USO DO TREINAMENTO DE FORÇA NA REABILITAÇÃO DE PESSOAS PÓS-OPERADAS DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

USE OF STRENGTH TRAINING IN THE REHABILITATION OF POST-OPERATIVE PEOPLE OF THE ANTERIOR CRUCIATE LIGAMENT

USO DEL ENTRENAMIENTO DE FUERZA EN LA REHABILITACIÓN DE PERSONAS POSTOPERATORIAS DEL LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8378309


Eder Magnus Almeida Alves Filho1
João Irineu Wittmann2


RESUMO 

Considerando que o ligamento cruzado anterior (LCA) possui extrema importância na mecânica da articulação do joelho, em virtude de se configurar como uma estrutura que limita a instabilidade e rotação anterior da tíbia, e que, as lesões do LCA correspondem a grande parte dos traumas de joelho, manifestando-se em pessoas jovens e ativas, principalmente no âmbito desportivo, a alta incidência desta lesão e a grande importância dos aspectos sociais e econômicos relacionados a ela, associadas à enorme divergência existente na literatura sobre o assunto, trazem à tona a necessidade de avaliar as condutas e tendências existentes no País sobre o tema. O presente artigo tem por objetivo revisar a literatura acerca do uso do treinamento de força na reabilitação de indivíduos pós-operados do ligamento cruzado anterior. O estudo fundamenta-se numa pesquisa bibliográfica pautada na identificação de publicações disponibilizadas eletrônica e gratuitamente nas bases de dados Centro Esportivo Virtual, MEDLINE e SCIELO publicados entre os anos de 2011 e 2021. Utilizando os descritores: Ligamento cruzado anterior, Treinamento de força, Reabilitação do LCA, Tratamento pós operatório do LCA. Os resultados obtidos por meio do referido estudo, destacam que existe um número bastante restrito de publicações que discutem acerca do tratamento pós-operatório do LCA. Conclui-se que apesar da evolução no tratamento e reabilitação do ligamento cruzado anterior no Brasil, faz-necessário que sejam produzidos estudos mais específicos sobre os benefícios obtidos a partir do uso do treinamento de força nesse processo de reabilitação. 

Palavras-chave: Ligamento cruzado anterior; joelho; treinamento de força; reabilitação. 

ABSTRACT  

Considering that the anterior cruciate ligament (ACL) is extremely important in the mechanics of the knee joint, because it is configured as a structure that limits the instability and anterior rotation of the tibia, and that ACL injuries correspond to a large part of traumas knee, manifesting itself in young and active people, especially in sports, the high incidence of this injury and the great importance of social and economic aspects related to it, associated with the huge divergence in the literature on the subject, bring to light the need to assess the behavior and trends existing in the country on the subject. This article aims to review the literature on the use of strength training in the rehabilitation of post-operated individuals for the anterior cruciate ligament. The study is based on a literature search guided by the identification of publications available electronically and free of charge in the Virtual Sports Center, MEDLINE and SCIELO databases published between 2011 and 2021. Using the descriptors: Anterior Cruciate Ligament, Strength Training, Rehabilitation of the ACL, Postoperative treatment of the ACL. The results obtained through this study highlight that there is a very limited number of publications that discuss the postoperative treatment of ACL. It is concluded that despite the evolution in the treatment and rehabilitation of the anterior cruciate ligament in Brazil, it is necessary to produce more specific studies on the benefits obtained from the use of strength training in this rehabilitation process. 

Keywords: Anterior cruciate ligament; knee; strength training; rehabilitation. 

RESUMEN 

Considerando que el ligamento cruzado anterior (LCA) tiene extrema importancia en la mecánica de la articulación de la rodilla, debido a estar configurado como una estructura que limita la inestabilidad y rotación anterior de la tibia, y que, lesiones del LCA corresponden a gran parte de los traumatismos de rodilla, que se manifiestan en personas jóvenes y activas, especialmente en el ámbito deportivo, la alta incidencia de esta lesión y la gran importancia de los aspectos sociales y económicos relacionados con la misma, asociados a la enorme divergencia en la literatura sobre el tema, sacan a la luz la necesidad de evaluar las conductas y tendencias existentes en el país sobre el tema. Este artículo tiene como objetivo revisar la literatura sobre el uso del entrenamiento de fuerza en la rehabilitación de individuos postoperatorios del ligamento cruzado anterior. El estudio se basa en una investigación bibliográfica basada en la identificación de publicaciones disponibles electrónicamente y de forma gratuita en las bases de datos Centro Esportivo Virtual, MEDLINE y SCIELO publicadas entre los años 2011 y 2021. Utilizando los descriptores: Ligamento cruzado anterior, Entrenamiento de fuerza, Rehabilitación del LCA, Tratamiento postoperatorio del LCA. Los resultados obtenidos a través de este estudio destacan que hay un número muy limitado de publicaciones que discuten el tratamiento postoperatorio del LCA. Se concluye que a pesar de la evolución en el tratamiento y rehabilitación del ligamento cruzado anterior en Brasil, es necesario producir estudios más específicos sobre los beneficios obtenidos del uso del entrenamiento de fuerza en este proceso de rehabilitación. 

Palabras llave: Ligamento cruzado anterior; rodilla; entrenamiento de fuerza; rehabilitación.

INTRODUÇÃO 

De acordo com Matsumoto apud Arliani et al [1], o ligamento cruzado anterior (LCA) possui grande relevância na mecânica da articulação do joelho, tendo em vista que se configura como sendo uma estrutura que limita a instabilidade e rotação anterior da tíbia.  

As lesões do LCA equivalem a grande parte dos traumas de joelho, manifestando-se em pessoas jovens e ativas, principalmente no âmbito desportivo. A alta incidência desta lesão e a grande importância dos aspectos sociais e econômicos relacionados a ela, associadas à enorme divergência existente na literatura sobre o assunto, tornam de extrema importância a avaliação das condutas e tendências existentes no País sobre o tema [1]. 

Nesse sentido, o fortalecimento da musculatura dos joelhos por meio de treinamentos de força, é imprescindível para impedir a ocorrência de vários problemas comumente associados à pressão ou tensão excessiva nas estruturas, provocada principalmente pelo demasiado volume de treino ou pela execução inapropriada de exercícios físicos. Cabe frisar que, a saúde desta região é uma das mais relevantes, para assegurar o equilíbrio e a mobilidade de todo o corpo. Quando ocorre algum tipo de colisão, doença ou dor na região do joelho, há sérios prejuízos em relação à locomoção e consequentemente, impacta negativamente sobre a qualidade de vida da pessoa [2].  

Diante desse cenário, por meio do presente estudo, pretende-se responder à seguinte questão norteadora: Em que medida o treinamento de força auxilia na reabilitação de pessoas pós-operadas do ligamento cruzado anterior? 

O interesse em desenvolver esta pesquisa encontra-se diretamente ligado ao processo de formação em curso, assim como, ao fato de que o foco da mesma, trata de um tema de suma importância, visto que diz respeito a uma categoria de pacientes com a qual manterei contato, prestarei serviço e o apoio necessário durante o exercício profissional.  

 Desse modo, o presente estudo tem como objetivo revisar a literatura acerca do uso do treinamento de força na reabilitação de indivíduos pós-operados do ligamento cruzado anterior. 

Para uma melhor compreensão acerca da temática ora abordada, esse trabalho encontra-se subdividido nas seguintes seções: A estrutura do ligamento cruzado anterior; tipos de lesão do ligamento cruzado anterior; o que é a força muscular e suas formas de manifestação e os benefícios do treinamento de força para reabilitação de indivíduos pós-operados do ligamento cruzado anterior. 

METODOLOGIA 

O estudo apresenta uma abordagem qualitativa, baseando-se numa pesquisa de cunho bibliográfico. Foi desenvolvido através da consulta às bases de dados eletrônicos Centro Esportivo Virtual, MEDLINE e SCIELO. 

 Inicialmente, se desenvolveu uma pesquisa nas bases acima citadas com o propósito de identificar as publicações relativas à reabilitação pós-cirúrgica do ligamento cruzado anterior no período compreendido entre os anos 2011 e 2021. 

Dessa maneira, aplicaram-se os seguintes descritores: “Ligamento cruzado anterior”, 

“Treinamento de força”, “Reabilitação do LCA”, “Tratamento pós-operatório do LCA”. Como critérios para a seleção, considerou-se os artigos e estudos divulgados na íntegra em periódicos nacionais e que tratassem dessa temática, com ênfase na reabilitação. 

Como critérios de exclusão foram especificados: supressão de estudos duplicados, monografias e dissertações de doutorado e trabalhos de origem estrangeira. Logo após a seleção dos estudos, realizou-se uma leitura minuciosa dos mesmos, para que se pudesse elencar suas principais informações. 

PÓS-OPERATÓRIO DE LCA 

Para Vono et al [3], quando um indivíduo é acometido por uma lesão do LCA, pode optar por um ou mais dos três tipos de tratamento usuais: o tratamento médico, fisioterapêutico  ou de um profissional de educação física.  De início, a cirurgia é uma opção a ser muito analisada, até mesmo porque é expressamente recomendado a realização de um treinamento pré-cirúrgico com o intuito de preparar a musculatura e favorecer uma recuperação mais eficiente após a cirurgia. 

Hewet apud Vono et al [3] enfatiza que a cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior encontra-se entre os procedimentos ortopédicos mais realizados no mundo e finalizado o procedimento, faz-se necessário manter cuidados e atenção redobrada com a funcionalidade da estrutura do joelho afetado, principalmente para viabilizar a retomada da prática esportiva. 

Verificada e reparada a lesão, seja por intervenção fisioterapêutica ou médica, o profissional de educação física deve interferir por meio da aplicação de exercícios que auxiliem e favoreçam à recuperação funcional, promovendo a evolução das capacidades físicas do indivíduo com a finalidade de que a lesão não venha a ocorrer novamente [11]. 

Embora a cirurgia seja funcional no tocante à reconstrução da estabilidade mecânica do joelho lesado, os resultados pós-cirúrgicos ainda continuam diversificados [3]. Por isso, para compreender esse processo é fundamental inteirar-se sobre a estrutura do ligamento cruzado anterior e os tipos de lesão que podem ocorrer nessa estrutura do joelho. 

A estrutura do ligamento cruzado anterior 

De acordo com Luzo et al [2], o ligamento cruzado anterior (LCA) é uma estrutura fibrosa que conecta os ossos do fêmur e da Tíbia. Este ligamento possui a principal função de estabilizar o joelho, principalmente nos mecanismos de rotação da articulação”. Em complemento, o autor afirma que este é um dos ligamentos que comumente são lesionados no decorrer da prática desportiva, sobretudo, em esportes de contato e que requeiram variação de direção constantemente, tais como exemplos, o handebol e o futebol. 

Ratificando essa definição, Miziara [4] argumenta que o ligamento cruzado anterior é o “restritor estático primário” da translação anterior da tíbia, além de ter papel secundário na estabilidade rotacional. Existe também uma importante função proprioceptiva dada por seus mecanoceptores”. 

Ainda se referindo à anatomia do ligamento cruzado anterior, Castro et al [5] articulam que  

Os ligamentos cruzados são estruturas ligadas à estabilidade do joelho e estão localizados no centro da articulação (Fig.1). O ligamento cruzado anterior (LCA) assim como o posterior (LCP), são extra sinoviais, apesar de intra-articulares. Eles recebem esta denominação de acordo com sua inserção tibial, e por se cruzarem no centro do joelho. 

Figura 01: Ligamentos cruzados do joelho        

Tipos de lesão do ligamento cruzado anterior 

 De acordo com Astur et al [6], estudos mostram que as lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) são frequentes durante a prática de esportes em que o joelho realiza o movimento de rotação, a exemplo do futebol, basquete e esqui e perfazem mais de 250.000 casos por ano. 

Miziara [4] afirma que a lesão do LCA encontra-se associada ao elevado grau de incapacidade, alto custo direto e indireto e longo tempo de distanciamento do esporte. Dentre os modos mais comuns de lesão do ligamento, destacam-se as entorses com rotação do joelho e o pé fixo no chão. O trauma pode ser ocasionado em situações onde há contato direto do adversário ou quando ocorre a rotação do joelho sem contato algum. Outra situação que pode acarretar numa lesão do LCA é “quando o atleta estica demais o joelho (hiperextensão) frequentemente quando o atleta “fura” uma bola e chuta no ar”. 

Os estudos mostram que mais de 90% das pessoas que lesionam o LCA sentem ou até ouvem um estalo no joelho no momento da lesão, seguido por edema significativo, além de incapacidade funcional imediata. O derrame articular é constituído de uma hemartrose (sangramento intra-articular), em geral bastante dolorosa e que pode, em casos especiais, ser puncionada, sendo esta punção tanto diagnóstica quanto terapêutica [4]. 

 No que diz respeito aos sintomas, estes podem ser classificados como agudos ou crônicos. São considerados sintomas agudos: dor, edema e derrame articular (aumento do volume de líquido no joelho). Com o passar do tempo, as dores e o edema reduzem e em alguns casos, se dissipam completamente em poucos dias. Já em outros casos, os sinais perduram por mais tempo [7]. 

 Já entre os sintomas crônicos, evidencia-se que a instabilidade do joelho, é o principal sintoma crônico da lesão do LCA. Não são todos os pacientes que desenvolvem a instabilidade, porém, quando é manifesta amplia os riscos para a evolução de lesões em outras estruturas do joelho e para o surgimento prematuro de artrose [7]. 

 No tocante à categorização das lesões do LCA, estudos demonstram que podem ser subdivididas em três graus.  

Grau I — Lesão leve que causa apenas rupturas microscópicas. Ela não afeta a capacidade global da articulação do joelho que continua suportando o peso do indivíduo. 

Grau II — Lesão moderada com ruptura parcial do ligamento. O joelho apresenta-se instável e pode falhar periodicamente durante a marcha. 

Grau III — Lesão grave com uma ruptura total do ligamento, deixando o joelho totalmente instável [7]. 

Cabe frisar que, a maior parte dos casos são graves, de grau III, onde ocorre a ruptura total do LCA [7], conforme Figura 02. 

Figura 02: Ruptura total do LCA 

 Ainda se referindo à ruptura do LCA, Brosky apud Lustosa et al [8] afirma que essa lesão acarreta uma frouxidão articular, principalmente nos movimentos rotacionais e causa, constantemente, incapacidade para a prática esportiva e desgaste articular. 

Além dos esportistas, as mulheres são particularmente vulneráveis a esse tipo de lesão, quando sujeitadas ao mesmo nível de atividade que os homens. Há uma prevalência de oito mulheres para cada homem e isso ocorre em virtude de vários fatores anatômicos, hormonais e neuromusculares [4]. 

REABILITAÇÃO POR TREINAMENTO DE FORÇA 

Para Reis Filho [9], o treinamento de força pode receber nomenclaturas variadas: treinamento com pesos, treinamento resistido, treinamento contra resistência ou musculação. Estes apresentam inúmeras finalidades com fim no próprio treinamento ou como recurso para se atingir determinada performance esportiva. 

De modo geral, ao referir-se ao treinamento de força, Santarém [10] defende que, 

Dentre as formas de treinamento encontradas para melhoria de performance, de uma forma global, o treinamento de força ou musculação, tem sido utilizados pois, além de induzir o aumento de massa muscular, contribui para a aptidão física, melhora da capacidade metabólica, estimulando a redução da gordura corporal; aumento de massa óssea, leva a mudanças extremamente favoráveis na composição corporal; propiciam as adaptações cardiovasculares necessárias para os esforços curtos repetidos e relativamente intensos; e melhoram a flexibilidade e a coordenação, além de contribuir para evitar quedas em pessoas idosas. 

Dentre as prováveis finalidades para o desenvolvimento do treinamento de força, destacam-se: estética, profilática, terapêutica, recreativa e treinamento. No caso específico da finalidade terapêutica, tem como propósito principal a cura e/ou auxílio na reabilitação [9].  

Nesse âmbito, é importante entender o conceito de força muscular e suas formas de 

manifestação.  

O que é a força muscular e suas formas de manifestação 

Segundo Kraemer apud Pereira [11], a força muscular é conceituada como a habilidade de um músculo em exercer força máxima e a potência muscular é caracterizada pelo produto da força produzida e de sua velocidade. 

Complementando essa definição, Carvalho apud Rodrigues [12] articula que  

Num sentido mais amplo, a força é uma componente da aptidão física essencial para todo e qualquer movimento do ser humano, daí a necessidade do seu desenvolvimento. Tal facto ganha maior importância quando direcionado aos jovens em crescimento e maturação. Nestes, a força assume relevância não só como fator essencial de desenvolvimento motor, mas também como base duma aptidão física que lhes garanta os níveis de saúde e de bem-estar necessários à sua mais plena realização.  

Pereira [10] argumenta que a força muscular se encontra associada à realização da maior parte das atividades cotidianas, assim como, à performance esportiva, sobressaindo-se como um parâmetro sensível para reconhecer mudanças agudas e crônicas na função neuromuscular e eventualmente conduzido por diversos mecanismos fisiológicos. 

Ao se referir às manifestações da força muscular, Montenegro [13] articula que de acordo com o objetivo a ser alcançado durante a execução dos diversos tipos de treinamentos prescritos pelos profissionais de educação física, diferentes manifestações de força são requisitadas. Pode ser desenvolvido o treinamento para aprimorar a resistência de força, força máxima, força absoluta, força explosiva e força hipertrófica. 

Define-se a força de resistência pela capacidade de despertar contração muscular por um período prolongado, ou seja, de reagir ao estímulo. Já a força máxima, é identificada pela capacidade de realizar a contração muscular. Caracteriza-se a força absoluta pela capacidade máxima de provocar a contração muscular, quando os sistemas de proteção articular e muscular estão inibidos. Esses são conseguidos em situações de emergência. [13] 

A força explosiva refere-se à capacidade de gerar contração muscular com a maior força no menor tempo possível e a força hipertrófica não é apontada como sendo uma capacidade motora, mas sim, uma zona de intensidade onde se obtém o aumento da hipertrofia muscular. 

Vale ressaltar que o volume e a intensidade do treinamento são prescritos conforme a manifestação de força requerida. Para prognosticar as adaptações é importante prescrever de acordo com o objetivo do praticante [13]. 

Os benefícios do treinamento de força para reabilitação nos pós-operados do LCA 

Thiele apud Barbosa [14] argumenta que o treinamento de força deve ser adaptado à condição clínica do paciente e por esse motivo, são necessários cuidados no decorrer da prescrição dos exercícios, tais como: regulagem da angulação do movimento, aplicar exercícios de cadeia cinética fechada e priorizar a fase excêntrica do movimento, com o propósito de potencializar o ganho de força e reduzir o estresse articular. 

Castro et al [5] destacam que as propriedades mecânicas dos ligamentos cruzados do joelho, tanto em sua substância quanto em suas inserções expandem com a prática de exercícios físicos, estabelecendo, um acréscimo de 20% no seu limite de resistência e 10% no seu limite de elasticidade. 

 Nesse sentido, após a intervenção cirúrgica para reparo do dano ligamentar, inicia-se o processo de reabilitação da capacidade funcional do joelho, onde o fisioterapeuta é o profissional responsável pela realização e acompanhamento das atividades iniciais [14].  Decorridos 3 a 4 meses e mediante uma boa resposta à reabilitação, esse paciente deve ser direcionado ao Educador Físico para dar continuidade ao tratamento em prol do aumento da força muscular e mobilidade articular, com vistas a reintroduzi-lo na sua rotina de atividades esportivas. Desse modo, é fundamental que os pacientes se encontram aptos e passaram pela etapa de reabilitação na fisioterapia, sejam conduzidos a um Educador Físico especializado em prescrição de exercícios físicos para grupos especiais [14]. 

DISCUSSÃO 

Por meio deste trabalho, identificou-se as principais condutas e tratamentos adotados por pacientes acometidos por uma lesão do LCA e como se dá o processo pós-operatório. Apresentou-se a estrutura do ligamento cruzado anterior e sua funcionalidade, bem como, os tipos e categorização das lesões do LCA. Demonstrou-se também, a definição de força muscular, suas formas de manifestação e os benefícios obtidos através do treinamento de força para reabilitação dos pós-operados do LCA. 

Os autores são categóricos ao afirmar que a cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior está presente no ranking dos procedimentos ortopédicos mais executados no mundo. Contudo, para que essa intervenção seja bem sucedida, é indispensável que, antes da operação haja um preparo da musculatura a partir do treinamento pré-cirúrgico e após realização do procedimento, o paciente mantenha os cuidados e desenvolva exercícios físicos específicos a fim de restabelecer a funcionalidade da estrutura do joelho afetado. 

 Ainda no tocante aos cuidados do processo pós-operatório, constatou-se que os autores reforçam a importância do paciente ser acompanhado por profissionais devidamente capacitados e qualificados, a exemplo do fisioterapeuta e do profissional de educação física, com o intuito de desenvolver um programa de treinamentos apropriado e que contemple a aplicação de exercícios que oportunizem a recuperação funcional, proporcionando a expansão das capacidades físicas do indivíduo com o propósito de que a lesão não venha a reincidir. 

 Nesse âmbito, o treinamento de força é elencado como uma excelente opção de tratamento pós-operatório do LCA, considerando os inúmeros benefícios que o mesmo oferece às pessoas lesionadas, desde que desenvolvido com a orientação e sob a supervisão de um profissional da área, a fim de que possa manejar as diferentes variáveis do treino em direção ao alcance dos objetivos estabelecidos, considerando sempre as particularidades de cada indivíduo.  

CONCLUSÃO 

O presente trabalho se propôs a revisar a literatura acerca do uso do treinamento de força na reabilitação de indivíduos pós-operados do ligamento cruzado anterior. 

A partir dos dados coletados através da análise dos conteúdos presentes em alguns artigos científicos e/ou acadêmicos disponíveis em meio eletrônico, evidenciou-se que dentre as dificuldades enfrentadas pelos indivíduos que sofrem lesão do LCA, pode-se apontar a presença de dor, edema, instabilidade do joelho, incapacidade para a prática esportiva e desgaste articular. 

Em contrapartida, como benefícios obtidos a partir do uso do treinamento de força, destacam-se: ampliação da massa muscular, aperfeiçoamento da capacidade metabólica, estímulo à diminuição da gordura corporal, acréscimo de massa óssea, favorecimento da composição corporal, promoção das adaptações cardiovasculares essenciais aos esforços físicos e progresso na flexibilidade e equilíbrio corporal. 

Finalmente, por meio da pesquisa teórica supracitada, associada ao levantamento bibliográfico desenvolvido ao longo do presente estudo, foi possível conhecer os ganhos obtidos a partir da aplicação do treinamento de força, apesar do reduzido número de publicações que tratam desse assunto. Cabe frisar ainda que, a referida análise se propõe a contribuir para o aprofundamento acerca da temática em pauta, podendo subsidiar o desenvolvimento de estudos empíricos com vistas a constatar os benefícios do treinamento de força para reabilitação dos pacientes pós-operados do ligamento cruzado anterior. 

REFERÊNCIAS 

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1Especialização em Reabilitação de Lesões e Doenças Muscoloesqueléticas pela Universidade Estácio de Sá – RJ
2Orientador