavalcanti Marcondes4
Taiana Marcondes Mendes5
Arine Maria Víveros de Castro Lyra6
Resumo
Em março de 2020, a Covid19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Essa pesquisa teve como objetivo compreender as vivências de uma equipe interprofissional no trabalho de prevenção e controle das IST/Aids num CTA/SAE, durante a pandemia da Covid19. Pesquisa de natureza qualitativa, utilizou de grupo focal e observação participante junto a equipe técnica-administrativa do serviço especializado localizado no município de Igarassu-PE. Os resultados apresentados a partir da análise de conteúdo de Minayo são discutidos à luz das práticas colaborativas desenvolvidas, e, a aprendizagem compartilhada estão orientadas pelas dimensões interdisciplinares, interprofissionais e interculturais. Foram reconhecidos diversos saberes, práticas e vivências que extrapolam as competências específicas e habilidades de cada profissional de saúde. O estigma ainda é um desafio para o diagnóstico e assistência de pessoas com IST/Aids.
Palavras-chave: Relações interprofissionais. Infecções Sexualmente Transmissíveis. Covid19. Prevenção. IST/Aids.
ABSTRACT
In March 2020, Covid19 was characterized by the WHO as a pandemic. This research aimed to understand the experiences of an interprofessional team in the work of prevention and control of STIs/Aids in a CTA/SAE, during the Covid19 pandemic. This qualitative research used focus groups and participant observation with the technical-administrative team of the specialized service located in the municipality of Igarassu-PE. The results presented from Minayo’s content analysis are discussed in light of the collaborative practices developed, and shared learning is guided by interdisciplinary, interprofessional and intercultural dimensions. Various knowledge, practices and experiences were recognized that go beyond the specific skills and abilities of each health professional. Stigma is still a challenge for the diagnosis and care of people with STIs/Aids.
Keywords: Interprofessional relationships. Sexually transmitted infections. Covid19. Prevention. STI/Aids.
1 INTRODUÇÃO
Em março de 2020, a doença causada pelo novo Coronavírus (Covid19) foi caracterizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia. A partir dessa data, toda a população viveu uma “avalanche” de transformações políticas, econômicas e sociais, com intervenção governamental mundial para implementação de medidas de emergência e restrições. Em maio de 2023, quando a OMS declarou o fim da emergência de saúde pública de interesse internacional, o Brasil contabilizava 701,4 mil mortes (Who, 2020).
Como em vários países do mundo, no Brasil a resposta sanitária à pandemia foi, predominantemente, focada nos serviços hospitalares visando a ampliação do número de leitos ofertados e, prioritariamente, de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e respiradores pulmonares. Apesar da necessidade de uma reestruturação da atenção especializada para acolher esta demanda gerada, as demais atividades de rotina da Atenção Primária à Saúde (APS) não poderiam deixar de serem ofertadas aos(às) usuários(as). As políticas estratégicas precisaram ser garantidas, uma vez que as previsões epidemiológicas sugeriam um longo período de convivência com o novo vírus. Tal situação exigiu a reorganização dos serviços de saúde para que fossem mantidos os cuidados, inclusive à distância, evitando agravar a falta de acesso e as desigualdades sociais (Medina, 2020).
Considerada no Brasil como uma das políticas estratégicas, a prevenção e o controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) precisou continuar com suas atividades. As IST são doenças originadas por vírus, bactérias, protozoários ou ainda outros microrganismos que podem ser transmitidas de uma pessoa para outra durante as relações sexuais, sejam vaginais, anais ou orais. E a Aids, sendo uma IST, é uma doença precipitada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que ataca o sistema imunológico do corpo, que o torna mais vulnerável a infecções e doenças em geral (Brasil, 2019).
Em 2016, a OMS estimou em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), uma incidência de 376,4 milhões de casos de IST curáveis em pessoas de 15 a 49 anos de idade, entre os quais destacaram-se 127,2 milhões de casos de clamídia, 86,9 milhões de casos de gonorreia e 6,3 milhões de casos de sífilis. Nas Américas, nesse mesmo período, foram estimados 29,8 milhões de casos de clamídia, 13,8 milhões de casos de gonorreia e 2 milhões de casos de sífilis. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 apontou que aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) ao longo do ano de 2019, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos de idade ou mais (Brasil, 2019).
Essas estimativas confirmam a alta frequência das IST e justificam a necessidade de uma estratégia global com definição de ações prioritárias. Sendo assim, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), através do Plano de Ação para Prevenção e Controle do vírus da imunodeficiência humana (human immuno deficiency vírus) HIV e das Infecções Sexualmente Transmissíveis/IST (2016-2021), propôs acelerar a eliminação das epidemias do HIV/IST como problemas de Saúde Pública na Região das Américas, até o ano de 2030 (Opas & OMS, 2016).
No Brasil, partir da década de 80, o Ministério da Saúde estimulou a estruturação dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) (Brasil, 2017) e posteriormente o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) que objetivam fortalecer a efetividade e eficiência do Programa Municipal de Infecções Sexualmente Transmissíveis/HIV/Aids e Hepatites virais a curto, médio e longo prazo. Também, intensificam a oferta de prevenção combinada às populações chaves, ampliam a testagem, o tratamento e o monitoramento, em parceria com a Atenção Primária, através de campanhas preventivas, ações em áreas de maior vulnerabilidade social, como terreiros, ONGs, igrejas e empresas, tendo como meta principal a redução da transmissão das IST/Aids nos municípios (Silva, 2007).
No Brasil, a prevenção e controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) continuaram sendo uma prioridade durante a pandemia de Covid19. Para garantir a continuidade dos serviços e evitar interrupções no acesso aos cuidados de saúde relacionados ao HIV/Aids e outras ISTs, foram adotadas diversas medidas, incluindo:
1. Continuidade dos serviços de saúde: nestes, os serviços de saúde dedicados ao tratamento e prevenção do HIV/Aids e outras ISTs foram mantidos em funcionamento, com adaptações para garantir a segurança dos pacientes e profissionais de saúde;
2. Uso de telemedicina: foram feitas consultas médicas de modo remoto, por meio de telemedicina e teleatendimento, para permitir que as pessoas recebessem orientação e acompanhamento médico sem a necessidade de visitar fisicamente os centros e serviços de saúde;
3. Distribuição de preservativos e insumos de prevenção: vários programas de distribuição de preservativos e outros insumos de prevenção foram mantidos e, em alguns casos, ampliados, para assegurar o acesso contínuo a métodos de prevenção de ISTs;
4. Testagem e aconselhamento: os serviços de testagem e aconselhamento para HIV/Aids e outras ISTs foram mantidos, com medidas adicionais para garantir a segurança dos pacientes e profissionais de saúde; e,
5. Campanhas de conscientização: foram realizadas campanhas de conscientização pública sobre a importância da prevenção do HIV/Aids e outras ISTs, muitas vezes integradas às campanhas de prevenção da Covid19 (Brasil, 2021).
Observa-se que essas medidas destacadas foram essenciais para garantir que a resposta à pandemia de Covid19 não comprometesse os avanços alcançados na prevenção e controle do HIV/Aids e outras ISTs no Brasil.
Apesar dos serviços especializados em prevenção, tratamento e controle das IST/Aids no Brasil serem norteados por diretrizes nacionais, na prática, possuem arranjos organizacionais locais que buscam atender as diferentes demandas e essas estavam sujeitas aos efeitos da pandemia da Covid19, que impuseram novas normas de convivência. Assim também se deu no CTA /SAE de Igarassu, objeto dessa pesquisa.
Este centro/serviço tem como objetivo institucional fortalecer a efetividade e eficiência do Programa Municipal de Infecções Sexualmente Transmissíveis/HIV/Aids e Hepatites virais a curto, médio e longo prazo. Busca intensificar a oferta de prevenção combinada às populações chaves, ampliar a testagem, tratamento e monitoramento, em parceria com a Atenção Primária, através de campanhas preventivas, ações em áreas de maior vulnerabilidade social, como terreiros, ONGs, igrejas e empresas, tendo coma meta principal a redução da transmissão das IST/AIDS no município. Disponibiliza de segunda a sexta-feira, das 07h às 13h, atendimento com: médico infectologista, enfermagem, realização exames, testagem rápida de sífilis, HIV, hepatites B e C, distribuição de preservativos, dispensação de medicação aos soros positivos, sendo referência no Litoral Norte do estado de Pernambuco no tratamento e acompanhamento a esse grupo.
Foi necessário à equipe de saúde a compreensão do aprender juntos para efetivar e melhorar a qualidade da atenção em saúde ampliando a eficácia e qualidade do cuidado. Nesse sentido, observar o desenvolvimento de competências colaborativas bem como a otimização da interprofissionalidade, que deve atuar como mecanismo transformador das ações praticadas por equipes de saúde, foi o foco desse trabalho. Vê-se que na interprofissionalidade é necessária uma comunicação eficaz, coesa e que atue na coordenação de cuidado e resolutividade dos problemas emergidos (Belarmino, Rodrigues & Ferreira, 2020).
A interprofissionalidade pode ser definida como o desenvolvimento de uma prática coesa entre profissionais de diferentes disciplinas, que envolve refletir e operar um trabalho capaz de responder às necessidades da comunidade. Assim sendo, uma reflexão sobre a prática, orientada para a problematização da realidade, pode favorecer a articulação e integração das ações de saúde e uma melhor resposta aos problemas de organização dos serviços de saúde em tempos de pandemia (Escalda & Parreira, 2018).
A pandemia afetou as populações mais pobres de forma mais drástica e de acordo com as singularidades de cada local do planeta. Demandou uma abordagem interprofissional e políticas intersetoriais construídas de forma integrada à percepção e à participação social (Marques, Silveira & Pimenta, 2020). Estudo publicado no International Journal of Infectious Diseases demonstrou a importância da abordagem interprofissional no controle da Covid19, destacando a necessidade de um trabalho conjunto entre profissionais de saúde, para garantir uma resposta eficaz à pandemia (Mektrirat, et al, 2022).
Nessa perspectiva, surge a pergunta: como uma equipe interprofissional vivenciou seu trabalho de prevenção e controle das IST/Aids, num serviço especializado, durante a pandemia da Covid19? Dessa forma, esta pesquisa teve como objetivo compreender a vivência de uma equipe interprofissional no trabalho de prevenção e controle das IST/Aids num CTA/SAE, durante a pandemia da Covid19.
2 METODOLOGIA
Pesquisa de natureza qualitativa, com observação participante realizada no período de dez/2021 a out/2022, através de grupo focal com toda a equipe técnica-administrativa do serviço especializado CTA/SAE, localizado no município de Igarassu-PE (Parecer CEP 5.223.688º).
A equipe foi composta por 02 enfermeiras, 02 técnicos de laboratório, 01 digitador, 01 agente de combate as endemias, 01 recepcionista, 01 assistente social, 01 médico infectologista, 01 psicóloga/coordenadora, 01 auxiliar de serviços gerais. Todos os 11 profissionais do serviço participaram da pesquisa após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Foi realizada a Técnica do Grupo Focal presencial, em única sessão com duração de 117min, norteado por um roteiro de perguntas contendo uma questão introdutória, uma pergunta de transição, questões chave e uma pergunta de encerramento. Foram utilizados dois aparelhos de celular para garantir a gravação de áudio com qualidade. A entrevista foi guiada unicamente pela pesquisadora, que utilizou as perguntas norteadoras para favorecer a manifestação da subjetividade a partir de um discurso amplo (Minayo, 2012).
Durante o grupo focal, também foram registradas anotações de campo, considerando a observação participante. Segundo Simões e Sapeta (2018), as etapas da observação participante geralmente incluem a imersão no campo e a operacionalização. A etapa de inserção no território do campo de estudo e envolvimento ativo na realidade social dos participantes, aconteceu através de registros de ação prévia da pesquisadora com o equipamento de saúde, nos relatórios de trabalho da pesquisadora no Projeto Integração Inteligente Aplicada ao Fortalecimento da Rede de Resposta Rápida à Sífilis do Ministério da Saúde e LAIS/FUNPEC/UFRN (2018/2020). Esta participação prévia, e ativa, nas atividades e interações do grupo, permitiu uma relação de confiança e familiaridade com os (as) profissionais de saúde envolvidos no campo de estudo.
As gravações em áudio, foram posteriormente transcritas pela pesquisadora, e os dados apresentados de acordo com a Técnica de Análise de Conteúdo Temática proposta por Minayo (2012) que, operacionalmente, desdobrou-se nas etapas pré-análise, exploração do material e codificação e tratamento dos resultados obtidos/interpretação (Minayo. 2012).
Para a análise do material, inicialmente, foi realizada uma leitura geral, também denominada de ‘leitura flutuante’ no sentido de estabelecer um contato inicial com todo o material coletado e assim, definir a organização da análise (Etapa de pré-análise).
Em sequência, considerando a exploração do material coletado, foram identificadas, como unidades de contexto, frases que foram categorizadas de acordo com os objetivos e questões de estudo. Como modelo de codificação, no sentido de preservar o anonimato, optou-se pela apresentação das falas dos participantes através do código composto pela letra “P”, de participante, o número do participante definido de acordo com a audiodescrição e a letra “F” ou “M” indicativo do gênero. Considerou-se que, a codificação por categoria profissional faria a identificação do/a participante pois em alguns casos, tem-se apenas um/uma participante na profissão (etapa de exploração do material e codificação).
Buscou-se a verificação das questões relacionadas aos objetivos deste trabalho e o que estava implícito nos conteúdos manifestos pelos(as) entrevistados(as), sendo analisadas as variáveis narrativas que se apresentaram, através da metodologia de descrição e interpretação de diversas classes de conteúdo, o que acessou demais aspectos subjetivos apresentados pelo grupo (Etapa do tratamento dos resultados obtidos/interpretação). Algumas percepções e reflexões decorrentes do processo de investigação foram registradas posteriormente nas anotações de campo conforme a pesquisadora percebia a necessidade de detalhes para possível análise posterior.
Para a análise das temáticas emergidas e categorizadas refletiu-se a partir das teorias relativas ao trabalho colaborativo e a aprendizagem compartilhada. Essas foram discutidas à luz das dimensões interdisciplinares, interprofissionais e interculturais (Escalda & Parreira, 2018).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Apresentamos as principais categorizações feitas a partir da análise do grupo focal, cada uma abordando um aspecto essencial das narrativas colhidas. A primeira categorização enfatiza o olhar e o diálogo como características essenciais ao cuidado no SUS, revelando aspectos sobre a integralidade desse cuidado. Em seguida, analisamos a chegada da pandemia com o não isolamento dos profissionais de saúde, cujas interpretações reforçam os desafios enfrentados pela equipe. A terceira categorização toca sobre a pessoa com IST/Aids e sua necessidade de se manter no serviço e no cuidado. Por fim, a quarta categorização temática aborda os desafios e possibilidades do trabalho interprofissional na CTA/SAS, no qual as narrativas coletadas indicam que o trabalho integrado é a única saída para um bom trabalho de equipe. Esses resultados, interconectados, são discutidos oferecendo reflexões a partir das narrativas coletadas em consistência com os argumentos teóricos sobre o tema do estudo como um todo.
3.1 Olhar e diálogo, o cuidado necessário no SUS
No contexto da gestão do trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS), o exercício da integralidade do cuidado é fundamental para fomentar a qualidade nos diversos serviços prestados pelos profissionais de saúde (Escalda & Parreira, 2018). Essa realidade é construída nas relações entre trabalhador/equipe/unidade de saúde com o usuário/família/comunidade. Nesse contexto, a prática se transforma em vínculo (Junges, Barbiani & Zoboli, 2015) e o foco não está exclusivamente na condição clínica, mas aliado à sua realidade biopsicossocial, tal como evidenciado a seguir:
“A gente olha o paciente como um todo, a gente olha o paciente como um ser humano e não como um objeto… a gente não se detém só o diagnóstico de B24 dele, está entendendo? E é isso que falta, eu acho que falta sensibilização por parte dos gestores, para ter esse olhar…” (P3_M)
Dessa forma, o cuidar inclui diálogo, compreensão e convivência entre os envolvidos no processo. Isso fica evidenciado no recorte abaixo:
“Em geral são pacientes que a gente tem que se abraçar mesmo, tem que ter um… cuidado, uma atenção a mais mesmo. E a equipe toda acho que tem essa consciência, tem esse cuidado, tem essa atenção, sabe? É a atenção desde a forma como lida com as pessoas, né? A postura com as pessoas, né? Com muita promoção em saúde, que tem aqui, muita palestra que se faz, sabe? E coisas pequenas, tipo fazer um lanche de manhã para os pacientes que estão chegando ter, sabe? A delicadeza que eles têm aqui, e eu acho que tive sorte de já entrar numa equipe que já tinha esse amadurecimento, sabe? Essa atenção com o paciente e eu tive sorte de entrar junto.” (P10_F)
Observa-se que o ato de cuidar transcende práticas técnicas, abrangendo aspectos relacionais e afetivos que promovem o olhar da equipe para o diálogo, a compreensão e a convivência no ambiente de cuidado. Essa perspectiva é sustentada por Ayres (2004), que ressalta a importância de uma atenção integral, levando em conta as singularidades de cada pessoa no processo de cuidado. As narrativas analisadas mostram como práticas simples, porém carregadas de significado, como o acolhimento e a atenção às necessidades dos usuários, potencializam um ambiente propício à promoção da saúde e ao fortalecimento dos vínculos entre a equipe e as pessoas assistidas.
3.2 A pandemia chegou, mas a gente não parou!
Com a declaração, em 30 de janeiro de 2020, de que a epidemia da Covid19 constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), a OMS sugeriu que todos os países instituíssem o protocolo do isolamento físico com objetivo de reduzir a transmissão comunitária do vírus (Junqueira, 2005). Segundo Werneck e Carvalho (2020), na chegada da Covid19 ao Brasil já existia um elevado quantitativo de populações vulneráveis e essa realidade já havia sido demonstrada pela Aids, anteriormente, com a constatação de que as vulnerabilidades se cruzam e criam formas individuais e coletivas nos determinantes em saúde. Diante deste cenário, profissionais que trabalham em serviços essenciais chegaram a ser excluídos de diversas atividades sociais, sendo alguns casos de hostilidade ou agressão contra estes grupos veiculados pelos meios de comunicação no Brasil (OMS, 2020). O recorte abaixo ilustra isso:
“Foi estressante, essa chegada da pandemia foi estressante, mas não mudou, né? Continuamos fazendo… só mudou o estresse (risos) e isso aqui… (a máscara), álcool, máscara e os cuidados, né? continuou fazendo a mesma coisa, não diminuiu o horário, assim… nós mantemos o nosso serviço, assim a gente manteve o nosso serviço, em momento nenhum a gente parou, a gente teve um rodízio… se tornou um pouco mais estressante porque tivemos que se adaptar a uma rotina nova, né? Que não era de nosso costume, mas que mesmo assim a gente não parou de fazer o nosso serviço e tentamos fazer da melhor forma possível.” (P02_F)
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), incluindo o HIV/Aids, continuam a ser temas frequentemente tratados como tabus na sociedade atual. Esse tabu resulta em uma série de desafios, como a falta de conscientização, o estigma e a discriminação associados a essas doenças. Culturalmente, percebe-se que a sociedade muitas vezes estigmatiza e discrimina pessoas com IST/Aids, o que pode contribuir para a invisibilidade dessas condições e dos(as) profissionais que as atendem. Além disso, a educação em saúde nem sempre aborda o tema, deixando lacunas de conhecimento e perpetuando estigmas. Isso parece resultar em falta de reconhecimento e valorização do trabalho dos(as) profissionais de saúde envolvidos(as), prejudicando sua visibilidade e impactando na prevenção e tratamento das IST/Aids.
A pandemia da Covid19 trouxe novos desafios para o trabalho de prevenção e controle das IST/Aids, mas também destacou a importância de um sistema de saúde universal e integral. É exatamente nesses momentos de adversidades que a população percebe a importância de um sistema único de saúde que garanta o acesso universal (Ferreira & Neves, 2021). Referente ao exposto, segue recorte que exemplifica:
“Tivemos a sensibilidade de ver que os pacientes precisavam de atendimento mesmo durante a pandemia, tudo direitinho…, mas os outros serviços quase que fecharam as portas, então assim… por isso que eu digo, o CTA foi o único lugar que não fechou na pandemia, funcionamos normalmente…” (P05_F)
No caso do serviço estudado, relata-se que houve a continuidade da prestação do atendimento, sem interrupção, garantido a oferta regular da terapia. Esse comprometimento, e sensibilidade, dos(as) profissionais podem ser considerados com uma potencialidade do serviço.
“A gente precisa de muita coisa aqui, a estrutura é pequena, foi difícil manter o distanciamento, não comporta… a gente não tem salas para os profissionais atenderem separadamente e ao mesmo tempo, enquanto o médico tá ali, aqui é a sala de fazer teste e o aconselhamento, mas não pode… tem a parte da psicóloga, que tá com o paciente que deu positivo… aí tem que sair a pessoa que tá fazendo o teste aqui e ir lá pra fora esperar… Estrutura mesmo, a gente não tem. Fica muito difícil manter o fluxo de atendimento, mas a gente não deixa de atender quem precisa… fazemos o possível, dando sempre um jeitinho. A gente não tem aqui um outro lugar para colocar a farmácia, ou seja, a pessoa que deu positivo, a pessoa que tá fazendo tratamento, pra pegar o medicamento ele teria que ter um lugar… pra mim, na minha visão e na visão do CTA, eu acredito que essa pessoa precisaria de um… de sigilo.” (P09_M.)
A equipe demonstrou resiliência e compromisso ao manter o atendimento ininterrupto, mesmo diante de limitações estruturais significativas. Essa postura retrata a capacidade adaptativa dos profissionais, que conseguiram transformar dificuldades em possibilidades de cuidado efetivo. Segundo Merhy (2002), o trabalho em saúde é um ato vivo, construído nas relações interpessoais e na habilidade dos profissionais em lidar com os desafios do dia a dia. As narrativas apresentadas ilustram como a sensibilidade da equipe conseguiu ascender à precariedade estrutural, propiciando uma assistência que valoriza a dignidade e o sigilo dos usuários, pilares essenciais para o fortalecimento do vínculo e da confiança no serviço, apesar da pandemia.
3.3 A pessoa com IST/Aids: o serviço que ela precisa e merece
O trabalho de prevenção e controle das IST/Aids realizado por profissionais de saúde tem relação direta com a disponibilidade de fluxo para que os usuários obtenham o cuidado à saúde e o tratamento adequado. Dessa forma, o acesso para a utilização dos serviços especializados representa um dos caminhos que podem facilitar ou dificultar a oferta desse cuidado. Estudos demonstram que desigualdades sociais, perfil dos serviços de saúde e os meios disponíveis para o acesso da população, são fatores que afetam a concretização desse trabalho (Barr, 1998). Sabe-se que os principais desafios no trabalho de prevenção e controle das IST/AIDS estão relacionados à logística, à infraestrutura, à capacitação da equipe e à capacidade de execução da testagem por todos(as) os(as) profissionais da unidade (Araújo et al, 2018).
“Infraestrutura… falta de carro pra gente fazer as visitas, porque você vai em busca de um… de um… paciente que tá em abandono, você faz uma visita… tem alguns que uma visita a gente consegue trazer de volta, mas tem outros que a gente precisa ir mais de uma vez… sensibilizar para trazer ele de volta pro serviço… pro tratamento…” (P11_F)
O(a) usuário(a) dos CTA/SAE oscila entre a necessidade do cuidado e o medo da exposição. Há uma linha tênue, e frágil, que liga o(a) usuário(a) ao serviço, considerando o seu estigma social (Ferreira & Neves, 2021). Por vezes, prefere o deslocamento do lugar de residência para um serviço em outro município com a intenção de não ser identificado como usuário do serviço, ou seja, não ser reconhecido. Por vezes, essa situação está relacionada diretamente com a infraestrutura do local de instalação do serviço.
“Essa casa aqui que comporta dois serviços e que a gente fica aqui de braços cruzados esperando um atender para entrar… e cadê o respeito ao paciente que fica ali?! Com medo de chegar alguém conhecido, de encontrar ele ali… já está com a cabeça cheia de coisa, já está com medo… aí fica ansioso lá fora… muitos vão embora… desistem, com medo de serem vistos… precisamos de mais condições de trabalho “(P03_M)
Percebe-se que a continuidade do trabalho dos(as) profissionais de saúde na assistência aos(às) usuários(as) dos serviços especializados CTA/SAE, atuando na prevenção, no manejo clínico das IST e na identificação de fatores de risco, colaboram para o diagnóstico e adesão ao tratamento pelo(a) paciente. Observa-se que a prevenção e controle das IST/Aids tem como desafio o acesso da população vulnerável, com assistência eficaz e condições adequadas de trabalho.
3.4 Interprofissionalidade na CTA/SAS: desafios e possibilidades
Através da análise dos conteúdos apresentados pelo grupo focal e dos referenciais teóricos desta pesquisa, foi viável identificar algumas dimensões do trabalho interprofissional e das práticas colaborativas desenvolvidas pela equipe de saúde do CTA/SAS de Igarassu, tais como: Integração de conhecimentos e habilidades; Desenvolvimento de habilidades de comunicação e trabalho em equipe; Compartilhamento de responsabilidades; Abordagem multidisciplinar; Aprendizagem compartilhada; Potencialização da diversidade de conhecimentos, e adaptação à realidade local.
O trabalho em equipe na área da saúde é fundamental para garantir a qualidade e a efetividade dos serviços prestados aos pacientes. Os(as) profissionais de saúde possuem diferentes formações e competências, mas é a partir da integração de seus conhecimentos e habilidades que se torna possível realizar um atendimento completo e humanizado.
Uma vez que as demandas em saúde são, em grande parte, provocadas por fatores multicausais e complexos, são necessários diferentes olhares profissionais para seu correto manejo. Todavia, além de equipes multiprofissionais, a interprofissionalidade é necessária para promover o compartilhamento e a corresponsabilização do trabalho desenvolvido pela equipe (Brasil, 2003).
“Todos os profissionais, de diversas áreas, trabalhando juntos. Você que tem uma formação… a colega tem outra… Eu acho isso maravilhoso… porque assim a gente aprende outras coisas que a gente não costumava vivenciar, né? A gente também aprende muito com o colega, o profissional que atende as pessoas, que tem o conhecimento daquilo, então a gente passa a conhecer, passa a aprender, né? E… a gente se entrosa e começa a colaborar com aquilo ali também, é maravilhoso aprender. A gente… acho que a gente tá nesse mundo aqui pra aprender, conhecer, aprender.” (P07_F)
Ao interromper a divisão do cuidado pelos diversos profissionais envolvidos, criam-se áreas de atuação interligadas, as “áreas cinzentas” (Campos, 2001), cuja característica é a complementaridade de competências e o compartilhamento das responsabilidades, com ampliação do escopo de atuação da equipe (Parker, 2021).
“Aqui todo mundo se ajuda, todo mundo é treinado para ajudar o outro… H. treina a gente pra fazer o serviço… não se faz só aquele serviço, né? Pronto, assim é… cada um faz uma coisa, se um está ocupado, o outro está fazendo outra coisa… então assim, todo mundo vai somando a força, né? É um trabalho em equipe, onde cada um tem um papel e a equipe como um todo produz um resultado “(P01_F)
Ações estratégicas em saúde, nas quais a integralidade e a universalidade preconizadas pelo SUS são fundamentais, encontram na interprofissionalidade uma referência para as transformações necessárias do trabalho em saúde. Nesse contexto, as práticas colaborativas desenvolvidas pela equipe e a aprendizagem compartilhada estão orientadas pelas dimensões interdisciplinares, interprofissionais e interculturais. Dessa forma, são reconhecidos diversos saberes, práticas e vivências que extrapolam as competências específicas e habilidades de cada profissional de saúde (Marques et al, 2021).
Na prática profissional, a colaboração entre os(as) profissionais de diversas áreas é fundamental na construção de novas formas laborais. A complexidade do cuidado em saúde muitas vezes exige habilidades, sendo a diversidade de conhecimentos pertinentes ao trabalho em equipe potencializada na interprofissionalidade (Pereira, 2018). Segundo a OMS, a prevenção e o controle de doenças globais, como HIV/Aids, malária e tuberculose, necessitam da prática colaborativa e de equipes interprofissionais que se adaptem à realidade local (Gilbert, Yan, & Hoffman, 2010).
Entre os vários fatores que influenciam no diagnóstico e na assistência de PVHA, um estudo sobre a percepção de enfermeiros executores de teste rápido em unidades básicas de saúde salientou o estigma relacionado à doença, a necessidade de maior instrumentalização e de material de apoio didático para a realização de ações de educação em saúde relacionadas à infecção por HIV e Aids. Sabe-se que ainda existem muitos desafios e, entre eles, o medo e o preconceito em relação à Aids, apesar de todo o conhecimento já produzido nessa temática. O preconceito atribui valores morais negativos às pessoas portadoras da doença e os usuários são despersonalizados e descaracterizados pelo estigma (Araújo, 2018). Isso fica exemplificado no recorte abaixo:
“Eu acho que falta informação, muita coisa precisa ser divulgada…é o mínimo do mínimo para as pessoas saberem mesmo, o que a gente faz, da testagem feita aqui… que é possível viver com HIV e ter uma vida tranquila, né? Que aqui tem acompanhamento. Eu acho que isso seria interessante, sabe? As pessoas realmente saberem… o serviço, o que é que o serviço faz… e até pra perderem o medo de fazerem o teste, né? Porque… o imaginário ainda das pessoas aqui é… aquele imaginário: “Aids anos 80” “(P09_M)
A educação em saúde se baseia na atuação de profissionais, gestores e usuários do SUS para que haja a valorização na prevenção e na promoção que, apoiadas pela gestão, possam favorecer a construção de conhecimentos e o aumento da autonomia individual e coletiva da população para que esta possa promover seu próprio cuidado. Essa interação ainda não acontece e é um grande desafio para elaboração e utilização de material educativo que, de fato, atinja os objetivos desejados (Parker, 2021).
Segundo Birman (2005), uma das consequências da apropriação do conceito de saúde coletiva é a valorização da dimensão histórica e dos valores investidos nos discursos sobre o normal, o anormal, no patológico, na vida e na morte. Nesse contexto, são contextualizadas percepções, diagnósticos e o planejamento das ações (Brasil, 2013).
Entende-se que o material educativo complementar pode ser compreendido como um facilitador ou mediador da aprendizagem para apoiar o trabalho da equipe e da gestão em saúde. Deve fornecer informações precisas, atualizadas e relevantes para os profissionais de saúde e gestores, além de ajudar a conscientizar a população sobre questões de saúde importantes.
Um desafio é o envolvimento conjunto dos diversos atores na elaboração e utilização desses materiais, profissionais e usuários, sendo necessário o protagonismo pelo próprio público para o qual se destinam as ações e não apenas dos profissionais e especialistas da gestão municipal (Paiva & Vargas, 2017). O recorte abaixo reforça essa questão:
“São duas repartições públicas que a gente sabe que entra muito dinheiro… é educação e saúde, então… se os gestores vissem essa parte, também, utilizassem parte para produção de material educativo pra gente divulgar o serviço e informar sobre como se prevenir, para as pessoas que precisam, acredito que as pessoas chegariam mais…, mas dizem que nunca tem recurso e as pessoas continuam sem informação.” (P04_F)
Um material educativo complementar pode desempenhar um papel estratégico no fortalecimento do trabalho das equipes de saúde e na gestão municipal. Suas contribuições podem ser exploradas em diferentes ações:
1. Apoiar o desenvolvimento profissional: sabe-se que um material bem estruturado fornece informações claras e atualizadas sobre questões de saúde, como prevenção de doenças e manejo de condições médicas, apoiando a formação permanente e sistemática dos profissionais de saúde. Freire (1987) enfatiza a importância da educação como um processo emancipador, sugerindo que materiais educativos podem contribuir para uma aprendizagem crítica e contextualizada; deste modo, pensar nessa dimensão para o trabalho na CTA é importante;
2- Reforçar as políticas públicas: materiais educativos podem robustecer políticas públicas de saúde ao detalhar diretrizes e iniciativas, oportunizando que profissionais e cidadãos compreendam e se engajem ativamente nos programas locais. Isso está alinhado à perspectiva de educação permanente em saúde proposta pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2004), que enfatiza o aprendizado ao longo da vida como base para a transformação das práticas de cuidado;
3. Promover a comunicação direta e eficaz: em tempos de fake news, ao esclarecer informações e combater equívocos, esses materiais fortalecem o diálogo entre equipes de saúde e a comunidade, trazendo argumentos científicos de modo claro e de fácil entendimento às pessoas. Freire (1987) arrazoa que a comunicação dialógica é fundamental para a construção de saberes compartilhados, o que corrobora sobre a importância de um discurso acessível e inclusivo nos materiais educativos produzidos; e,
4. Prevenir e promover saúde: os materiais educativos podem incentivar práticas preventivas, como vacinação, higiene, saúde sexual dentre outras questões. Essas ações se alinham aos princípios da promoção da saúde, que, segundo a Carta de Ottawa (1986), visa capacitar as pessoas e suas comunidades a monitorar e melhorar sua saúde.
4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a metodologia aplicada nesta pesquisa, é importante destacar alguns aspectos: a organização dos serviços de saúde em redes tem relevância para a garantia da eficácia, da acessibilidade e da oferta de cuidados preventivos e curativos à população. É fundamental ressaltar a importância da atenção básica de saúde para garantir resultados satisfatórios e a necessidade de estruturá-la em redes de atenção à saúde, a fim de permitir uma maior racionalidade sistêmica e articulação na utilização dos recursos. Nesse sentido, a atuação dos profissionais no CTA/SAE é importante para a prevenção e controle das IST/Aids, e que a atenção básica bem estruturada ajuda a complementar esse trabalho.
Em relação aos desafios e potencialidades no trabalho de prevenção e controle das IST/Aids durante a pandemia da Covid19, destaca-se que a pandemia trouxe desafios para a continuidade dos atendimentos em serviços especializados. No entanto, foi essencial a manutenção, no CTA/SAE de Igarassu, do acesso universal, da oferta regular da terapia e do monitoramento de pacientes em situação de vulnerabilidade, em que pese os principais desafios enfrentados, como logística, infraestrutura e capacitação da equipe. Ressalta-se, também, que a fragilidade da linha de cuidado que liga o usuário ao serviço está relacionada ao estigma social. Por fim, foi evidente que o acesso aos serviços especializados teve influência direta nas ações de prevenção e controle das IST/Aids e que esse acesso pode ser afetado pelas desigualdades sociais e pelo perfil dos profissionais.
Em relação à equipe do CTA/SAE de Igarassu, a interprofissionalidade pareceu contribuir para a corresponsabilização do trabalho desenvolvido pela equipe, para a aprendizagem compartilhada e para o reconhecimento de diversos saberes, práticas e vivências que extrapolam as competências específicas e habilidades de cada profissional de saúde. Assim, a colaboração entre os profissionais de diversas áreas na construção de novas formas laborais e no controle da IST/Aids repercutiu positivamente para a manutenção do serviço/atendimento durante a pandemia.
Por fim, evidencia-se a necessidade de mais suporte para que a equipe realize ações de educação em saúde relacionadas às IST/Aids com uso de material educativo complementar. O estigma ainda é um desafio para o diagnóstico e assistência de pessoas com IST/Aids, assim como a interação entre profissionais, gestores e usuários. A educação em saúde baseada na prevenção e promoção é importante e a produção de material educativo complementar pode ser uma boa maneira de divulgar os serviços e informar sobre prevenção e, portanto, a necessidade de estabelecer políticas públicas de saúde com investimentos financeiros que possibilitem a efetivação de ações educativas. Afinal, sabe-se que os materiais educativos não apenas apoiam a gestão municipal e os profissionais de saúde, mas também promovem a conscientização e o empoderamento da população, fundamentando-se em teorias pedagógicas e políticas de saúde que priorizam o diálogo, a inclusão e a autonomia.
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1 Psicóloga na Secretaria de Saúde de Recife, Sanitarista, Docente da Faculdade de Medicina de Olinda, Preceptora na Área de Economia da Saúde e Saúde Coletiva, Mestre em Psicologia da Saúde. e-mail: angela.marcondes@uol.com.br
2 Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia Cognitiva, Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia Cognitiva pela UFPE, Docente do Mestrado Profissional em Psicologia da Saúde da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), Psicóloga da Saúde na Atenção Primária (eMULTI) da cidade do Recife-PE. e-mail: isabelle_diniz@yahoo.com.br
3 Psicóloga do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), Docente do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial do Centro Universitário UniFBV, Mestre em Saúde Coletiva, Doutora em Medicina Preventiva / Saúde Coletiva. e-mail: rorameh@gmail.com
4 Bióloga, Psicóloga, Docente da Faculdade de Medicina de Olinda, Sanitarista da Secretaria de Saúde de Recife, Preceptora na Área de Vigilância em Saúde e Saúde Coletiva, Mestre em Saúde Coletiva. e-mail: marcondesmarcia10@gmail.com
5 Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia na UTI Neonatal e Pediátrica, Mestranda em Avaliação em Saúde (IMIP). Email: taiana.mendes@hotmail.com
6 Doutora em Odontologia. Professora adjunto da Universidade de Pernambuco. Email: arine.lyra@upe.br