UTILIZAÇÃO DA TERAPIA MANUAL EM ADULTOS INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: REVISÃO DE LITERATURA

USE OF MANUAL THERAPY IN ADULTS ADMITTED TO INTENSIVE CARE UNIT: LITERATURE REVIEW

USO DE TERAPIA MANUAL EN ADULTOS INGRESADOS EN UNA UNIDAD DE CUIDADOS INTENSIVOS: REVISIÓN DE LA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501081704


Luciano Gil Saldanha Torres 1
Brunna Gabrielli Freitas da Costa 1
Lauanni Thamirys da Cruz Lopes 2
Lucas Monteiro Carneiro 3


RESUMO

Objetivo: Analisar na literatura qual a utilização e quais são os efeitos da terapia manual em pacientes adultos internados em unidades de terapia intensiva. Métodos: Revisão de literatura acerca da utilização de Terapias Manuais em Unidades de Terapia Intensiva. Para a pesquisa, utilizou-se as bases de dados: Scielo, Pubmed, Biblioteca Virtual em Saúde e Cochrane, usando os descritores: (Terapia manual, Musculoskeletal Manipulations, Unidade de Terapia Intensiva, Unidade de Terapia Intensiva Adulta, Intensive Care Units). Resultados: Foram encontrados 1521 artigos nas bases de dados pesquisadas a partir da combinação dos descritores, sendo que: 78 encontrados na PubMed, 865 na Biblioteca Virtual em Saúde, 281 na Cochrane, 297 na Scielo e 2 por meio de busca manual. De acordo com os estudos elegíveis para esta pesquisa, a utilização da terapia manual foi variada, diferindo-se em: massagem e suas derivações, mobilização de caixa torácica, facilitação neuromuscular proprioceptiva, apresentando resultados positivos para diversas finalidades em pacientes adultos internados em Unidades de Terapia Intensiva. Conclusão: Portanto, conclui-se que a utilização de técnicas de terapia manual nas unidades de terapia intensiva é abrangente e pode ser utilizada em diferentes perfis de pacientes.

Palavras-Chave: Unidade de Terapia Intensiva; Centro de Terapia Intensiva; Terapia Manual; Manipulações Musculoesqueléticas; Terapias Corporais.

ABSTRACT

Objective: To analyze in the literature the use and effects of manual therapy on adult patients admitted to intensive care units. Methods: Literature review on the use of Manual Therapies in Intensive Care Units. For the research, the following databases were used: Scielo, Pubmed, Virtual Health Library and Cochrane, using the descriptors: (Manual Therapy, Musculoskeletal Manipulations, Intensive Care Unit, Adult Intensive Care Units). Results: A total of 1521 articles were found in the databases searched using the combination of descriptors, of which 78 were found in PubMed, 865 in the Virtual Health Library, 281 in Cochrane, 297 in Scielo and 2 through manual search. According to the studies eligible for this research, the use of manual therapy was varied, differing in: massage and its derivations, mobilization of the rib cage, proprioceptive neuromuscular facilitation, presenting positive results for various purposes in adult patients admitted to Intensive Care Units. Conclusion: Therefore, it is concluded that the use of manual therapy techniques in intensive care units is comprehensive and can be used in different patient profiles.

Key words: Intensive Care Unit; Intensive Care Center; Manual Therapy; Musculoskeletal Manipulations; Body Therapies.

RESUMEN

Objetivo: Analizar en la literatura el uso y efectos de la terapia manual en pacientes adultos ingresados ​​en unidades de cuidados intensivos. Métodos: Revisión de la literatura sobre el uso de Terapias Manuales en Unidades de Cuidados Intensivos. Para la investigación se utilizaron las siguientes bases de datos: Scielo, Pubmed, Biblioteca Virtual en Salud y Cochrane, utilizando los descriptores: (Terapia Manual, Manipulaciones Musculoesqueléticas, Unidad de Cuidados Intensivos, Unidad de Cuidados Intensivos para Adultos, Unidades de Cuidados Intensivos). Resultados: Se encontraron 1521 artículos en las bases de datos buscadas a partir de la combinación de descriptores, de los cuales: 78 fueron encontrados en PubMed, 865 en la Biblioteca Virtual en Salud, 281 en Cochrane, 297 en Scielo y 2 mediante búsqueda manual. Según los estudios elegibles para esta investigación, el uso de la terapia manual fue variado, diferenciándose en: masaje y sus derivaciones, movilización de la caja torácica, facilitación neuromuscular propioceptiva, presentando resultados positivos para diversos fines en pacientes adultos ingresados ​​en unidades de salud. Terapia Intensiva. Conclusión: Por lo tanto, se concluye que el uso de técnicas de terapia manual en las unidades de cuidados intensivos es integral y puede utilizarse en diferentes perfiles de pacientes.

Palabras clave: Unidad de Cuidados Intensivos; Centro de Cuidados Intensivos; Terapia Manual; Manipulaciones musculoesqueléticas; Terapias Corporales.

INTRODUÇÃO

As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) consistem em uma área complexa dos serviços de saúde, que diante dos avanços tecnológicos, proporciona um aumento da expectativa de vida dos doentes críticos. Durante a hospitalização o paciente recebe atendimento multiprofissional, visando a resolutividade da situação que o levou a UTI, bem como a prevenção das complicações advindas deste processo (Martins, 2021; Furtado et al., 2020).

Os pacientes que recebem alta da UTI podem apresentar alto nível de morbidade, como: Fraqueza Adquirida no Centro de Terapia Intensiva (FAUTI); neuropatia por compressão; fragilidade; distúrbios musculoesqueléticos; entre outros, e elevada taxa de mortalidade nos anos seguintes a internação, especialmente pacientes sépticos (Teixeira; Rosa, 2024).

Neste contexto, o fisioterapeuta compõe a equipe multidisciplinar, atuando desde a admissão do paciente no cenário de terapia intensiva até a sua alta, oferecendo assistência às pessoas que necessitem ou não de suporte ventilatório, bem como aqueles que tenham passado por procedimentos cirúrgicos, tendo como finalidade a prevenção e tratamento de complicações motoras e/ou cardiorespiratórias, assim como a preparação do paciente para o retorno às suas atividades (Furtado et al., 2020).

As intervenções fisioterapêuticas no âmbito da terapia intensiva envolvem mobilização precoce, técnicas para remoção de secreção e reexpansão pulmonar, exercícios para ganho e/ou manutenção de força e mobilidade, além de treino funcionais para que ocorra um aumento da independência funcional e ganho na qualidade de vida. Destaca-se também, a Terapia Manual (TM) como uma ferramenta a ser utilizada neste contexto (Silveira et al., 2024).

A utilização da TM em UTI pode reduzir o tempo de estadiamento e mortalidade em pacientes com pneumonia, reduzir falhas no desmame ventilatório e mobilização de secreção por meio de manobras na caixa torácica, auxiliando na manutenção de higiene de vias aéreas (Almeida et al., 2021). 

As técnicas de TM possuem diversos artigos detalhando os seus efeitos em pacientes a nível ambulatorial, no entanto ainda encontram-se poucos estudos referentes à sua utilização em UTIs. Portanto, o presente estudo tem como objetivo analisar na literatura qual a utilização e quais são os efeitos da terapia manual em pacientes adultos internados em unidades de terapia intensiva.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão de literatura acerca da utilização de Terapias Manuais em Unidades de Terapia Intensiva. Para a pesquisa, utilizou-se informações incluídas nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Pubmed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Cochrane, usando os descritores: Terapia manual, Musculoskeletal Manipulations, Unidade de Terapia Intensiva, Unidade de Terapia Intensiva Adulta, Intensive Care Units.

Os critérios de inclusão foram: artigos relacionados à terapia manual na UTI, ensaios clínicos randomizados e pacientes com idade superior à 18 anos que estivessem internados em unidade de terapia intensiva. Não houve limitação de período nas buscas nas bases de dados. Foram excluídos: artigos que não estivessem disponíveis na íntegra, artigos pagos e resumos. 

Após a seleção dos artigos, foi realizado a avaliação da qualidade metodológica dos ensaios clínicos selecionados por meio da Escala PEDro. Os resultados da escala são pontuações de 0 a 10, em que quanto maior a pontuação, melhor é a qualidade metodológica do ensaio clínico. Na escala, o item 1 não deve ser contabilizado para a pontuação final, apenas dos itens 2 aos 11, obtendo-se uma pontuação de: Ruim (<4), Razoável (4-5), Bom (6-8), ou Excelente (9-10) (Cashin; McAuley, 2020).

RESULTADOS

Foram encontrados 1521 artigos nas bases de dados pesquisadas a partir da combinação dos descritores, sendo que: 78 encontrados na PubMed, 865 na BVS, 281 na Cochrane, 297 na Scielo e 2 por meio de busca manual. 

Dos 78 artigos encontrados na PubMed, 40 foram excluídos após aplicação dos filtros, 24 excluídos pelo título, 7 retirados após leitura do resumo, e 9 artigos permaneceram para leitura completa. Na BVS foram encontrados 865, restando 353 após aplicação dos filtros, 350 foram excluídos pela leitura do título e os 3 restantes retirados após leitura do resumo. Na base de dados Cochrane, dos 281 artigos encontrados, 8 foram excluídos após aplicação dos filtros, 263 retirados pelo título e 9 pelo resumo, restando 1 artigo para análise, enquanto na Scielo, nenhum artigo foi excluído após aplicação dos filtros, mas foram removidos pela leitura do título. Além disso, foram encontrados 2 artigos por meio de buscas manuais. O processo de descrição e buscas nas bases de dados estão descritas no quadro 1.

Quadro 1 – Processo de busca e seleção das bases de dados.

QUADRO 1

Fonte: Elaborado pelos autores

Após as buscas nas bases de dados, 10 artigos atenderam aos critérios de inclusão previamente estabelecidos, acrescentados de mais 2 artigos por buscas manuais. As informações consideradas relevantes para este estudo estão em destaque na tabela 1.

Tabela 1 – Resumo dos dados contidos nos estudos analisados e pontuação na Escala PEDro.

AUTOR/ANOAMOSTRA/METODOLOGIAOBJETIVORESULTADOSPontuação PEDro
Alinia-Najjar et al., 2020.52 pacientes. O GI recebeu 20 minutos de massagem de reflexologia podal em seu 3°, 4° e 5° dia de hospitalização e 15 minutos antes de trocar os curativos da ferida. Os pacientes no GC receberam apenas cuidados de rotina.Examinar o efeito da massagem reflexológica podal na dor específica por queimadura, ansiedade e sono em pacientes hospitalizados em UTIs.Não houve diferença significativa entre dor-ansiedade nos dois grupos antes da intervenção. A tendência de dias diferentes em cada grupo foi comparada com o teste de Friedman e mostrou que a ansiedade pela dor, latência do sono, duração do sono do último dia e satisfação do sono da última noite tiveram uma diferença significativa. Além disso, os resultados do teste de MannWhitney mostraram que houve diferenças significativas entre os dois grupos em momentos diferentes em termos das variáveis ​​acima.
7 pontos

Almeida et al., 2021.8 pacientes. O protocolo incluiu 7 técnicas para mobilização da caixa torácica, expansibilidade, liberação diafragmática e liberação da musculatura acessória. As variáveis da mecânica respiratória, Cest e Raw, foram analisadas antes e após o protocolo.Avaliar o impacto de um protocolo de terapia manual osteopática sobre mecânica respiratória de pacientes sedados e mecanicamente ventilados em UTI.Não foram observadas diferenças significativas para Cest e Raw após intervenção, e respectivamente, a PAM apresentou redução significativa após intervenção.
4 pontos
Boitor et al., 2019.60 pacientes. Os pacientes foram aleatoriamente designados para massagem nas mãos de 20 minutos, mãos dadas ou repouso. Comparar o efeito sustentado de cuidados padrão mais 3 intervenções de massagem de 20 minutos dentro de 24 horas após a cirurgia cardíaca versus segurar as mãos mais cuidados padrão e cuidados padrão sozinhos na intensidade da dor e interferência relacionada à dor com o funcionamento de adultos gravemente doentes. O grupo de massagem nas mãos relatou uma intensidade máxima de dor que foi menor do que os grupos de mãos seguras e de tratamento padrão. O grupo de massagem nas mãos conseguiu atingir 0 intensidade de dor ao longo de um período de 24 horas, ao contrário dos grupos de mãos dadas e cuidados padrão.
7 pontos
Chen et al., 2012.85 participantes. O GI recebeu a acupressão de valeriana nos pontos de acupuntura entre 19h e 22h do 2°dia, enquanto o GC recebeu tratamento regular. A FC foi medida por 5 minutos antes e depois da acupressão de valeriana presente para análise da variabilidade da FC para medir a resposta de relaxamento.Explorar a eficácia da acupressão de valeriana no sono de pacientes na UTI.Após receber acupressão de valeriana, as horas de sono dos pacientes aumentaram, a frequência de vigília reduziu e as notas da Sonolência de Stanford SSS diminuíram. Os dados de variabilidade da FC indicaram resposta de relaxamento imediatamente após a acupressão de valeriana.
5 pontos
Dehghan et al., 2018.79 pacientes. Os pacientes estavam com TOT. No GI, uma massagem abdominal de 15 minutos foi realizada 2 vezes ao dia durante 3 dias, enquanto o GC recebeu apenas cuidados de rotina. A circunferência abdominal, o volume residual gástrico, os tempos de defecação e a frequência de constipação foram medidos.Examinar o efeito da massagem abdominal na função digestiva de pacientes de terapia intensiva com um tubo endotraqueal.O volume residual gástrico diminuiu significativamente no GI e aumentou significativamente no GC; no entanto, não houve diferença significativa entre os dois grupos. Houve diferença significativa entre os dois grupos em relação à circunferência abdominal e ela foi reduzida no GI. Os tempos de defecação aumentaram significativamente no GI. Após a intervenção, a prevalência de constipação foi significativamente diminuída no GI.
5 pontos
Dehghan et al., 2019.70 Pacientes. Os pacientes estavam com TOT. O GI recebeu uma massagem abdominal de 15 minutos 2 vezes/dia por 3 dias, enquanto o GC recebeu cuidados de rotina. A secreção respiratória foi aspirada, a incidência da aspiração foi avaliada usando tiras especiais que são sensíveis ao pH da secreção respiratória e à glicose.Examinar o efeito da massagem abdominal na incidência de aspiração em pacientes de terapia intensiva com um tubo endotraqueal.As taxas de incidência de aspiração foram de 5,7% e 20% nos grupos de massagem abdominal e controle, respectivamente. A incidência de aspiração difere entre os dois grupos, mas não foi estatisticamente significativa.
5 pontos
Dunn; Sleep; Collett, 1995.122 pacientes foram alocados aleatoriamente para receber massagem, aromaterapia usando óleo essencial de lavanda ou um período de descanso. As avaliações pré e pós-terapia incluíram indicadores de estresse fisiológico e avaliação dos pacientes sobre seus níveis de ansiedade, humor e capacidade de lidar com sua experiência em tratamento intensivoAvaliar a eficácia da aromaterapia e massagem usada no cuidado de enfermagem de pacientes em uma UTI.Não houve diferenças estatisticamente significativas nos indicadores de estresse fisiológico ou comportamento observado ou relatado da capacidade dos pacientes de lidar após qualquer uma das três intervenções. No entanto, os pacientes que receberam aromaterapia relataram melhora significativamente maior de seu humor e níveis percebidos de ansiedade. Eles também se sentiram menos ansiosos e mais positivos imediatamente após a terapia, embora esse efeito não tenha sido sustentado ou cumulativo.
6 pontos
Özturk et al., 2018.63 pacientes. Realizado em mulheres hospitalizadas na unidade de terapia intensiva e serviços de ginecologia após histerectomia abdominal. A folha de monitoramento diário pós-operatório, Spielberger State Anxiety Inventory (SAI), foi empregada para coletar dados de pesquisa e “escala visual analógica” para avaliar os níveis de dor.Descobrir os efeitos da reflexologia na dor, níveis de ansiedade após histerectomia abdominal.O monitoramento de três dias mostrou uma diferença significativa entre os grupos experimental e controle em termos de níveis médios de dor e escores de ansiedade após reflexologia.
4 pontos
Silva et al., 2017.48 pacientes. Uma massagem sueca de 30 minutos foi aplicada uma vez. Variáveis: pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, questionário S-STAI. Momento da avaliação: pré-massagem, imediatamente após a massagem, 30 minutos após a massagem.Avaliar como a massagem sueca afeta o nível de ansiedade e os sinais vitais de pacientes da UTI.S-STAI médio pré-massagem: 42,51; imediatamente após a massagem: 29,34; 30 min pós-massagem: 32,62, p < 0,001 para todas as comparações.
2 pontos
Teló et al., 2021.12 pacientes. O protocolo incluiu sete técnicas manuais para mobilização da caixa torácica, expansibilidade, liberação diafragmática e liberação da musculatura acessória. As variáveis analisadas foram a Cdin e a Pimáx, as medidas foram obtidas antes e imediatamente após a intervenção. Analisar o efeito de um protocolo de terapia manual osteopática sobre a complacência dinâmica e a Pressão inspiratória máxima de pacientes ventilados em modo pressão de suporte.Observou-se diferença estatisticamente significativa nos valores de Cdin e Pimáx após utilização do protocolo.
4 pontos
Turan; Cengiz, 2024.130 pacientes. Estudo conduzido nas UTIs de dois hospitais. Os pacientes receberam massagem abdominal e exercícios de ADM na cama todas as manhãs antes da alimentação enteral por 3 dias. Foram avaliadas as complicações gastrointestinais e níveis de conforto dos pacientes 24 h após cada intervenção.Avaliar os efeitos da massagem abdominal e exercícios de ADM na cama sobre complicações gastrointestinais e conforto do paciente de terapia intensiva recebendo nutrição enteral.As diferenças na distensão abdominal, estado de defecação, constipação e complicações do volume residual gástrico foram significativas, não houve diferença significativa na diarreia e vômito. O nível de conforto mostrou uma mudança estatisticamente significativa nos grupos experimentais na comparação dentro do grupo.
8 pontos
Zwolinski et al., 2022.61 Pacientes. Pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos e receberam quatro estímulos respiratórios manuais de 90 segundos cada. Os seguintes sinais vitais foram avaliados: FC, PAS, PAD e SpO2.Explorar se as intervenções manuais de PNF influenciam os sinais vitais em pacientes em VM e são viáveis ​​e seguras ao aplicar fisioterapia neste grupo de pacientes.Não foram observadas diferenças significativas na FC, PAS e PAD para as duas técnicas medidas separadamente e entre elas. Diferenças estatisticamente significativas foram notadas analisando SpO2 no grupo de técnica de iniciação rítmica.
4 pontos

TABELA 1

Legenda: GC: Grupo Controle; GI: Grupo Intervenção; UTI: Unidade de Terapia Intensiva; Cest: complacência estática; RAW: Resistência de Vias Aéreas; PA: Pressão Arterial; FC: Frequência Cardíaca; PAS: Pressão Arterial Sistólica; PAD: Pressão Arterial Diastólica; SpO2: Saturação Periférica de Oxigênio; Cdin: Complacência Dinâmica; Pimáx: Pressão Inspiratória Máxima; ADM: Amplitude de Movimento; PNF (sigla em inglês): Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva; VM: Ventilação Mecânica. TOT: Tubo orotraqueal.

Fonte: Elaborado pelos autores

DISCUSSÃO

De acordo com os estudos elegíveis para esta pesquisa, a utilização da TM teve resultados positivos para diversas finalidades em pacientes adultos internados em UTIs. 

No estudo de Almeida et al., (2021), um grupo de pacientes ventilados mecanicamente foi submetido a um protocolo de técnicas de mobilização da caixa torácica para verificar a expansibilidade, liberação diafragmática e liberação da musculatura acessória. Após a realização do protocolo foi observado que houve o aumento do valor de resistência de vias aéreas na qual está associada à mobilização de secreção causada pelas manobras aplicadas, auxiliando na manutenção de higiene da via aérea, além disso, houve também a redução da pressão arterial, ocasionado pela melhora da perfusão sanguínea e relaxamento tecidual.

Outro estudo sobre a influência da TM na mecânica ventilatória foi de Teló et al., (2021), na qual buscou analisar os efeitos de um protocolo de TM na complacência dinâmica e pressão inspiratória máxima em pacientes em ventilação mecânica na modalidade pressão de suporte. A TM foi realizada por meio de mobilização da caixa torácica, expansibilidade, liberação diafragmática e liberação da musculatura acessória, tendo como resultados diferenças estatisticamente positivas nos valores de complacência dinâmica e pressão inspiratória máxima após utilização do protocolo.

Na pesquisa de Dehghan et al., (2018), os pacientes alimentados enteralmente obtiveram melhora das funções gastrointestinais com redução da circunferência abdominal, com diminuição do volume residual gástrico e da prevalência de constipação enquanto houve o aumento de tempo de defecação após receberem massagem abdominal.

Resultados semelhantes encontrados no trabalho de Turan; Condiz (2024), em que nos GI de massagens abdominal e o GI de exercícios de amplitude de movimento na cama obtiveram redução da distensão abdominal, constipação e volume residual gástrico, mas não apresentaram diferenças na frequência de defecação, diarreia e vômito. Além disso, neste trabalho também foi constatado que as intervenções também diminuíram os níveis de dor ao longo do tempo.

Ademais, no estudo de Dehghan et al., (2019) avaliou se havia efeito da massagem abdominal na incidência de aspiração em pacientes de terapia intensiva com um tubo endotraqueal, apresentando como resultado baixa diferença entre o GI e o GC na incidência de aspiração.

A presença de longos períodos sem a sensação de dor e a redução dos seus níveis máximos também foi resultado nos pacientes pós cirurgia cardíaca que receberam massagens de 20 minutos nas mãos em diferença com o GC (Boitor et al., 2019).

Já na pesquisa de Dunn; Sleep; Collett (1995), não foram encontradas diferenças significativas nos indicadores de estresse fisiológico no grupo de pacientes que receberam massagem e no grupo que recebeu como intervenção aromaterapia. No entanto, no grupo de aromaterapia, os pacientes relataram melhora significativa dos níveis de ansiedade e humor, principalmente logo após a intervenção. 

Diferente do achado de Silva et al. (2017), na qual a aplicação de massagem sueca por 30 minutos foi capaz de reduzir os níveis de ansiedade e dos sinais vitais como, PA, FC e FR dos pacientes do GI. Assim como a pesquisa de Zwolinski et al., (2022) teve como objetivo examinar a viabilidade de técnicas de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) em pacientes na UTI em VM, com avaliação de sinais vitais. Os achados do estudo revelaram que não houve efeito significativo nos sinais vitais nos grupos avaliados submetidos a diferentes técnicas. No entanto, pelas técnicas necessitarem apenas das habilidades do fisioterapeuta, sugere-se a inclusão na prática, visto que as técnicas demonstraram benefícios nos aspectos muscular respiratório e processo de desmame de pacientes em VM. 

O estudo de Ozturka et al., (2018) analisou os efeitos da reflexologia em pacientes que passaram por histerectomia, durante os três dias seguintes ao pós-operatório os pacientes receberam massagem, sendo demonstrado uma redução nos níveis de dor e ansiedade.

A reflexologia também foi utilizada na pesquisa de Alinia-Najjar et al., (2020) que investigou os efeitos da massagem de reflexologia podal em pessoas internadas em uma UTI de queimados, para os seguintes desfechos: ansiedade dolorosa por queimadura e condição de sono, em que os pacientes receberam 20 minutos de massagem de reflexologia durante três dias consecutivos, sendo que os autores obtiveram como resultado a redução significativa da ansiedade e melhora em aspectos do sono tais como a maior duração e satisfação dos pacientes, corroborando o estudo de Ozturk et al., (2018).

Assim como o estudo de Chen et al., (2012) que também avaliou aspectos do sono, no entanto utilizando a técnica de acupressão com valeriana (aplicação de pressão com os dedos nos pontos de acupuntura), possuindo resultados positivos quanto ao aumento das horas de sono e relaxamento, avaliada por meio de um analisador de variabilidade cardíaca no GI. 

CONCLUSÃO

Portanto, conclui-se que a utilização de técnicas de terapia manual nas unidades de terapia intensiva é abrangentes e pode ser utilizada em diferentes perfis de pacientes.

Entretanto, é válido ressaltar a escassez de estudos na área, tendo em vista que poucos estudos foram encontrados, apesar de não haver limitação de tempo. Além de que as pesquisas não apresentaram um perfil semelhante de pacientes e pouca variabilidade de técnica. 

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1 E-mail: lucianotorres10@gmail.com, Universidade Federal do Pará – UFPA, Pará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7327-7858
2 E-mail: brunna.freitas54@gmail.com. Universidade Federal do Pará – UFPA, Pará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5868-6194
3 lauannithamirys@gmail.com, Faculdade Estácio de Belém, Pará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0009-0004-6998-3786
4 lucasmonteiroc02@gmail.com, Centro Universitário do Pará – CESUPA, Pará, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7664-9111

Contribuição dos autores
1 Luciano Torres: Concepção, curadoria dos dados, análise formal de dados, investigação, administração do projeto, metodologia, validação, escrita – rascunho original, revisão e edição.
1 Brunna Costa: Concepção, análise formal de dados, investigação, metodologia, validação, escrita – rascunho original, revisão e edição.
3 Lauanni Lopes: Análise formal dos dados, visualização, escrita revisão e edição.
4 Lucas Carneiro: Análise formal dos dados, metodologia, supervisão e edição.

Os autores declaram ausência de conflito de interesse.
Contato para autor principal: lucianotorres10@gmail.com