UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS CUIDATIVO-EDUCACIONAL NA PREVENÇÃO DE QUEDAS EM IDOSOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410231721


Maria Ivanilde de Andrade1
Alessandra Palhoni Sabarense Brandão2
Cátia Conceição Tomaz3
Erika Regina Coelho4
Mariângela Baeta Silva5
Maria Rita Castilho Rassi6
Raquel Lunardi Rocha7
Lannis Daniel de Oliveira Silva8
Kemelye Brandão Tanure9
Elessandra Antônia Santos de Rezende9
Maria Vitória Nascimento Costa9


RESUMO

As tecnologias cuidativo-educacional (TCE) devem ser vistas como ações integradas aos processos educativos, pois facilitam o processo de cuidar e educar em saúde. Quando associadas ao processo de envelhecimento, as TCE podem agregar positivamente, provocando mudanças nas funções cognitiva, física e emocional que, na maioria das vezes, faz com que o idoso se torne dependente. Em se tratando de quedas em idosos, as TCE estão sendo cada vez mais utilizadas na melhoria do equilíbrio e marcha dessa população. Este estudo tem por objetivo apresentar benefícios das tecnologias cuidativo-educacional para a prevenção de quedas em idosos.Trata-se de um estudo descritivo qualitativo, de revisão bibliográfica, realizado a partir de dez artigos selecionados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no período de fevereiro a março de 2023.Os resultados foram dispostos em um quadro, de acordo com o título do artigo, autores, ano de publicação, objetivos e resultados.As TEC se mostraram benéficas para a prevenção de quedas em idosos. Os autores consideraram que as TEC investigadas são adequadas e capazes de diminuir o risco de quedas, auxiliando no fortalecimento da capacidade funcional do idoso. Entretanto, são necessárias mais pesquisas que analisem a eficácia deste tipo de tecnologia para prevenção de quedas em idosos ao longo do tempo.

Palavras-chave: tecnologias educacionais; quedas; idoso.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e a população idosa brasileira, em 2021, atingiu a marca dos 31,3 milhões. A previsão para o ano de 2050 é de que 30% da população do país seja idosa. Quando comparado ao cenário global, o alargamento da população idosa no Brasil destaca-se por ter acontecido de forma intensa e acelerada (Gonçalves et al., 2022).

O envelhecimento populacional acelerado representa uma realidade atual em praticamente todos os países do globo, o que vem a modificar o modo como a sociedade se estabelece. Com o envelhecimento da população mundial, a necessidade de suporte ao público idoso torna-se imperativa para apoiar as demandas inerentes ao processo de envelhecimento. Os dias atuais revelam profundas e constantes mudanças em que a tecnologia vem fazendo parte do cotidiano de todos (DIAS; FREITAS, 2022; DINIZ et al., 2022).

Além disso, o aumento da população idosa pode ocasionar uma mudança no perfil epidemiológico das doenças, o que pode gerar um aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como diabetes mellitus e hipertensão arterial; e doenças degenerativas, que podem comprometer a independência do idoso (DIAS; FREITAS, 2022).

Junto ao envelhecimento podem estar agregadas mudanças cognitiva, física e emocional que, na maioria das vezes, faz com que o idoso se torne dependente. No decorrer da vida, as atividades de vida diária, como mobilidade e autocuidado, podem ser restringidas por diversos eventos, mas o impacto dessa limitação em idosos é considerado extremamente negativo (DIAS; FREITAS, 2022).

Nesse sentido, o desenvolvimento de tecnologias voltadas especificamente para idosos tem seu maior expoente na Gerontecnologia, visto que esta procura fornecer respostas a duas principais tendências: o aumento da população idosa e o crescente avanço tecnológico (DINIZ et al., 2022).

Nessa perspectiva, as tecnologias cuidativo-educacional (TCE) devem ser vistas como ações integradas aos processos educativos, pois facilitam o processo de cuidar e educar em saúde, de modo que contribuem para que os profissionais e população tenham um aprimoramento individual e coletivo das técnicas e conhecimentos geradores do cuidado (DIAS; FREITAS, 2022).

Para garantir sua efetividade, as tecnologias educacionais necessitam ser avaliadas, a fim de aumentar sua eficácia e adequabilidade para os que farão uso delas. A avaliação é ferramenta fundamental para os pesquisadores e profissionais na produção e utilização de tecnologias em saúde. Trata-se de tecnologias que, quando adequadas, proporcionam maior segurança ao implementar as ações nas práticas de cuidado (FERREIRA et al., 2021).

Quando se trata de idosos em situação de fragilidade, as alterações funcionais inerentes ao processo de envelhecimento, como a diminuição da mobilidade e a força muscular, podem levar a situações de desequilíbrio e, consequentemente, aumentar o risco de queda de indivíduos idosos.

Destaca-se que quedas acidentais podem vitimar pessoas independentemente de idade, sexo e condição socioeconômica, todavia a maior prevalência de morte por essa causa ocorre em idoso, tornando-se relevante o desenvolvimento de medidas preventivas relacionando os fatores risco para essa ocorrência (SAMPAIO; CASTILHO; CARVALHO, 2017).

Mediante o que foi exposto, este estudo tem por objetivo apresentar benefícios das Tecnologias Cuidativo-educacional para a prevenção de quedas em idosos.

Benefícios das Tecnologias Cuidativo-educacional para a prevenção de quedas em idosos

As quedas em idosos representam uma preocupação de saúde pública, dadas a frequência com que acontecem e as consequências para a pessoa, sua família e o sistema de saúde. Como se sabe, as quedas em idosos estão associadas não apenas ao uso de medicamentos, mas também a fatores como fragilidade e perda funcional, sendo importante identificar o risco associado a esses eventos (GONÇALVES et al., 2022; SAMPAIO; CASTILHO; CARVALHO, 2017).

Em decorrência das quedas, um declínio na qualidade de vida do idoso tem sido observado. As quedas afetam mais aqueles com menor renda, comprometendo diversos âmbitos de sua vida, como, por exemplo, capacidade funcional, aspectos físicos, dor, fatores emocionais e de saúde mental. Com isso, desenvolver melhor qualidade de vida e condições de saúde aos cuidadores de idosos possibilita um cuidado mais efetivo e resolutivo, sendo as tecnologias cuidativo-educacional (TCE) uma importante ferramenta para esse fim(GONÇALVES et al., 2022; DIAS; FREITAS, 2022).

As quedas acarretam repercussões negativas, como escoriações, lesões, fraturas e até a morte, comprometem os indicadores de qualidade do serviço, aumentam o tempo de internação e os custos hospitalares. Portanto, é relevante que intervenções que previnam quedas sejam implementadas, bem como o seu monitoramento, investigação, educação do paciente e familiar (XIMENES et al., 2022).

Para Grden et al. (2020), as TCE são capazes de intensificar habilidades que contribuem com o processo do cuidar, de modo a ampliar a colaboração entre o cuidador e o idoso que recebe as ações do cuidar.

Na opinião de Ximenes et al. (2022), a estratégia de educação em saúde utilizando as TCE propõe que a adesão do paciente à prevenção de quedas pode ser aprimorada quando há conhecimento sobre riscos. Além disso, considera-se que o uso de tecnologias educativas para educação em saúde de pacientes seja uma forma de consolidar competências profissionais na assistência em saúde.

No contexto voltado à redução ou favorecimento da reabilitação de algumas limitações de pacientes idosos, o uso de tecnologias assistivas também se constitui como uma prática comum, englobando dispositivos auxiliares e serviços relacionados, com o foco de manter ou melhorar a funcionalidade do indivíduo, bem como promover o bem-estar geral, autonomia e qualidade de vida (GRDEN et al., 2020).

Consideram-se exemplos de tecnologias assistivas dispositivos usados por idosos com déficits físicos ou cognitivos, como lentes e bengalas, até novas tecnologias com elementos de inteligência artificial, como veículos autônomos. Essas tecnologias contribuem de forma positiva, tanto no conhecimento teórico acerca do processo de envelhecimento, como na prática executada pelos cuidadores (GRDEN et al., 2020; DIAS; FREITAS, 2022).

Dias e Freitas (2022) informam que as TCE impressas são instrumentos capazes de contribuir com a compreensão do usuário, com potencial de alcance às pessoas responsáveis pelo cuidado como também o próprio idoso. Faz-se necessário, no processo de desenvolvimento da tecnologia, considerar o público que a utilizará a fim de viabilizar estratégias de ensino-aprendizagem que despertem interesse e potencialize a interação e envolvimento entre os participantes.

Diniz et al. (2022), consideram que a inovação tecnológica é capaz de contribuir com a Gerontecnologia. Exemplo disso é a Internet das Coisas (IoT), que permite que objetos físicos vejam, ouçam, pensem, executem tarefas, compartilhem informações, processem dados, capturem variáveis ambientais e mudanças externas por meio de uma rede sem fio, que se comunica usando a Internet,incorporando dispositivos, sensores, sistemas, aplicativos, dentre outros, para prover um monitoramento mais completo e visando a um maior cuidado para os idosos(DINIZ et al., 2022).

De acordo com Diniz et al. (2022), as gerontecnologias com solução IoT podem auxiliar na manutenção da saúde e na prevenção de agravos aos idosos. Destaca-se como agravo de maior relevância na população idosa os acidentes por quedas. Segundo esses mesmos autores, aproximadamente, um em cada três idosos cai uma vez ao ano e a chance de cair aumenta com a idade, principalmente a partir dos 80 anos, caracterizando-se como uma das principais causas de morbidade e mortalidade de idosos no mundo.

Nesse âmbito, os smartphones têm grande potencial como dispositivos acessíveis, práticos e portáteis que podem ajudar em áreas que vão desde procedimentos de coleta de dados até auxílio no diagnóstico de doenças e orientação de tratamentos (DIAS; FREITAS, 2022; SAMPAIO; CASTILHO; CARVALHO, 2017).

Os sensores embarcados nesses dispositivos estão sendo cada vez mais utilizados na avaliação do equilíbrio e da marcha. Um desses sensores é o acelerômetro, que tem potencial para auxiliar procedimentos clínicos, oferecendo dados quantitativos para avaliação e treinamento do equilíbrio e da marcha (SAMPAIO; CASTILHO; CARVALHO, 2017).

Diante desse contexto, Campos et al.(2017), reforçam anecessidadedemeioseducacionaisparapassarnãoapenasaessapopulação,mastambémàpopulaçãogeralinformaçõesdecomoprevenir situações que possam trazer morbidades, como as consequências da queda. Sobre esse aspecto, Ximenes et al. (2022) alertam que a educação em saúde como estratégia promotora de saúde proporciona melhorias no conhecimento sobre riscos de quedas, o que pode impactar positivamente na adesão dos pacientes às orientações de prevenção

Uma das formas é a utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), que tem como finalidade informar e disseminar o conhecimento por meio de estratégias de educação, podendo ser aplicada a pessoas da população em geral. Com maior informação, educação em saúde e execução de medidas públicas preventivas, há uma melhora na qualidade de vida do idoso além da diminuição dos gastos com atenção secundária e terciária (CAMPOS et al., 2017).

Conforme pontuado por Silva et al. (2020), ao incorporar tecnologias educativas ao cuidado gerontológico, o processo ensino-aprendizagem ganha ludicidade e inovação, o que favorece a comunicação e a intervenção em saúde. Dentre as tecnologias validadas para idosos no cenário nacional, destacam-se cartilhas, manuais, jogos, vídeo e materiais visuais. Em relação aos recursos utilizados para práticas colaborativas e de aprendizagem, o vídeo educativo se apresenta como tecnologia educativa lúdica e eficaz, ao combinar estratégias que propiciam o desenvolvimento de sentimentos e atitudes positivas capazes de influenciar mudanças no estilo de vida em longo prazo (SILVA et al., 2020).

Sampaio, Castilho e Carvalho (2017), retratam que os avanços tecnológicos permitem a introdução e atualização de técnicas e procedimentos utilizados pelos profissionais de saúde, como o uso de dispositivos móveis como instrumentos de apoio.Para esses mesmos autores, ouso de smartphones na área da saúde além de ser crescente, proporciona ao profissional mais agilidade e flexibilidade em seu trabalho, desde o momento da coleta de dados até o uso de aplicativos que auxiliam na avaliação do paciente (SAMPAIO; CASTILHO; CARVALHO, 2017).

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo qualitativo, de revisão bibliográfica. A busca dos estudos foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), no período de fevereiro a março de 2023.Para a identificação dos estudos, utilizou-se os descritores: tecnologias educativas, quedas, idosos, associando estes ao operador booleano AND.

Para a seleção dos artigos, foram considerados: artigos completos,publicados no idioma inglês ou português, nos últimos dez anos (2014-2024) e disponíveis na íntegra nas bases consultadas.

A partir desses critérios, utilizou-se o primeiro filtro, onde foram identificados 37artigos. Esses estudos foram reclassificados de acordo com seus objetivos e resultados e, dessa forma, aplicou-se um segundo filtro, considerando pertinente à revisão, somente os artigos cujo(s) objetivo(s) e resultados fossem condizentes à temática abordada.

Com isso, foram selecionados 10 (dez) artigospara compor a amostra dessa revisão.Os resultados foram dispostos em um quadro,de acordo com o título do artigo, autores e ano de publicação, objetivos e resultados. A discussão foi elaborada à luz dos estudos selecionados para a amostra.

RESULTADOS

Quadro 1. Artigos selecionados para compor a amostra da revisão.

Artigo/títuloAutores/anoObjetivo(s)Resultados/conclusões
Capacitação de idosos na prevenção de quedas domiciliares utilizando tecnologias da informação e comunicaçãoCAMPOS et al., 2017Elaborar e avaliar a eficácia de um programa de capacitação para idosos sobre queda domiciliar através das TICs.Os idosos possuíam um bom conhecimento prévio sobre os assuntos relacionados a quedas.
As tecnologias cuidativo-educacional (TCE) como auxilio aos cuidadores de idososDIAS & FREITAS, 2022Analisar a produção científica que aborda as tecnologias cuidativo-educacional destinadas aos cuidadores de idosos.As TEC contribuem, favoravelmente, com o conhecimento teórico e prático dos cuidadores de idosos, da comunidade e dos profissionais.
Gerontecnologias e internet das coisas para prevenção de quedas em idosos: revisão integrativaDINIZ et al., 2022Identificar na literatura as gerontecnologias Internet das Coisas desenvolvidas para prevenção de acidentes por quedas em idosos.As gerontecnologias Internet das Coisas podem ser utilizadas como recursos para auxiliar na prevenção de quedas e no fortalecimento da capacidade funcional.
Gerontotechnology for fall prevention: nursing care for older adults with ParkinsonFERREIRA et al., 2021Desenvolver o processo de cuidado gerontológico de enfermagem junto aos idosos com doença de Parkinson, visando à promoção da saúde por meio da criação de gerontotecnologias para prevenção de quedas.A aplicação da gerontotecnologia resultou em autocuidado, empoderamento e conhecimento através do jogo, revelando interesse em mudança de conduta, independência e aprendizagem, além de servir como instrumento facilitador do cuidado.
Syndrome of frailty and the use of assistive technologies in elderlyGRDEN et al., 2021Analisar a associação entre a síndrome da fragilidade e o uso de tecnologias assistivas em idosos de um ambulatório.Destaca-se a importância do rastreio precoce da fragilidade, com destaque para os idosos em uso de tecnologias assistivas, pois elas podem indicar o comprometimento e perda funcional.
Three-dimensional Educational Technology for the prevention of accidents caused by falls in the elderlyLIMA et al., 2021Avaliar uma gerontotecnologia educacional tridimensional para prevenção de quedas em idosos no domicílio.A gerontotecnologia foi considerada adequada para utilização na prevenção de quedas por antigos.
Development of an application for mobile devices to evaluate the balance and risk of falls of the elderlySAMPAIO; CASTILHO; CARVALHO, 2017Desenvolver um aplicativo para dispositivos móveis para avaliação do equilíbrio e risco de queda em idosos.O aplicativo verificou as oscilações presentes na manutenção do equilíbrio estático de idosos e diferenciar os resultados em grupos de baixo e alto risco de queda.
Construction and validation of an educational gerontotechnology on frailty in elderly peopleSILVA et al., 2020Construir e validar gerontotecnologia educativa sobre fragilidade em idosos.O vídeo mostrou-se válido em termos de conteúdo e aparência por juízes e idosos, com potencial para mediar práticas educativas promotoras de saúde no envelhecimento saudável.
Educational technology for bathing/hygiene of elders at home: contributions to career knowledgeSOUZA et al., 2021Construir e validar uma cartilha educativa para banho e higiene do idoso em domicílio.A cartilha foi validada com sucesso e pode ser considerada no contexto da educação em saúde e colaborar com uma prática adequada e segura de banho e higiene de idosos no domicílio.
Efetividade de tecnologia educacional para prevenção de quedas em ambiente hospitalarXIMENES et al., 2022Avaliar a efetividade de intervenção educativa mediada por tecnologia impressa no conhecimento sobre prevenção de quedas em pacientes hospitalizados.A intervenção educativa com uso da cartilha foi efetiva quanto a orientação sobre riscos de quedas em pacientes adultos hospitalizados.

Fonte: dados da pesquisa, 2024.

Discussão dos resultados

Ao avaliar a efetividade de intervenção educativa mediada por tecnologia impressa no conhecimento sobre prevenção de quedas em pacientes hospitalizados, Ximenes et al. (2022), aplicou uma intervenção educativa mediada por cartilha, incluindo 86 pacientes hospitalizados em clínica médica-cirúrgica.Houve associação entre mudança de conhecimento com: percepção sobre causas de quedas durante a internação; eventos considerados como queda; utilização de meios de apoio à mobilidade; dificuldade de visão e audição como fator de risco; o uso de medicamentos; importância de informar o profissional sobre o histórico de quedas; práticas gerais de prevenção; cuidados relacionados ao ambiente e a prática de exercícios durante a hospitalização.Concluiu-se que a intervenção educativa com uso da cartilha foi efetiva quanto a orientação sobre riscos de quedas em pacientes adultos hospitalizados.

Com o intuito de desenvolver um aplicativo para dispositivos móveis para avaliar o equilíbrio e risco de queda em idosos, Sampaio, Castilho e Carvalho (2017), buscaram a validação do aplicativo, após submeter 54 idosos a três testes de avaliação do equilíbrio e risco de queda. Houve boa correlação, possibilitando agrupar os voluntários em três grupos de baixo, médio e alto risco de queda. Quando esses valores foram confrontados com as análises realizadas pelo aplicativo, o software conseguiu diferenciar os idosos com baixo e alto risco de quedas. Concluiu-se que o aplicativo desenvolvido foi capaz de verificar as oscilações presentes na manutenção do equilíbrio estático de idosos e diferenciar os resultados em grupos de baixo e alto risco de queda.

Visando analisar a associação entre a síndrome da fragilidade e o uso de tecnologias assistivas em idosos de um ambulatório, Grden et al. (2021) realizaram uma pesquisa transversal, com 374 idosos, entre 2016 e 2017, utilizando a Escala de Fragilidade de Edmonton. Evidenciou-se um predomínio de mulheres (67,4%), média de idade de 67,9 anos, casados (56,4%), baixa escolaridade (55,1%). Dos participantes, 4,5% utilizavam bengala, 1,3% muleta e 0,3% andador, 29,4% faziam uso de lentes corretivas, 40,1% apresentaram algum grau de fragilidade. As análises bivariadas e multivariadas apontaram associação positiva entre a fragilidade e bengala. Concluiu-se que o rastreio precoce da fragilidade com destaque para os idosos em uso de tecnologias assistivas podem indicar o comprometimento e perda funcional.

Os estudos de Silva et al. (2020), buscaram construir e validar uma gerontotecnologia educativa (vídeo educativo) sobre fragilidade em idosos. O estudo foi desenvolvido em três etapas e o processo de validação foi realizado por 22 juízes e 22 idosos. Considerou-se, para a validação, o critério de concordância superior a 80%, verificados a partir do Índice de Validação de Conteúdo e teste binomial. O vídeo abordou as recomendações para idosos em risco de fragilização e hábitos promotores da saúde, demostrando com potencial para mediar práticas educativas promotoras de saúde no envelhecimento saudável.

Com o objetivo de construir e validar uma cartilha educativa para banho e higiene do idoso em domicílio Souza et al. (2021), desenvolveram, mediante levantamento de dados na literatura e diagnóstico situacional, construção da cartilha, qualificação do material por meio de validação por juízes especialistas (11 enfermeiros) e público-alvo (30 cuidadores). Os resultados mostraram que na validação de conteúdo e aparência, os especialistas atribuíram Índice de Validade de Conteúdo global de 0,92. Já para avaliação da adequação do material, a cartilha foi classificada como “superior”, com média de 90%. Na validação dos cuidadores, o Índice de Validade de Conteúdo global foi de 1,0. Concluindo que a cartilha foi validada com êxito, podendo ser considerada no contexto da educação em saúde, colaborando com uma prática adequada e segura do banho e higiene de idosos em domicílio.

Buscando elaborar e avaliar a eficácia de um programa de capacitação para idosos sobre queda domiciliar através das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), e posterior disseminação do conhecimento adquirido aos seus pares, Campos et al. (2017), o estudo foi desenvolvido por cinco alunas da Liga Acadêmica de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes com a Universidade Aberta à Integração (Unai) em Mogi das Cruzes/SP. Participaram do estudo, 11 alunos da Unai, de forma voluntária, de ambos os sexos, com 60 anos ou mais. Os resultados mostraram que os idosos possuíam um bom conhecimento prévio sobre os assuntos relacionados às quedas. Além disso, observou-se a aceitação e o interesse dos idosos em relação às tecnologias utilizadas durante a capacitação e a apresentação aos seus pares, o que contribuiu para o aumento do conhecimento sobre quedas domiciliares.

Em seus estudos, Diniz et al. (2022), procuraram identificar na literatura as gerontecnologias Internet das Coisas desenvolvidas para prevenção de acidentes por quedas em idosos. Foram identificadas 23 gerontecnologias Internet das Coisas, nos quais os anos de 2018 e 2019 apresentaram maiores números de publicações. O estudo revelou que as gerontecnologias Internet das Coisas podem ser utilizadas como recursos para auxiliar na prevenção de quedas e no fortalecimento da capacidade funcional. Todavia, fazem-se necessárias pesquisas futuras para analisar a eficácia deste tipo de tecnologia para prevenção de quedas em idosos.

Os estudos de Ferreira et al. (2021), tiveram como objetivo desenvolver o processo de cuidado gerontológico de enfermagem junto aos idosos com doença de Parkinson, visando à promoção da saúde por meio da criação de gerontotecnologias para prevenção de quedas.A coleta de dados ocorreu de fevereiro a outubro de 2017, e contou com a participação de nove idosos com a doença de Parkinson. Foram aplicadas as gerontotecnologias: cartilha educativa, jogo da memória: não cai istepô; jogo da memória: caiu de maduro que foram desenvolvidas mediante avaliação clínica através de escalas, entrevista semiestruturada gravada e oficinas. A aplicação da gerontotecnologia resultou em autocuidado, empoderamento e conhecimento através do jogo, revelando interesse em mudança de conduta, independência e aprendizagem, além de servir como instrumento facilitador do cuidado. Concluiu-se que as gerontotecnologias apresentaram-se como instrumento lúdico e inovador para o processo de cuidado gerontológico de enfermagem.

Objetivando avaliar uma gerontotecnologia educacional tridimensional para prevenção de quedas em idosos no domicílio, Lima et al. (2021), avaliaram 16 especialistas e 30 idosos, utilizando o Modelo de Promoção da Saúde, de Nola Pender. A maquete possuía área de 160 cm2, com quatro cômodos em material do tipo Medium Density Fiberboard. Os especialistas consideraram a tecnologia adequada e todos os idosos relataram que a maquete se assemelhava ao seu domicílio. 13 destes (43,3%), sugeriram a construção de um quintal, possibilidade de dois andares, corredores e escadas. Nessa perspectiva, a gerontotecnologia foi considerada apta para utilização na prevenção de quedas em idosos.

Ao analisar a produção científica que aborda as tecnologias cuidativo-educacional destinada aos cuidadores de idosos, Dias & Freitas (2022), aplicaram filtros e refinamento dos achados e selecionaram seis artigos para compor a amostra da revisão.Os estudos evidenciaram que as tecnologias cuidativo-educacional podem se apresentar em três grupos distintos :materiais impressos,digitais e as relações interpessoais.

Apesar da relevância da temática, percebeu-se um baixo quantitativo de artigos relacionados às tecnologias cuidativo-educacional voltadas aos cuidadores de idosos.  Compreendendo que o desenvolvimento de mais estudos que possam criar e validar tecnologias que possibilitem promoção do cuidado em saúde e qualidade de vida para idosos e seus cuidadores é importante à transformação do processo saúde doença.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatou-se, através desse estudo, que as tecnologias cuidativo-educacional (TEC), são benéficas para a prevenção de quedas em idosos. Os autores consideraram que as TECs investigadas são adequadas e capazes de diminuir o risco de quedas, auxiliando no fortalecimento da capacidade funcional do idoso. Entretanto, devido à limitação do quantitativo de estudo, são necessárias mais pesquisas que analisem a eficácia deste tipo de tecnologia para prevenção de quedas em idosos.

REFERÊNCIAS

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DIAS, F. P. S.; FREITAS, F. E. Q. As tecnologias cuidativo-educacional como auxilio aos cuidadores de idosos. Revista Enfermagem Atual In Derme, v. 96, n. 39, 2022. https://doi.org/10.31011/reaid-2022-v.96-n.39-art.140

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1Enfermeira e Gerontóloga. Mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (UNA/BH). Doutoranda em Biotecnologias em Saúde (UNP/RN). Docente e Professora TI em Pesquisa do Curso de Medicina da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil. E-mail: vaninhaenf@hotmail.com;

2Enfermeira. Doutora em Ciências da Saúde Faculdade de Medicina (UFMG). Docente dos Cursos de Medicina e Enfermagem da FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

3Enfermeira Pos graduada em Oncologia pela Faculdade Pitágoras, BH-MG. Hospital Infantil João Paulo II. Rede FHEMIG.

4Mestre em Administração (UNA/BH) Docente da Faculdade Newton Paiva, Belo Horizonte/MG, Brasil;

5Médica da Secretaria Municipal de Jaboticatubas. Mestranda em Gestão de Serviços da Atenção Primária (FUNIBER). Docente do Curso de Medicina – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

6Médica. Mestranda em Saúde Pública e Docente do Curso de Medicina – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;

7Médica. Docente e Professora TI do Ciclo Clínico do Curso de Medicina – FASEH, Vespasiano/MG, Brasil;.

8Acadêmico do 8° Período de Enfermagem, FASEH, Vespasiano/MG, Brasil.

9Acadêmicas da 4ª etapa do Curso de Medicina, FASEH, Vespasiano/MG, Brasil.