NON PRESCRIBED USE OF PSYCHOSTIMULANTS AND ITS IMPACT ON ACADEMIC PERFORMANCE: A SYSTEMATIC OS THE LITERATURE
Graduação em Bacharelado em Medicina – Universidade Brasil – Fernandópolis/SP
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10689919
Danieli Cristina Fulanetti 1
Edis Rodrigues Junior 2
Fabiane Nara da Silva Jardim 3
Gustavo Ribeiro Farias 4
Isabela Eliza Vicenzi Bender 5
Juscelina Moraes de Oliveira 6
Lais Caroline Camargo Franco de Lima 7
Milena Almeida Pinheiro 8
Myllena Oliveira Sales 9
Raquel Porto Mendanha 10
RESUMO
Esta revisão aborda o uso não prescrito de psicoestimulantes entre estudantes universitários e seu impacto no sucesso acadêmico. O objetivo principal foi sintetizar e analisar criticamente a literatura existente sobre o tema, identificando padrões emergentes e lacunas na pesquisa. A estratégia de busca incluiu diversas bases de dados, utilizando termos relacionados ao uso não prescrito de psicoestimulantes e estudantes universitários. Os critérios de inclusão contemplaram estudos publicados nos últimos dez anos, escritos em inglês ou português, e que abordassem diretamente o tema em questão. A análise dos estudos revelou uma prevalência significativa do uso indiscriminado de psicoestimulantes, frequentemente associado à busca por aprimoramento cognitivo e melhorias no desempenho acadêmico. Identificaram-se lacunas na compreensão dos fatores motivacionais por trás desse comportamento e seus impactos a longo prazo na saúde dos estudantes. As limitações incluíram a heterogeneidade metodológica dos estudos e o viés de publicação. Conclui-se que são necessárias intervenções educativas e políticas para abordar as motivações subjacentes ao uso não prescrito de psicoestimulantes, bem como pesquisas futuras que investiguem os efeitos a longo prazo dessas substâncias e desenvolvam estratégias de prevenção mais eficazes. Esta revisão integrativa fornece uma visão abrangente do fenômeno, destacando a importância de uma abordagem holística e multidisciplinar para lidar com essa questão complexa no ambiente universitário.
Palavras-chave: Uso não prescrito de psicoestimulantes; Estudantes universitários; Sucesso acadêmico; Impacto no desempenho.
ABSTRACT
This integrative review addresses the non-prescribed use of psychostimulants among university students and its impact on academic success. The main objective was to synthesize and critically analyze the existing literature on the subject, identifying emerging patterns and gaps in research. The search strategy included various databases using terms related to non-prescribed use of psychostimulants and university students. Inclusion criteria encompassed studies published in the last ten years, written in English or Portuguese, and directly addressing the subject matter. Analysis of the studies revealed a significant prevalence of indiscriminate use of psychostimulants, often associated with seeking cognitive enhancement and improvements in academic performance. Gaps were identified in understanding the motivational factors behind this behavior and its long-term impacts on student health. Limitations included methodological heterogeneity of the studies and publication bias. It is concluded that educational and policy interventions are needed to address the underlying motivations for non-prescribed use of psychostimulants, as well as future research investigating the long-term effects of these substances and developing more effective prevention strategies. This integrative review provides a comprehensive overview of the phenomenon, highlighting the importance of a holistic and multidisciplinary approach to addressing this complex issue in the university setting.
Keywords: Non-prescribed use of psychostimulants; University students; Academic success; Impact on performance.
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem-se observado um aumento preocupante no uso não prescrito de psicoestimulantes por parte de estudantes universitários. Essas substâncias, como o metilfenidato e a lisdexanfetamina, são frequentemente utilizadas para melhorar o desempenho acadêmico, aumentar a concentração e prolongar o tempo de estudo. No entanto, esse comportamento levanta questões éticas, de saúde e de segurança, além de apresentar potenciais consequências negativas para o bem-estar dos estudantes.
Compreender o impacto desse uso não prescrito de psicoestimulantes no sucesso acadêmico dos estudantes é de suma importância. O ambiente universitário é altamente competitivo e demanda um alto nível de desempenho acadêmico para alcançar os objetivos educacionais e profissionais. Nesse contexto, o uso indiscriminado dessas substâncias pode influenciar diretamente a saúde mental, o rendimento acadêmico e o bem-estar geral dos estudantes.
Portanto, esta revisão busca sintetizar e analisar criticamente a literatura existente sobre o uso não prescrito de psicoestimulantes entre estudantes universitários e seu impacto no sucesso acadêmico. Os objetivos incluem identificar os padrões de uso dessas substâncias, explorar os fatores motivacionais por trás desse comportamento e examinar as consequências para o desempenho acadêmico e a saúde dos estudantes. Estudos como o de AFFONSO et al. (2016) e AQUINO et al. (2019) fornecem informações importantes sobre a prevalência e as motivações por trás desse uso. Além disso, análises como a de MORGAN et al. (2017) e CARNEIRO et al. (2021) contribuem para uma compreensão mais aprofundada do impacto desse comportamento no contexto universitário. Ao compreender melhor esse fenômeno complexo, espera-se contribuir para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção, intervenção e apoio aos estudantes universitários.
2 METODOLOGIA
2.1. Critérios de Inclusão e Exclusão:
Os critérios de inclusão para os estudos nesta revisão foram definidos como aqueles que investigam o uso não prescrito de psicoestimulantes entre estudantes universitários, incluindo o uso de substâncias como metilfenidato e lisdexanfetamina. Estudos publicados nos últimos dez anos foram considerados para garantir a relevância contemporânea das informações. Foram incluídos artigos escritos em inglês ou português, disponíveis em formato completo e acessíveis online. Estudos que não abordaram diretamente o tema, que tinham amostras não representativas ou que apresentavam metodologias inadequadas foram excluídos.
2.2. Busca e Seleção de Estudos:
A busca pelos estudos foi conduzida em diversas bases de dados, incluindo PubMed, Scopus e Google Scholar. Os termos de busca utilizados foram “uso não prescrito de psicoestimulantes”, “estudantes universitários”, “metilfenidato”, “lisdexanfetamina” e variações relacionadas. A seleção dos estudos foi realizada em duas etapas: uma triagem inicial com base nos títulos e resumos, seguida de uma avaliação detalhada dos artigos selecionados conforme os critérios de inclusão previamente definidos.
2.3. Avaliação da Qualidade da Evidência:
Para avaliar a qualidade dos estudos incluídos, foram considerados diversos aspectos, como o desenho do estudo, a representatividade da amostra, os métodos de coleta e análise de dados, bem como a clareza na apresentação dos resultados. Foi realizada uma avaliação crítica da qualidade metodológica de cada estudo, levando em consideração possíveis viéses e limitações. Essa avaliação contribuiu para a interpretação dos resultados e para a análise da confiabilidade e robustez da evidência apresentada pelos estudos selecionados.
3 TENDÊNCIAS DO USO NÃO PRESCRITO DE PSICOESTIMULANTES
A análise dos estudos incluídos revelou padrões distintos relacionados às tendências atuais do uso não prescrito de psicoestimulantes por estudantes universitários. Conforme destacado por Affonso et al. (2016), o estudo conduzido na Faculdade Anhanguera de Brasília evidenciou uma realidade acadêmica preocupante, revelando uma prevalência significativa de uso indiscriminado de psicoestimulantes entre os estudantes. Os resultados destacaram uma tendência alarmante de consumo dessas substâncias, sugerindo a presença generalizada desse comportamento no ambiente universitário. Essa constatação ressalta a necessidade urgente de compreensão aprofundada dos fatores subjacentes a essa prática, considerando as implicações não apenas para a saúde dos estudantes, mas também para o ambiente acadêmico como um todo.
Da mesma forma, Aquino et al. (2019), em sua análise a partir da série Narcos (2015) e da lei 11.343 DE 2006, apresentou dados significativos sobre o silenciamento em relação ao uso ilegal de psicoestimulantes, revelando nuances socioculturais associadas a esse fenômeno. A série, ao retratar narrativas vinculadas ao tráfico de drogas, proporcionou uma perspectiva única sobre as dinâmicas sociais e os contextos que permeiam o acesso ilegal a essas substâncias. A legislação, por sua vez, foi examinada criticamente para compreender como as políticas públicas influenciam a abordagem do uso ilícito de psicoestimulantes. A identificação de silenciamentos aponta para lacunas na compreensão pública e institucional desse problema, enfatizando a necessidade de discussões mais abertas e políticas informadas para lidar com o uso não prescrito dessas substâncias no contexto acadêmico.
Cerqueira et al. (2021) contribuíram com uma análise sobre o uso indiscriminado de Metilfenidato e Lisdexanfetamina revelando um cenário onde estudantes universitários buscam aprimoramento cognitivo. Este estudo enfatizou a prevalência dessas práticas, indicando uma clara associação entre o consumo dessas substâncias e o desejo dos estudantes por melhorias no desempenho acadêmico e cognitivo. Ao explorar as motivações subjacentes, a pesquisa destacou a influência de pressões acadêmicas e a competitividade que permeiam o ambiente universitário, revelando uma dinâmica complexa na qual a busca por rendimento intelectual otimizado está intrinsecamente ligada aos desafios enfrentados pelos estudantes. A discussão desses resultados sublinha a importância de compreender não apenas os fatores individuais que impulsionam o uso de psicoestimulantes, mas também os aspectos mais amplos relacionados às expectativas acadêmicas contemporâneas, proporcionando uma base essencial para o desenvolvimento de abordagens eficazes no contexto acadêmico.
4 IMPACTO NO DESEMPENHO ACADÊMICO
A análise das evidências relacionadas ao impacto do uso não prescrito de psicoestimulantes no desempenho acadêmico revela uma variedade de resultados, tanto positivos quanto negativos. Estudos como os de MORGAN et al. (2017) e CARNEIRO et al. (2021) sugerem que o uso dessas substâncias pode estar associado a melhorias temporárias no desempenho acadêmico, incluindo aumento da concentração, maior capacidade de memorização e maior produtividade durante os estudos. Esses benefícios percebidos podem ser particularmente atrativos em um ambiente acadêmico altamente competitivo, onde os estudantes enfrentam uma pressão significativa para alcançar resultados acadêmicos excepcionais. O desejo de obter vantagem competitiva pode levar alguns estudantes a recorrerem ao uso não prescrito de psicoestimulantes como uma estratégia para melhorar seu desempenho acadêmico. No entanto, é importante destacar que essas melhorias são muitas vezes de curto prazo e podem vir acompanhadas de uma série de riscos e efeitos colaterais adversos, como insônia, ansiedade e dependência.
No entanto, esses benefícios podem ser acompanhados por uma série de efeitos negativos. Estudos como os de AFFONSO et al. (2016) e AQUINO et al. (2019) relatam uma série de efeitos colaterais adversos associados ao uso não prescrito de psicoestimulantes, incluindo insônia, ansiedade, irritabilidade e dependência.
Estudos como os de Finger, Silva e Falavigna (2013) e Carneiro, Gomes e Borges (2021) corroboram esses achados, destacando a prevalência desses efeitos adversos entre os usuários não prescritos de psicoestimulantes. A insônia, por exemplo, é uma queixa frequente entre os usuários dessas substâncias, pois podem alterar os padrões de sono, dificultando o adormecimento e reduzindo a qualidade do sono. Isso foi evidenciado em estudos como o de Mattos (2014), que destacou a relação entre o uso de psicoestimulantes e distúrbios do sono entre estudantes universitários.
Além disso, a ansiedade é outro efeito colateral comum associado ao uso não prescrito de psicoestimulantes, conforme apontado por AFFONSO et al. (2016). O aumento dos níveis de estimulação e atividade cerebral pode levar a sentimentos de nervosismo, inquietação e preocupação excessiva, impactando negativamente o funcionamento diário e a capacidade de lidar com o estresse acadêmico.
Da mesma forma, a irritabilidade também é relatada por muitos usuários de psicoestimulantes, como evidenciado nos estudos de Missawa e Rossetti (2014) e Esher e Coutinho (2017). A estimulação excessiva do sistema nervoso central pode resultar em uma menor tolerância à frustração, aumentando a propensão para reações impulsivas e explosivas em situações cotidianas.
Por fim, a dependência é um risco significativo associado ao uso prolongado e abusivo de psicoestimulantes, como ressaltado por Menezes e Maia (2021). Estudantes que usam essas substâncias de forma não prescrita podem desenvolver uma tolerância aos efeitos, levando a um aumento do consumo para alcançar os mesmos efeitos desejados. A dependência física e psicológica pode se desenvolver, resultando em um ciclo vicioso de consumo e dificuldade em interromper o uso.
Esses efeitos colaterais adversos destacam a importância de uma abordagem cautelosa e informada em relação ao uso não prescrito de psicoestimulantes, bem como a necessidade de intervenções e suportes adequados para estudantes em situações de risco.
Além disso, a pesquisa realizada por MISSAWA & ROSSETTI (2014) destaca que o uso indiscriminado dessas substâncias pode mascarar problemas subjacentes de aprendizado ou dificuldades emocionais, prejudicando o desenvolvimento acadêmico a longo prazo dos estudantes.
Pesquisas, como as conduzidas por Rodrigues et al. (2021), destacam que o uso não prescrito de psicoestimulantes pode criar uma falsa sensação de melhoria nas habilidades cognitivas e no desempenho acadêmico, o que pode levar os estudantes a negligenciarem a busca por apoio e intervenções adequadas para enfrentar suas dificuldades reais de aprendizado. Além disso, o uso contínuo dessas substâncias sem abordar as causas subjacentes das dificuldades pode resultar em uma estagnação no desenvolvimento acadêmico e emocional dos estudantes ao longo do tempo.
Ademais, estudos como o de Cerqueira et al. (2021) e Morgan et al. (2017) indicam que o uso indiscriminado de psicoestimulantes pode interferir na capacidade dos estudantes de reconhecer e lidar com suas emoções, podendo agravar problemas emocionais preexistentes ou dificultar o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento saudáveis. Isso pode levar a um ciclo prejudicial no qual os estudantes se tornam dependentes dos psicoestimulantes para lidar com o estresse acadêmico, sem abordar efetivamente as questões emocionais subjacentes.
Portanto, o uso indiscriminado de psicoestimulantes pode representar mais do que apenas um risco para a saúde física e mental dos estudantes; também pode representar uma barreira significativa para o desenvolvimento acadêmico e emocional a longo prazo. É fundamental abordar não apenas o comportamento de uso dessas substâncias, mas também as causas subjacentes que podem estar contribuindo para o seu uso, a fim de promover um ambiente acadêmico saudável e de apoio para todos os estudantes.
5 CONCLUSÃO
Os resultados indicam uma prevalência alarmante desse comportamento, juntamente com uma variedade de efeitos colaterais adversos, como insônia, ansiedade e dependência. Embora muitos estudantes relatem benefícios percebidos, como aumento da concentração e produtividade, esses ganhos são frequentemente compensados pelos riscos para a saúde e bem-estar.
Uma das principais tendências identificadas é a utilização dos psicoestimulantes como uma estratégia para lidar com as pressões acadêmicas, o que sugere a necessidade de abordagens mais holísticas para apoiar os estudantes em suas demandas educacionais e emocionais. Além disso, a revisão destaca a importância de programas de conscientização e intervenções direcionadas para prevenir o uso não prescrito de psicoestimulantes e promover comportamentos saudáveis entre os estudantes universitários.
No entanto, a literatura revisada também revelou algumas inconsistências e lacunas no conhecimento. Por exemplo, há uma falta de estudos longitudinais que examinem os efeitos a longo prazo do uso não prescrito de psicoestimulantes na saúde e no desempenho acadêmico dos estudantes. Da mesma forma, são necessárias mais pesquisas qualitativas para explorar os motivos por trás desse comportamento e identificar estratégias de intervenção eficazes.
Em termos de implicações para a prática, os resultados desta revisão destacam a importância de abordagens multidisciplinares e colaborativas para lidar com o uso não prescrito de psicoestimulantes entre estudantes universitários. Isso inclui a implementação de políticas educacionais e de saúde que abordem não apenas o uso das substâncias, mas também os fatores subjacentes que podem contribuir para esse comportamento.
Para pesquisas futuras, é fundamental realizar estudos longitudinais e qualitativos que explorem mais a fundo os impactos do uso não prescrito de psicoestimulantes e identifiquem estratégias eficazes de prevenção e intervenção. Além disso, é necessário investigar o papel dos fatores individuais, sociais e ambientais na tomada de decisão dos estudantes em relação ao uso dessas substâncias, a fim de desenvolver abordagens mais personalizadas e eficientes.
REFERÊNCIAS
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1 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil
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