UTILIZAÇÃO DA LASERTERAPIA PELO ENFERMEIRO PARA O TRATAMENTO DE LESÃO POR PRESSÃO EM IDOSOS

THE USE OF LASER THERAPY BY NURSES FOR THE TREATMENT OF PRESSURE INJURIES IN THE ELDERLY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11489583


Kalina Karolayne Silva dos Santos¹; Shayanne Moura Fernandes de Araujo²; Alana Brenda de Lima1; Karen Eduarda Borges do Nascimento Sousa1; Felipe Esdras do Nascimento Silva³.


Resumo: O crescimento da população idosa vem tornando-se uma realidade no decorrer dos anos, com isso surge a necessidade dos serviços de saúde estarem cada vez mais preparados para esse fato. Entre as dificuldades enfrentadas pelo idoso, a lesão por pressão (LPP) é uma condição que acomete bastante esses clientes, podendo agravar-se caso não haja um tratamento eficaz. Dentro desse cenário, foi feita uma revisão integrativa com o objetivo de apresentar a assistência do enfermeiro no manejo da LPP no idoso com o uso da laserterapia, através de evidências científicas. O principal resultado encontrado nesta pesquisa foi que a laserterapia de baixa intensidade proporciona uma resposta mais rápida e satisfatória na evolução da cicatrização das lesões apresentadas pelos pacientes idosos, atua como uma terapia adjuvante com efeitos de analgesia, ação anti-inflamatória, antiedêmica, favorecendo uma cicatrização mais rápida, proporcionando uma maior qualidade de vida. A Terapia de laser de baixa intensidade (TLBI) é de suma importância para os serviços de saúde, bem como uma grande aliada do enfermeiro no atendimento domiciliar, o uso dessa tecnologia possibilita ao paciente idoso um tratamento de excelência, dessa forma ressalta-se a importância de mais estudos científicos em torno dessa vertente para que haja mais conhecimento e autonomia do enfermeiro no tratamento da LPP no idoso com o uso da laserterapia.

Palavras-chave: Laserterapia. Lesão por pressão. Enfermagem. Idoso.

Abstract: The growth of the elderly population has become a reality over the years, with this arises the need for health services to be increasingly prepared to face this fact. Among the difficulties faced by the elderly, pressure injury (PPL) is a condition that affects these clients a lot, and can worsen if there is no effective treatment. Within this scenario, an integrative review was carried out with the objective of presenting the assistance of nurses in the management of PPL in the elderly with the use of laser therapy, through scientific evidence; the main result found in this research was that low intensity laser therapy provides a faster and more satisfactory response in the evolution of lesions presented by elderly patients, acts as an adjuvant therapy with analgesia effects, anti-inflammatory, anti-edematous action, favoring a more healing process. quickly, providing a better quality of life. Low Intensity Laser Therapy (LLLT) is of paramount importance for health services, as well as a great ally of the nurse in home care, the use of this technology allows the elderly patient to have an excellent treatment, thus emphasizing the importance of more scientific studies around this aspect so that there is more knowledge and autonomy of nurses in the treatment of PPL in the elderly with the use of LTBI.

Key-words: Lasertherapy. Pressure injury. Nursing. Elderly.

1. INTRODUÇÃO

O aumento da população idosa é considerado um evento global, Segundo John Wilmoth, diretor da divisão populacional do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (ECOSOC) da Organização das Nações Unidas (ONU), a continuidade do sucesso da redução da mortalidade, entre idosos, e a redução de mortes causadas por doenças cardíacas, câncer e outras anteriormente consideradas intratáveis, contribuíram para o maior envelhecimento da população mundial (ONU, 2017).

Portanto, o serviço de saúde precisa estar preparado para atender cuidados inerentes aos idosos, o envelhecimento traz consigo alterações cutâneas na pele tornando-a mais frágil, e com baixo nível de fibras elásticas e colágenas, além de alterações fisiológicas, outros fatores requerem atenção, pois os mesmos contribuem para o surgimento da Lesão Por Pressão (LPP), sendo eles: lesão medular, diabetes, internações prolongadas, incontinência fecal e urinária, aumentando o alerta para a necessidade de um cuidado preventivo e de tratamento especializado (GARCIA et al., 2022; BARBOSA et al., 2021).

A LPP é caracterizada como uma ferida resultante de uma pressão prolongada em uma superfície, levando a morte celular, comumente isso acontece em uma região de proeminência óssea, as causas para adquirir uma LPP são multifatoriais, tais como: 1 – Ocasionada por condições do ambiente externo que estão ligadas ao mecanismo da lesão; 2 – Forças de cisalhamento; 3 – Fricção quando há atrito entre duas superfícies e 4 – Condições que afetam o estado físico dos pacientes, como por exemplo: comorbidades, mobilidade prejudicada, estado nutricional, utilização de medicamentos e perda da consciência cognitiva (GARCIA et al., 2021).

O National Pressure Injury Advisory Panel (NPIAP) que em português tem a seguinte tradução: Painel Consultivo Nacional de lesão por pressão, classifica as LPPs distribuídas em 8 estadiamentos: Estágio 1, estágio 2, estágio 3, estágio 4, LPP não classificável, LPP de tecido profundo, LPP estando relacionadas com dispositivos médicos e LPP em membranas mucosas. Conforme o estágio, a ferida avança e vai ficando mais exposta e requer uma atenção especial no seu tratamento (ARAÚJO et al., 2019; EDSBERG et al., 2016).

O Enfermeiro é capacitado para avaliar e dar o diagnóstico de enfermagem, podendo implementar uma melhor conduta para prevenir ou tratar a LPP, através da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que tem como pilares: coleta de dados, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação e avaliação. Conforme está descrito no anexo da resolução do COFEN Nº 0567/2018 determina que o enfermeiro desenvolva e implemente plano de intervenção para o indivíduo em risco de desenvolver LPP, através de elaboração de protocolos, seleção e indicação de novas tecnologias mediante capacitação (COFEN, 2009, 2018).

Dentro desse contexto, o tratamento convencional para a LPP é fazer uma limpeza antisséptica, desbridamento quando necessário e selecionar a cobertura de acordo com a necessidade da lesão, como: pomadas, géis ou placas e finalizar com uma cobertura secundária fazendo a oclusão da lesão. Com o avanço da tecnologia, surgiu a Terapia a laser de baixa intensidade (TLBI) que se destaca como uma das laserterapias da qual o enfermeiro é respaldado para manusear de forma local e sistêmica, utilizada para a evolução da cicatrização tecidual, sendo um tratamento adicional associado a um cuidado convencional. O laser de baixa intensidade (LBI), tem uma série de efeitos em tecidos vivos, por exemplo: efeitos analgésicos, antiedematosos, anti-inflamatórios, estimula a síntese do colágeno, a microcirculação, a revascularização, a proliferação celular e acelera o processo de cicatrização, promovendo uma melhora que repercute no bem-estar dos idosos (LUCENA et al., 2021).

A enfermagem assume um importante papel no cuidado do paciente idoso com LPP, pois diversas barreiras são encontradas para promover a cicatrização de uma lesão de forma eficaz. Pensando em melhorar a qualidade de vida do paciente idoso, a pergunta que norteou esse artigo foi: Qual a importância do enfermeiro utilizar a laserterapia no tratamento de LPP no idoso? O estudo em torno da TLBI com base em evidências científicas se faz necessário para os profissionais enfermeiros se capacitarem nesse tratamento, proporcionando ao idoso uma assistência humanizada. Acredita-se que com o uso do LBI no manejo da LPP em idosos, otimizaria a cicatrização, diminuiria as co-infecções, doenças oportunistas e comorbidades, proporcionando assim maior qualidade de vida.

Assim, o presente artigo traz como objetivo geral: Apresentar a assistência do enfermeiro no manejo da LPP no idoso com o uso do LBI através de evidências científicas, e de maneira específica: Conhecer a problematização da LPP no idoso; apresentar a inovação do LBI no tratamento de lesões e descrever as vantagens no cuidado do enfermeiro utilizando o LBI em idosos com LPP.

1.2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura com coleta de dados realizada a partir de fontes secundárias, por meio de levantamento bibliográfico, para melhorar a assistência do cuidar com bases científicas (SOUZA et al., 2010).

Esta revisão foi realizada a partir das etapas de formulação da pergunta norteadora, amostragem ou busca nas bases de dados, extração de dados dos estudos, avaliação dos estudos incluídos, análise e síntese dos resultados e apresentação da revisão.

A busca foi feita nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), incluindo, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e no portal de periódicos Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Foi realizada durante os meses de agosto a novembro de 2022, através das seguintes combinações de descritores: “Enfermagem AND Lesão por pressão AND idoso”; “Enfermagem AND laserterapia”; “Enfermagem AND laserterapia AND lesão por pressão”.

Estabeleceu-se como critérios de inclusão artigos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol, completos, publicados no período do ano de 2012 a 2022, na íntegra e que retratassem a temática. E como critérios de exclusão, foram excluídos artigos indisponíveis, duplicados nas bases de dados, revisão sistemátic ou integrativa e que fugissem da temática proposta, conforme a figura 1

Figura 1 – Fluxograma de busca dos artigos nas bases de dados. Natal, 2022.

Fonte: Elaboração dos autores, 2022.

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta revisão, como resultado do estudo, foram incluídos 6 artigos científicos: (3) LILACS e (3) SciELO, conforme o quadro 1:

Quadro 1 – Resultado dos artigos do estudo

AUTORTÍTULOPAÍS/ ANOREVISTAOBJETIVO
A1BARBOSA, et al.Lesão por pressão em idosos hospitalizados: prevalência, risco e associação com a capacidade funcional.Brasil, 2021.Enfermagem em FocoIdentificar em idosos hospitalizados a prevalência e o risco para o desenvolvimento de lesão por pressão, além de verificar a associação com causas clínicas e capacidade funcional.
A2CUNHA, et al.Construção e validação de um algoritmo para aplicação de laser no tratamento de feridas.Brasil, 2017.Rev. Latino-Ameri cana de Enfermagem .Construir e validar o um algoritmo para laserterapia em feridas.
A3GARCIA, et al.Diagnóstico de enfermagem em pessoa idosa com risco para lesão por pressão.Brasil, 2022.Rev. Escola de Enfermagem USPElaborar diagnósticos de enfermagem e plano de cuidados para indivíduos idosos com lesão por pressão com base nos fatores de risco, visando a prevenção de sua ocorrência nas pessoas idosas hospitalizadas.
A4LUCENA, et al.Laser em feridas: translação do conhecimento para uma prática efetiva e inovadora na enfermagem.Brasil, 2021.Rev. Gaúcha de EnfermagemDescrever a translação do conhecimento obtido em pesquisa sobre terapia a laser de baixa potência para o tratamento de feridas na prática clínica.
A5SOUSA, et al.Laser de baixa intensidade na cicatrização de lesão por pressão estágio 3: Relato de experiência.Brasil, 2022.Rev. Enferm Atual In DermeRelatar as experiências de uma enfermeira especialista na condução de um caso clínico de uma paciente idosa com lesão por pressão (LPP) estágio 3, submetida a terapia de laser de baixa intensidade.
A6PALAGI, et al.Laserterapia em úlcera por pressão: avaliação pelas pressure ulcer scale for healing e nursing outcomes classification.Brasil, 2015.Rev. Escola de Enfermagem USP.Acompanhar o processo de cicatrização de uma úlcera por pressão em paciente crítico pelo o uso de técnicas de medicação não invasivas, as quais são capazes de definir as etapas da evolução da lesão de forma mais sensível, objetiva, reprodutível, incomparável, do que a avaliação clínica isolada.
Fonte: Elaboração dos autores. Natal, 2022.

2.1 PROBLEMATIZAÇÃO DA LPP NO IDOSO

Os idosos são os indivíduos mais propícios a adquirirem uma LPP, pois a junção de fatores fisiológicos e fisiopatológicos contribuem para um ambiente favorável para desenvolver uma lesão por pressão, esses pacientes têm grandes chances de internação hospitalar, uso de cadeiras de rodas no dia a dia, bem como apresentar mobilidade reduzida, esses fatores levam a uma imobilização e pressão prolongada, dessa forma, a pele que já vem sofrendo mudanças fisiológicas fica cada vez mais fragilizada, contribuindo assim para um cenário propício ao surgimento de uma lesão (GARCIA et al., 2020)

A lesão por pressão é definida como uma das principais dificuldades no que tange a saúde pública. É imprescindível que o enfermeiro, ou profissional da saúde que irá atuar na prevenção e tratamento a LPP nos idosos se capacitem e conheçam bem uma LPP, prestando uma assistência humanizada e de qualidade, atentando-se a conhecer a necessidade do paciente idoso e fazer uso de um tratamento eficaz que possibilite ao paciente uma resposta satisfatória no processo de cicatrização da lesão por pressão (BERNARDES et al., 2018).

No estudo A3, foi coletado dados de pacientes com faixa etária igual ou superior a 60 anos que estavam internados, o cenário de pesquisa foi um hospital vinculado a uma instituição federal de ensino superior (IFES) para mostrar a importância de se conhecer a condição clínica do idoso e os cuidados de enfermagem. A condição clínica do paciente idoso é observada quando feita uma anamnese e exame físico atentando-se para o paciente como um todo, fez-se necessário a elaboração do diagnóstico de enfermagem e plano de cuidados para os idosos portadores de LPP, pois um plano de intervenção bem elaborado contribui para a cicatrização da lesão, evitando assim que essa lesão aumente de estágio, impedindo maiores complicações. O artigo A4 reforça essa ideia cujo enfatiza que o cuidado com a pele sempre esteve presente no âmbito da enfermagem e faz-se necessário a busca pelo conhecimento, atentando-se para as necessidades do paciente para promover uma assistência de excelência (GARCIA et al., 2020; LUCENA et al., 2021).

O A1 é um estudo descritivo realizado em um hospital universitário com idosos de faixa etária igual ou superior a 60 anos que buscam identificar os fatores de risco para desenvolver LPP e sua prevalência. O artigo mostra que os idosos dependentes de cuidados, tendem a ter mais chances de apresentar feridas, contudo, aqueles que conseguem realizar suas atividades diárias quando passam por um processo de internação, também podem desenvolver lesões, a princípio, mais brandas. Sendo assim, destaca-se a importância do papel do enfermeiro, o qual precisa conhecer o processo de envelhecimento e suas peculiaridades, notando-se a importância de conhecer a problematização da LPP nos idosos, buscando conhecimentos necessários para aprender a lidar com cada situação desse processo saúde-doença em torno da lesão (BARBOSA et al., 2021).

2.2 A INOVAÇÃO DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE (LBI)

A palavra LASER é formada pelas iniciais de “Light Amplification By Stimulated Emission Of Radiation”, em português, Amplificação da Luz por Emissão

Estimulada de Radiação. O laser pode ser aplicado através da técnica Intravascular Laser Irradiation of Blood (ILIB) que em português tem a seguinte tradução: Irradiação de sangue por laser intravascular, que tem efeito sistêmico com ação direta na corrente sanguínea, agindo na produção das prostaglandinas, que é um forte antiagregante plaquetário com ação vasodilatadora e facilitando a passagem da hemácia, melhorando a oxigenação e retirando metabólicos tóxicos, bem como, tem a técnica local que penetra na pele e transfere os fótons para os elétrons da membrana mitocondrial, assim aumentando os níveis dos prótons e do trifosfato de adenosina (ATP), os processos químicos e eletroquímicos que ocorrem na membrana mitocondrial aceleram a atividade celular, ajudando a cicatrização das lesões, esse processo da atividade que o laser faz nas células está ilustrada no fluxograma a seguir (ANDRADE et al., 2014; BERNARDES et al., 2018).

Figura 2 – Fluxograma da ação da laserterapia de forma local e sistêmica. Natal, 2022.

Fonte: Elaboração dos autores, 2022.

O LBI apresenta-se em vermelho e infravermelho. O laser vermelho de comprimento de onda 660 nanômetros (±10 nM) é indicado para acelerar a cicatrização e a drenagem linfática local, associado com o corante azul de metileno que age como Photodynamic Therapy (PDT) em português, terapia fotodinâmica gerando liberação de radicais livres agindo com efeito bactericida em áreas contaminadas e o infravermelho com comprimento entre 808 nanômetros (±10 nM) apresenta a capacidade de alcançar maiores profundidades, aplicado para efeito analgésico, processo inflamatório, reparação tecidual e disfunções neuromusculares. Além de ser indicado para o controle de sintomatologia dolorosa, para o reparo neural e drenagem local sobre os linfonodos (BRASIL, 2019).

Os efeitos do LBI também podem ser observados no comportamento dos linfócitos, aumentando sua proliferação e ativação; sobre os macrófagos, aumentando a fagocitose; elevando a liberação de fibroblasto e intensificando a reabsorção tanto de fibrina quanto de colágeno. Além disso, contribuem para elevar a movimentação de células epiteliais, promover um tecido de granulação, e podem diminuir a síntese de mediadores inflamatórios. Sua ação pode ser observada sobre a redução da área de feridas cutâneas. O LBI na atualidade é um dos principais recursos utilizados pelos profissionais da saúde no tratamento de feridas de forma adjuvante (ANDRADE, et al., 2014; CUNHA, et al., 2017).

No artigo A5 foi feito um estudo de coorte, foram selecionados dois grupos: grupo controle e grupo de intervenção, com idosos acima de 60 anos, os mesmos apresentavam lesões. Através da TLBI, os enfermeiros conseguiram identificar um avanço considerável de diminuição da lesão e formação de tecido de cicatrização, além de observar que houve redução no uso de analgésicos por esses pacientes que participaram do grupo de intervenção, observou-se assim, que o laser é uma tecnologia inovadora e efetiva que vem se mostrando muito eficaz no tratamento da LPP, acelerando o processo de cicatrização, além de trazer outros benefícios como alívio da dor, ação anti-inflamatória e redução de edema (LUCENA et al., 2021; OSMARIN, et al., 2021).

2.3 PAPEL DO ENFERMEIRO NO MANEJO DA LPP NO IDOSO COM O USO DA LASERTERAPIA

O enfermeiro é o profissional que compõem a equipe de enfermagem, responsável por exercer atividades coletivas e privativas de sua categoria, conforme a lei 7.498 de 25 de junho de 1986. Tendo papel importante no processo de enfermagem da SAE, cabendo-lhe privativamente a prescrição de enfermagem, utilizando de fontes teóricas, como descreve a resolução 358/2009. Procedendo sobre lesão tegumentar, o enfermeiro é responsável pela avaliação e elaboração de protocolos, selecionando e indicando novas tecnologias de prevenção e tratamento para melhor assistir ao paciente, com risco ou portador de feridas, descrito na resolução 567/2018 (BRASIL, 1986; COFEN, 2009, 2018a).

Tratando-se de tecnologia, a TLBI vem ganhando espaço na área da enfermagem, baseando-se em evidências científicas para uma evolução mais rápida no tratamento de pacientes portadores de feridas, com melhora na resposta inflamatória, edema, angiogênese e epitelização. Quando se refere a enfermagem, o uso do laser é privativo do enfermeiro, recomenda-se que faça pós-graduação em dermatologia e capacitação através de cursos específicos que abordem a prática com conhecimento de física, biofotônica, interação laser e tecido biológico, dosimetria, além de aprofundamento em fisiologia e reabilitação, regulamentado pelo parecer 13/2018. A resolução 114/2021 também trata sobre a utilização da TLBI na técnica ILIB, tendo em vista que a laserterapia apresentou evidências científicas na aplicação de forma cutânea como também de forma sistêmica, respaldando o enfermeiro para a utilização dessa técnica, mediante a atualizações e conhecimentos científicos (COFEN, 2018b, 2021).

No relato de experiência do A4, a partir dos resultados encontrados na TLBI no ensaio clínico randomizado (ECR), foi realizado um curso de “aplicação da laserterapia: o que o enfermeiro precisa saber”, com a participação de 13 enfermeiros que tinham experiência no cuidado de ferida, com duração de 30 horas, sendo 14 horas teóricas e 16 horas práticas. Foram atendidos em torno de 50 pacientes, no hospital indicado para o estudo, sendo os principais casos os de lesão por pressão, úlcera venosa, pé diabético e deiscências de feridas pós-operatórias. Utilizou-se aparelhos de LBI com infravermelho 808nm e vermelho 660nm, com o consentimento dos pacientes para a intervenção.

Após aplicação da TLBI, os participantes também avaliaram no que tange a regeneração tecidual, antes e após o estudo, com uso dos indicadores clínicos dos resultados do nursing outcomes classification (NOC) que em português significa: classificação de resultados de enfermagem, cicatrização de feridas: segunda intenção e integridade tissular: pele e mucosas com instrumento adaptado do ECR. Com isso o curso habilitou os 13 enfermeiros para o uso da TLBI, o que possibilitou implementar o uso dessa terapia como adjuvante ao tratamento de pacientes com feridas agudas e crônicas em diversos setores da instituição (LUCENA, et al., 2021).

Tratando-se especificamente de LPP, foi evidenciado uma evolução significativa no estudo de caso do A6, aposentado com histórico de paraplegia secundária após um acidente automobilístico, portador de hipertensão arterial, diabetes mellitus compensado, etilismo ativo, ex-tabagista e LPP em região sacral e de glúteos há cerca de um ano. A coleta de dados foi realizada por 3 enfermeiras, sendo 1 especialista em dermatologia, a qual fez aplicação do LBI na perilesão de forma pontual e no leito da ferida na técnica de varredura, uma vez ao dia, três vezes por semana, por um período de cinco semanas consecutivas, totalizando 15 aplicações.

Observou-se uma evolução de 7 cm para 1,5 cm de comprimento e de 6 cm para 1,1cm de largura em um período de cinco semanas. Além do aumento do tecido de epitelização e de granulação, diminuição da secreção serossanguinolenta e do odor da ferida. Acredita-se que a evolução pode ser explicada pelo fato de a TLBI levar liberação de histamina, serotonina e bradicinina, o que resulta em estímulo da produção de ATP e da microcirculação, aumentando as taxas de regeneração da epiderme, ação analgésica, anti-inflamatória, antiedematosa e cicatrizante (PALAGI, et al., 2015).

Para a utilização da TLBI é importante que o enfermeiro consiga olhar para a lesão e faça o diagnóstico de qual estadiamento se encontra, tipos de tecidos e características, para assim conseguir implementar a melhor conduta, no A2 no estudo metodológico selecionado durante a pesquisa, os pesquisadores criaram um algoritmo, conforme está descrito no anexo – 1, no qual o profissional conseguiria selecionar o momento, a forma e a quantidade de joules para a utilização do LBI, facilitando o manejo do laser e proporcionando uma melhor evolução para a lesão. Conseguiram aprovação para implementar mostrando resultado e melhoria da assistência prestada ao paciente, com cuidado individualizado e sistematizado (CUNHA et al., 2017).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A senescência e senilidade que todo idoso enfrenta no decorrer da vida, favorece que a LPP seja um evento na vida desses pacientes. Diante disso, o presente artigo mostra o quanto é importante que o enfermeiro possua conhecimento para poder prestar uma assistência de qualidade ao idoso, dentro desse cenário, o LBI mostrou-se como uma tecnologia bastante eficaz para o tratamento de LPP no idoso, pois por meio da laserterapia, nota-se que o processo de cicatrização é mais rápido, além de proporcionar analgesia e redução do processo inflamatório.

Assim sendo, essa tecnologia é muito relevante para os serviços de saúde, bem como um instrumento para o enfermeiro no atendimento hospitalar e domiciliar, pois, contribui para que haja um avanço significativo dos pacientes idosos acometidos de LPP. Em suma, através dos resultados encontrados neste estudo, foi possível responder os objetivos traçados.

No entanto, sugere-se que haja mais estudos a respeito do uso da laserterapia no tratamento da LPP no paciente idoso, por se tratar de algo que otimiza o tratamento e favorece a qualidade de vida, porém foi visível a escassez de artigos envolvendo esse tema especificamente. A maior parte dos artigos encontrados durante a busca bibliográfica foram revisões e poucos estudos de caso randomizados. Ressalta-se a importância da realização de estudos clínicos que evidenciam a relevância do uso do LBI por enfermeiros em idosos portadores de LPP, bem como irá contribuir para que os enfermeiros tenham mais conhecimento e interesse de usufruir desta tecnologia tão benéfica.

REFERÊNCIAS

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¹Acadêmicos do curso de Enfermagem da Universidade Potiguar da rede Ânima Educação.
²Enfermeira, Mestre em Ciências Farmacêuticas – Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. Doutoranda em Ciências da Saúde – UFRN.
³Acadêmico do curso de Fisioterapia – Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.