THE ADVANTAGES OF SINGLE IMPLANTS WITH IMMEDIATE LOADING IN THE FRONT OF MAXILLA: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410271948
Lima, Gabrielly Cristina De Jesus1
Silva, Thaís Christina Alves Da2
Oliveira, Vitória Gonçalves3
RESUMO
Dentre os diversos elementos dentários com possibilidades de serem perdidos, os dentes anteriores configuram-se como os mais relevantes no que diz respeito à estética, uma vez que representam o cartão de visitas de um indivíduo. Mediante a esse cenário, a implantodontia se apresenta como uma das principais formas de reabilitação oral na odontologia. Os implantes dentários podem ser instalados com carga imediata ou com carga tardia. Os implantes com carga imediata surgiram da necessidade de resultados mais rápidos e em situações onde a estética é primordial, como a região anterior, representando um enorme avanço tecnológico na implantodontia. O presente trabalho teve o objetivo de realizar uma revisão de literatura a respeito das vantagens da carga imediata em implantes unitários na região anterior de maxila. Através de uma busca nas bases de dados online Google Acadêmico, Pubmed e Scielo, foram selecionados 25 artigos para a composição da revisão, dividida nos seguintes tópicos: carga tardia x carga imediata; requisitos para a aplicação de carga imediata em implantes unitários; carga imediata unitária em região anterior de maxila e suas vantagens; taxas de sucesso. Após a explanação e discussão dos dados, concluiu-se que a carga imediata em implantes unitários na região anterior de maxila é considerada eficaz, especialmente por vantagens como devolução estética imediata e redução no tempo de tratamento, benefícios esses considerados extremamente importantes pela maioria dos pacientes. Entretanto, ressalta-se que o profissional deve avaliar cada caso de forma individual e decidir se o paciente apresenta indicação para aplicação da técnica.
Palavras-chave: Implantes dentários. Carga imediata em implante dentário. Estética dentária, Implante em
ABSTRACT
Among the various teeth that can be lost, the front ones are the most relevant in terms of aesthetics, since they represent an individual’s calling card. In this scenario, implantology is one of the main forms of oral rehabilitation in dentistry. Dental implants can be installed with immediate or delayed loading. Immediate loading implants arose from the need for faster results and in situations where aesthetics are the main objective, such as the front region of maxilla, representing a huge technological advance in implantology. The present study aimed to conduct a literature review on the advantages of single immediate loading implants in the front of maxilla. Through a search in the online databases Google Scholar, Pubmed and Scielo, 25 scientific articles were selected to compose the review, divided into the following topics: mediate loading vs. immediate loading; requirements for the application of immediate loading in single implants; immediate loading in the front of maxilla and its advantages; and the success rates. After explaining and discussing the data, it was concluded that single immediate loading implants in the front of maxilla is considered effective, especially due to advantages such as immediate aesthetic restoration and reduced treatment time, benefits considered extremely important by most patients. However, it is important to emphasize that the professional must evaluate each case individually and decide whether the patient is suitable for the technique.
Key-words: Dental implants. Immediate Dental Implant Loading. Esthetics, dental.
INTRODUÇÃO
A perda dentária ainda se configura como um dos principais problemas em saúde bucal na população. Fatores como cáries extensas, doença periodontal avançada, insucessos endodônticos, parafunção, fraturas radiculares e processos patológicos são os fatores mais comuns relacionados às perdas dentárias (SOUZA; RAUSCH, 2019). Dentre os diversos elementos dentários com possibilidades de serem perdidos, é nítido que os dentes anteriores se configuram como os mais relevantes no que diz respeito à estética, uma vez que representam o “cartão de visitas” de um indivíduo. Assim, ao sofrerem a perda de um dente na região anterior de maxila, os pacientes desejam reabilitá-los da forma mais urgente e segura o possível (VIANNA, 2017).
A Terapia através de implantes dentários vem sendo estudada a muitos anos e houve muitos insucessos relatados durante a história. Só foi possível alcançar resultados positivos quando um médico pesquisador, o professor Per-Ingvar Bränemark, em uma pesquisa sobre micro vascularização, inseriu micro câmeras de titânio em tíbias de coelhos e na fase de remoção destes dispositivos percebeu que os mesmos se integraram ao tecido ósseo vivo, ele se deparou com a capacidade do metal permanecer em contato com a superfície óssea e aderir a este sem que reações adversas ocorressem. Este fenômeno foi definido como osseointegração, consiste, segundo suas primeiras observações, em uma conexão direta e estrutural entre osso vivo e a superfície do material implantado. (CAMPOS; ROCHA JÚNIOR, 2013).
Mediante a esse cenário, a implantodontia surgiu como uma das principais formas de reabilitação oral na odontologia. Os implantes dentários são definidos como dispositivos de titânio instalados no osso maxilar ou mandibular com o intuito de osseointegrarem e servirem como suporte para uma prótese dentária, seja ela múltipla ou unitária (FILHO et al., 2015). Esses implantes podem ser instalados com carga imediata ou com carga tardia. Os implantes com carga imediata surgiram da necessidade de resultados mais rápidos e em situações onde a estética é primordial, como a região anterior. A carga imediata representa um enorme avanço tecnológico na implantodontia, reduzindo o tempo de trabalho, preservando o tecido gengival, a estrutura óssea e apresentando um bom prognóstico nas reabilitações (PEREIRA; SANT’ANA, 2018; GASPAR, 2023).
A reabilitação estética com implantes ainda é considerada um dos maiores desafios da especialidade. De acordo com (MORESCHI, ZAMPONI & JÚNIOR, 2012), podemos nos deparar com a falta de tecidos moles e duros, dificultando a correta posição tridimensional dos implantes e a estética da região anterior. Uma alternativa viável e atual é o uso de implantes com carga imediata, onde esse dispositivo vai receber carga mastigatória sem a necessidade de esperar pelo processo de osseointegração. Diante disso, é possível observar que a instalação imediata de implantes é uma opção prática quando é seguido devidamente os procedimentos essenciais, diminuindo as intervenções no paciente e o tempo requerido no geral. (MEDEIROS; MARCELINO; JÚNIOR; PINHEIRO et al., 2020).
Tendo em vista que a busca por uma reabilitação oral mais rápida em região anterior é consensual entre os pacientes nos dias atuais, especialmente pelo fator estético (REIS; OLIVEIRA; CONCEIÇÃO, 2021; QUEIROZ et al., 2022), torna-se importante conhecer os principais aspectos e benefícios relacionados aos implantes com carga imediata nessa região, justificando a realização dessa pesquisa.
Sendo assim, o presente trabalho tem o objetivo de realizar uma revisão de literatura a respeito das vantagens da carga imediata em implantes unitários na região anterior de maxila.
METODOLOGIA
Essa pesquisa se trata de uma revisão da literatura com abordagem descritiva e qualitativa. O intuito foi realizar uma busca online por artigos científicos que abordassem o tema proposto.
As bases de dados utilizadas foram o Google Acadêmico, PubMed/MEDLINE e Scielo. Para a busca dos artigos, adotaram-se as palavras-chave: implantes unitários, carga imediata, região anterior de maxilla, vantagens e/ou benefícios, tanto em português quanto em inglês. Os critérios de inclusão utilizados foram; Artigos científicos publicados nos últimos dez anos (2013-2023), estabelecendo-se uma década de corte temporal. Pesquisas experimentais, relatos de casos e revisões de literatura que abordem diretamente ou indiretamente assuntos relacionados ao tema proposto. Artigo disponíveis de forma integral em meio eletrônico. Artigos em português ou inglês: Os critérios de exclusão utilizados foram: Artigos publicados há mais de dez anos, estudos que não contemplem assuntos pertinentes ao tema proposto, os que não estejam disponíveis de forma integral, e aqueles que estão fora dos idiomas pré-estabelecidos.
Através dessa busca, foi encontrado um total de 1.728 artigos, conforme detalhado na tabela 01.
Tabela 01 – Quantidade de artigos gerais encontrados por base de dados ao utilizar apenas as palavras-chaves.
Base de dados | Português | Inglês | TOTAL |
Google Acadêmico | 489 | 976 | 1.465 |
Pubmed/MEDLINE | 0 | 238 | 238 |
Scielo | 0 | 25 | 25 |
1.728 |
Fonte: As autoras (2024).
Após a pesquisa inicial, a escolha dos artigos se deu por três etapas. Na primeira etapa, os artigos foram selecionados pelos seus títulos e respectivos resumos, totalizando-se 1.028 artigos. Na segunda etapa, foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão, onde permaneceram 101 artigos. Na terceira etapa, os artigos foram lidos na íntegra, totalizando-se, ao final, 25 artigos utilizados na revisão + 9 artigos utilizados no corpo do trabalho.
Após a seleção final dos artigos, optou-se por subdividir a revisão de literatura em quatro tópicos específicos por meio de uma sequência que contextualizasse e integrasse as ideias entre si, sendo eles; Carga tardia x carga imediata. Requisitos para a aplicação de carga imediata em implantes unitários. Carga imediata unitária em região anterior de maxila e suas vantagens. Taxas de sucesso.
REVISÃO DE LITERATURA
CARGA TARDIA x CARGA IMEDIATA
Os implantes com carga tardia foram os primeiros a serem difundidos na implantodontia. Basicamente, o conceito de carga tardia proposto por autores como Branemark e Hammerler nas décadas de 70 e 80 consiste na aplicação da carga do implante entre um período de 3 a 6 meses pós-cicatrização, sendo 3 meses em média para a mandíbula e 6 meses para a maxila devido a quantidade óssea (SILVA; OLIVEIRA; CORRÊA, 2021).
A carga tardia nos implantes dentários necessita que haja um período de espera para a cicatrização e a regeneração óssea do local, sendo considerada uma opção tradicionalmente conservadora e segura. Assim, em um primeiro momento, é realizada a exodontia do elemento condenado e o posicionamento do implante no interior do osso, porém sem estar em função, enquanto a carga do implante é aplicada em um segundo momento (LACORT et al., 2023).
Em suma, a carga tardia é indicada nos casos onde há presenças de defeitos ósseos pré-existentes que possam interferir e comprometer os resultados estéticos e funcionais dos implantes, bem como também em regiões posteriores onde à estética imediata não é o fator primordial ao paciente (BUSER et al., 2017; SILVA; OLIVEIRA; CORRÊA, 2021).
Já os implantes com carga imediata são aqueles onde o implante é instalado juntamente ao pilar e uma carga provisória na mesma sessão. Assim, no mesmo momento cirúrgico, é realizada a exodontia do elemento, a instalação do implante e de uma coroa provisória com um componente protético sobre o mesmo, ou seja, o que antes era realizado em dois momentos, neste caso, é realizado em apenas um único momento (SOUZA et al., 2019).
Os implantes com carga imediata surgiram devido à necessidade estética imediata para os pacientes, juntamente aos avanços tecnológicos da implantodontia nos últimos anos com o desenvolvimento de técnicas e de materiais de enxerto que favorecem a instalação de implantes com carga na mesma sessão, sem a necessidade de aguardar todo o processo de cicatrização (AZZALDEEN; GEORGES; MUHAMAD, 2017).
Dessa forma, os implantes com carga imediata são indicados principalmente nos casos de estética em elementos perdidos na região anterior de maxila, tornando-se essenciais para esses casos. Também podem ser indicados para a região posterior onde as condições ósseas e teciduais sejam favoráveis a receberem carga imediata (AZZALDEEN; GEORGES; MUHAMAD, 2017; REIS; OLIVEIRA; CONCEIÇÃO, 2021).
REQUISITOS PARA A APLICAÇAÇÃO DE CARGA IMEDIATA EM IMPLANTES
Alguns requisitos devem ser levados em consideração para a aplicação de carga imediata em implantes dentários. A avaliação clínica, radiográfica e tomográfica do paciente é imprescindível, abrangendo desde o seu estado de saúde geral até fatores como posicionamento dos implantes, qualidade do tecido ósseo, planejamento cirúrgico e instalação de provisórios (JOSHI; GUPTA, 2015).
Zygogiannis et al. (2016) citam que o tecido periodontal deve apresentar condições funcionais e morfológicas saudáveis com ausência de patologias, e que a dimensão óssea do local proposto a receber o implante com carga deve ser adequada.
Gómez-Polo et al. (2016) relata que a estabilidade primária é um dos requisitos fundamentais para a aplicação de carga imediata nos implantes unitários. A estabilidade primária é a fixação imediata do implante no alvéolo, ou seja, o seu travamento mecânico com ausência de mobilidade, e que vai interferir diretamente na aplicação de carga, bem como também influenciará no processo de osseointegração dos implantes.
De acordo com Amaro & Conforte (2022) implantes que atingirem um torque de inserção que seja superior a 32 newtons centímetros (Ncm) podem receber carga imediata com coroas unitárias provisórias, pois considera-se uma boa estabilidade primária, ao passo que, fatores que sejam abaixo desse torque podem levar à falha e a perda do implante se aplicado um provisório com carga.
A qualidade e a quantidade óssea também são extremamente importantes para a aplicação da carga imediata em implantes. O rebordo ósseo deve apresentar altura e largura suficientes para o imbricamento do implante. Alvéolos que não apresentam essas características ideais podem ser supridos através das técnicas de enxertos ósseos, tais como os enxertos autógenos, alógenos, xenógenos e aloplásticos (FILHO et al., 2021).
Para autores como Andreiuolo et al. (2016) as cirurgias atraumáticas são essenciais para aliar a carga imediata, especialmente em regiões estéticas. Nessas regiões, as cirurgias devem ser preferencialmente realizadas com técnicas que evitem incisões em retalhos e descolamentos de papilas, mantendo-se ao máximo a tábua óssea vestibular, principalmente pelo fato da mesma ser muita mais fina na região anterior de maxila.
A confecção de coroas provisórias adequadas, as quais serão utilizadas como a carga imediata nos implantes, competem um requisito essencial nesse cenário. As coroas provisórias devem cumprir o seu papel no ponto de vista funcional, mecânico, biológico e principalmente estético, condicionando o tecido gengival e mantendo a saúde do implante e de toda a região peri-implantar (SOUZA; RAUSCH, 2019).
CARGA IMEDIATA UNITÁRIA EM REGIÃO ANTERIOR DE MAXILA E SUAS VANTAGENS
A estética, juntamente a um tempo de tratamento mais curto, são os requisitos mais valorizados pelos pacientes que procuram a reabilitação protética por meio dos implantes osseointegráveis. A reabilitação de um elemento dentário perdido na região anterior de maxila é considerada um desafio clínico para o cirurgião-dentista (TESTORI et al., 2018).
Segundo Lacerda et al. (2023) as reabilitações unitárias com carga imediata em zona estética anterior necessitam de uma interação entre o dente natural vizinho, a gengiva e o implante. O profissional deve realizar um correto planejamento, selecionando o paciente adequado, definindo um correto posicionamento do implante, obtendo uma boa estabilidade do implante e dos tecidos, bem como também a confecção de uma coroa provisória que imite a aparência natural do dente perdido.
De acordo com Joshi & Gupta (2015) os implantes unitários com carga imediata em área estética aumentam a autoestima do paciente, uma vez que reestabelecem de forma imediata a estrutura e estética que foram perdidas com o elemento natural, e isso é possível graças às características do implante e da coroa provisória. Assim, é um importante benefício psicológico ao paciente.
Medeiros et al. (2020) citam como vantagens da carga imediata unitária em região anterior de maxila a redução do número de cirurgias, pois a extração dentária e a instalação do implante são realizadas na mesma sessão, juntamente com a aplicação da carga. Assim, o paciente terá apenas um pós-operatório cirúrgico e, consequentemente, diminuirá o tempo de tratamento, bem como também reduzirá o tempo de trabalho do cirurgião-dentista.
Souza & Rausch (2019) citam que é imprescindível que as coroas provisórias utilizadas na carga imediata sejam confeccionadas com adequado contorno, reembasamento e lisura de superfície. Citam também que a ausência de contatos prematuros durante os movimentos excêntricos mandibulares é essencial para evitar uma sobrecarga oclusal, e que as coroas devem ser confeccionadas em até no máximo 72 horas.
Segundo Slagter et al. (2014) uma outra vantagem a ser considerada a respeito dos implantes imediatos unitários em região anterior de maxila é a manutenção clínica dos contornos ósseos e gengivais originais desse local, o que pode proporcionar uma maior facilidade e uma maior previsibilidade na obtenção de um perfil de emergência.
De acordo com Neves et al. (2022) essa modulação da anatomia dos tecidos peri-implantes é facilitada com a carga imediata, sendo um importante benefício para região anterior, pois as coroas auxiliarão na preservação da crista óssea e contribuirão para uma cicatrização anatomicamente mais “orientada” desses tecidos.
Abaixo, a tabela 02 sintetiza as principais vantagens e desvantagens dos implantes unitários com carga imediata em região anterior de maxila em relação aos com carga tardia, segundo os principais resultados encontrados na literatura.
Tabela 02 – Vantagens e desvantagens dos implantes unitários com carga imediata em região anterior de maxila.
AUTOR | VANTAGENS | AUTOR | DESVANTAGENS |
Slagter et al. (2014) | Maior previsibilidade na obtenção do perfil de emergência | Alshami (2016) | Maior morbidade devido ao fato da cirurgia ser mais longa |
Joshi & Gupta (2015) | Devolução imediata da estética | Andreiuolo et al. (2016) | Técnica cirúrgica é mais trabalhosa comparada à carga tardia |
Medeiros et al. (2020) | Redução do número de cirurgias | Filho et al. (2021) | Maior chance de infecção pós-operatória |
Filho et al. (2021) | Melhor custo-benefício | Silva, Oliveira e Corrêa (2021) | Problemas estéticos com biotipos gengivais finos |
Neves et al. (2022) | Orientação de cicatrização dos tecidos | Amaro & Conforte (2022) | Necessita obter estabilidade primária para instalar a carga imediata |
Fonte: Autoria própria (2024).
TAXAS DE SUCESSO
A instalação de implantes com carga imediata na região anterior de maxila tem demonstrado resultados considerados tão satisfatórios e previsíveis quanto à abordagem tradicionalmente convencional com carga tardia (SCHESTATSKY et al., 2020).
Guarnieri et al. (2013) avaliaram se a carga imediata em implantes únicos na região anterior de maxila poderia ser um procedimento bem-sucedido. Para tal, os autores avaliaram 21 implantes instalados e carregados com coroas provisórias em alvéolos frescos no maxilar anterior, utilizando-se técnica cirúrgica sem retalho. Os pacientes foram acompanhados por um total de 5 anos, sendo os exames clínicos e radiográficos realizados no momento da carga do implante, na entrega das coroas definitivas e a cada ano subsequente.
Os resultados obtidos após 5 anos mostraram que, apenas um implante foi perdido no sexto mês do experimento. A osseointegração do implante foi alcançada nos outros 20 implantes, representando uma taxa de sobrevivência de 95,2%. As recessões gengivais foram mínimas e as papilas mostraram-se preservadas, enquanto a alteração média no nível do osso cortical foi de 0,83mm após 5 anos. Desta forma, dentro dos limites deste estudo, os dados indicam que, implantes com carga imediata podem ser utilizados em extrações frescas na região anterior maxilar, desde que os pacientes sejam selecionados cuidadosamente e haja uma alta estabilidade primária no momento da instalação.
Khzam et al. (2015) analisaram os resultados obtidos de implantes com carga imediata e coroas provisórias em dentes únicos na região anterior maxilar, com uma ênfase particular nos resultados estéticos e nos tecidos moles. Uma busca eletrônica foi realizada nas bases de dados PubMed, Ovid e EBSCOhost, onde foram inclusos que tiveram acompanhamento médio de no mínimo 1 ano. Ao todo, 19 estudos foram inclusos no trabalho. As alterações de tecido mole encontradas foram consideradas estáveis, com média de recessão gengival de 0,27 ± 0,38 mm e perda média da altura na papila de 0,23 ± 0,27 mm pós 1 ano de acompanhamento. Os estudos mostraram um alto nível de satisfação dos pacientes com os resultados obtidos. Os autores concluíram que os resultados estéticos dentários de tecido mole foram considerados aceitáveis.
Takeshita et al. (2015) avaliaram os resultados clínicos de implantes únicos em região anterior de maxila carregados imediatamente em alvéolos frescos pós-extração. 18 pacientes tratados em um período de 1,5 anos com 21 implantes unitários foram inclusos no estudo. Fotografias clínicas e radiografias periapicais foram realizadas no acompanhamento e na linha base para se determinar a perda óssea e a mudança de estética. Os resultados mostraram que, nenhuma perda óssea marginal foi detectada durante o acompanhamento (nível ósseo médio ± desvio padrão = 0,32 ± 0,82 mm). Os autores acreditam que a carga imediata em implante unitário para zonas estéticas apresenta resultados clínicos e estéticos bastante previsíveis, com níveis de tecido duro e tecido permanecendo estáveis ao longo dos anos.
Stanley, Braga e Jordão (2017) realizaram um estudo clínico prospectivo apresentando os resultados de implantes unitários com carga imediata em região anterior de maxila. Durante um período de 2 anos, 34 pacientes de uma clínica privada foram reabilitados com dente único em alvéolo pós-extração de maxila anterior. Os implantes foram avaliados após 1 ano de acompanhamento por meio dos critérios estabilidade, sobrevivência e sucesso. Os resultados obtidos mostraram que: 2 implantes de 43 não apresentaram estabilidade primária durante a instalação e foram considerados falhas, sendo 41 instalados. Desse total, a taxa de estabilidade pós 1 ano foi de 100%, onde nenhum implante foi perdido. Nenhuma complicação biológica foi encontrada, porém 2 implantes tiveram seus pilares protéticos soltos. Assim, a taxa final de sucesso foi de 95,2%, concluindo-se que a carga imediata de implantes unitários na região anterior de maxila apresenta elevada taxa de sobrevivência e sucesso.
Cheng et al. (2020) verificaram através de uma revisão sistemática de literatura se a carga imediata em unitários na zona estética da maxila produz ou não resultados clínicos diferentes da carga convencional (tardia). Os autores realizaram uma pesquisa nas bases de dados PubMed, Cochrane e Embase na busca por artigos publicados entre 2000 e 2018. Um total de 7 ensaios clínicos randomizados foram selecionados para análise. A análise mostrou que, não houve diferença estatística significativa na sobrevivência do implante entre os protocolos de carga imediata e carga tardia no acompanhamento pós 1 ano. As diferenças em relação a perda óssea marginal observada nos dois protocolos também foram estatisticamente insignificantes no acompanhamento após 1 e 2 anos, bem como também não houveram diferenças quanto às alterações nas papilas mesiais e distais. Assim, os autores concluíram que os protocolos de carga tardia e imediata apresentam o mesmo índice de sucesso e que não influenciam os resultados clínicos.
Baireddy et al. (2021) compararam os resultados estéticos de implantes unitários carregados de forma imediata e de forma tardia em região anterior de maxila. Os autores realizaram uma revisão sistemática nos bancos de dados Embase, DoSS e PubMed. Um total de 622 artigos foram encontrados, sendo que, após a triagem, apenas 5 estudos foram inclusos para análise sistemática. Os resultados obtidos mostraram que, não houve diferença estatisticamente significativa nas pontuações estética branca (dente) ou rosa (gengiva) entre os grupos em análises de 1 e 5 anos. Dentro das limitações da revisão, os autores concluíram que a carga imediata fornece um resultado estético comparável ao da carga mediata na região anterior de maxila.
DISCUSSÃO
Analisando-se os dados encontrados na literatura revisada, notou-se que a carga tardia surgiu bem antes da carga imediata, e que devido a fatores como o avanço tecnológico e a necessidade de reabilitações mais rápidas, foi desenvolvida a carga imediata (AZZALDEEN; GEORGES; MUHAMAD, 2017; BUSER et al., 2017; SOUZA et al., 2019; REIS; OLIVEIRA; CONCEIÇÃO, 2021; SILVA; OLIVEIRA; CORRÊA, 2021). A principal diferença entre elas, segundo os autores revisados, é que na carga imediata há a instalação do pilar e de uma coroa ou restauração provisória na mesma sessão da cirurgia do implante, enquanto na carga tardia a aplicação dessas mesmas peças era feita somente após a cicatrização cirúrgica total, variando-se de 3 a 6 meses de espera (SOUZA et al., 2019; ; REIS; OLIVEIRA; CONCEIÇÃO, 2021; SILVA; OLIVEIRA; CORRÊA, 2021).
Os autores foram unânimes quanto à necessidade de alguns requisitos necessários para se realizar a carga imediata, sendo que os principais fatores citados foram à avaliação clínico-radiográfica minuciosa, posicionamento favorável dos implantes, quantidade e qualidade óssea suficiente, estabilidade primária, ausência de patologias periodontais, cirurgias atraumáticas e provisionalização imediata (JOSHI; GUPTA, 2015; ANDREIUOLO et al., 2016; GÓMEZ-POLO et al., 2016; ZYGOGIANNIS et al., 2016; SOUZA; RAUSCH, 2019; FILHO et al., 2021; AMARO; CONFORTE, 2022). Dentre tais fatores, a estabilidade primária parece ser um fator chave para a maioria dos autores, visto que, a ausência de travamento no momento de sua instalação pode interferir diretamente na não fixação do implante, o que comprometeria a carga imediata (JOSHI; GUPTA, 2015; SOUZA; RAUSCH, 2019; FILHO et al., 2021; AMARO; CONFORTE, 2022).
No que diz respeito à carga imediata em implantes unitários na região anterior de maxila, a literatura foi enfática ao descrever que se trata de uma reabilitação desafiadora, devido ao fato de envolver a zona estética de maior importância aos pacientes (TESTORI et al., 2018; LACERDA et al., 2023). No entanto, mesmo com tal desafio, essa modalidade de reabilitação vem sendo cada vez mais utilizada nos dias atuais (MEDEIROS et al., 2020; LACERDA et al., 2023; NEVES et al., 2022).
Analisando-se alguns casos na literatura, Queiroz et al. (2022) optaram por utilizar o implante com carga imediata ao reabilitar o elemento 21, o qual apresentava estética insatisfatória devido a escurecimento por tratamento endodôntico, corroborando ao caso de Souza et al. (2019) que também utilizaram o implante com carga imediata para reabilitação do elemento 11, com histórico de traumatismo. Meng, Chien e Chien (2021) também relataram eficiência ao utilizar da carga imediata em implante pós-extração do elemento 11, onde não foram observadas nenhuma complicação em um período de 6 anos e 5 meses de acompanhamento.
Em contrapartida, alguns autores ainda optam pela realização dos implantes de forma convencional com carga tardia, conforme pode ser observado no caso de Humagain et al. (2021) onde os autores utilizaram a carga tardia no implante do elemento 11 e no relato de Brouwers et al. (2019) onde a carga também só foi aplicada tardiamente no elemento de mesmo número.
As principais vantagens relatadas na literatura para a carga imediata em implantes unitários na região anterior de maxila são a devolução imediata da estética dentária, aumento imediato na autoestima do paciente, menor quantidade de procedimentos cirúrgicos, preservação e reorganização natural dos tecidos moles, redução do tempo de tratamento e, consequentemente, menor custo (SLAGTER et al., 2014; JOSHI; GUPTA, 2015; SOUZA; RAUSCH, 2019; MEDEIROS et al., 2020; NEVES et al., 2022).
Por outro lado, é válido ressaltar que suas principais desvantagens e limitações incluem a necessidade de obtenção de estabilidade primária, técnica cirúrgica mais sensível, possibilidade de infecção pós-operatória por não ser possível inspecionar o alvéolo do local da extração e chances de movimentação do implante caso haja contatos prematuros sobre a carga instalada (ALSHAMI, 2016).
Apesar de tais limitações, as taxas de sucesso mostradas na literatura evidenciam que a carga imediata para implantes unitários em zona estética é praticamente a mesma quando comparada a carga tardia, tanto no fator longevidade e estabilidade quanto no fator estético dentário e gengival, conforme é possível observar nos estudos de Guarnieri et al. (2013), Khzam et al. (2015), Takeshita et al. (2015), Stanley, Braga e Jordão (2017), Cheng et al. (2020) e Baireddy et al. (2021).
CONCLUSÃO
Mediante a literatura revisada, é possível concluir que a carga imediata em implantes unitários na região anterior de maxila é considerada eficaz, especialmente por vantagens como devolução estética imediata e redução no tempo de tratamento, benefícios esses considerados extremamente importantes pela maioria dos pacientes. Entretanto, ressalta-se que o profissional deve avaliar cada caso de forma individual e decidir se o paciente apresenta indicação para aplicação da técnica, bem como também seguir os requisitos básicos necessários para a execução correta de tal procedimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário UNINASSAU. E-mail para contato: gabriellycristina805@gmail.com
2 Graduanda em Odontologia pelo Centro Universitário UNINASSAU. E-mail para contato: thaischristina12398@gmail.com
3 Professora do curso de Odontologia do Centro Universitário UNINASSAU. E-mail para contato: vitoriagonc@outlook.com