VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NEGRA 

DOMESTIC VIOLENCE AGAINST BLACK WOMEN  

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202411251144


Alan Wilha Viana de Oliveira1; Jean Victor Gabino Ataíde2; Maria Francisca da Silva Ferreira3; Paulo Ricardo Fabá de Souza4; Sorayla Barbosa silveira5; Co-orientador: Adriano Dos Santos Oliveira6 ; Co-orientadora: Cleise Maria De Goes Martins7


RESUMO

A violência é uma prática que assume diversas formas e se manifesta em diferentes contextos, impactando diretamente a saúde física e mental das vítimas, no contexto doméstico, ela envolve uma série de abusos, sejam eles físicos, psicológicos, sexuais, patrimoniais ou morais, que são perpetrados no ambiente familiar. O racismo estrutural legitima a perpetuação desses estereótipos, relegando a mulher negra a papéis subalternos, com pouca mobilidade social e oportunidades limitadas (Medeiros; Machado, 2020). Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. Para a realização deste estudo, foram utilizados artigos científicos disponíveis nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A violência doméstica contra a mulher negra é um problema complexo e multifacetado, profundamente enraizado em questões históricas e socioculturais. Para enfrentar o problema, é crucial implementar políticas públicas inclusivas e promover programas de educação e conscientização que abordem as necessidades específicas das mulheres negras, a colaboração entre diferentes setores e comunidades é fundamental para criar uma rede de apoio eficaz e acessível. 

PALAVRAS-CHAVE: Violência doméstica, mulher negra, enfrentamento, políticas públicas. 

ABSTRACT

Violence is a practice that takes various forms and manifests in different contexts, directly impacting the physical and mental health of the victims. In the domestic context, it involves a range of abuses, whether physical, psychological, sexual, economic, or moral, perpetrated within the family environment. Structural racism legitimizes the perpetuation of these stereotypes, relegating Black women to subordinate roles, with limited social mobility and opportunities (Medeiros; Machado, 2020). This is an integrative literature review. For this study, scientific articles available from the Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Latin American Literature in Health Sciences (LILACS), and the Virtual Health Library (BVS) were used. Domestic violence against Black women is a complex and multifaceted issue, deeply rooted in historical and sociocultural factors. To address this issue, it is crucial to implement inclusive public policies and promote education and awareness programs that address the specific needs of Black women. Collaboration between different sectors and communities is essential to create an effective and accessible support network. 

KEYWORDS: Domestic violence, Black women, response, public policies. 

1. Introdução 

A violência é uma prática que assume diversas formas e se manifesta em diferentes contextos, impactando diretamente a saúde física e mental das vítimas, no contexto doméstico, ela envolve uma série de abusos, sejam eles físicos, psicológicos, sexuais, patrimoniais ou morais, que são perpetrados no ambiente familiar (Rocha, 2021). Esse fenômeno tem raízes culturais, históricas e sociais profundas, exigindo abordagens amplas para seu enfrentamento (Brito; Grossi; Grossi, 2020). 

A violência doméstica contra a mulher enfrenta diversos desafios, especialmente no que diz respeito à sua identificação e enfrentamento, a complexidade dos relacionamentos abusivos, aliada à dependência econômica, emocional e social, dificulta a denúncia e a busca por ajuda (Carrijo; Martins, 2020). 

De acordo com Ferreira (2020) no caso de mulheres negras, esses desafios são amplificados pela interseção do racismo estrutural com o machismo, resultando em uma dupla vulnerabilidade que agrava as consequências da violência. 

Os índices de violência doméstica contra a mulher, tanto no Brasil quanto no mundo, são alarmantes, segundo dados nacionais, a cada dois minutos, uma mulher sofre violência física ou verbal no Brasil, sendo as mulheres negras as principais vítima (Silva; Duarte; Vieira, 2020). Globalmente, uma em cada três mulheres já experimentou alguma forma de violência ao longo da vida, e, em muitos países, a subnotificação dos casos dificulta uma visão precisa da realidade (Patrocino; Bevilacqua, 2021). 

A violência doméstica pode se manifestar de diferentes formas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, no caso das mulheres negras, o racismo também exerce um papel relevante na perpetuação da violência, seja pela desvalorização de suas vidas ou pela negação de seus direitos (Medeiros; Machado,2020). 

Essa combinação de violência de gênero e racialidade faz com que a mulher negra enfrente um cenário mais complexo e perigoso, muitas vezes invisibilizado nas políticas públicas (Cavalcante, 2023). 

O objetivo geral deste artigo é analisar os desafios e as particularidades da violência doméstica contra a mulher negra, abordando a interseccionalidade entre violência de gênero e racismo. A proposta é discutir estratégias de enfrentamento e promover o fortalecimento das redes de apoio, tanto institucionais quanto comunitárias. 

A justificativa para este estudo reside na necessidade de dar visibilidade à violência doméstica contra a mulher negra, um problema historicamente negligenciado. Ao reconhecer as especificidades dessa população, é possível elaborar políticas públicas mais eficazes e garantir um atendimento mais adequado às vítimas, rompendo com ciclos de violência e exclusão. 

2. Referencial Teórico 

2.1 CONCEITO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 

A violência doméstica é um fenômeno que ocorre dentro do ambiente familiar ou de convivência íntima, envolvendo relações de poder desequilibradas, nas quais um dos membros exerce controle ou abuso sobre o outro (Carrijo; Martins, 2020). 

Essa violência pode manifestar-se de diferentes formas, como agressões físicas, psicológicas, sexuais, patrimoniais e morais, sendo a mulher a principal vítima (Rocha, 2021). 

O termo “doméstica” não se limita ao espaço físico da casa, mas se refere a qualquer ambiente onde os laços afetivos ou de convivência se estabelecem, esse tipo de violência caracteriza-se pela repetição de agressões ao longo do tempo, criando um ciclo de dominação e submissão que pode ser difícil de romper (Patrocino; Bevilacqua, 2021). 

Além de envolver aspectos físicos, a violência doméstica inclui a manipulação emocional, o isolamento social e a privação de recursos materiais, as agressões psicológicas são frequentemente invisíveis e incluem humilhações, ameaças, chantagens e restrição à liberdade de ação e expressão da vítima (Silva; Duarte; Vieira, 2020). 

Esse controle psicológico visa minar a autoestima e a autonomia da pessoa, tornando-a dependente do agressor e limitando suas chances de buscar ajuda, a violência doméstica, portanto, vai além do ato de agressão física, afetando profundamente a saúde mental e emocional das vítimas (Cavalcante et al., 2023). 

Outro aspecto importante da violência doméstica é a violência sexual, que ocorre quando o agressor utiliza da força física, manipulação ou coerção para obter favores sexuais da vítima, mesmo dentro do casamento ou de uma relação íntima (Medeiros; Machado, 2023). 

Esse tipo de violência muitas vezes é silenciado, pois há uma tendência cultural de minimizar a gravidade da violência sexual no contexto familiar (Ferreira et al., 2020). 

A violência patrimonial e moral também estão inseridas no conceito de violência doméstica, a violência patrimonial refere-se à destruição ou controle dos bens materiais da vítima, como o acesso ao dinheiro, documentos pessoais, ou qualquer recurso que ela possa utilizar para garantir sua independência (Brito; Grossi; Grossi, 2020). 

2.2 RACISMO ESTRUTURAL E A MULHER NEGRA 

De acordo com Ferreira et al., (2020) o racismo estrutural é uma forma de discriminação racial que está enraizada nas instituições sociais, políticas e econômicas, perpetuando a desigualdade entre diferentes grupos raciais.  

Para a mulher negra, essa realidade é ainda mais severa, pois ela enfrenta a intersecção de dois eixos de opressão: o racismo e o machismo. Essa dupla discriminação limita seu acesso a direitos fundamentais, como educação, saúde e mercado de trabalho, além de impactar negativamente em sua qualidade de vida e autonomia (Cavalcante et al., 2023). 

A mulher negra, ao longo da história, foi desvalorizada e marginalizada, durante o período colonial, as mulheres negras foram exploradas como força de trabalho escravizada e sexualmente violadas, o que moldou uma cultura de desumanização e violência que persiste até os dias atuais (Brito; Grossi; Grossi, 2020). 

 O racismo estrutural legitima a perpetuação desses estereótipos, relegando a mulher negra a papéis subalternos, com pouca mobilidade social e oportunidades limitadas (Medeiros; Machado, 2020). 

No mercado de trabalho, a mulher negra sofre com a segregação ocupacional, sendo frequentemente relegada a empregos informais ou de baixa remuneração, como o trabalho doméstico (Cavalcante et al., 2023).  

Além disso, a disparidade salarial entre mulheres brancas e negras é significativa, mesmo quando ocupam cargos similares. Essa diferença salarial e de oportunidades reflete a exclusão da mulher negra dos espaços de prestígio social e econômico (Ferreira et al., 2020). 

Estudos mostram que mulheres negras têm maiores índices de mortalidade materna, violência obstétrica e menor acesso a serviços de saúde preventiva (Silva; Duarte; Vieira, 2020). 

Isso reflete a marginalização dessa população nas políticas públicas de saúde, que falham em atender suas necessidades específicas, a falta de representatividade e equidade nos serviços de saúde perpetua essa desigualdade (Cavalcante et al., 2023). 

Na esfera social, o racismo estrutural reforça a invisibilidade da mulher negra nos espaços de poder e decisão, essa exclusão é uma das razões pelas quais as políticas públicas e iniciativas de igualdade racial muitas vezes não contemplam adequadamente as demandas das mulheres negras (Brito; Grossi; Grossi, 2020). 

Portanto, o racismo estrutural, combinado com o sexismo, cria barreiras adicionais para as mulheres negras em diversas áreas da vida. A superação dessas barreiras exige não só políticas públicas inclusivas e antirracistas, mas também uma conscientização social ampla sobre a necessidade de combater o racismo em todas as suas formas (Santos et al., 2020).  Apenas com a desconstrução das estruturas discriminatórias será possível promover a verdadeira igualdade e justiça para a mulher negra (Barbosa et al., 2022). 

2.2.1 Histórico Da Violência Contra A Mulher Negra 

A violência contra a mulher negra possui raízes históricas profundas, que remontam à escravidão e à colonização, períodos em que as mulheres negras foram sistematicamente oprimidas e desumanizadas (Silva et al., 2022). 

 Estudos destacam que durante o período colonial, as mulheres negras eram frequentemente submetidas a abusos físicos e sexuais, refletindo uma continuidade de violências que perduram até hoje (Silva; Duarte; Vieira, 2020). Esse histórico contribui para uma normalização da violência e um agravamento das desigualdades enfrentadas por essas mulheres (Silva et al., 2022). 

Além disso, Santos e Pereira (2021) analisam como as políticas de segregação e discriminação racial durante e após a escravidão criaram um ambiente propício para a perpetuação de práticas violentas contra as mulheres negras.  

Essas práticas foram muitas vezes invisibilizadas e marginalizadas nas narrativas históricas, resultando em uma falta de reconhecimento e enfrentamento das violências que continuam a afetar essas mulheres (Santos & Pereira, 2021).  

A persistência dessas violências reflete um legado histórico que ainda precisa ser adequadamente abordado e desmantelado (Santos & Pereira, 2021). A literatura mais recente, como a de Almeida et al. (2023), explora a interseção entre raça e gênero na violência contra a mulher negra, evidenciando que as mulheres negras enfrentam um tipo específico de violência que combina opressão racial e sexismo. 

 Essa análise mostra que a violência contra a mulher negra não pode ser dissociada de um contexto histórico e social mais amplo, que inclui o racismo institucional e a marginalização persistente (Almeida et al., 2023).  

O reconhecimento desses fatores históricos é essencial para o desenvolvimento de políticas eficazes de combate à violência (Almeida et al., 2023). 

2.3 FATORES SOCIOCULTURAIS E ECONÔMICOS QUE PERPETUAM A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NEGRA 

De acordo com Costa e Lima (2022), a normalização e a aceitação de comportamentos violentos, muitas vezes transmitidos por normas culturais e sociais, contribuem para a continuidade da violência. 

 As representações negativas e estereotipadas das mulheres negras em mídias e culturas populares reforçam essas normas e perpetuam a violência (Costa & Lima, 2022). 

Os fatores econômicos também são cruciais para entender a violência contra a mulher negra, segundo Santos e Costa (2021), a pobreza e a falta de acesso a recursos financeiros e educacionais frequentemente colocam as mulheres negras em posições de vulnerabilidade que aumentam sua exposição à violência.  

A precariedade econômica limita o acesso a serviços de apoio e proteção, tornando mais difícil para essas mulheres saírem de situações de violência e buscar ajuda (Santos & Costa, 2021). 

A interseção entre fatores socioculturais e econômicos cria um ciclo de violência que é difícil de romper, pesquisa de Oliveira et al. (2023) destaca que as barreiras econômicas e culturais frequentemente se reforçam mutuamente, dificultando a implementação de estratégias de prevenção e proteção eficazes.  

A combinação desses fatores perpetua a violência e contribui para a marginalização contínua das mulheres negras, tornando essencial a abordagem de múltiplas dimensões para enfrentar a violência (Oliveira et al., 2023). 

2.4 O PAPEL DA EDUCAÇÃO E DA CONSCIENTIZAÇÃO NA PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA  

A educação e a conscientização desempenham papéis fundamentais na prevenção da violência contra a mulher negra, oferecendo ferramentas para o empoderamento e a mudança de atitudes sociais (Barbosa et al., 2022). 

De acordo com Freitas e Oliveira (2022), programas educacionais que abordam questões de violência de gênero e racismo são eficazes na formação de uma consciência crítica e na promoção de comportamentos respeitosos e igualitários (Freitas & Oliveira, 2022). 

Além disso, a pesquisa de Almeida e Silva (2023) mostra que campanhas de conscientização e iniciativas de educação comunitária podem ajudar a desmantelar estereótipos prejudiciais e a promover uma cultura de respeito e igualdade.  

Esses programas são fundamentais para mudar percepções e comportamentos ao longo do tempo, criando um ambiente mais seguro e inclusivo para as mulheres negras (Almeida & Silva, 2023). 

A colaboração entre instituições educacionais e organizações comunitárias é essencial para a eficácia das iniciativas de prevenção (Santos et al., 2021). Segundo Costa e Pereira (2021), parcerias entre escolas, ONGs e órgãos governamentais podem ampliar o alcance das campanhas de conscientização e garantir que a educação sobre violência e direitos seja acessível a todos.  

A abordagem integrada dessas estratégias é crucial para alcançar mudanças sustentáveis e duradouras na prevenção da violência contra a mulher negra (Costa & Pereira, 2021). 

3. Metodologia 

Este artigo trata-se de um estudo do tipo Revisão de Literatura, cujo objetivo é reunir e analisar publicações científicas sobre violência doméstica contra a mulher negra, focando nos desafios, políticas públicas e estratégias de enfrentamento. A metodologia de revisão foi selecionada com o intuito de proporcionar uma visão ampla e atualizada sobre o tema, a partir de evidências científicas já publicadas. 

Para a realização deste estudo, foram utilizados artigos científicos disponíveis nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os descritores aplicados na busca foram: “Violência doméstica”, “mulher negra”, “enfrentamento” e “políticas públicas”. A combinação desses termos permitiu identificar trabalhos relevantes para a compreensão da violência doméstica sofrida por mulheres negras e as ações de enfrentamento voltadas para esse público. 

Os critérios de inclusão definidos para este estudo contemplaram periódicos e artigos originais publicados no Brasil, redigidos em português, entre os anos de 2020 a 2024. Foram excluídos estudos que não correspondiam aos objetivos estabelecidos, bem como aqueles que não continham, no mínimo, dois dos descritores mencionados. Exceções foram feitas para legislações e normativas vigentes que tratam do tema da violência doméstica e suas políticas públicas. 

De acordo com Souza et al. (2010), “a revisão de literatura permite mapear o estado da arte de determinado tema, identificando lacunas e evidenciando os avanços científicos”. A partir dessa abordagem, a presente pesquisa buscou sistematizar o conhecimento existente, contribuindo para um melhor entendimento do impacto da violência doméstica na vida das mulheres negras, assim como as respostas institucionais e comunitárias. 

Essa metodologia garante a seleção criteriosa de estudos, assegurando a validade e a relevância das informações analisadas, com foco nas publicações mais recentes e pertinentes ao contexto brasileiro. 

4. Resultados e Discussões 

A violência doméstica contra a mulher negra é um problema complexo e multifacetado, profundamente enraizado em questões históricas e socioculturais (Patrocino; Bevilacqua, 2021). 

Segundo Silva (2023), o histórico de opressão e marginalização das mulheres negras contribui significativamente para a vulnerabilidade a abusos dentro do ambiente doméstico.  

Portanto, Cavalcante (2023) afirma que as raízes históricas da escravidão e da segregação racial criaram um contexto no qual as mulheres negras frequentemente enfrentam condições adversas que perpetuam a violência. A discriminação racial e o racismo estrutural também desempenham um papel crucial na perpetuação da violência doméstica (Ferreira, 2020). 

De acordo com Santos (2022), as mulheres negras frequentemente enfrentam barreiras adicionais na busca de ajuda, devido ao preconceito institucional e à falta de representação adequada em serviços de apoio.  

Além das barreiras institucionais, o estigma e a normalização da violência dentro das comunidades também contribuem para a perpetuação desse problema (Brito; Grossi; Grossi, 2020).   

Para Costa (2021) argumenta que a aceitação cultural de comportamentos violentos e a falta de suporte comunitário adequado permitem que a violência doméstica contra mulheres negras continue sem a devida intervenção.  

O impacto econômico da violência doméstica é outro fator significativo que afeta as mulheres negras, segundo Almeida (2023), as dificuldades financeiras resultantes da violência, como a perda de emprego e a dependência econômica, limitam as opções das vítimas e as impedem de buscar ajuda.  

Além disso, a falta de acesso a serviços de apoio especializados é um problema recorrente, Pereira (2021) observa que os serviços de apoio às vítimas de violência doméstica frequentemente não são adaptados às necessidades específicas das mulheres negras, resultando em um atendimento inadequado e ineficaz.  

A ausência de recursos culturalmente sensíveis pode reduzir a eficácia das intervenções e a confiança das vítimas nos serviços disponíveis, a intervenção precoce e a educação são essenciais para a prevenção da violência doméstica (Silva; Duarte; Vieira, 2020). 

De acordo com Freitas (2022) destaca que programas de educação e conscientização voltados para as comunidades negras podem ajudar a mudar atitudes e comportamentos, promovendo uma maior resistência à violência e melhorando a resposta comunitária.  

A educação é uma ferramenta poderosa para desafiar normas prejudiciais e fomentar um ambiente mais seguro, o papel das políticas públicas também é crucial para abordar a violência doméstica contra a mulher negra (Santos et al., 2020). 

No entanto, Costa e Almeida (2023) argumentam que políticas eficazes devem considerar as especificidades da violência enfrentada por mulheres negras e garantir acesso equitativo aos serviços de apoio.  

A implementação de políticas inclusivas e bem estruturadas pode proporcionar um suporte mais eficaz e abrangente para as vítimas, a colaboração entre organizações comunitárias e instituições governamentais pode fortalecer a resposta à violência doméstica. (Almeida, 2023). 

Diante disso, Silva (2023) sugere que parcerias entre essas entidades podem melhorar a coordenação dos serviços e garantir que as mulheres negras recebam o suporte necessário de forma mais integrada e eficiente.  A cooperação mútua é essencial para criar uma rede de proteção robusta e acessível para todas as vítimas de violência doméstica. 

5. Conclusão  

A violência doméstica contra a mulher negra é alimentada por fatores históricos, socioculturais e econômicos, como o legado de opressão e a normalização da violência.  

A marginalização histórica e o racismo institucional dificultam o acesso das vítimas a ajuda e aumentam sua vulnerabilidade, a precariedade financeira e a inadequação dos serviços também agravam a situação, limitando a capacidade das mulheres de buscar suporte. Para enfrentar o problema, é crucial implementar políticas públicas inclusivas e promover programas de educação e conscientização que abordem as necessidades específicas das mulheres negras, a colaboração entre diferentes setores e comunidades é fundamental para criar uma rede de apoio eficaz e acessível. 

Uma abordagem integrada que considere esses fatores e envolva a cooperação entre instituições pode oferecer um suporte mais robusto e equitativo, ajudando a quebrar o ciclo de violência e garantindo uma proteção adequada para todas as vítimas. 

Além disso, é essencial que haja uma maior sensibilização da sociedade sobre as especificidades da violência doméstica enfrentada por mulheres negras. Campanhas educativas podem ser implementadas para desmistificar preconceitos e estigmas associados a essa população, promovendo uma compreensão mais profunda sobre a interseccionalidade de raça e gênero. Essa conscientização pode mobilizar a sociedade civil e incentivar a denúncia de casos de violência, contribuindo para a construção de uma cultura de respeito e igualdade. 

A formação de profissionais que atuam na área da saúde, assistência social e segurança pública é outro aspecto crucial, investir em treinamentos que abordem a diversidade cultural e os desafios enfrentados por mulheres negras é fundamental para garantir um atendimento mais sensível e efetivo. Profissionais bem informados podem atuar como agentes de mudança, oferecendo suporte adequado e respeitoso às vítimas. 

Diante disso, a sociedade deve reconhecer que o combate à violência doméstica contra mulheres negras não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma questão de direitos humanos. Todos os cidadãos têm a responsabilidade de contribuir para a construção de um ambiente livre de violência, onde cada mulher possa viver com dignidade e segurança 

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1Graduando em Enfermagem, Instituição: Centro Universitário Fametro, Endereço: Manaus, Amazonas, Brasil, E-mail: Alanviana1991@gmail.com;
2Graduando em Enfermagem, Instituição: Centro Universitário Fametro, Endereço: Manaus, Amazonas, Brasil, E-mail: Jeama466@gmail.com;
3Graduanda em Enfermagem, Instituição: Centro Universitário Fametro, Endereço: Manaus, Amazonas, Brasil, E-mail: franferreira4468@gmail.com;
4Graduando em Enfermagem, Instituição: Centro Universitário Fametro, Endereço: Manaus, Amazonas, Brasil, E-mail: Paulinhofaba@gmail.com;
5Graduanda em Enfermagem, Instituição: Centro Universitário Fametro, Endereço: Manaus, Amazonas, Brasil, E-mail: Soraylabarbosa354@gmail.com;
6Co-orientador – Docente do Curso de Enfermagem, Instituição de Formação: Univas – Universidade do Vale do Sapucaí, Adriano.oliveira@fametro.edu.br
7Co-orientadora -Docente do curso de enfermagem Fametro
Instituição de formação graduação: Universidade Federal do Amazonas, Especialização: Enfermagem Obstétrica (UFAM) – Gestão de políticas de saúde informadas por evidências (Sírio Libanês) – Mestrado enfermagem em saúde pública (UEA) E-mail: cleisegoes@gmail.com