VIOLÊNCIA SOFRIDA PELO IDOSO DURANTE A PANDEMIA DA COVID 19

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th10248061602


Matheus Pereira Saldanha¹
  Clélia Patrícia da Silva Limeira¹
Francisca Juliana Grangeiro Martins¹
João Paulo Xavier Silva¹
Amanda Duarte Medeiros¹
Marianny Alves Silveira¹
Rafael Bezerra Duarte²
Rosa Maria Grangeiro Martins²
Kerma Márcia de Freitas³
Juliana Alexandra Parente Sa Barreto4


RESUMO

O envelhecimento é um processo contínuo marcado por mudanças biológicas, fisiológicas, psicológicas e funcionais que afetam a saúde e a qualidade de vida dos idosos. A pandemia da COVID-19 agravou as condições de vida dessa população, expondo-os a maiores riscos de violência física, psicológica e financeira. Este trabalho busca explorar a extensão e os fatores que contribuem para a violência contra idosos no contexto da pandemia. O objetivo geral foi analisar a literatura vigente acerca da violência sofrida pelos idosos no período de pandemia da COVID-19, enquanto os objetivos específicos: analisar o impacto do isolamento social e da pandemia da COVID-19 no aumento da violência contra idosos, identificar as principais vulnerabilidades da população idosa exposta e intensificada pela pandemia e descrever o perfil das vítimas e dos agressores de violência contra idosos durante a pandemia. Foi realizada uma revisão integrativa de literatura com base em artigos publicados entre 2019 e 2024. As fontes de pesquisa incluíram bases de dados como BDENF, BVS, LILACS, PubMed e SciELO. Foram aplicados critérios de inclusão e exclusão para selecionar os estudos mais relevantes sobre o tema, onde, 6 artigos atenderam a todos os critérios. Os dados foram coletados e analisados para identificar padrões e tendências na violência contra idosos durante a pandemia. Os resultados mostraram que o isolamento social durante a pandemia teve um impacto significativo no aumento da violência contra idosos. A falta de acesso a redes de apoio e serviços de saúde, juntamente com a convivência forçada com agressores potenciais, exacerbou as situações de abuso. As principais vulnerabilidades identificadas incluem a fragilidade física, o isolamento social e a dependência financeira. O perfil das vítimas e agressores revelou que a violência é frequentemente perpetrada por pessoas próximas, dificultando a identificação e intervenção. A pandemia da COVID-19 aumentou a violência contra idosos, devido ao isolamento social e falta de apoio. A convivência com agressores e a fragilidade dos idosos intensificaram o problema. É crucial fortalecer políticas públicas e capacitar profissionais de saúde para proteção e prevenção eficazes. Pesquisas contínuas e medidas de prevenção são essenciais para enfrentar essa questão.

Palavras chave: Violência. COVID 19. Idoso.

ABSTRACT

Aging is a continuous process marked by biological, physiological, psychological, and functional changes that affect the health and quality of life of the elderly. The COVID-19 pandemic has worsened the living conditions of this population, exposing them to increased risks of physical, psychological, and financial violence. This study aims to explore the extent and factors contributing to violence against the elderly in the context of the pandemic. The general objective was to analyze the existing literature on the violence suffered by the elderly during the COVID-19 pandemic. The specific objectives were to analyze the impact of social isolation and the COVID-19 pandemic on the increase in violence against the elderly, identify the main vulnerabilities of the elderly population exposed and intensified by the pandemic, and describe the profile of the victims and aggressors of violence against the elderly during the pandemic. An integrative literature review was conducted based on articles published between 2019 and 2024. The research sources included databases such as BDENF, BVS, LILACS, PubMed, and SciELO. Inclusion and exclusion criteria were applied to select the most relevant studies on the topic, with 6 articles meeting all criteria. Data were collected and analyzed to identify patterns and trends in violence against the elderly during the pandemic. The results showed that social isolation during the pandemic had a significant impact on the increase in violence against the elderly. The lack of access to support networks and health services, along with forced coexistence with potential aggressors, exacerbated abusive situations. The main vulnerabilities identified included physical frailty, social isolation, and financial dependence. The profile of victims and aggressors revealed that violence is often perpetrated by close individuals, making identification and intervention difficult. The COVID-19 pandemic increased violence against the elderly due to social isolation and lack of support. Coexistence with aggressors and the frailty of the elderly intensified the problem. It is crucial to strengthen public policies and train health professionals for effective protection and prevention. Continuous research and preventive measures are essential to address this issue.

Keywords: Violence. COVID-19. Elderly.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento humano é um processo contínuo marcado por mudanças biológicas, fisiológicas, psicológicas e funcionais que afetam a forma como uma determinada faixa etária é caracterizada. Além disso, o envelhecimento é um fenômeno global decorrente da queda das taxas de fecundidade e aumento da expectativa de vida (FERRETTI et al., 2020).

O período de declínio humano é caracterizado visando dois aspectos: a senescência e a senilidade. Em relação à saúde do idoso, de um lado, o envelhecer como processo progressivo de diminuição de reserva funcional – a senescência – e, do outro, o desenvolvimento de uma condição patológica por estresse emocional, acidentes ou doenças – a senilidade, que gera limitações no cotidiano do idoso, tornando-o menos autônomo e mais dependente. Dessa forma, a diminuição do nível de atividade pode levar o idoso a um estado de fragilidade (PILLATT et al., 2019).

O crescimento da expectativa de vida da população mundial é um dos grandes desafios a serem enfrentados atualmente. No Brasil, estima-se que cerca de 17,6 milhões de pessoas apresentem idade acima de 60 anos, e de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2025 o Brasil será o sexto país do mundo com maior número de idosos (MOREIRA et al., 2020).

O aumento da idade média da população não é o único fator a ser considerado. Viver mais é importante desde que se consiga agregar qualidade aos anos adicionais de vida. Este fenômeno, do alongamento do tempo de vida, ocorreu inicialmente em países desenvolvidos, porém, mais recentemente, é nos países em desenvolvimento que o envelhecimento da população tem ocorrido de forma mais acentuada (VERAS et al., 2023).

Diante disso, torna-se imprescindível a atuação dos profissionais da área saúde, principalmente o enfermeiro, na prevenção, identificação, tratamento e recuperação da pessoa idosa que apresenta sintomas depressivos, especialmente após o isolamento e perdas de familiares e amigos pela COVID-19. Além disso, a implementação de ações de prevenção à sintomática depressiva e promoção da saúde mental são de grande valia para evitar que a população idosa venha a possuir tais sintomas, bem como proporcionar uma melhoria na qualidade de vida da mesma (FHON et al., 2022).

Para Barros et al., (2022) por causa da pandemia, o caráter personalizado da atenção em saúde foi colocado em segundo plano, o que possui um alto custo para os idosos institucionalizados como para os que necessitam da assistência integral de seus familiares ou

de voluntários ou, ainda, no agravamento do estado de saúde de pacientes em cuidados paliativos, que, longe de seus entes, experimentam o abandono na hora da morte.

Para conter a transmissão e reduzir a disseminação da COVID-19 se tem recomendado o reforço de procedimentos preventivos, dentre eles o distanciamento social. No entanto, apesar da necessidade desse procedimento, pode-se observar consequências a curto e longo prazo na saúde da população idosa, com destaque para a ocorrência de violência (SANTOS et al., 2021).

É possível constatar que o isolamento social durante a pandemia agravou fatores que colocam os idosos em maior perigo, tanto em relação aos riscos ligados aos agressores da violência quanto àqueles relacionados à vulnerabilidade do idoso vitimado, tais como: problemas com saúde física e mental; uso de substâncias; dependência; problemas com estresse e enfrentamento; atitudes, relacionamento e vitimização (SANTOS et al., 2021).

Nesse contexto, a pandemia provocada pelo novo coronavírus trouxe diversas consequências negativas para a população em geral, e principalmente para os idosos, afetando de maneira significativa sua qualidade de vida dessa forma, evidenciou as consequências causadas pelo distanciamento e isolamento social causando violência psíquica e mental, além de física. Diante disso, emergiu o seguinte problema de pesquisa: O que a literatura vigente apresenta sobre a violência sofrida pelos idosos no contexto da pandemia da COVID-19?

O interesse pela temática surgiu pelos diversos tipos de notícias transmitidas pela mídia através de televisão e jornais e por vivenciar a perca de parentes de vítimas de COVID 19. Além disso, o isolamento de muitos idosos, que tiveram como consequências as diversas formas de violência e o medo, também foram vivências relatadas ao pesquisador no período pandêmico.

Este trabalho é relevante, visto que, mostra e esclarece a principal violência sofrida pela sociedade e principalmente pelos idosos durante a pandemia de COVID -19. Para os profissionais e acadêmicos servirá de subsídio no planejamento de novas estratégias de cuidado e assistência na saúde no enfretamento da problemática da violência sofrida pela população idosa.

Diante do contexto descrito acima, o objetivo deste estudo foi analisar a literatura vigente acerca da violência sofrida pelos idosos no período de pandemia da COVID-19.

DEVENVOLVIMENTO LITERÁRIO

 Aspectos Gerais Do Idoso

O envelhecimento é considerado um processo sequencial, individual, cumulativo e irreversível de deterioração do organismo, que pode comprometer a saúde física, mental e social. Muitas vezes está relacionada à maior prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que podem influenciar no surgimento de limitações físicas, perdas cognitivas, sintomas depressivos, declínio sensorial, acidentes, quedas, incontinência urinária e isolamento social (RIBEIRO et al., 2021).

A velhice configura-se como uma experiência divergente, que dependerá de como a pessoa organiza sua vida a partir de contexto histórico-culturais, existência de patologias e contato entre fatores genéticos e ambientais. Também existem grandes diferenças particulares nesse processo, três atribuições gerais devem ser encaradas: aumento de deficiência físicas; pressões e perdas sociais e visão próxima do fim. Dessa maneira, mesmo que a velhice seja bem-sucedida e complexa, a maioria dos idosos irá experimentar as competências acima citadas, de maneira que, interferir em tais variantes acarretaria mudança nos níveis gerais da velhice (BELEZA, SOARES, 2019).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o envelhecimento ativo é o processo que melhora as oportunidades de saúde, participação e segurança, com o propósito de aprimorar a qualidade de vida dos indivíduos que ficam mais velhos. O termo, que foi aderido no final dos anos 90, aplica-se tanto a pessoas quanto a grupos populacionais, e permite que os indivíduos possam explorar a sua capacidade para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso de vida (BELEZA, SOARES, 2019).

O número de idosos no Brasil saltou de 14 milhões no ano 2000 para mais de 29 milhões em 2020. O envelhecimento da população brasileira impõe, ao sistema, o desafio de cuidar da saúde dos idosos e garantir um envelhecer com qualidade e dignidade. Assuntos relacionados à população idosa são protagonistas entre os movimentos políticos, sociais e de direitos humanos, uma vez que a predominância de idosos acompanhou o crescimento das violências cometidas às pessoas com mais de 60 anos (MARQUES et al., 2022).

Um dos maiores feitos da humanidade foi à ampliação do tempo de vida, que se fez acompanhar da melhora substancial dos parâmetros de saúde das populações, ainda que essas conquistas estejam longe de se distribuir de forma equitativa nos diferentes países e contextos socioeconômicos. Chegar à velhice, que antes era privilégio de poucos, hoje passa a ser a norma mesmo nos países mais pobres. Esta conquista maior do século XX se transformou, no entanto, no grande desafio para o século atual (VERAS et al., 2023).

O processo de envelhecimento tem início quando a pessoa começa a apresentar mudanças corporais, além disso, o idoso apresentará dificuldade em realizar atividades do dia a dia. No entanto, a velhice não deve ser considerado algo patológico. Por isso, deve-se manter até o fim uma melhor qualidade de vida. Destaca-se a necessidade de promover aos idosos não apenas uma maior permanência, mas também um melhor estilo de vida. Ressalta que qualidade na velhice, na velhice, engloba a saúde, o trabalho, moradia adequada, os relacionamentos sociais e autonomia, ou seja, refere-se a um processo de juízo e avaliação completa da própria vida de acordo com um método próprio, de tal forma que reflete o bem-estar pessoal e individual (SILVA, SOUZA, GANASSOLI 2021).

As modificações fisiológicas causadas pelo envelhecimento alteram a habilidade de realizar as tarefas do dia a dia, tornando os idosos dependentes de ajuda continua e, desse modo, elevando seu grau de vulnerabilidade.Assim, com o desenvolvimento fisiológico do envelhecimento e a necessidade de ajuda para as atividades do cotidiano, muitos idosos acabam ficando incapazes de viver de forma autônoma e passam a necessitar de auxílio, tornando-se mais vulneráveis à violência praticadas por pessoas da família, como filhos e netos ou por cuidadores (MARQUES et al., 2022).

Fatores físicos, econômico, sociais, psicológicos, e ambientais são vistos como variáveis da qualidade de vida. Estes estão interligados diretamente na saúde da pessoa idosa. Uma boa imagem socioeconômica, por exemplo, mostra-se ligado a um melhor estilo de vida. Promover informações sobre os principais meios que afetam a qualidade de vida na terceira idade pode incentivar e desenvolver um melhor acompanhamento para os idosos, objetivando principalmente ações na Atenção Primária, onde se incorpora a unidade de saúde pesquisada. Desta maneira, deve ser possível ofertar melhores condições para o processo de envelhecimento dos idosos, ajudando para que possuam, na reta final da vida, melhores condições físicas, qualidade de vida e o mínimo de doenças (SILVA, SOUZA, GANASSOLI 2021).

Apontamentos Sobre O Contexto Da Covid-19

A COVID-19 é uma doença causada pelo Beta coronavírus SARS-CoV-2. Depois de detectar casos de pneumonia de causa desconhecida desde o início de dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, província de Hubei, e de ter identificado o código genético do novo coronavírus dois dias antes, a doença foi comunicada pela primeira vez pelas autoridades nacionais chinesas à Organização Mundial de Saúde em 31 de dezembro de 2019 (SILVA, FERREIRA 2021).

Os coronavírus sazonais estão em geral associados a síndromes gripais. Nos últimos 20 anos, dois deles foram responsáveis por epidemias mais virulentas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A epidemia de SARS que emergiu em Hong Kong (China), em 2003, com letalidade de aproximadamente 10% e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) que emergiu na Arábia Saudita em 2012 com letalidade de cerca de 30% (LANA et al., 2020).

Os primeiros casos na China tiveram apresentação clínica de febre, tosse, mialgia, fadiga e dispneia, com disfunção orgânica, choque, lesões cardíacas e renais agudas e morte, em casos graves (TEICH et al., 2020).

A COVID-19 se disseminou de forma rápida pelos diferentes continentes, tendo sido caracterizada como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a OMS, 80% dos pacientes com COVID-19 apresentam sintomas leves e sem complicações, 15% evoluem para hospitalização que necessita de oxigenoterapia e 5% precisam ser atendidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dependendo da velocidade de propagação do vírus na população, os sistemas de saúde podem sofrer forte pressão decorrente da demanda extra gerada pela COVID19 (NORONHA et al., 2020).

Ao final de janeiro de 2020, foi decretado estado de emergência em saúde pública por se tratar de uma calamidade com interesse internacional. Em fevereiro de 2020, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que crescia em progressão exponencial foi nomeada pela OMS como COVID-19, sendo em 11 de março de 2020 caracterizada pela mesma como pandemia. Até esse momento, a COVID-19 estava presente em cerca de 100 países, com mais de 100 mil casos confirmados da doença, sendo necessárias medidas específicas de identificação, prevenção e controle para o seu enfrentamento (CAMPOS et al., 2020).

Representando uma ameaça significativa à saúde global, a COVID-19 atraiu atenção de investigadores de todas as áreas, da pesquisa básica à aplicada e da saúde pública, a fim de conhecer a história natural da doença, bem como seus parâmetros epidemiológicos e desfechos clínicos para subsidiar formuladores de políticas na elaboração de medidas de controle da doença. Os principais centros de pesquisa no mundo estão debruçados sobre a busca de soluções para diminuir a morbimortalidade pela COVID-19. O desenvolvimento tecnológico de vacinas, testes para diagnóstico e alvos terapêuticos tem mobilizado grande quantidade de recursos em curto espaço de tempo e a situação de emergência global colocou um enorme desafio aos avanços da ciência no entendimento da doença em seus diversos aspectos (CASAS et al., 2020).

No Brasil, em 10 de maio de 2021, havia 15.184.790 casos confirmados e 422.340 óbitos confirmados em um cenário nacional de profunda escassez de testes. Dada à alta transmissibilidade da doença e a alta incidência de internações, a COVID-19 impõe uma sobrecarga aos sistemas de saúde que afeta o mercado de trabalho, principalmente na enfermagem. Além disso, a mortalidade entre os profissionais de saúde tende a ser maior em termos relativos, pois estão constantemente expostos a muitas pessoas em seus empregos e acabam prestando assistência diretamente às pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 (SILVA, FERREIRA, 2021).

Segundo Campos et al., (2020) com base nos dados da OMS foram identificados em nível mundial aproximadamente 6 milhões de casos confirmados da doença, com mais de 365 mil mortes associadas a esta patologia. Na mesma data, o Ministério da Saúde brasileiro apresentou oficialmente cerca de 470 mil casos confirmados (incidência de 221,5 por 100 mil habitantes) e quase 30 mil mortes por essa doença, com uma taxa de letalidade de 6% (taxa de mortalidade de 13,3 por 100 mil habitantes), tendo o registro do primeiro caso ocorrido em 26 de fevereiro de 2020 e a primeira morte oficial em 17 de março de 2020. Ressalta-se que o presente cenário se deve à adesão nacional ao protocolo de distanciamento social, recomendado pela OMS e adotado desde 12 de março de 2020. 

 Violência Contra a Pessoa Idosa

A violência contra o idoso pode ser definida como qualquer ação, única ou repetida, ou mesmo a omissão de ação adequada, que ocorra dentro de um relacionamento em que haja expectativa de confiança, que cause danos ou angústia ao idoso (ALARCON et al., 2021).

Segundo Oliveira et al., (2021) a violência contra idosos, é conhecido por uma escassez de dados. Dentre os motivos relacionados à subnotificação desses casos, podem ser considerados: o segredo familiar, o receio da vítima em quebrar vínculos e as imposições provocadas pelos agressores que frequentemente são os próprios cuidadores; além das limitações cognitivas e físicas dos agredidos.

O percentual de idosos na população cresce rapidamente. No Brasil, prevê-se aumento superior à média mundial: os idosos de 60 anos ou mais em 1950 correspondiam a 4,9% do total da população e atingiram 14% em 2020. Esse crescimento, associado às mudanças nas famílias e às transformações sociais, tem se traduzido no aumento da Violência Contra a Pessoa Idosa (VCPI) (RATHKE, COSTA, SOUTO 2021).

Situações de violência resultam em danos à capacidade funcional do idoso, tentativas de suicídio, violação de direitos humanos, diminuição da qualidade de vida e altas taxas de mortalidade. Apesar de ser um grave problema de saúde pública, a violência contra o idoso ainda é uma condição camuflada pela sociedade e pouco valorizada no contexto assistencial (ALARCON et al., 2021).

A vulnerabilidade ao fenômeno da violência traz alterações fisiológicas e patologias comuns à pessoa idosa também pode ocasionar baixa qualidade de vida, lesões, morbidade e até morte. Apesar da universalidade do problema e de sua dimensão histórica, no Brasil, a sociedade despertou para a importância dessa problemática, nas perspectivas antropológica e cultural, com a elevação da consciência de direitos. A partir do incremento populacional desse grupo etário, a sociedade passa a dedicar uma maior atenção às suas demandas políticas, socioeconômicas e de saúde, objetivando a criação de políticas sociais que garantam os direitos da população idosa (BARROS et al., 2019).

A Rede Internacional para a Prevenção do Abuso de Idosos (INPEA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) listaram sete tipos de violência: abuso físico, no qual a força física é usada causando lesões, dor, incapacidade ou morte; abuso ou maus-tratos psicológicos, que correspondem a agressões verbais ou gestuais; negligência, em que o responsável pelo cuidado do idoso recusa ou omite sua responsabilidade; autonegligência, quando há negação ou falha no autocuidado adequado; abandono, que consiste na ausência de assistência do responsável; abuso financeiro, em que ocorre a exploração não autorizada ou ilegal dos recursos do idoso; e abuso sexual (ALARCON et al., 2021).

A Violência Contra a Pessoa Idosa (VAOA) representa um processo multicausal e complexo, sendo encarada uma grade problemática na saúde pública ligado aos âmbitos individual e coletivo. No Brasil, a violência doméstica durante a pandemia de COVID-19 foi e é uma grande preocupação. Pessoas mais vulneráveis, como os idosos, podem se tornar vítimas de vários tipos de violência, cabe às autoridades e profissionais de saúde a atenção e a busca de medidas de enfrentamento eficazes para minimizar ou evitar tais problemas (RANZANI et al., 2023).

No Brasil, dada à importância do tema, quando foi promulgado o Estatuto do Idoso, tornou-se obrigatória à denúncia de suspeita ou confirmação de todas as formas de violência pelos profissionais de saúde, além de propor o Plano de Enfrentamento à Violência Contra o Idoso (RANZANI et al., 2023). 

Segundo a Constituição Federal, é dever do Estado e da Família a garantia do bem-estar e do exercício da cidadania de indivíduos idosos, estabelecendo reponsabilidade aos filhos maiores em amparar os pais na velhice. No entanto, embora o cuidado familiar ainda seja predominante, as transformações pós-modernidade, como as modificações na composição, insuficiência familiar e o enfraquecimento dos laços e vínculos intergeracionais, comprometem a oferta de cuidado ao idoso necessitado (OLIVEIRA et al., 2021).

Uma vez identificada à violência, o idoso é retirado do convívio familiar como uma medida protetiva e para sua integridade é acolhido em Instituições de Longa Permanência para Idoso (ILPI), as quais são próprias para esses casos, conforme determinação das promotorias que defendem os direitos dos idosos (MARQUES et al., 2022).

Quando o vínculo familiar está prejudicado, possivelmente a família deixa de fornecer segurança, companhia e ajuda ao seu idoso, o que pode ampliar os riscos a sua saúde e à própria sobrevivência. Além disso, em muitas situações, a família apresenta-se insuficiente, como por exemplo: contextos em que a pessoa que deveria cuidar do idoso encontra-se com problemas de saúde física ou mental é usuária de álcool ou drogas. Essa é a realidade vivida por diversos idosos em seu contexto familiar, o que gera maior complexidade à resolução do problema (OLIVEIRA et al., 2021).

As dificuldades que os idosos tem de enfrentar a situação de violência decorrem essencialmente do desconhecimento de seus direitos ou da falta de acesso a uma delegacia para fazer a denúncia. Além disso, a maioria dos idosos tem dificuldades em tomar a decisão de denunciar a agressão ou abuso sofrido, pois muitas vezes o agressor é um membro da própria família ou o único cuidador e, em outros casos, não se reconhece como vítima de violência (ALARCON et al., 2021).

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo Revisão Integrativa de Literatura (RIL) referente à produção científica para analisar a violência sofrida pelos idosos no período de pandemia da COVID-19, permitindo assim, a síntese dos estudos publicados e um maior conhecimento da temática. 

Para alcançar os objetivos propostos foi realizada a revisão integrativa da literatura, que é um método amplo, que permite inclusão de diferentes abordagens metodológicas, resultando na síntese e análise do conhecimento e proporcionando intervenções efetivas e com melhor custo-benefício (BRITO, FIGUEIREDO, TYRRELL, 2022).

Este é um estudo descritivo, do tipo RIL, cujo método possibilita busca, análise crítica e síntese do conhecimento produzido sobre o tema investigado podendo incluir estudos de diversas metodologias. Desse modo, permite a identificação de lacunas de conhecimento, direcionamento para futuras pesquisas e a incorporação da aplicabilidade de resultados significativos na prática (SOUZA et al., 2021).

Na revisão integrativa foram obedecidas as seguintes etapas: 1) Identificação do tema e elaboração da questão norteadora da pesquisa; 2) Estabelecimento dos critérios de inclusão, exclusão e busca na base de dados; 3) Categorização dos estudos selecionados; 4) Avaliação dos estudos incluídos na revisão; 5) Análise e interpretação dos resultados e 6) Apresentação da revisão e síntese do conhecimento (SOUZA et al. 2020).

Para obter uma síntese da literatura atual, foi realizada uma revisão integrativa. Este método é realizado de forma sistemática, ordenada e baseada em evidências, permite a combinação de diversas metodologias teóricas e empíricas (experimentais e não experimentais) sobre um determinado fenômeno. Inicia-se com uma questão norteadora, utilizada para obter um quadro abrangente e relevante da atenção à saúde do idoso (SOUZA, GIACOMIN, FIRMO, 2020).

Para a elaboração da questão norteadora foi utilizado à estratégia PVO (Population, Variables and Outcomes), onde a partir da escolha dos Descritores de Ciências da Saúde (DeSC): “violência”, “pandemia da covid 19” e “idoso”, foi levantada a seguinte questão norteadora: O que a literatura vigente apresenta sobres à violência sofrida pelos idosos no contexto da pandemia da COVID-19? Conforme segue o quadro 1 abaixo:

Quadro 1: Estratégia PVO da revisão integrativa.

Os critérios de inclusão foram incluídos estudos publicados entre 2019 e 2024, focados em idosos (60 anos ou mais) e que abordaram a violência contra essa população durante a pandemia de COVID-19. Apenas estudos realizados no Brasil e que utilizaram metodologias descritivas, ecológicas, quantitativas ou qualitativas foram considerados. Além disso, os estudos deveriam fornecer informações detalhadas sobre o tipo de violência, características sociodemográficas das vítimas, e locais de ocorrência.

Os critérios de exclusão foram excluídos estudos publicados antes de 2019, aqueles que não focaram exclusivamente em idosos, ou que não abordaram a violência contra essa população durante a pandemia de COVID-19. Estudos realizados fora do Brasil, que não utilizaram metodologias consistentes, ou que não forneceram detalhes específicos sobre o tipo de violência, características das vítimas, ou locais de ocorrência também foram excluídos.

A princípio a escolha foi feita de acordo com os títulos e com o ano de publicação, em seguida, os artigos foram analisados. Nesse caso, foram revisados estudos relacionados aos objetivos em estudo e, desse modo, o material foi retido para inclusão neste trabalho.

Para a revisão integrativa de literatura, inicialmente foram identificadas as bases de dados e descritores utilizados na pesquisa, incluindo BVS, SciELO, PubMed, BDENF e LILACS, com os descritores “violência”, “pandemia da covid 19” e “idoso”. A busca inicial nessas bases resultou na identificação de 175 artigos. Após a remoção de 70 duplicatas, restaram 105 artigos únicos. Em seguida, os títulos e resumos desses artigos foram triados, excluindo 55 estudos irrelevantes, deixando 50 artigos para análise posterior.

Os critérios de inclusão e exclusão foram aplicados aos 50 artigos restantes, resultando na exclusão de 30 artigos: 10 fora do período de 2019 a 2024, 10 que não focavam exclusivamente em idosos, 5 que não abordavam a violência contra idosos durante a pandemia de COVID-19 e 5 realizados fora do Brasil. Isso deixou 20 artigos para revisão completa.

Na fase final, foi realizada a verificação dos dados específicos e consistência metodológica nos 20 artigos selecionados. Dez artigos foram excluídos por falta de detalhes específicos e quatro por metodologia inadequada. Finalmente, seis artigos atenderam a todos os critérios de inclusão, fornecendo dados relevantes e metodologicamente consistentes para analisar os impactos da pandemia de COVID-19 na violência contra idosos no Brasil. O fluxograma abaixo apresenta as etapas aqui mencionadas:

Fluxograma: Critérios de Elegibilidade da Revisão Integrativa de Literatura.

Fonte: O autor (2024).

Após a pesquisa, foram selecionados artigos apropriados ao contexto desta revisão: título, ano de publicação, objetivos, metodologia e resultados encontrados.

A análise de dados é uma coleção de técnicas de investigações da comunicação que, embora seja um instrumento único de pesquisa, engloba diferentes formas adaptáveis a diversas aplicações. Um agrupamento de ferramentas metodológicas que estão constantemente sendo desenvolvidas e podem ser aplicadas a uma grande variedade de conteúdo (BARDIN, 2011).

Segundo Bardin (2016), o uso deste instrumento de análise de dados tem organização em três polos cronológicos: (1) pré-análise; (2) a exploração do material; (3) o tratamento dos resultados, a interferência e a interpretação.

A pré-análise é um período organizacional, durante o qual se desenvolve um programa flexível, mas muito preciso que sistematiza a ideia original da pesquisa e aplica um plano específico de desenvolvimento de pesquisa. De início, há três fatores importantes nesta etapa: a seleção de documentos a serem apresentados para análise; formulação de hipóteses e objetivos e elaboração de indicadores para apoiar a interpretação final. Embora esses fatores estejam intimamente relacionados, eles não seguem necessariamente uma ordem cronológica, mas se complementam (BARDIN, 2016).

Posteriormente, inicia a fase de análise do material, apontada como extensa e entediante, constitui-se basicamente em um conjunto de regras elaboradas, em execuções de códigos, decomposição e enumeração. Estes são métodos manuais, com uma aplicabilidade sistemática de decisões tomadas durante a pesquisa (BARDIN, 2016).

A interpretação e o tratamento dos resultados atingidos necessitam ser relevantes e válidos para obter uma análise percentual ou um fator mais complexo que possa refletir e criar respostas, gráficos, números e modelos que mostrem claramente os dados obtidos durante a análise. A mesma deve ter resultados relevantes e concretos para sugerir interferência e interpretação das metas pretendidas. Ou, graças aos resultados obtidos pela comparação sistemática do material e do tipo de interferência alcançada na pesquisa, pode ser a base para outras análises organizadas a partir de dimensões teóricas (BARDIN, 2016).

RESULTADOS

Os resultados da RIL possibilitaram a elaboração de um quadro-síntese (Quadro 2) no qual consta a sumarização dos dados bibliométricos quanto a: Ano de publicação, Autores, Título, Objetivos; Metodologia e Resultados. O quadro a seguir elenca os resultados dos estudos selecionados.

Quadro 2 – Distribuição dos estudos incluídos na RIL.

ANOAUTOR (ES)TÍTULOOBJETIVOSMETODOLOGIARESULTADOS
2022.SILVA, Hellen Taisa Carvalho Serpa Oliveira et al.PERFIL DA VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS NO BRASIL DURANTE PANDEMIA PELA COVID-19Verificar o perfil da violência contra a pessoa idosa no Brasil durante a pandemia pela COVID-19 registrada no Disque 100 em 2020.Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e retrospectivo, com base na análise das denúncias registradas no painel de dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos referentes ao módulo idoso do Disque 100 do ano de 2020.Durante a pandemia de 2020, as denúncias de violência contra idosos aumentaram significativamente no Brasil, destacando problemas estruturais como falta de apoio e políticas públicas. Foram registradas 84.002 denúncias, concentradas na região Sudeste e nos meses de março, maio e junho.  
2022.ASSIS, Lorena Maria Pereira de.A PANDEMIA DA COVID-19 E SUAS CONSEQUÊNCIAS DIANTE VIOLÊNCIAS CONTRA IDOSOS EM UM MUNICÍPIO GOIANODescrever os tipos de violência em idosos no município de Goiânia- GODescritivo, transversal, ecológico, quantitativo com característica epidemiológica com buscas por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).Considerando o período para o estudo (2018-2021), os registros no DATASUS revelam que trezentos e sessenta e seis (366) idosos foram vítimas de violências no município de Goiânia-Goiás neste lapso temporal, os dados vão ao encontro com outros realizados em várias regiões do Brasil, as principais vítimas da violência contra a pessoa idosa são as mulheres, e as residências os locais mais comuns das agressões. Observou-se um aumento na proporção das violências autoprovocadas no período de pandemia a COVID-19.
2023.OLIVEIRA, Marcelo Brigagão de et al.DIREITO, SAÚDE E CIDADANIA DO IDOSO EM TEMPOS DE COVID-19.Conhecer a percepção da sua qualidade de vida e a satisfação com a sua saúde durante o período pandémico. Objetivo específico: conhecer mais sobre o que foi viver em confinamento relativamente à sua saúde psicológica e relações sociaisInvestigação quantitativa e qualitativa realizada numa cidade brasileira do Estado de Minas Gerais (Poços de Caldas) no Brasil. Foi aplicado o questionário de qualidade de vida WHOQOL-Bref, abreviado pela OMSOs idosos institucionalizados apresentaram melhor adaptação ao período de confinamento durante a pandemia, com maior qualidade de vida e satisfação com a saúde. Surpreendentemente, demonstraram maior resiliência psicológica e preservação das relações sociais devido ao ambiente comunitário, em contraste com idosos que viviam isoladamente em seus domicílios, mostrando menor satisfação com saúde e relações sociais.
2021.MELEIRO, et al.OS DESAFIOS DA REDE DE PROTEÇÃO NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA EM MANAUS, AMAZONAS, BRASIL  Conhecer a rede de proteção, seus desafios e elementos que interferem na proteção, enfrentamento e atendimento à pessoa idosa, vítima de violência à cidade de Manaus, AM, Brasil.Trata-se de um estudo descritivo estruturado a partir de uma pesquisa qualitativa com utilização de pesquisa de campo. Foram entrevistados 16 profissionais que estão à frente das principais instituições que integram a Rede de Proteção no Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa na cidade de Manaus no período de 29/07 a 21/11/2020.Apesar de extensa e atuante, a rede não possui a articulação necessária para atender e acompanhar as demandas dos idosos de modo satisfatório. Também não existe um fluxo de atendimento estabelecido assim como não há acompanhamento dos casos de violência contra a pessoa idosa no município.
2023.Ranzani et al.PERFIL E CARACTERÍSTICAS DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19  Identificar o perfil sociodemográfico e as características da violência interpessoal contra idosos durante o primeiro ano da pandemia de COVID-19 em uma capital da região Sudeste do Brasil.Pesquisa descritiva e exploratória com delineamento transversal a partir das notificações de casos suspeitos ou confirmados de violência contra idosos entre março de 2020 e março de 2021.Foram registradas 2.681 notificações no período. As principais vítimas foram indivíduos com idade entre 60 e 64 anos, do sexo feminino, de cor branca e com baixa escolaridade. As ocorrências de violência foram mais frequentes nas residências das vítimas. Predominaram as violências física e psicológica.
2021.CAMACHO, Alessandra Conceição Leite Funchal et al.    IDENTIFICAÇÃO DOS REGISTROS DE VIOLÊNCIA AO IDOSO NO PERÍODO DE 2020 A 2023.Identificar os registros de violência ao idoso durante o período de 2020-2023.Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo, documental descritivo, com abordagem quantitativa, realizado através da análise das denúncias de violência registradas no banco de dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania no período de 2020-2023Foram registradas 408.395 denúncias de violência contra idosos, com aumento progressivo nos anos: 21,6% em 2020, 19,8% em 2021, 23,5% em 2022 e 35,1% em 2023. As vítimas eram predominantemente do sexo feminino, e houve maior número de denúncias envolvendo idosos brancos, com destaque para o aumento significativo em 2023.

Fonte: O autor (2024).

O quadro 2 mostra os conhecimentos condensados destes artigos, dos quais destacam as evidências científicas disponíveis acerca da violência contra o idoso durante a pandemia COVID-19. A partir da leitura e análise desses estudos foi possível agrupar os resultados e apresentá-los nas seguintes categorias: Categoria 1: Impacto do isolamento social e da pandemia na violência contra idosos, Categoria 2: Vulnerabilidades e desafios no enfrentamento da violência contra idosos na pandemia e Categoria 3: Perfil das vítimas e agressores de violência contra idosos na pandemia.

DISCURSSÕES  

Categoria 1: Impacto do isolamento social e da pandemia na violência contra idosos

A pandemia de COVID-19 e as medidas de isolamento social tiveram um impacto significativo no aumento da violência contra os idosos. O confinamento, o estresse socioeconômico, a interrupção das rotinas e o medo da doença agravaram as tensões familiares e sociais, criando um ambiente propício para o aumento dos maus-tratos.

Estudos realizados em diversos países, incluindo o Brasil, demonstraram um aumento nas denúncias de violência contra idosos durante a pandemia. No Brasil, o Disque 100, principal canal de denúncias de violações de direitos humanos, registrou um aumento considerável no número de casos reportados, evidenciando a necessidade de atenção e intervenção específica para essa população vulnerável.

Camacho et al. (2021) destacam que o isolamento social durante a pandemia intensificou o contato no ambiente familiar, aumentando a possibilidade de violência contra idosos. Oliveira et al. (2023) corroboram essa perspectiva, mencionando o aumento significativo das denúncias de violência contra idosos no Brasil durante os meses de isolamento social mais severo em 2020.

Em consonância com esses achados, Assis (2022) relata um aumento de 53% nas denúncias de violência contra idosos no Brasil em 2020, comparado a 2019. Adicionalmente, Silva et al. (2022) observaram que o isolamento social exacerbou fatores de risco para a violência contra idosos, incluindo problemas de saúde física e mental, dependência, estresse e problemas de relacionamento.

Ranzani et al. (2023) identificaram que as principais vítimas de violência foram mulheres entre 60 e 64 anos com baixa escolaridade, e que as agressões ocorreram com maior frequência nos domicílios. As violências físicas e psicológicas foram as mais comuns, principalmente com o uso de força física/espancamento e ameaças. O agressor era majoritariamente do sexo masculino, mais jovem que a vítima e geralmente filho ou parceiro íntimo. As agressões ocorreram mais de uma vez e foram motivadas por conflitos geracionais.

Meleiro et al. (2021) também observaram um aumento da violência contra idosos durante a pandemia em Manaus, destacando a falta de articulação da rede de proteção ao idoso e a ausência de um fluxo de atendimento estabelecido como desafios no enfrentamento dessa problemática.

Esses estudos convergem para a conclusão de que o isolamento social e a pandemia criaram um ambiente mais vulnerável para os idosos, resultando em um aumento da violência contra essa população. Além disso, a pandemia evidenciou a necessidade de fortalecer as políticas públicas de proteção e cuidado ao idoso, incluindo o desenvolvimento de estratégias para garantir o acesso a serviços de saúde, apoio psicossocial e proteção contra a violência em situações de crise e isolamento social.

Categoria 2: Vulnerabilidades e desafios no enfrentamento da violência contra idosos na pandemia

A pandemia da COVID-19 expôs e intensificou as vulnerabilidades da população idosa, dificultando o enfrentamento da violência contra esse grupo. O isolamento social, a dependência de cuidadores, a falta de acesso a serviços de saúde e apoio social, e a insegurança financeira foram fatores que contribuíram para o aumento da vulnerabilidade dos idosos à violência, especialmente em contextos familiares e institucionais.

A falta de articulação e comunicação entre os órgãos da rede de proteção ao idoso também se mostrou um desafio importante no enfrentamento da violência. Assis (2022) aponta para a falta de articulação no acolhimento e encaminhamento de casos de violência contra idosos nos serviços de saúde, evidenciando a necessidade de uma atuação multidisciplinar e de capacitação dos profissionais para lidar com essa problemática complexa. Meleiro et al. (2021) também destacam a falta de articulação e a ausência de um fluxo de atendimento estabelecido como desafios no enfrentamento da violência contra a pessoa idosa em Manaus.

A subnotificação dos casos de violência contra idosos também foi um desafio significativo durante a pandemia. Ranzani et al. (2023) identificaram o baixo encaminhamento de casos de violência contra idosos para órgãos de proteção em São Paulo, ressaltando a importância da comunicação adequada entre os profissionais de saúde e os órgãos competentes para garantir a proteção dos direitos dos idosos.

Diante das vulnerabilidades expostas e dos desafios enfrentados, a pandemia evidenciou a necessidade de fortalecer as políticas públicas de proteção e cuidado ao idoso, incluindo o desenvolvimento de estratégias para garantir o acesso a serviços de saúde, apoio psicossocial e proteção contra a violência em situações de crise e isolamento social. A pandemia da COVID-19 não apenas exacerbou a violência contra os idosos, mas também revelou as fragilidades existentes nas redes de proteção e a necessidade urgente de ações mais eficazes para proteger essa população vulnerável.

Categoria 3: Perfil das vítimas e agressores de violência contra idosos na pandemia

A literatura consultada revela um perfil específico tanto das vítimas quanto dos agressores nesse período. As vítimas de violência durante a pandemia foram majoritariamente mulheres, idosos com 80 anos ou mais, aqueles com baixa escolaridade e renda, e pessoas brancas.

Estudos como o de Camacho et al. (2021) e Oliveira (2023) destacam a maior vulnerabilidade das mulheres idosas à violência, devido a fatores como doenças crônicas, incapacidades funcionais e a histórica dominação de gênero nas relações de poder.

Os autores Ranzani et al. (2023) também encontraram que as principais vítimas eram mulheres entre 60 e 64 anos, brancas e com baixa escolaridade, corroborando a vulnerabilidade de mulheres idosas com menor acesso à educação e recursos.

A idade avançada também se mostrou um fator de risco, com Camacho et al. (2021) e Silva et al. (2022) destacando a maior incidência de violência em idosos com 80 anos ou mais. Essa vulnerabilidade pode estar relacionada à maior dependência de cuidados e ao isolamento social, agravados pela pandemia.

Os agressores de idosos durante a pandemia da COVID-19 foram, em sua maioria, pessoas próximas às vítimas, como filhos, cônjuges e outros familiares. Essa constatação é corroborada por diversos estudos que apontam para a prevalência da violência intrafamiliar contra idosos nesse período.

Segundo Camacho et al. (2021) e Oliveira (2023) identificaram os filhos como os principais perpetradores da violência, o que pode estar relacionado à sobrecarga dos cuidadores familiares, intensificada pela pandemia. Ranzani et al. (2023) também encontraram que o agressor era majoritariamente do sexo masculino, mais jovem que a vítima e geralmente filho ou parceiro íntimo, corroborando a prevalência da violência intrafamiliar contra idosos.

Silva et al. (2022) relata que a maior convivência familiar durante o isolamento social, imposta pela pandemia de COVID-19, intensificou os conflitos e as tensões no ambiente doméstico, contribuindo para o aumento da violência doméstica contra os idosos. A autora destaca que a interrupção das atividades presenciais e a restrição do deslocamento, medidas necessárias para conter a propagação do vírus, levaram ao aumento do tempo de convivência entre os membros da família, o que pode ter exacerbado problemas de relacionamento preexistentes e gerado novas tensões.

Além disso, a sobrecarga dos cuidadores, que se viram com mais responsabilidades e menos apoio externo, também pode ter contribuído para o aumento da violência. A autora ressalta a importância de considerar o contexto da pandemia e suas implicações nas relações familiares para compreender o aumento da violência doméstica contra os idosos nesse período.

Assim, a pandemia da COVID-19 evidenciou e agravou as vulnerabilidades da população idosa, resultando em um aumento da violência contra esse grupo. As mulheres, os idosos mais velhos e aqueles em situações de maior vulnerabilidade socioeconômica foram os mais afetados. A violência foi predominantemente intrafamiliar, com os filhos sendo os principais agressores.

É fundamental que políticas públicas e serviços de apoio considerem esse perfil de vítimas e agressores para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e enfrentamento da violência contra a pessoa idosa, especialmente em situações de crise como a pandemia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da literatura revelou que a violência contra idosos durante a pandemia da COVID-19 é um fenômeno complexo e multifacetado, intensificado pelas condições adversas impostas pelo isolamento social e pelas restrições de mobilidade. A pandemia exacerbou fatores de risco já existentes, como a fragilidade física, o isolamento social e a dependência financeira, criando um ambiente propício para a violência física, psicológica e financeira contra a população idosa.

O impacto do isolamento social foi particularmente significativo, levando a um aumento dos casos de violência devido ao estresse, ao confinamento prolongado e à convivência forçada com agressores potenciais. A falta de acesso a redes de apoio, serviços de saúde e canais de denúncia agravaram ainda mais a situação, deixando muitos idosos sem a possibilidade de buscar ajuda ou proteção.

As vulnerabilidades dos idosos foram destacadas como um ponto central na discussão sobre a violência durante a pandemia. A dependência de cuidadores, muitas vezes familiares, e a perda de autonomia aumentaram a exposição dos idosos a abusos. Além disso, o perfil das vítimas e agressores mostrou que, em muitos casos, a violência é perpetrada por pessoas próximas, o que dificulta a identificação e a intervenção por parte das autoridades.

Os profissionais de saúde, especialmente enfermeiros, desempenharam um papel crucial na identificação e manejo dos casos de violência contra idosos durante a pandemia. A capacitação e a sensibilização desses profissionais são fundamentais para a criação de estratégias eficazes de prevenção e intervenção, garantindo um cuidado integral e humanizado para essa população vulnerável.

Portanto, é imperativo que políticas públicas sejam reforçadas para proteger os idosos, proporcionando-lhes segurança e apoio adequado. A promoção de campanhas de conscientização, a aplicação de redes de suporte e a facilitação do acesso a serviços de saúde e assistência social são medidas essenciais para mitigar os efeitos da violência contra idosos em tempos de crise sanitária.

Por fim, a pandemia da COVID-19 trouxe à tona desafios significativos no enfrentamento da violência contra idosos, exigindo uma abordagem multidisciplinar e intersetorial para garantir a proteção e a dignidade dessa população. A continuidade de pesquisas e a execução de políticas de prevenção são essenciais para enfrentar essa problemática de forma eficaz e sustentável.

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1 Centro Universitário Vale do Salgado (UNIVS). E-mail: matheusjbe20@gmail.com; clelia@univs.edu.br; franciscajuliana@univs.edu.br; pauloxavier@univs.edu.br; amanda_jbe2013@hotmail.com; mariannyalvessilveira2050@gmail.com

2 Universidade Estadual do Ceará (UECE). E-mail: rafael.duarte@aluno.uece.br; rosa.martins@uece.com.br

3 Centro Universitário Estácio do Ceará; Centro Universitário Maurício de Nassau. E-mail: kermamarcia@gmail.com

4 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará; julyannaparente@yahoo.com.br