UTILIZAÇÃO DA FOTOBIOMODULAÇÃO VASCULAR SISTÊMICA ASSOCIADA À TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS NO TRATAMENTO DA LOMBOCIATALGIA

USE OF VASCULAR SYSTEMIC PHOTOBIOMODULATION ASSOCIATED WITH PHYSIOTHERAPEUTIC TECHNIQUES IN THE TREATMENT OF LUMBOSCIATICA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12774146


Verônica Penco Figueiredo1
Isabelle Godinho Tuza1
Elaine Aparecida Pedrozo Azevêdo2
Fábio Augusto d´Alegria Tuza2


RESUMO

A Fotobiomodulação Vascular Sistêmica (FBMV), também conhecida como terapia a laser de baixa intensidade, tem surgido como uma terapia promissora no tratamento da lombociatalgia. Este estudo investiga a eficácia da FBMV quando combinada com técnicas fisioterapêuticas tradicionais, como exercícios de alongamento, liberação miofascial e mobilização neural. A lombociatalgia, caracterizada pela dor irradiada do nervo ciático, resulta de compressões nervosas oriundas de hérnias de disco ou estenose espinhal. A FBM atua reduzindo a inflamação, aliviando a dor e promovendo a regeneração tecidual através da modulação de processos celulares e bioquímicos. Os resultados indicam melhoras na redução da dor, na mobilidade articular e na qualidade de vida dos pacientes. Esse estudo é uma revisão bibliográfica, realizada pelo levantamento bibliográfico através de 15 artigos. Por esse meio, o presente trabalho procura apresentar um estudo sobre abordagens que confirmam as práticas aplicadas na clínica baseada no caso clínico. A pesquisa surge através da busca: Fotobiomodulação; Abordagens; Fisioterapêuticas; Lombociatalgia. Conclui-se que a associação da FBMV às técnicas fisioterapêuticas constrói uma abordagem eficaz e inovadora no tratamento da lombociatalgia, destacando a necessidade de protocolos padronizados e de mais pesquisas para otimizar os resultados clínicos.

Palavraschave: Fotobiomodulação; Abordagens; Fisioterapêuticas; Dor Lombar Lombociatalgia.

ABSTRACT

Systemic Vascular Photobiomodulation (SBMV), also known as low-intensity laser therapy, has emerged as a promising therapy in the treatment of low back pain. This study investigates the effectiveness of FBMV when combined with traditional physical therapy techniques such as stretching exercises, myofascial release and neural mobilization. Lumbosciatica pain, characterized by radiating pain from the sciatic nerve, results from nerve compressions resulting from herniated discs or spinal stenosis. FBM works by reducing inflammation, relieving pain and promoting tissue regeneration through the modulation of cellular and biochemical processes. The results indicate improvements in pain reduction, joint mobility and quality of life for patients. This study is a bibliographic review, carried out by bibliographic survey through 15 articles. Therefore, the present work seeks to present a study on approaches that confirm the practices applied in the clinic based on the clinical case. The research arises through the search: Photobiomodulation; Approaches; Physiotherapeutics; Lumbosciatica. It is concluded that the association of FBMV with physiotherapeutic techniques builds an effective and innovative approach in the treatment of low back pain, highlighting the need for standardized protocols and more research to optimize clinical results.

Keywords: Photobiomodulation; Approaches; Physiotherapeutics; Low back pain; Lumbosciatica.

INTRODUÇÃO

A lombociatalgia, é uma condição clínica caracterizada pela dor irradiada ao longo do trajeto do nervo ciático, a partir da região lombar até os membros inferiores1. Esta patologia é uma manifestação comum da radiculopatia lombar, muitas vezes resultante de hérnia de disco, estenose espinhal, ou outras lesões compressivas que impactam as raízes nervosas lombossacrais. A dor pode ser acompanhada por sintomas neurológicos como parestesia, fraqueza muscular e hiporreflexia.

As estruturas musculoesqueléticas englobadas no movimento humano são ossos, músculos com tendões e bainhas sinoviais, estruturas articulares como sacos e cartilagens, meniscos, cápsulas e ligamentos3. Na manobra de elevação da perna, o tamanho do nervo ciático aumenta de 8% a 12%, fazendo com que o sistema nervoso se movimente, e esse movimento gera tensão transmitida não apenas pelos músculos, pele e fáscia, mas também pelo sistema nervoso4.

Dessa forma, a mobilização do sistema nervoso é aplicada a partir da apresentação de queixas cuja origem pode ser consequência de comprometimento biomecânico ou resposta inflamatória. Nesse viés, os sinais e sintomas inevitavelmente coexistirão5. Assim, se alguma mudança dinâmica do sistema nervoso restringir sua mobilidade, o movimento corporal será afetado e impactará tanto sua mobilidade global quanto sua capacidade de transmitir o estresse6. Assim normalmente não se apresenta de doenças específicas, mas sim de um conjunto de causas, entre elas fatores sociodemográficos, comportamentais, atividades cotidianas, como trabalho físico pesado, movimentos repetitivos e posição viciosa.

O diagnóstico da lombociatalgia é realizado por meio de uma boa anamnese e exame físico, que inclui inspeção estática e dinâmica, avaliação da marcha, da amplitude de movimento e mobilidade articular, manobras especiais provocativas, avaliação neurológica (força muscular, sensibilidade e reflexos), palpação e avaliação de pontos-gatilho miofasciais6.Os exames de imagem, como radiografia, tomografia e ressonância magnética são complementares. Quando a dor se mostra incapacitante e disfuncional é fundamental instituir tratamento para propiciar melhora da qualidade de vida do indivíduo.

O tratamento medicamentoso também está sugerido, com a utilização de anti-inflamatórios, analgésicos e medicações adjuvantes para o controle e alívio da dor, com analgésicos e anti-inflamatórios, fisioterapia, e em casos refratários, intervenções cirúrgicas. A compreensão aprofundada dos mecanismos fisiopatológicos e o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes são essenciais para o tratamento adequado da lombociatalgia7.

Assim, é neste contexto que a Fotobiomodulação Vascular Sistêmica (FBMV) ganha notoriedade visto que é um tratamento não-invasivo à base de luz nos comprimentos de onda do vermelho ou infravermelho próximo, que ao entrar em contato com os alvos celulares pela absorção do comprimento de onda específico da luz inicia processos biológicos que são capazes de produzir ação anti-inflamatória, analgésica e cicatrizante no tecido8.

Com isso, os efeitos benéficos a nível celular observados na FBMV são ocasionados pela interação da luz com a mitocôndria, especificamente com o cromóforo Citocromo C Oxidase (CCO), que aumenta a sua atividade em virtude da foto dissociação do óxido nítrico (NO). As espécies reativas de oxigênio e os fatores de transcrição também são responsáveis por proporcionar esses efeitos, que são desencadeados na síntese de proteínas que proporcionam a proliferação e migração celular, aumento de enzimas antioxidantes e antiapoptóticas, bem como o aumento da oxigenação do tecido e entre outras alterações9.

A Fotobiomodulação, se sobressai por customizar os parâmetros específicos baseando-se no princípio físico de que quanto mais melanina ou tecido adiposo, maior a absorção ou espalhamento da luz.  Dessa forma, menos fótons atingem os cromóforos do tecido alvo, encontrados abaixo da pele, os quais são responsáveis por acionar os processos biológicos que são responsáveis pelo bom funcionamento da FBMV10,11

Assim, na FBMV existe uma compensação dos parâmetros levando em consideração este princípio físico para que a entrega dos fótons nos cromóforos seja efetiva e a terapia seja eficaz para todos os pacientes, independentemente de suas características físicas. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da FBMV mediante o caso clínico do paciente com lombociatalgia, com o intuito de minimizar a intensidade da dor, melhorar a funcionalidade e qualidade de vida desse paciente.

MÉTODOS E MATERIAIS 
METÓDOS 

O estudo de caso foi realizado na Clínica de Ensino de Fisioterapia do Campus I da Universidade Iguaçu, no município de Nova Iguaçu, RJ. O trabalho foi realizado com um adulto com 59 anos, diagnosticado com lombociatalgia. A avaliação foi norteada para os tópicos imprescindíveis como o diagnóstico médico, a história da doença atual, história patológica pregressa, história social, sinais vitais, exame físico, diagnóstico cinético funcional, tratamento proposto e prognóstico fisioterapêutico.

O tratamento foi baseado nos achados durante a avaliação e elencados visando alcançar os objetivos do tratamento. O tratamento proposto foi:  Fotobiomodulação sistêmica vascular, Liberação miofascial instrumental e manual com a utilização de óleo ozonizado, Pompage lombar, Mobilização neural nervo ciático e Alongamento terapêutico passivo.

CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 

Este estudo foi realizado com o consentimento da paciente, que assinou o TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO permitindo a utilização dos dados para a descrição do relato de caso. De acordo com o CEP/CAAE: 51045021.2.0000.8044.

MATERIAIS

Materiais de avaliação

  • Goniômetro (Carci);
  • Fita métrica;
  • Simetrógrafo;
  • Martelo de reflexos Buck;
  • Diapasão;
  • Balança antropométrica.

Materiais de atendimento

  • Termômetro digital (Premium); 
  • Cronômetro digital;
  • Esfigmomanômetro (Premium);
  • Estetoscópio (Littmann Cardiology III);
  • Oxímetro de dedo (GTech);
  • ILIB pulseira Original ECCO Nice Plus;
  • Pistola de percussão Phoenix-A2;
  • Óleo ozonizado;
  • Maca.
PRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO

Paciente: O.L.S: sexo masculino, 59 anos.

Diagnóstico médico: Lombociatalgia.

Queixa principal: “Dor nas costas e dificuldade de andar por causa da dor na perna direita”.

História da doença atual: Paciente de 59 anos, relata que em meados de 2019, acordou com uma forte dor na região lombar que irradiava para o MID até altura da articulação talocrural, a princípio não buscou atendimento médico e por conta própria, iniciou a medicação analgésica. Em 2020, procurou atendimento médico especializado, ortopedista, que solicitou exame de ressonância magnética nuclear (RMN) da coluna lombar, onde foi constatado várias alterações em todo segmento da coluna lombar, nesse período, realizou somente tratamento medicamentoso, devido isolamento social imposto pela pandemia da época. Também realizou a primeira perícia médica para fins previdenciários, onde foi concedido afastamento laboral. Em 2021, iniciou atendimento fisioterapêutico em outro serviço, pelo período de aproximadamente quatro meses. Em 2022, realizou outro exame de RMN, mantendo os padrões das alterações do exame anterior. Em 2023, realizou uma radiografia de coluna lombar e uma nova perícia médica para fins previdenciários, sendo concedido afastamento laboral pelo período de 24 meses, em agosto de 2023, iniciou atendimento na Clínica Ensino em Fisioterapia, retornando nesse período para dar continuidade ao atendimento fisioterapêutico após o recesso. Realiza acompanhamento para tratamento da lombociatalgia, com ortopedista pelo menos 2 vezes ao ano.

História da patologia pregressa: Doenças da infância, catapora e amigdalites de repetição. Em 2013, realizou uma safenectomia, devido uma trombose venosa profunda (TVP) em MID. Em 2014, realizou uma exérese em região dorsal direita na altura de T2 – T3, para retirada de um lipoma, em ambiente ambulatorial, sob anestesia local, passados quatro anos, foi submetido a uma segunda exérese, na mesma região sendo agora um ambiente hospitalar, sob anestesia geral e permanecendo hospitalizado por três dias no Hospital Federal de Andaraí (HFA). O paciente é hipertenso, não realiza acompanhamento médico especializado. Em julho de 2020, contraiu COVID-19, não necessitou de hospitalização, realizou imunização específica com quatro doses.

Medicamentos: Losartana Potássica 50 mg + Hidroclorotiazida 12,5 mg, uma vez ao dia pela manhã. Faz uso de medicação analgésica sem indicação médica S. O. S.

Histórico familiar: Genitor falecido há 10 anos aos 78 anos de infarto agudo de miocárdio, era hipertenso. Genitora com 83 anos, hipertensa. Irmã com 62 anos, hipertensa e cardiopata. Irmão com 56 anos, hipertenso. Irmão com 51 anos, hipertenso.

História social: Profissão: motorista de coletivo. Atualmente recebe auxílio por incapacidade laboral temporária, serralheiro por hobby, grau de escolaridade ensino fundamental incompleto. Reside com a esposa uma filha maior de idade, estudante universitária de enfermagem, em casa própria com seis cômodos e térrea. Possui um cachorro de estimação de médio porte, mora num bairro com o saneamento básico e com oferta de transporte públicos, escolas e unidades básicas de saúde. Atualmente não possui vícios, porém, já foi tabagista por aproximadamente 10 anos e está em abstinência a mais ou menos 25 anos. Na adolescência e no início da vida adulta praticou musculação, desde então não mais praticou nenhuma atividade física. Frequenta igreja evangélica duas vezes por semana.

Exame clínico-físico: Inspeção: depressão e rotação interna de ombro esquerdo, protusão abdominal, triângulo de tales assimétricos, cicatriz umbilical desviada para direita, quadril em retroversão, escoliose lombar convexa a esquerda, pés planos e abdutos. Apresenta marcha antálgica. Observação: inspeção postural prejudicada em razão do vestuário do paciente estar inadequado. Presença de lipoma em região dorsal direita na altura de T2 – T3 e duas cicatrizes cirúrgicas na mesma região. Veias tortuosas e dilatadas em MMII, em região de panturrilhas, dorsal dos pés e tornozelos, em região poplítea, do joelho direito, presença de cicatriz cirúrgica. Ambos os pés apresentam ressecamento e fissuras calcâneas. Região de tornozelos e dorsal dos pés coloração cutânea levemente mais escura em comparação a outras estruturas dos MMII e edema em MID.

Sinais vitais:

  • P.A 120×80 mmHg (normotenso);
  • F.C: 88 Bpm (normocárdico);
  • FR: 20 Rpm (eupneica);
  • Temperatura: 36 ºC (afebril);
  • Sato2 98% (normosaturando).

Palpação: Discreta protuberância em região lombar entre L3 – L4, sem queixas álgicas na manipulação. Cicatrizes cirúrgicas em região dorsal direita altura de T2 – T3, sendo a primeira com 6 cm e a segunda com 7 cm, sem aderências e um lipoma na mesma região com 8 cm, com bordas regulares, palpável e de consistência macia e elástica, quadro álgico ao toque (EVA 7). Abdômen globoso e rígido. Edema em MID com sinal de cacifo ausente, porém, com sinal de Stemmer presente com presença de pulso pedioso, tibial posterior e poplíteo sendo MIE (++++ / ++++) e MID (+++ / ++++), com temperatura cutânea semelhantes e ausência de pelos em MMII.

Teste articular do Quadril:                                             

LadoDE
Flexão40º90º
Extensão
Adução24º40º
Abdução15º
Rotação interna20º40º
Rotação externa15º40º

   Teste de força muscular:

LadoDE
Flexores
Extensores
Adutores
Abdutores

Circunferência:

LadoDE
Abdominal:116 cm
Panturrilha46 cm42 cm
Medial coxa58 cm55 cm

Mensuração real:

LadoDE
Medida real98 cm98 cm
Medida aparente104 cm106 cm

Teste específicos:

  • Lasegue – presente
  • Slump – presente
  • Schober – presente (12 cm)

Tetes reflexos e de sensibilidade:        

Preservados.

Diagnóstico cinético funcional:

  • Alteração da marcha;
  • Quadro álgico (EVA 8)
  • Diminuição do arco de movimento – ADM para movimentos do quadril;
  • Escoliose lombar, convexa à esquerda;
  • Hipomobilidade da coluna lombar;
  • Edema em MID;
  • Diminuição da força muscular.

Objetivos terapêuticos:

  • Curto prazo: Abolir ou diminuir quadro álgico e diminuir ou abolir edema.
  • Médio prazo: aumentar ou normalizar mobilidade da coluna lombar, reeducar marcha e favorecer conscientização postural.
  • Longo prazo: Aumentar ou normalizar ADM, abolir ou diminuir curvatura patológica da coluna lombar, aumentar ou normalizar força muscular, abolir edema e favorecer conscientização postural, melhorar a qualidade de vida nas atividades de vida diária.

Prognóstico: Favorável.

Plano terapêutico:

  • Fotobiomodulação sistêmica vascular (Terapia ILIB) por 30 minutos em artéria radial esquerda;
  • Liberação miofascial instrumental com pistola de percussão em região lombar e glútea;
  • Pompage lombar, 5 séries de 1 minuto cada;
  • Liberação miofascial manual com utilização de óleo ozonizado em região lombar e posterior de MMII;
  • Mobilização neural nervo ciático com movimentos oscilatórios por 1 minuto, associado a mobilização em flexão com 10 repetições de MMII com 3 séries de cada lado.
  • Alongamento terapêutico passivo dos grupamentos musculares de MMII, com 3 séries de 30 segundos de cada lado.
RESULTADOS & DISCUSSÃO

Primeiramente, vale ressaltar que desde a primeira aplicação da FBMV em 1999 na dor lombar crônica existem divergências nos resultados clínicos e consequentemente na literatura poucos estudos podem ser encontrados12. Com isso, é importante a realização de novos estudos que elucidem bem os efeitos da FBMV neste tipo de patologia13.

Dentre as manifestações clínicas que a lombociatalgia promove, a dor é o evento que mais incomoda e impacta na qualidade de vida dos pacientes. Desta forma, a redução da intensidade de dor promovida pela FBMV Customizada no estudo foi de extrema importância, visto que esta condição interfere na mobilidade e gera desconforto até mesmo na realização de tarefas básicas do cotidiano do paciente2. Após anamnese e exame físico, os objetivos do tratamento foram traçados conforme tabela 1.

Tabela 1: Objetivos Terapêuticos

Avaliação: 23/02/2023Reavaliação: 21/06/2024
Curto prazo: Abolir ou diminuir quadro álgico e diminuir edema.Curto prazo: diminuído quadro álgico e diminuído edema em MID, mas ainda apresenta edema residual.
Médio prazo: aumentar e normalizar mobilidade da coluna lombar, reeducar marcha e favorecer conscientização postural.Médio prazo: aumentado a mobilidade da coluna lombar, reeducado parcialmente a marcha e favorecido a conscientização postural.
Longo prazo: aumentar ou normalizar ADM em quadril, abolir ou diminuir curvatura patológica da coluna lombar, aumentar ou normalizar força muscular, abolir edema e favorecer conscientização postural.Longo prazo: aumentado ADM em quadril, diminuído a curvatura patológica da coluna lombar, normalizado a força muscular.

Neste estudo de caso, a redução média da intensidade da dor foi de 55,56%, indicando que a FBMV Customizada aplicada foi eficiente no tratamento da lombociatalgia. Usamos a Escala Visual Analógica (EVA) para mensuração do quadro álgico antes e após cada atendimento, sendo os resultados respectivamente 3,2 ± 2,4 e  2,1 ± 1,9. Os resultados corroboram com o estudo de Abdelbasset e colaboradores que utilizou a FBMV no tratamento de dor lombar crônica inespecífica, obtendo melhora significativa na avaliação da EVA, no Índice de Incapacidade de Oswestry, na Amplitude do Movimento de Flexão Lombar e no Questionário de Qualidade de Vida14. Podemos observar melhora do quadro álgico através de testes especifícos (Tabela 2) e da amplitude de movimento (Tabela 3)

Tabela 2: Testes específicos

Avaliação: 23/02/2024Reavaliação: 21/06/2024
Lasegue – presenteLasegue – ausente
Slump – presenteSlump – ausente
Schober – presente (12 cm)Schober – presente (14 cm)

Tabela 3: Teste Articular do quadril

DataAvaliação:  23/02/2024Reavaliação: 21/06/2024Graus de Movimento
LadoDEDE 
Flexão40º90º100º110º0-125
Extensão10º10º0-10
Adução15º15º15º0-15
Abdução24º40º40º40º0-45
Rotação interna20º40º40º45º0-45
Rotação externa 15º40º40º45º0-45

Holanda e colaboradores15 aplicaram FBMV no gânglio da raiz dorsal do segundo nervo espinhal lombar. No follow-up de um mês obtiveram redução demais de50% na dor, resultado avaliado pela Escala de Alívio da Dor. Já em relação a EVA, na comparação pré e pós tratamento, também houve uma redução de 55%, como o observado neste estudo15.

Vallone e colaboradores associou a FBMV com exercícios e avaliou a redução da dor em pacientes com dor lombar crônica. Neste estudo pela avaliação do EVA foi observado redução significativa nos escores de dor, indicando que a FBMV associada a exercícios também proporciona bons resultados na diminuição da dor16.

O estudo de Tantawy e colaboradores aplicou a FBMV combinada a exercícios em pacientes com dor lombar crônica inespecífica e foram observados diminuição na intensidade dor, redução na incapacidade e aumento do desempenho funcional17. Nesses estudos observa-se que a FBMV associada a outros métodos também promove a redução na intensidade de dor, porém nos nossos achados a utilizando como única forma de tratamento, também foi possível obter bons resultados tanto na intensidade de dor quanto da qualidade de vida dos pacientes.   Neste tipo de doença também é sugerido o tratamento medicamentoso para alívio da dor, especialmente quando a intensidade de dor é elevada, o que torna comum a frequência no consumo de medicamentos e na busca de atendimento em Pronto-socorro18.Embora na avaliação final quanto ao consumo de medicamentos em todos os pacientes responderam ao questionário, uma leve tendência de redução na frequência de consumo foi observada. Jana avaliação em relação a ida ao Pronto Socorro não houve busca dos pacientes para esse tipo de atendimento após a terapia. Estes resultados corroboram com a demonstração da eficácia da terapia no tratamento desta condição.

O tratamento cirúrgico também é indicado em alguns casos de lombociatalgia e, neste estudo, a mudança observada na indicação cirúrgica da maioria dos pacientes demonstrou que o tratamento proporciona melhora no quadro clínico do paciente a ponto de não ser mais necessária uma cirurgia para melhorar os aspectos de saúde causados por essa doença. Nos últimos anos, a FBMV demonstrou efeitos benéficos como analgesia, cicatrização e respostas anti-inflamatórias no tratamento de condições musculoesqueléticas19.

Na terapia a luz interage como tecido de forma não-invasiva e a resposta é dada por uma cascata de eventos biológicos para alívio da dor. Como consequência o uso da FBMV torna-se uma boa escolha de tratamento20. Embora a FBMV apresente a padronização dos parâmetros como um desafio nas inúmeras aplicações biológicas, os resultados obtidos neste estudo advindos do uso da FBMV indicam que a terapia é eficiente e eficaz.  Além disso, a FBMV promove melhora da oxigenação e controle dos sinais vitais. Na tabela 4 demonstramos a média e desvio padrão da pressão arterial sistólica (PAD) e diastólica (PAD) antes e após cada aplicação da FVMV.

Tabela 4: Relatório comparativo P.A durante os atendimentos.

 Pré AtendimentoPós Atendimento
PAS135,7 ± 13,3123,1 ± 24,9
PAD90,7 ± 8,184,2 ± 7,0

Vários estudos foram publicados investigando os efeitos da FBMV no desempenho do exercício e na recuperação pós-exercício, e há alguma revisão sistemática sobre esse campo disponível na literatura. Leal-Junior et al.,21 por exemplo, concluíram que o número de repetições e o tempo até a exaustão aumentaram após a fototerapia, principalmente quando aplicada antes dos exercícios, independente do comprimento de onda utilizado.

Corroborando com esses achados, Borsa et al.22 descobriram que a exposição do músculo esquelético a laser de diodo único e multidiodo, ou terapia LED multidiodo, mostrou afetar positivamente o desempenho físico ao atrasar o início da fadiga, reduzir a resposta à fadiga, melhorar a recuperação pós-exercício e proteger as células dos danos induzidos pelo exercício. O presente estudo atualiza o conhecimento na área, além de apresentar desfechos de força, como tempo de fadiga e exaustão, consumo de oxigênio, marcadores de estresse inflamatório e oxidativo e atividade de CK.

A maioria dos estudos analisou o desfecho de força, que foi avaliado pela contração voluntária máxima ou pico de torque. Antonialli et al.23 usando a combinação de comprimentos de onda de 640, 875 e 905 aumentou a contração voluntária máxima com 10 e 30 J aplicando fotobiomosulação no quadríceps. Da mesma forma, Vanin et al.24 obtiveram um aumento na contração voluntária máxima, utilizando uma dose de 10 e 50 J também no quadríceps, mas com comprimento de onda apenas de 810 nm.

Nesse estudo de caso, avaliamos a força muscular dos membros inferiores, graduando de 0 a 5 conforme tabela 5.

Tabela 5: Avaliação Da Força Muscular

DataAvaliação: 23/02/2024Reavaliação: 21/06/2024
LadoDEDE
Flexores4555
Extensores3555
Adutores2455
Abdutores2555

De Marchi et al.25 analisaram a capacidade isométrica com aplicação de laser no bíceps juntamente com Almeida et al.,15 analisando o pico de força, utilizou comprimento de onda de 660 e 830 nm e, ao contrário de outros estudos, uma dose menor de 5J. No entanto, também mostrou um aumento na força média de pico com aplicações de FBMV. No entanto, Dellagrana et al.26 não encontraram diferença no pico de torque durante a contração isométrica máxima com comprimento de onda 670, 850, 880 e 950 e dose 15, 30 e 60 J, realizando quatro sessões de FBM no quadríceps, regiões isquiotibiais e gastrocnêmio.

Nisso, se abre as possibilidades de tratamentos coadjuvante que podem ser combinados com o uso da FBMV, com a finalidade de estabelecer novas e complexas formas de tratar, diagnosticar ou explorar efetivamente várias doenças ou sintomas complexos, amparar a melhora da qualidade de vida e prolongar a vida, e a FBMV se enquadra nessa contextualização.

CONCLUSÃO

O presente estudo de caso clínico mediante o paciente diagnosticado com lombociatalgia demonstrou que a FBMV pode ser uma alternativa segura e capaz de promover diminuição na intensidade de dor e melhoria no estado geral de saúde do paciente até mesmo quatro semanas após tratamento. Apesar destes resultados sugerirem esta abordagem como uma alternativa terapêutica não-invasiva e eficaz, novos estudos com um número maior de pacientes se fazem preciso para a FBMV seja validada até mesmo para outras condições relacionadas a dores crônicas de pacientes que necessitam de uso de medicamentos ou são candidatos a cirurgia.

Esse achado demonstra a eficácia da FBMV na recuperação do músculo esquelético após o exercício. Na maioria dos estudos, promoveu melhora da contração voluntária máxima, aumento do tempo para atingir a exaustão e fadiga, além do ganho na amplitude de movimento. Mesmo considerando que a faixa do comprimento de onda vermelho tem efeito mais superficial, os melhores resultados foram observados em ambos os comprimentos de onda, principalmente quando a FBMV foi aplicada antes do exercício.

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¹ Discente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Iguaçu.

² Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Iguaçu.