VACINAS NONAVALENTE E QUADRIVALENTE: CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10001980


Natallia Bessa Santos Correia1
Laís Barbosa de Azevedo Bulsoni2


RESUMO

O artigo tem como principal temática o papiloma vírus humano, onde trata a respeito das patologias que o vírus mais acomete e suas formas de prevenção. O objetivo principal do artigo é tratar a respeito da diferença entre os tipos de prevenção. A pesquisa se desenvolveu a partir de uma abordagem qualitativa, de forma a fazer uma descrição do fenômeno, classificando a pesquisa como descritiva, a partir do método indutivo que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. O Papilomavírus humano causa infecções em todos os gêneros, mas principalmente, em mulheres com vida sexual ativa, sendo que o principal pico de infecção viral ocorre em mulheres de 18 a 25 anos de idade. A infecção por HPV tem uma ocorrência frequente, principalmente, no sexo feminino, mas nem sempre a persistência do vírus no organismo causa o câncer de colo de útero. Dentre as vacinas para prevenção do HPV tem-se as profiláticas e a terapêutica, sendo que a profilática apresenta uma resposta mais eficiente, pois estimula anticorpos impedindo o processo infeccioso em contato com o vírus, portanto o sistema imunológico do indivíduo vai reconhecê-lo e combatê-lo. Sendo assim, pode-se concluir que existem opções confiáveis e que possuem uma alta cobertura de regiões para proteger. 

Palavras-Chaves: Papiloma vírus humano. Prevenção. HPV. Vacina.

ABSTRACT

Th article has as its main theme the human papilloma virus, which deals with the pathologies that the virus most affects and its forms of prevention. The main objective of the article is to address the difference between the types of prevention. The research was developed from a qualitative approach, in order to make a description of the phenomenon, classifying the research as descriptive, from the inductive method that starts from the general and then goes down to the particular. The human papillomavirus causes infections in all genders, but mainly in women with an active sex

life, and the main peak of viral infection occurs in women aged 18 to 25 years. HPV infection is a frequent occurrence, especially in females, but the persistence of the virus in the body does not always cause cervical cancer. Among the vaccines for HPV prevention there are prophylactic and therapeutic, and the prophylactic has a more efficient response, because it stimulates antibodies preventing the infectious process in contact with the virus, so the immune system of the individual will recognize and fight it. Thus, it can be concluded that there are reliable options that have a high coverage of regions to protect. 

Key words: Human papilloma virus. Prevention. HPV. Vaccine.

INTRODUÇÃO

Um dos vírus que mais infectam homens e mulheres no mundo e podem causar câncer em diversas regiões do corpo humano, é o Papiloma Vírus Humano (HPV). Esse vírus é membro da família Papillomavirus, do gênero Papillomavirus, sua variação genética origina mais de 200 tipos, transmitido sexualmente, o papilomavirus pode afetar diversas áreas como o revestimento do colo uterino, a vulva e a vagina, o pênis, garganta, ânus, pele e mucosas, que se não tratadas podem, em ambos, os sexos, lesões benignas, como verrugas genitais ou neoplasias como câncer no colo do útero (PANOBIANCO et al., 2013; CIANCIARULLO et al., 2022).

Os mais diversos tipos de papilomavirus podem causar lesões como verrugas genitais ou infecções originam lesões pré-malignas que se não tratadas podem causar neoplasias como câncer no colo do útero, câncer cervical, anal e peniano (PANOBIANCO et al., 2013)

No Brasil, o câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente entre mulheres. Para o ano de 2022 foram estimados 16.710 casos novos, o que representa um risco considerado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres e em 2023 a estimativa é de que apareçam 17.010 novos casos (INCA, 2023). A taxa de mortalidade por câncer de colo de útero ocorre numa incidência de 4,60óbitos/100 mil mulheres (INCA, 2022). 

As infecções causadas pelo HPV são detectadas por meios de exames simples como o Papanicolau e a Peniscopia, mas o tratamento depende do grau em que a infecção é descoberta sendo para isso usados diversos fármacos e/ou tratamentos cirúrgicos (CASTRO et. al. (2004). Em diversos países, como no Brasil, já ocorre também orientações e indicações de vacinas para prevenir o câncer de colo de útero e, assim, buscar reduzir a incidência das doenças em homens e mulheres e consequentemente a mortalidade por esse vírus (BRASIL, 2014)

Essa revisão bibliográfica tem como objetivo realizar uma síntese sobre o HPV de forma a relacionar as principais características das vacinas quadrivalente e nonavalente, de forma a contribui com a disseminação do conhecimento e da eficácia das respectivas vacinas para a prevenção do câncer de colo do útero e a redução da taxa de mortalidade, principalmente, de mulheres, por essa doença, fator este que justifica a realização desta pesquisa. 

2. METODOLOGIA

O artigo em questão consiste em uma revisão sistemática de literaturas previamente analisadas e estudadas. Tendo como parâmetro de busca o intervalo de publicação de 2013 a 2023, e os idiomas em português e inglês. As plataformas Google Acadêmico, Lilacs, Febrasgo, Instituto Nacional do câncer, Revista Brasileira de Cancerologia, Scielo e PubMed foram utilizadas para localizar os artigos com as seguintes palavras chaves utilizadas: nonavalente, Gardasil 9, segurança HPV nonavalente, HPV, nova vacina HPV. 

Para a realização deste projeto, foram selecionados os artigos que continham como principal temática a nova vacina desenvolvida para a prevenção do HPV, nomeada de Gardasil 9, além desta, artigos com o objetivo de identificar as principais patologias que as vacinas bivalentes de quadrivalente, assim como seus efeitos adversos, também foram incluídos para confeccionar o projeto. Já os artigos excluídos do projeto, possuíam critérios como: fuga do tema, que retratavam mais a respeito do tratamento do câncer do que a prevenção, artigos acadêmicos ou de conclusão de quaisquer cursos. 

Dando segmento ao processo de montagem da base de dados, foram separados 32 artigos para realizar a leitura e encontrar os que se encaixavam nos critérios estabelecidos, tendo sido selecionados 8 destes artigos para serem utilizados já que eles têm como temática comum a vacinação preventiva para o HPV, e a questão de segurança de aderir ao novo esquema mesmo após ter realizado o antigo. Para compor os estudos analisados, a pesquisa se desenvolveu a partir de uma abordagem qualitativa, de forma a fazer uma descrição do fenômeno, classificando a pesquisa como descritiva, a partir do método indutivo que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. (PRODANOV; FREITAS, 2013)

2. REVISÃO DA LITERATURA

O Papilomavírus humano causa infecções em todos os gêneros, mas principalmente, em mulheres com vida sexual ativa, sendo que o principal pico de infecção viral ocorre em mulheres de 18 a 25 anos de idade (O HPV é uma espécie que se subdividi em mais de 100 tipos, desses os que causam infecções mais graves são os vírus de número 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, estes são associados a lesões de alto grau como Neoplasia Intraepitelial Cervical – NIC II e NIC III, e câncer do colo do útero, destacando, ainda, os tipos 16 e 18 que apresentam uma maior capacidade de provocar carcinomas ou câncer. (RODRIGUES, 2009). Globalmente, os dois tipos relacionados anteriormente, são responsáveis por 71% dos casos de câncer cervical, 85% de cânceres de cabeça e pescoço relacionados ao HPV e 87% de todos os cânceres anais (WHO, 2022). No entanto, nem todas as pessoas infectadas pelo vírus desenvolvem algum tipo de infecção ou câncer, existem infecções que não apresentam sintomas e em 90% dos casos de pacientes assintomáticos a contaminação regride espontaneamente e em até dois anos (CDC, 2014).  

A infecção por HPV tem uma ocorrência frequente, principalmente, no sexo feminino, mas nem sempre a persistência do vírus no organismo causa o câncer de colo de útero, a infecção só evolui para câncer quando há ocorrência de alterações celulares, condição que se estiver relacionada ao tabagismo uso de contraceptivos orais, herpes vírus simples tipo 2, resposta imune, multiplicidade de parceiros, entre outros, pode facilitar o desenvolvimento do câncer. (CASTELLSAGUÉ, 2008)

As infecções causadas pelo papilomavirus humano podem ser detectadas por exames como a colpocitologia oncótica do colo do útero ou preventivo de Papanicolau, no exame detecta-se as inflamações persistente e lesões percussoras do câncer. (INCA, 2023)

Na fase inicial as infecções pelo HPV não apresentam sinais ou sintomas, sendo observado nos casos mais elevados sintomas como sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal, pequenos inchaços, escurecimento da área genital, verrugas genitais que parecem couve-flor, entre outros (INCA, 2023). A parcela de pessoas que apresentam sintomas e evoluem para o câncer ou neoplasia intraepitelial é de aproximadamente 2% dos casos (AROZQUETA et al., 2011). Uma minoria de infecções por HPV é detectada de forma persistente por mais de 12 meses, aumentando o risco de progressões carcinogênicas (GRAVITT; WINER, 2017). No entanto, ainda são muitas as mulheres acometidas por essa doença fator que eleva a condição um problema de saúde pública.

Para compreender o fluxo da doença no organismo e observar as possibilidades de desenvolver um câncer de colo de útero apresentamos o organograma abaixo:

Figura 1. Modelo esquemático da história natural de infecções por HPV em nível populacional e câncer cervical. 

Fonte: Cianciarullo et al. (2022)

As caixas cinzas indica, parâmetros de modelos natural bem aceito; as caixas em azul representam incertezas.

No Brasil, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. No país, para o ano de 2022, ainda se observava uma incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. A incidência dessa doença na análise regional, demonstra que na Região Norte é o primeiro mais incidente com 26,24 casos para 100 mil mulheres, no Nordeste, o câncer de colo de útero fica em segundo sendo 16,10 casos para cada 100 mil mulheres. No Centro-Oeste, a incidência, também, apresenta 12,35 casos para 100 mil mulheres, ficando essa projeção como o segundo tipo mais incidente na região. Já na região Sul, sendo 12,60 casos para 100 mil mulheres, ocupando a quarta posição e, na região Sudeste, ocupa a quinta posição, sendo 8,61 casos para cada 100 mil mulheres (INCA, 2019).

No Acre, conforme dados de 2022, a taxa de mulheres que desenvolvem a neoplasia maligna do colo do útero fica entre 21,74-40,18 casos em cada 100 mil mulheres, uma tendência ainda bastante alto, como mostra o mapa abaixo. (INCA 2022) 

Figura 2. Representação espacial das taxas estimadas de incidência por neoplasia maligna do colo do útero, ajustadas por idade pela população mundial, por 100 mil mulheres, segundo Unidade da Federação, 2022

Fonte: Inca 2022, Dados e Números sobre câncer do colo do útero. Acesso em 21/05/2023.

A prevenção as infecções causadas pelo HPV, principalmente as infecções persistentes, que podem causar câncer de colo de útero, podem ser prevenidas por meio do Papanicolau e de vacinas, pois o diagnóstico precoce contribui para a cura de grande parte dos casos. No Brasil, a oferta de exames para preventivos para mulheres de 25 a 64 anos vem aumentando desde 2016. Essa faixa etária é a recomendada para o rastreio, a cada três anos, conforme as atuais Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer do Colo do Útero no Brasil, em 2021, 82% desse público realizou os exames preventivos (INCA, 2022). Há evidências científicas de que a prevenção e a detecção precoce podem reduzir a incidência e a mortalidade por câncer de colo de útero, fatores que levaram o Brasil a ampliar ações para a prevenção e cobertura vacinal no público-alvo, com o objetivo de reduzir a taxa de mortalidade, principalmente em regiões mais pobres, como o Estado do Acre que ainda apresenta uma taxa elevada conforme o gráfico. (INCA, 2016)

Figura 3. Representação espacial das taxas de mortalidade por câncer de colo do útero, ajustadas por idade pela população mundial, por 100.000 mulheres. Brasil e unidades da federação do Brasil, 2020.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica as infecções por Papilomavirus Humano como problema de saúde, em 2020, a organização adotou uma estratégia global para eliminar o câncer de colo de útero em 10 anos, a ação incluiu 194 países, incluindo o Brasil (FREBASGO, 2023; SBIM, 2023).  A estratégia para a redução de casos de infecção pelo papilomavirus se baseia em três pilares: prevenção, rastreamento e gerenciamento do câncer e das lesões precursoras. (SBIM, 2023)

Nesse contexto, informar a população sobre a importância da realização do exame preventivo de Papanicolau e a conscientização de que as vacinas podem agir na eliminação do vírus são duas estratégias de vital importância para o controle, a redução e a cura. 

A PREVENÇÃO POR VACINA

Em todo o mundo, são vários os países que introduziram vacinação contra HPV em seus programas de saúde pública, entre eles temos Suécia, Finlândia, Dinamarca, Estados Unidos, Reino Unido, entre outros. Nesses países houve uma significativa redução das taxas de prevalência e de infecções, câncer e de lesões pré-neoplásicas, após a ação de vacina de HPV nos setores de saúde pública. (LEI J; ELFSTRÖM, 2020; NDLELA, 2021)

As vacinas contribuem para que o sistema imunológico possa combater os invasores, elas preparam o organismo antecipadamente contra patógenas invasores ou apoiam na luta ativa contra os germes. (KEITH, 2021)

Em 1991, as infecções do papilomavirus humanos de alto grau começaram a ser prevenidas por vacinas desenvolvidas por Zhou, incialmente as vacinas preveniam dois tipos de vírus, o 16 e o 18, pois eram os mais prevalentes nos casos de câncer cervical, de acordo com os dados epidemiológicos conhecidos à época, denominada Bivalente ou Cervarix e licenciada em 2009. (SCHILLER; DAVIES, 2004).

Em 2006, foi produzida pelo Laboratório Merck Sharp & Dohme Corp a vacina que contribuía para a prevenção de 4 tipos de vírus, os tipos 6, 11, 16 e 18, denominada Quadrivalente ou Gardasil-4 (CDC, 2014). Em 2014, foi registrada e aprovada, nos Estados Unidos, a vacina que protege o ser humano do vírus dos tipos 6, 11, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, denominada Nonavalente ou Gardasil-9 (ANVISA, 2017)

No Brasil, foram licenciados os três tipos de vacinas, no entanto, a Bivalente foi licenciada em 2007, mas em 2021 a sua comercialização foi interrompida. Em 2006, foi licenciada e Quadrivalente e nesse mesmo ano passou a ser oferecida pelos setores privados de vacinação, mas só em 2014, a vacina integrou os setores e o cronograma nacional de vacinação do Brasil. Já a mais nova vacina que é a Nonavalente foi licenciada no país em 2017, e passou a ser comercializada em setores privados em março de 2023, não tendo, ainda, previsão de quando a mesma será ofertada no setor público. (SBIM, 2023)

Dentre as vacinas para prevenção do HPV tem-se as profiláticas e a terapêutica, sendo que a profilática apresenta uma resposta mais eficiente, pois estimula anticorpos impedindo o processo infeccioso em contato com o vírus, portanto o sistema imunológico do indivíduo vai reconhecê-lo e combatê-lo, estando nessa classificação a bivalente que previne os tipos 16 e 18 e a vacina quadrivalente que previne além dos tipos 16 e 18, previne os tipos 6 e 11. Ambas estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente para meninas entre 9 e 14 anos de idade com duas doses no esquema vacinal de 0-6 meses respeitando o intervalo de, no mínimo, 6 meses entre as doses. Meninas e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com

HIV/AIDS permanece o esquema de três doses (zero, dois e seis) (ZARDO et al., 2013; BRASIL, 2014). A Vacina nonavalente também, profilática, foi licenciada para uso em setores privados em 2014. (CIANCIARULLO et al., 2022)

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo em questão baseou-se em 8 artigos entre os anos de 2015 a 2023, afim de identificar diferenças entre as vacinas HPV4 e HPV9, observando fatores como imunogenicidade, efetividade, entre outros. De forma a contribuir com a disseminação e conhecimento sobre a vacina do papilomavirus humano, já o Brasil, apesar ter uma boa experiencia em cobertura vacinal, quando de fala em vacina para prevenção contra o HPV o país não atinge as metas, em razão de vários fatores como a falta de informação sobre a eficácia das vacinas, por exemplo. (PEIXOTO, 2018; ALMEIDA, et al., 2020; COSTA et al., 2022). 

As vacinas disponíveis no Brasil são três e se compõem conforme o quadro abaixo, 

Quadro 1 – Comparação entre vacinas profiláticas contra HPV baseadas em Virus-like Particles (VLP) 

No entanto, essa pesquisa será delimitada este estudo nas vacinas Gardasil quadrivalente e Gardasil nonavalente.As vacinas nonavalente e quadrivalente, se diferenciam inicialmente pelo de tipos de vírus que confere proteção, a nonavalente previne contra os tipos de HPVs 6, 11, 16 e 18 e a nonavalente protege contra os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. (BORBA; PEREZ; PASCOAL, 2022)

A vacina papilomavírus humano quadrivante para os tipos 6, 11, 16 e 18 (recombinante) é uma vacina (injeção) que ajuda a proteger contra as seguintes doenças causadas pelo papilomavírus humano (HPV) em meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade, sendo que para pessoas imunocomprometidas a vacina quadrivalente pode ser indicada para mulheres de até 45 anos (FREBASGO, 2023). Gardasil nonavalente é indicada para a prevenção de cânceres do colo do útero, da vulva, da vagina e do ânus; lesões pré-cancerosas ou displásicas; verrugas genitais e infecções persistentes causadas pelo papilomavírus humano (HPV) em meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade. (FREBASGO, 2023)   

A vacina quadrivalente quando bem administrada pode proteger o organismo em até 50% para neoplasia intraepitelial cervical de grau II ou III *NIC 2/3) e uma proteção de até 70% contra câncer cervical, já a nonavalente teve os percentuais de proteção contra o câncer aumentado, sendo que a proteção para o câncer cervical pode ser em 90%. (DAMME et al. 2015)

Os estudos comparativos entre vacinas bivalente e quadrivalente demonstraram que a quadrivalente tem mais ter maior imunogenicidade contra o

papiloma vírus humano 6, 11, 16,18 e maior segurança de uso em relação ao risco/benefício, mas quando comparada a quadrivalente com a nonavalente observase que a nonavalente tem a mesma imunogencidade para os respectivos vírus quanto a quadrivalente e maior proteção contra os tipos de HPV 31, 33, 45, 52 e 58, sendo está proteção em torno de 97% quando se trata de doenças cervicais, vulvares e vaginais (COSTA et al., 2022; GARLAND et al., 2015). Demonstrando essa proteção em relação aos vírus 31, 33, 45, 52 e 58 a eficácia foi de: 96,7% (IC95%: 80,9-99,8) para lesões de alto grau; 96,3% (IC95%, 79.5-99.8) para neoplasia cervical de alto grau, AIS e câncer cervical e 96% (IC95%, 94,4-97,2) para infecção persistente. (SBIM, 2023)

A vacina quadrivalente pode ser aplicada em mulheres imunodeprimidas e nas que estão amamentando, pois, a vacina é composta de partículas semelhantes ao vírus, e não propriamente pelo vírus, sendo o mesmo seguido para a nonavalente (ZARDO et al., 2014). No entanto, a vacina não é contraindicada para mulheres grávidas. (BRASIL, 2019)

As vacinas previnem contra cânceres de colo do útero, da vulva, da vagina e do ânus, previne contra verrugas genitais e infecções e lesões anormais e précancerosas do colo do útero, com a nonavalente o percentual de prevenção aumentou ficando entre os percentuais demonstrados no quadro abaixo:

Quadro 2 – Variação de prevenção após aplicação da Nonavalente

Fonte: Adaptado de Frebasgo, 2023. 

Para o esquema vacinal, pode se resumir a aplicação das vacinas nonavalente e quadrivalente em:

*Se optar pela vacina HPV9 o esquema é igual.
#Se optar pela vacina HPV9 iniciar esquema de duas doses de HPV9 (0-6 meses). O intervalo mínimo é de 5 meses. 
##Se optar em revacinar, três doses de HPV9 (0-2-6 meses), respeitando o intervalo mínimo de um após a última dose de HPV2 ou HPV4.

O Brasil retomou em março de 2023 o calendário de vacina com a quadrivalente e lançou o teste molecular para detecção do HPV em todo país. (BRASIL, 2023)

CONCLUSÃO

As prisões femininas são espaços precários e na maioria das vezes as mulheres não são ouvidas em seus direitos mínimos como saúde e materiais de higiene pessoal. Quando se trata de mulheres grávidas observa-se uma maior inviolabilidade de seus direitos, como por exemplo o direito de realizar o pré-natal, o direito de amamentar seu filho, entre outros. 

As mulheres presas perdem o direito de ser mãe, de cuidar de sua família, passando a responsabilidade de cuidar de sua família para outros, ou seja, há uma série de direitos essenciais violados entre eles preservação de vínculos e relações familiares, ressocialização, saúde, educação, trabalho, bem-estar e projeto de vida. 

As políticas prisionais devem ser políticas de mudanças de vida e conduta, com ações de reabilitação que permita a mulher reingressar na sociedade com condições de vida digna e que distancie a mulher do crime, para tanto, há política de prever para as mulheres oportunidades de formação social e escolar que dê vida digna a mulher fora da prisão, e para as mulheres grávidas projetos que permitam a mulher ter uma gravidez saudável, maternidade, que ela crie vínculos com seu filho e sua família, saúde e lazer para mãe e filho.

Para uma política que humanize as penitenciárias femininas é preciso ouvir as mulheres presas, e para melhorar o sistema prisional para as grávidas é importante reformar políticas públicas e tornar os espaços prisionais femininos, pois hoje eles são um ambiente masculinizados, superlotados e precários em todos os sentidos desde lugares para dormir até para material de higiene íntima e pessoal.

Os analisar os aspectos do sistema penitenciário feminino no Brasil, dando enfoque as mulheres grávidas em fase de cumprimento de pena, é fator imprescindível para garantir direitos mínimos às mulheres grávidas, mães, mulheres, promovendo mudanças e ofertando melhores condições para a permanência do bebê com a mãe, construções de berçários para que a mãe estabeleça vínculos com o filho, creches para que os filhos possam viver perto de suas mães e um ambiente acolhedor e digno de vida para mulheres e grávidas.

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Acesso em: 28 de maio de 2023.


[1] Discente do 10º período do Curso de Bacharel Medicina pelo Centro Universitário Uninorte. 2 Professor do Centro Universitário Uninorte.


1 Discente do 10º período do Curso de Bacharel Medicina pelo Centro Universitário Uninorte.
2 Professor do Centro Universitário Uninorte.