EXPERIENCE OF NURSING PROFESSIONALS WHEN CARING FOR PEOPLE AFFECTED BY CANCER
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7226606
Autoria de:
Karen Milena de Souza1
Josane Rosenilda da Costa2
RESUMO
Objetivo: Conhecer a vivência dos profissionais de enfermagem frente ao cuidado de pessoas acometidas por câncer à luz da Teoria do Cuidado Humano de Jean Watson. Método: Pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória, desenvolvida através de um questionário com perguntas semi-estruturadas, abrangendo perguntas a cerca do conhecimento em Oncologia e de vivências profissionais com pacientes acometidos por Câncer. Resultados: Para os profissionais a ação de cuidar requer compreensão, atendimento humanizado e formação de vínculo entre equipe, pacientes e familiares. Conclusão: Esta pesquisa mostrou que o cotidiano de trabalho com pessoas em terminalidade por câncer, gera distintos significados para os profissionais da área, que vão desde realização profissional e motivação, até sentimentos negativos e difíceis que ainda precisam ser superados e trabalhados por esses profissionais.
Palavras-Chave: Enfermagem; Cuidados de Enfermagem; Cuidado Transpessoal; Teoria de Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: to know the experience of nursing professionals facing the care of people affected by cancer in the light of Jean Watson’s Theory of Human Care. Method: qualitative, descriptive, exploratory research was developed through a questionnaire with semi-structured questions, covering questions about knowledge in Oncology and professional experiences with cancer patients. Results: For professionals, the action of caring requires understanding, humanized care and the formation of a bond between the team, patients and family members. Conclusion: This research showed that the daily work with people terminally ill with cancer generates different meanings for professionals in the area, ranging from professional fulfillment and motivation, to negative and difficult feelings that still need to be overcome and worked on by these professionals.
Keywords: Nursing; Nursing care; Transpersonal Care; Nursing Theory.
1. INTRODUÇÃO
Câncer é um termo utilizado para denominar doenças que apresentam em comum o fato de serem resultado de um crescimento incontrolável de células, as quais podem invadir tecidos vizinhos no corpo humano (Inca, 2014). Uma das causas para a elevação das taxas de incidência da doença no país é pela evolução e aumento da qualidade dos métodos diagnósticos e dos dados advindos dos Sistemas de Informação (Saúde, Brasil, 2018). Neste contexto, há cada vez mais uma busca de serviços e profissionais de saúde que supram essa crescente demanda. Dentre estes profissionais se destacam os da enfermagem, que no processo de cuidar dos pacientes oncológicos, devem envolvem o respeito e o conhecimento dos valores do ser como um todo, buscando uma relação dinâmica a fim de proporcionar o máximo de conforto (Fernandes et al., 2013).
Dentre suas atividades, os profissionais de enfermagem devem estar preparados para cuidar de pessoas com comprometimentos emocionais, psicológicos e sociais, preconizando um atendimento de qualidade, principalmente na adaptação de limitações decorrentes da evolução do tratamento da doença (Oliveira et al., 2021). Diante das situações causadoras de medo e incertezas a esses profissionais, destacam-se as associadas à natureza da doença, como a complexidade do cuidado e o envolver-se emocionalmente com os pacientes e seus familiares (Teixeira et al., 2020).
Desse modo, busca-se maneiras de se posicionar frente ao sofrimento e perspectiva da morte no cotidiano desses profissionais. Na dificuldade de cuidar dessas pessoas com câncer surge a necessidade de desenvolver estratégias de enfrentamento, para modificar o ambiente na tentativa de adaptar-se ao ambiente que emite situações de angústia ou estresse, a fim de reduzir o caráter aversivo (Luz, 2016).
Diante do exposto surge a seguinte problemática: Como é para os profissionais de Enfermagem, cuidar de pessoas acometidas por Câncer? Quais são as emoções que afloram nesta relação de cuidado? Como esses profissionais lidam com suas emoções frente a esse cuidado?
Sendo assim, esse trabalho tem por objetivo: Conhecer as vivências de profissionais de Enfermagem frente ao cuidado de pessoas acometidas por Câncer, e identificar sua relação com a Teoria do Cuidado Humano de Jean Watson.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Para o referencial teórico, optou-se pela utilização da Teoria do Cuidado Humano, desenvolvida por Jean Watson (Watson, 2007), segundo a autora, a pessoa que recebe o cuidado merece ser reconhecida com delicadeza, sensibilidade e amor (Favero, Pagliuca, Lacerda, 2013), enquanto a pessoa que oferece o cuidado estabelece uma relação de ajuda-confiança, que transcende o papel profissional e se coloca inteiramente presente para o cuidado (Watson, 2007).
Em 2005, foram incorporados à Teoria, os 10 elementos do Processo Caritas, conforme descritos a seguir: 1. Praticar a bondade-amorosa, compaixão e equidade consigo e com o outro; 2. Estar autenticamente presente, possibilitar, sustentar e honrar a fé e a esperança; 3. Cultivar as próprias práticas espirituais, além do ego até à presença transpessoal; 4. Desenvolver e manter relações de amor, confiança e carinho; 5. Permitir a expressão de sentimentos positivos e negativos, ouvindo autenticamente a história do outro; 6. Utilizar a criatividade para solução de problemas, buscando a solução mediante processo de cuidados; 7. Envolver em uma experiência genuína de ensino e aprendizado transpessoal; 8.Criar um ambiente de cura em todos os níveis (físico e não físico); 9.Sustentar a dignidade humana e respeitar a assistência às necessidades humanas básicas; 10. Permitir milagres e dar abertura ao espiritual, mistérios e ao desconhecido (Watson, 2005, 2012).
3. MÉTODOS
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, descritivo, exploratório, desenvolvido no período de março a julho de 2022, junto a profissionais de Enfermagem que cuidam de pessoas em acompanhamento de cuidados paliativos por Câncer e estavam vivenciando terminalidade.
Participaram desta pesquisa, três profissionais de Enfermagem, que cuidam ou cuidaram de pessoas que estavam vivenciando a terminalidade por Câncer. Esses, foram convidados a participar da pesquisa por meio do aplicativo de comunicação Whatsapp. Critérios de inclusão: ser profissional de Enfermagem e ter cuidado ou estar cuidando de pessoas que estão vivendo a sua terminalidade por câncer.
Para a coleta de dados foi utilizado um questionário com perguntas semi-estruturadas, abrangendo perguntas a cerca do conhecimento em Oncologia. Após o término de cada entrevista, a mesma foi transcrita na íntegra e submetida à análise qualitativa dos dados o conteúdo de Bardin (2016), sendo simplificada em três fases:
A primeira é a Pré Análise, organiza-se o material que for útil à pesquisa. A partir de quatro etapas: escolha dos documentos; Leitura flutuante; Reformulação dos objetos e a formulação dos indicadores, as quais nos darão fim a preparação do material como um todo (Bardin, 2016).
Na segunda, sua finalidade é categorização ou codificação do estudo. Nessa fase a definição das categorias são classificadas, apontando os elementos construtivos de uma analogia significativa na pesquisa, consistindo no desmembramento e posterior agrupamento das unidades de registro do texto (Bardin, 2016).
A terceira e última fase, fala a respeito dos resultados, interferência e interpretação. É o momento de intuição da análise reflexiva e crítica, onde o tratamento dos resultados tem finalidade de construir e captar os conteúdos contidos em todo o material coletado por meio dos instrumentos (Bardin, 2016).
A pesquisa teve início após a aprovação do comitê de ética e pesquisa com seres humanos, CAAE 58750622.20000.5220 e garantiu todos os preceitos estabelecidos pela resolução 466/2012. As entrevistas foram realizadas após a leitura e concordância do termo de compromisso livre e esclarecido.
Para garantir o anonimato dos sujeitos, os mesmos foram identificados pelos autores por espécies de Caranguejo: Aracatu, Azul, Amarelo, seguindo a ordem de realização da entrevista. Essa escolha ocorreu pelo fato de a palavra Câncer ter origem no latim “cancri”, que significa caranguejo e usado como símbolo de tal patologia, sendo suas patas comparadas à característica infiltrativa do câncer.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise das entrevistas, emergiram três categorias, conforme segue: Conhecendo o perfil dos pacientes em tratamento oncológico: à ótica dos profissionais, Reconhecendo as experiências de cuidado aos pacientes com Câncer, A hora da despedida, dizer adeus não é fácil?
4.1. Conhecendo o perfil dos pacientes: à ótica dos profissionais.
Essa categoria foi criada a partir da percepção dos profissionais acerca dos pacientes sob seus cuidados. Os profissionais apontam características dos pacientes, onde os mesmos são elencados como pessoas de dócil convívio, isso acontece porque após criarem vínculo, percebe-se um estreitamento nas relações, e o cuidado passa a ser desenvolvido para além das necessidades humanas básicas, atingindo a esfera do emocional e relacional (Faria & Maia, 2007).
“São pacientes amáveis” (Azul)
“São pacientes mais dóceis e guerreiros” (Amarelo)
A Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua saúde e o cuidado holístico, ao elencar que a necessidade e satisfação em ajudar, o profissional não oferece assistência somente medicamentosa e sim física, social, cultural e espiritual (Wanda Horta, 2017).
Sendo assim, diante do sofrimento do paciente com doença grave e fatal e do sofrimento de sua família, faz-se o desenvolvimento de cuidados humanos e pautados em evidências científicas para possibilitar respostas mais efetivas aos problemas enfrentados pela doença. A Teoria do Cuidado Humano pode ser uma abordagem utilizada nesses casos, por ser equivalente ao que propõe os cuidados paliativos, inclusive a atenção aos aspectos que vão além da necessidade do corpo, transcende para a alma e para os envolvidos no cuidado. (Aghael, Vanaki, Mohammadi, 2020).
Na categoria que segue, são elencados elementos de cuidado, nota-se que, mesmo em um contexto de negatividades, quando se busca cuidar com autenticidade e presença, é possível transformar o ambiente, sobretudo a energia do lugar. (Avellar; Iglesias & Valverde, 2007).
4.2. Reconhecendo as experiências de cuidado aos pacientes com câncer: Ambiguidades ao cuidar.
As participantes trouxeram relatos de um cotidiano caracterizado negativamente como estressante, cansativo, pesado, maçante e carregado de sofrimento. Os depoimentos que se seguem demonstram essas questões:
“Me sentia triste, perante a realidade dos fatos” (Azul)
“No início foi difícil, sentia bastante receio(..)” (Aracatu)
“Você começa a perder a energia e desanimar(…)” (Amarelo)
Sentimentos de incapacidade e impotência também surgiram na descrição dos participantes sobre o dia a dia de trabalho na Oncologia, durante os depoimentos:
“As vezes ficamos com sensação de impotência” (Aracatu)
A sensação de impotência por parte dos profissionais é, sobretudo, relacionada à morte do paciente sob seus cuidados, embora, o ato de cuidar gere prazer, essa ambiguidade de sentimentos, angústia e prazer é uma constante no cotidiano de quem cuida da saúde. (Souza, Boemer, 2005).
Segundo estudo realizado em Rio Grande do Sul, os profissionais de Enfermagem é tido como conceito de servir e cuidar, sendo que para o cuidado ser bem feito, é necessário que ocorra o envolvimento emocional e empatia para que se fortaleça o vínculo humano em relação ao adoecimento, o que poderá levar o profissional a sentir-se impotente em determinadas situações e abatido emocionalmente. (J. Health S.C.L, 2016).
Já estudo realizado em São Paulo, relaciona a empatia com a teoria do cuidado humano e conclui que quando se cuida com empatia, gera-se satisfação tanto para quem é cuidado como para quem cuida (Savietto & Leão, 2016), Além disso, o próprio autor (2012) aponta a empatia como uma das ferramentas mais importantes para estabelecer a relação de ajuda confiança, (elemento 4 da teoria) entre profissional e paciente (Favero, Pagliuca, Lacerda, 2016).
“Eu gosto muito de trabalhar com pacientes com Câncer, porém às vezes deixa a gente fragilizado” (Aracatu)
Isso acontece pois, provavelmente há identificação por parte do profissional, com a dor e o sofrimento do paciente.
No entanto, quando a equipe/profissional trata o paciente com carinho e leva em conta suas questões individuais (condição familiar, particularidade socioculturais, medos, entre outras), consegue que ele abrace o tratamento oferecido com maior confiança e abertura, facilitando o desfecho positivo de sua doença (Hermes; Lamarca, 2013).
Além disso, a partir da verdadeira intenção de cuidar, é possível desenvolver uma relação empática, quando se reconhece o outro como quem vivencia sua experiência única de ser paciente e se expressa entendimento e aceitação através de linguagem verbal e não verbal (Watson, 2005).
“Ela me escolheu pra ser sua confidente, sua confiança em mim despertou minha vontade de ser cada vez melhor com o próximo (…) Era um contato diário pois somente eu conseguia obter informações da família, por eles confiarem em mim” (Azul)
“Eu acabo me apegando com todos, pois além dos pacientes, os familiares que acompanham também demandam atenção” (Amarelo)
Por outro lado, o cotidiano do trabalho na Oncologia foi descrito por alguns profissionais entrevistados como positivo, por despertar sentimentos como gratificação, empatia e carinho pelo próximo, o que pode ser evidenciado na fala a seguir:
“Meu sentimento era de dever cumprido” (Azul).
Essas ações denotam a ideia de o enfermeiro estar autenticamente presente, permitindo o sistema de crenças e o mundo subjetivo de si e o do outro, de modo que afirma a fé e a esperança, assim como desenvolve e mantém um relacionamento de ajuda, confiança, amor e carinho presentes, respectivamente, ao segundo e quarto elementos do Processo Cáritas ).
Pode ser verificado também que, pessoas em cuidados paliativos ressignifica a vida e os valores pessoais desses profissionais, fazendo com que eles passem a enxergar o mundo de uma forma diferente, conforme seguintes excertos:
“Aprendi a dar valor na vida” (Aracatu)
“cuidar de pessoas assim, adoecidas, com tamanho sofrimento, desperta em mim emoções que eu nem imaginava ter, principalmente a de que, as vezes reclamamos tanto da vida sem ter nada, e aquelas pessoas tão fragilizadas, se agarrando no impossível , com tanta ânsia por apenas um dia a mais” (Azul)
Observa-se nos relatos acima, que os profissionais passam a refletir sobre si e suas vidas, a partir das suas vivências de cuidado, o que também foi evidenciado em outro estudo, no qual, profissionais de um hospital ensino do noroeste do Paraná também passam a refletir sobre si sobre sua vida e sobre como isso repercute no cuidado ao paciente (Costa, Arruda, Barreto, Serafim, Sales & Marcon, 2019), o que se relaciona com a teoria de jean watson , nos elementos 1,2,3,8,10 principalmente.
A categoria a seguir, aponta as dificuldades enfrentadas quando o paciente em cuidados paliativos evolui para o processo de morte.
4.3. A hora da despedida, dizer adeus não é fácil?
Os profissionais referiram como desafios do trabalho lidar com a morte do outro, no entanto, lidar com a morte alheia, traz consigo uma reflexão e uma percepção sobre a sua própria finitude. Elias (2001) trata dessa dificuldade em que a morte do outro seria um vislumbre da própria morte de quem cuida.
É possível perceber a dificuldade em lidar com o tema morte, pela forma como as profissionais o abordam dizendo; “foi embora”, “alta celestial”, “um não está mais lá”.
“O fim sempre é óbvio, e aqui, a maioria dos pacientes são terminais” (Aracatu)
“Chegar para trabalhar e pegar o plantão que a paciente do quarto 17 foi para casa celestial, já enfraquecia nossas forças para seguir o plantão” (Amarelo)
“Trabalhando em meio a morte todos os dias, todos os dias você volta e um não está mais lá, é angustiante! ” (Amarelo)
“Não estamos preparados para perder pessoas todos os dias, por mais forte que você seja” (Amarelo)
Segundo estudos, a possibilidade de morte do paciente pode causar sentimentos diversos como angústias e desconforto aos profissionais. Pondera-se que isto ocorre devido a formação profissional e a própria sociedade, que designa estes profissionais como responsáveis pela manutenção da vida (Motta, 2011).
Diante desses relatos, nota-se a necessidade de trabalhar sob alguma forma de sensibilização, o acolhimento também do processo de morrer, visto que, faz parte do cotidiano dos profissionais que trabalham com pacientes em cuidados paliativos. Além disso, segundo a teoria, entender as questões além do físico e dar abertura para entender o processo de vida e morte são importantes para se alcançar o cuidado transpessoal (Watson, 2018).
Torna-se importante a necessidade de trabalhar o tema da morte e do morrer também nos serviços de saúde, principalmente, nos quais há internação de pacientes que irão evoluir à morte (Souza; Soares; Costa, 2009). A última categoria, apresenta um elemento fundamental que é a pedra angular da teoria do cuidado humano, o cuidar de forma amorosa, conforme pode-se acompanhar a seguir.
“Só vá para essa área se o amor for sua base de vida , porque lá não há títulos, nem posição , todos estão frente a morte, somente com amor pode aguentar a demanda de despedidas” (Azul).
“O amor que consiste em amenizar a dor daqueles que em sua agonia , muitas vezes através de um olhar pede socorro , e num abraço ou aperto de mão digo lhes estou aqui” (Azul).
O amor pelo outro é visto como um bem de primeiríssima necessidade. Com ele nos sentimos flutuando, vivendo num castelo encantado, exatamente como no mito de Eros, o deus do Amor. (Barbieri, 2015).
Praticar o amor e a gentileza é o primeiro elemento do processo clinical caritas descrito por Jean Watson, ( 2005), além disso, a autora considera o cuidado com um elemento sagrado da relação profissional-paciente (Mathias, Zagonel, Lacerda, 2006), e que cuidado deve ser reconhecido com delicadeza, sensibilidade e amor (Watson, 2012).
Trabalhar com pacientes com Câncer é ver na doença, a integralidade do ser humano, é saber que ele é o amor da vida de alguém, focar em cuidados de qualidade, e o mais importante e de grande valia, estar presente ali e ser refinada (Basílio, 2019).
“Até hoje estou na área , sei que eles precisam de mim assim como preciso deles para ser refinada como ouro, no sentido de viver , trabalhar com oncologia é viver a espera de um milagre” (Azul)
Para somar a este estudo, os entrevistados foram questionados, sobre quais eram as emoções que o paciente oncológico a despertava, e obtera as seguintes respostas, apresentadas no quadro a seguir:
Quadro 1 – Emoções e sentimentos despertados nos Profissionais de Enfermagem, ao cuidar de pacientes com câncer.
Tristeza | Medo | Frustração | Afeto | Amor | Esperança | Ansiedade | Empatia | |
Azul | X | X | X | |||||
Amarelo | X | X | ||||||
Aracatu | X | X | X |
Esses sentimentos puderam ser constatados após suas vivências, a cuidar de pacientes com Câncer e em situações difíceis de serem enfrentadas junto a pacientes, familiares e equipe de trabalho, sendo elas, as mais votadas, afeto e empatia pelos pacientes.
Empatia e afeto estão presentes como elementos indispensáveis para o cuidado transpessoal, segundo o qual, é possível se relacionar com o outro, numa relação autêntica de cuidado, e, ao final, todos os envolvidos no cuidado, se transformam, se complementam e aprendem e ensinam à medida que ensinam e aprendem (Fernandes Gambarelli; Carelli Taets, 2018).
A principal ferramenta de comunicação entre o profissional e o paciente é a empatia, podendo o profissional alcançá-la observando as reações que provoca nas outras pessoas e também refletindo sobre suas experiências, sendo essa relação, enfermeiro/paciente, a própria essência do propósito da enfermagem (Dias et al., 2008).
CONCLUSÃO:
Esta pesquisa mostrou que o cotidiano de trabalho com pessoas em terminalidade por câncer, gera distintos significados para os profissionais da área, que vão desde realização profissional e motivação, até sentimentos negativos e difíceis que ainda precisam ser superados e trabalhados por esses profissionais.
Os resultados mostraram que mesmo sem saber sobre a teoria do cuidado humano e seu processo clinical cáritas, vários elementos são apresentados pelos relatos dos profissionais.
No entanto, os resultados evidenciam alguns aspectos preocupantes com relação ao processo de morte e morrer por parte dos profissionais, o que aponta para a necessidade de intervenções, sensibilizações e até mesmo pesquisas que possibilitem a adoção de condutas de acolhimento ao processo de morte, no intuito de evitar sofrimento desses profissionais.
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