USO DO TAPING E LINFOTAPING NA RECUPERAÇÃO DE PACIENTES SUBMETIDOS À ABDOMINOPLASTIA E LIPOASPIRAÇÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202504171008


Ana Paula Barros de Oliveira
Florisa da Silva Barros
Maria da Conceição Rodrigues da Silva
Tainara Marques Soares
Vitória Soares Silva
Orientadora: Profa. Ms. Karla Rakel Gonçalves Luz
Coorientador: Prof. Ms. Carlos Antonio da Luz Filho


RESUMO

O número de cirurgias plásticas estéticas aumentou significativamente nos últimos anos, impulsionado pela busca por padrões de beleza e autoestima, colocando o Brasil entre os países com maior número de procedimentos, conforme dados da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). Considerando esse cenário, a fisioterapia dermato-funcional atuou como importante aliada no processo de recuperação pós-operatória imediata, especialmente em cirurgias como a abdominoplastia e a lipoaspiração. Este trabalho teve como objetivo analisar, por meio de uma revisão de literatura, a eficácia das técnicas de Taping e Linfotaping no pós-operatório imediato de cirurgias plásticas estéticas. Foram selecionados artigos científicos nas bases de dados Scielo, PubMed e Google Acadêmico, considerando os que abordaram o uso dessas técnicas na fase inicial da recuperação cirúrgica. Observou-se que o uso correto do Taping e do Linfotaping contribuiu para a redução do edema, da dor, de equimoses e de seromas, além de auxiliar na cicatrização, melhorar o conforto do paciente e acelerar o retorno às atividades diárias. O Linfotaping tipo “polvo” demonstrou ser uma das técnicas mais eficazes, pois estimulou o sistema linfático de forma segura e direcionada. Concluiu-se que, embora ainda sejam necessárias mais pesquisas clínicas, essas técnicas mostraram-se promissoras como recursos terapêuticos complementares no cuidado fisioterapêutico pós-cirúrgico imediato.

Descritores: Fisioterapia, Cirurgia plástica, Reabilitação, Fisioterapia dermato-funcional, Drenagem linfática.

 ABSTRACT

The number of aesthetic plastic surgeries has increased significantly in recent years, driven by the pursuit of beauty standards and self-esteem, placing Brazil among the countries with the highest number of procedures, according to data from the International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). Considering this scenario, dermato-functional physical therapy proved to be an important ally in the immediate postoperative recovery process, especially in surgeries such as abdominoplasty and liposuction. This study aimed to analyze, through a literature review, the effectiveness of Taping and Lymphatic Taping techniques in the immediate postoperative period of aesthetic plastic surgeries. Scientific articles were selected from the Scielo, PubMed, and Google Scholar databases, considering those that addressed the use of these techniques in the initial phase of surgical recovery. It was observed that the correct use of Taping and Lymphatic Taping contributed to the reduction of edema, pain, bruising, and seromas, in addition to aiding healing, improving patient comfort, and accelerating the return to daily activities. The “octopus” type Lymphatic Taping proved to be one of the most effective techniques, as it stimulated the lymphatic system in a safe and targeted way. It was concluded that, although further clinical research is still needed, these techniques proved to be promising complementary therapeutic resources in immediate postoperative physiotherapeutic care.

Descriptors: Physical Therapy, Plastic Surgery, Rehabilitation, Dermato-functional Physiotherapy, Lymphatic Drainage.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a busca por aprimoramento estético tem crescido de forma expressiva em todo o mundo. De acordo com as mais recentes pesquisas da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), o número de procedimentos realizados por cirurgiões plásticos aumentou 11,2% em 2022, totalizando mais de 14,9 milhões de cirurgias e 18,8 milhões de intervenções não cirúrgicas globalmente. Esse crescimento tem sido constante, com um aumento acumulado de 41,3% nos últimos quatro anos. No Brasil, que se destaca como um dos líderes mundiais em cirurgia plástica, foram realizadas 2.185.038 cirurgias estéticas em 2023, representando um crescimento de quase 12% em relação ao ano anterior, segundo o ISAPS (CAMPIGLIO, 2024).

Entre os procedimentos mais realizados em 2023, a lipoaspiração se manteve na liderança pelo segundo ano consecutivo, com mais de 2,2 milhões de intervenções ao redor do mundo. Na sequência, destacaram-se o aumento das mamas, a cirurgia das pálpebras, a abdominoplastia e a rinoplastia. Já entre os tratamentos não invasivos, os mais procurados foram a aplicação de toxina botulínica, o preenchimento com ácido hialurônico, a remoção de pelos, o enrijecimento da pele sem cirurgia e a redução de gordura por métodos não cirúrgicos (CAMPIGLIO, 2024).

As consequências das cirurgias plásticas na vida dos pacientes vão além da mudança estética, envolvendo também aspectos físicos e emocionais. Procedimentos como a abdominoplastia e a lipoaspiração demandam um período de recuperação mais longo, com presença de edemas, desconfortos e restrições temporárias nas atividades cotidianas. Além disso, a expectativa pelos resultados finais pode gerar ansiedade, pois a reabsorção do inchaço e a definição corporal ocorrem de forma gradual (MOREIRA FILHO; BESSA; MOREIRA, 2024).

O acompanhamento no pré e pós-operatório de cirurgias plásticas tornou-se fundamental para uma recuperação mais rápida e eficaz. Nesse contexto, o sucesso do procedimento vai além da técnica cirúrgica, estando também relacionado a um processo de reabilitação adequado, que minimiza complicações e maximiza os resultados. Adicionalmente, a fisioterapia desempenha um papel essencial na reabilitação pós-operatória, atuando de forma integrada com a equipe médica para reduzir edemas, prevenir fibroses e otimizar os resultados funcionais e estéticos (Schutz; Luciano, 2014).

A atuação da fisioterapia dermatofuncional visa promover e restabelecer a saúde e a qualidade de vida do indivíduo, utilizando recursos que potencializam os mecanismos fisiológicos de reparo tecidual, além da microcirculação sanguínea e linfática. Esses métodos proporcionam alívio da dor e desconforto, melhoram a funcionalidade do paciente e previnem possíveis complicações decorrentes do procedimento cirúrgico e do período de imobilização ao qual o paciente é submetido (MOURA; ARAÚJO, 2022).

Entre as técnicas fisioterapêuticas utilizadas no período pós-operatório de cirurgias plásticas, o taping tem se destacado. Essa abordagem consiste na aplicação de bandagens elásticas com o objetivo de apoiar o processo de cicatrização, melhorar a circulação sanguínea e linfática, além de ajudar no alívio da dor (Correa; Sousa; Oliveira, 2021). A aplicação imediata do taping após a cirurgia favorece a prevenção da abertura dos pontos e a redução do espaço subcutâneo causado pelo trauma cirúrgico. Além disso, ele é indicado para diminuir a dor, o inchaço e a formação de equimoses; podendo ainda ajudar na prevenção de seromas e fibroses, promovendo um aumento na circulação venosa e linfática (DELGADO, 2022). 

Além do Taping tradicional, uma variação conhecida como Linfotaping tem sido aplicada com foco na drenagem linfática, seguindo o trajeto do sistema linfático para melhorar o fluxo e reduzir o acúmulo de líquidos. Essa técnica também tem se mostrado eficaz na prevenção da formação de equimoses, especialmente em procedimentos como abdominoplastia e lipoaspiração, nos quais o controle do edema e a redução de hematomas são fundamentais para uma recuperação otimizada. Esse método exige que o profissional possua treinamento especializado para garantir sua aplicação correta, evitando possíveis danos à pele ou à função e mobilidade do sistema musculoesquelético, especialmente durante o período pós-cirúrgico (Nunes et al., 2020; Pegorare, Júnior & Tibola, 2021).

Além disso, pesquisas sugerem que a aplicação de Taping e Linfotaping pode favorecer a microcirculação e auxiliar na redução do edema, aspectos essenciais para a recuperação pós-cirúrgica. Nesse contexto, essas técnicas se destacam como recursos valiosos, não apenas no alívio dos sintomas imediatos, mas também na aceleração do processo de recuperação, promovendo uma reabilitação mais eficaz e contribuindo para o bem-estar e conforto dos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos estéticos. O Linfotaping, quando aplicado corretamente, estimula a circulação do sistema linfático, promovendo a drenagem de líquidos intersticiais acumulados e a consequente redução de edemas. Esse efeito é especialmente benéfico em cirurgias como a abdominoplastia, nas quais a técnica pode favorecer uma recuperação mais rápida, funcional e segura.

Este estudo tem como objetivo analisar os benefícios do Linfotaping na recuperação pós-operatória de abdominoplastia e lipoaspiração, destacando seus benefícios na drenagem linfática, redução do edema e melhoria dos resultados estéticos e funcionais. Além disso, visa avaliar a relação entre o pós-operatório e as técnicas de Taping e Linfotaping, comparando os resultados obtidos e as técnicas utilizadas, com o objetivo de proporcionar uma recuperação tranquila e rápida aos pacientes. A integração dessas abordagens ao protocolo de recuperação pós-cirúrgica se apresenta como uma estratégia promissora na fisioterapia dermato-funcional.

2. METODOLOGIA

Este estudo constitui uma revisão integrativa da literatura e tem como objetivo analisar a contribuição do Taping e Linfotaping na reabilitação de pacientes submetidos a cirurgias plásticas, avaliando sua eficácia na prevenção de complicações e na otimização dos resultados pós-operatórios.

A seleção dos artigos para compor esta revisão foi limitada, realizada a partir de bases de dados científicas, com a finalidade de descrever os estudos publicados sobre o uso do Taping e Linfotaping no pós-operatório de cirurgias plásticas. Para isso, foram utilizado os Decs (Descritores de ciências da saúde):Os Descritores como “Taping”, “Linfotaping”, “abdominoplastia”, “lipoaspiração”, “recuperação pós-operatória”, “edemas”, “equimoses” e “fisioterapia dermatofuncional”. A busca foi realizada nas principais bases de dados científicas, como PubMed, Scopus, LILACS, SciELO, usando os operadores booleanos “AND”e “NOT”. 

Permitindo uma visão abrangente e crítica do assunto, sendo especialmente útil em áreas com um grande volume de publicações, onde é fundamental entender diferentes aspectos de um fenômeno. Os critérios de inclusão adotados foram artigos primários publicados entre 2016 e 2025, em inglês ou português. Foram incluídos estudos que abordavam o uso de Taping ou Linfotaping no pós-operatório de cirurgias plásticas, especificamente em pacientes submetidos a abdominoplastia ou lipoaspiração. A inclusão de artigos foi restrita a publicações em inglês, português e espanhol, realizadas nos últimos 10 anos. Excluíram-se estudos que não possuíam dados clínicos relevantes ou que não se focavam em resultados pós-operatórios. Após a leitura e análise dos artigos selecionados, cerca de 17 estudos foram considerados adequados para a construção desta pesquisa.

As informações obtidas foram organizadas de forma crítica e interpretadas à luz da literatura científica atual, destacando as principais evidências e recomendações sobre o tema. A partir dos estudos incluídos, foram extraídas informações relacionadas aos efeitos do Taping e Linfotaping na recuperação pós-operatória, com ênfase em aspectos como controle do edema, alívio da dor, melhora da cicatrização e prevenção de complicações

3. RESULTADOS

Esta revisão integrativa reuniu cinco estudos significativos sobre a utilização do Taping e Linfotaping no pós-operatório de cirurgias plásticas, especialmente em abdominoplastia e lipoaspiração. Os achados evidenciam que essas abordagens contribuem significativamente para o controle do edema, alívio da dor, prevenção de fibroses e estímulo à cicatrização fisiológica.

Para uma melhor organização dos dados, os artigos selecionados foram dispostos no Quadro 1, de acordo com autor/ano, título, objetivo, técnica utilizada, resultados e conclusão.

Quadro 1. Caracterização dos artigos selecionados para construção do artigo.

Autor/AnoTítuloObjetivoTécnicaResultadoConclusão
Chi et al. (2016)O uso do linfotaping, terapia combinada e drenagem linfática manual sobre a fibrose no pós-operatório de cirurgia plástica de abdomeIdentificar os efeitos de dois protocolos fisioterapêuticos no tratamento da fibrose no pós-operatório de abdominoplastia associada ou não à lipoaspiração.10 mulheres tratadas em duas fases:- Fase proliferativa: Drenagem Linfática Manual (DLM) + linfotaping.- Fase de remodelagem: DLM + terapia combinada + linfotaping.Tratamento por 5 semanas (10 sessões). Avaliação por palpação e termografia.
Redução estatisticamente significativa da fibrose (p < 0,0001) nas regiões tratadas, conforme análise clínica e termográfica.

O protocolo combinando DLM, linfotaping e terapia combinada foi eficaz no tratamento de fibroses em pacientes submetidos à cirurgia plástica abdominal.
Santos et al. (2020)Percepção das pacientes sobre a atuação profissional e os procedimentos realizados no pré, no intra e no pós-operatório de abdominoplastiaAnalisar a compreensão e entendimento das pacientes sobre os procedimentos fisioterapêuticos no contexto da abdominoplastia.
Estudo transversal e observacional. Aplicação de questionário online a mulheres entre 18 e 60 anos que realizaram abdominoplastia nos últimos 12 meses. Foram validadas 354 respostas.

As pacientes relataram melhora na dor, redução de edema e satisfação com os resultados estéticos quando o taping foi incluído no protocolo pós-operatório.O estudo evidenciou que as pacientes têm uma percepção positiva sobre a atuação dos profissionais nas diferentes fases da abdominoplastia. A boa comunicação, o cuidado no pré e pós-operatório, e o acompanhamento contínuo são essenciais para a satisfação das pacientes e para uma experiência cirúrgica bem-sucedida.
Correa, Sousa & Oliveira (2021)O uso do taping no pós-operatório de cirurgia plásticaAvaliar a ocorrência de equimoses em pacientes submetidos a abdominoplastia e/ou lipoaspiração com aplicação de taping linfático no transoperatório.
Revisão narrativa de literatura realizada nas bases de dados SciELO, Google Scholar, PubMed e LILACS.

O grupo que recebeu taping linfático apresentou redução significativa ou ausência de equimoses no pós-operatório, contribuindo para menor incidência de dor e recuperação mais rápida.O estudo evidenciou que as pacientes têm uma percepção positiva sobre a atuação dos profissionais nas diferentes fases da abdominoplastia. A boa comunicação, o cuidado no pré e pós-operatório, e o acompanhamento contínuo são essenciais para a satisfação das pacientes e para uma experiência cirúrgica bem-sucedida.
Pegorare, Oliveira Júnior & Tibola (2021)Manual de condutas e práticas em fisioterapia dermatofuncional: atuação no pré e pós-operatório de cirurgias plásticasFornece diretrizes para a atuação da fisioterapia dermatofuncional no contexto cirúrgico plástico.Indicado para controle de dor, redução de edema e prevenção de fibroses no pós-operatório de cirurgias plásticas.Contraindicado em casos de lesões cutâneas abertas, alergia ao material da fita e presença de infecções locais.Destaca a importância da fisioterapia dermatofuncional na recuperação de pacientes submetidos a cirurgias plásticas, enfatizando a necessidade de condutas baseadas em evidências científicas
Ormseth BH, Livermore NR, Schoenbrunner AR, Janis JE. (2023)The Use of Postoperative Compression Garments in Plastic Surgery-Necessary or Not? A Practical ReviewAvaliar criticamente a evidência sobre o uso de roupas de compressão pós-operatórias destinadas a melhorar os resultados cirúrgicos.Revisão prática baseada em pesquisa na PubMed sobre o uso de roupas de compressão após cirurgias estéticas, incluindo rinoplastia, facelift, lifting de pescoço, mamoplastia, abdominoplastia, contorno de membros, entre outras.As indicações mais bem suportadas para o uso de roupas de compressão pós-operatórias são para mitigar edema e equimose após rinoplastia e reduzir a dor pós-operatória após procedimentos mamários e abdominais, embora não tenha havido efeito sobre a taxa de seroma.Recomenda-se que os cirurgiões reavaliem criticamente o uso de roupas de compressão, equilibrando os benefícios potenciais contra os custos associados e possíveis complicações.
Cornacini, Carla Pires et al. (2024)
Effect of using taping in the postoperative period of plastic surgery: a systematic review.


Analisar os efeitos da aplicação do taping no pós-operatório de cirurgias plásticas por meio de uma revisão sistemática da literatura.


Revisão sistemática nas bases de dados MEDLINE via PubMed, Embase, CINAHL, LILACS, PEDro e SPORTDiscus.


Os estudos revisados demonstraram que o uso do taping contribuiu para: redução de dor, melhora do edema, prevenção de fibrose, redução de equimoses e melhora funcional na recuperação pós-operatória de cirurgias plásticas.
O taping demonstrou efeitos positivos na reabilitação de pacientes no pós-operatório de cirurgias plásticas, sendo uma técnica complementar eficaz, de baixo custo e fácil aplicação na prática clínica fisioterapêutica.

Ribeiro & Araújo, 2024

Os benefícios da drenagem linfática manual no pós-operatório imediato de abdominoplastia em mulheres: Uma revisão integrativa de literatura
Demonstrar os efeitos da drenagem linfática manual (DLM) em mulheres no pós-operatório imediato de abdominoplastia.


Revisão integrativa da literatura baseada em sete artigos publicados entre 2016 e 2024, utilizando bases de dados como LILACS, MEDLINE, PubMed, SciELO e o Portal de Periódicos da CAPES.


A DLM mostrou-se eficaz na redução de edemas, fibroses e retenção de líquidos, além de acelerar a recuperação pós-operatória. A combinação da DLM com outras técnicas, como argila verde e linfotaping, potencializou os resultados.

A DLM é uma técnica essencial na recuperação pós-operatória de abdominoplastia, contribuindo significativamente para a redução de complicações e promovendo uma recuperação mais rápida e segura para as pacientes.

Belza et al., 2024


Management of Plastic Surgery Complications at a Tertiary Medical Center after Aesthetic Procedures


Avaliar o manejo de complicações decorrentes de cirurgias plásticas estéticas em um centro médico terciário


Análise retrospectiva de casos de complicações pós-cirúrgicas


Identificação de tipos comuns de complicações e suas respectivas abordagens terapêuticas

Ênfase na importância de protocolos padronizados para o manejo eficaz de complicações pós-operatórias
Neta JVCR, Sales WB, da Silva JVB, Vidal GPP. (2024)

Effects of Physical Therapy in The Postoperative Period of Plastic Surgery: An Integrative Review


Identificar os efeitos da fisioterapia no período pós-operatório de cirurgias plásticas.


Revisão integrativa de literatura, incluindo artigos publicados entre 2011 e 2024, além de teses, dissertações e monografias.


A fisioterapia pós-operatória é essencial para reduzir o tempo de recuperação, diminuir o edema, melhorar o processo de cicatrização e prevenir complicações. As principais técnicas utilizadas foram drenagem linfática, ultrassom, radiofrequência, laser e alta frequência. As cirurgias plásticas mais frequentes nos estudos analisados foram abdominoplastia, blefaroplastia, ritidoplastia e lipoaspiração.

A fisioterapia dermatofuncional é fundamental no pós-operatório de cirurgias plásticas, contribuindo para a redução do tempo de recuperação e minimizando os riscos associados às cirurgias.

Fonte: Autoria própria, (2025).

4. DISCUSSÃO

A análise dos estudos demonstrou que o Taping e o Linfotaping são recursos terapêuticos eficazes no contexto do pós-operatório de cirurgias plásticas. Em todos os artigos analisados, foi constatada a redução de sintomas clínicos comuns, como dor, edema e equimoses, além da prevenção de fibroses e favorecimento da recuperação funcional. O estudo de Chi et al. (2016), por exemplo, mostrou que a aplicação do Linfotaping, associado à drenagem linfática manual (DLM), proporciona uma redução significativa da fibrose, além de estimular a circulação local e acelerar o processo de cicatrização. De forma semelhante, a revisão conduzida por Santos et al. (2020) aponta que a associação entre a drenagem linfática manual (DLM) e o uso do Taping contribui de maneira significativa para a diminuição do edema e da dor, além de favorecer os resultados estéticos no pós-operatório, levando assim resultados relevantes, como a redução da formação de equimoses e fibroses, otimizando o número de atendimentos necessários no período pós-cirúrgico. A introdução precoce de recursos, como o Taping e o Linfotaping, em conjunto com a eletrotermofototerapia e a DLM, intensifica os efeitos positivos sobre a recuperação tecidual. Embora o edema seja uma consequência fisiológica esperada do trauma cirúrgico, seu controle pode ser amplamente beneficiado pelo uso dessas estratégias terapêuticas. 

Por outro lado, o seroma continua sendo uma das intercorrências mais frequentes, exigindo atenção individualizada e protocolos adequados para sua prevenção e manejo. O seroma ocorre principalmente em pacientes com o IMC elevado, aqueles que apresentaram perda de peso significativa e em casos de incisões supraumbilicais prévias. Outro fator contribuinte é o grande descolamento do retalho abdominal, que cria uma área descolada maior para coleta de líquido, o que desvasculariza muito o retalho e causa maior dano aos vasos linfáticos; isso se reflete na presença de espaço morto entre a aponeurose do músculo abdominal e o retalho de gordura dérmica no pós-operatório (Ferreira et al., 2021).

Além desses achados, a literatura recente tem destacado a relevância da técnica do Linfotaping no formato “polvo”, cuja aplicação segue o trajeto dos vasos linfáticos com cortes longitudinais na fita, simulando tentáculos. Essa técnica, aplicada com baixa tensão, promove estímulos mecânicos suaves sobre a pele, favorecendo o deslocamento do fluido intersticial em direção aos linfonodos, o que potencializa o processo de drenagem linfática. Estudos como o de Pegorare, Júnior e Tibola (2021) reforçam que o uso dessa abordagem contribui não apenas para a redução do edema, mas também para o alívio da dor e melhora do conforto no pós-operatório imediato.

Outro dado relevante foi observado por Cornacini et al. (2024), que demonstraram que a aplicação precoce do Taping, associada à drenagem e outros recursos como o ultrassom terapêutico, promove melhor cicatrização, menor formação de fibroses e retorno mais rápido às atividades diárias. Os resultados obtidos nos diversos estudos sugerem ainda que a correta aplicação da técnica, respeitando a anatomia e a individualidade do paciente, é determinante para o sucesso terapêutico.

Estudos clínicos e revisões, como os de Santos et al. (2020), Correa, Sousa & Oliveira (2021) e Cornacini et al. (2024), corroboraram esses achados, ressaltando a percepção positiva dos pacientes quanto ao uso do Taping e a melhora dos desfechos clínicos. A consistência dos resultados aponta para a segurança, facilidade de aplicação e benefícios multidimensionais do Taping na reabilitação estética e funcional.

Em relação ao manejo das intercorrências, como o seroma, os artigos destacam a importância de uma avaliação criteriosa do perfil de cada paciente. A ocorrência de seroma é mais prevalente em casos de deslocamento excessivo do retalho abdominal, especialmente em pacientes com alto índice de massa corporal (IMC) e perda de peso significativa, além das incisões supraumbilicais, que aumentam o risco da formação do espaço morto. A literatura sugere que o controle da formação de seroma requer a implementação de protocolos específicos de prevenção e manejo individualizado, considerando essas variáveis (Ferreira et al., 2021).

Apesar de ser amplamente utilizado como técnica complementar no tratamento de edemas e fibroses, o Taping possui algumas contraindicações importantes que devem ser observadas. Seu uso não é recomendado em casos de infecções cutâneas, fragilidade tecidual, presença de tumores, histórico de alergias ao material adesivo, diabetes melito, insuficiência renal ou hipertensão arterial sistêmica não controlada. A identificação adequada dessas condições é essencial para evitar riscos e garantir a segurança do paciente (Thomaz, Dias & Rezende, 2018).

A partir dos achados, fica evidente a necessidade de mais estudos que investiguem a eficácia isolada e a comparação entre técnicas, além da exploração de dados sobre efeitos a longo prazo e reações adversas. Isso permitirá o avanço do conhecimento sobre a aplicação do Taping e Linfotaping, promovendo o desenvolvimento de protocolos mais precisos e efetivos para a reabilitação pós-operatória em cirurgias plásticas.

Outro ponto relevante a ser considerado refere-se à interação do Taping e Linfotaping com as diferentes fases do processo de cicatrização. Durante a fase inflamatória, o uso dessas técnicas pode auxiliar na modulação da resposta inflamatória e controle do edema; já na fase proliferativa, contribuem para o alinhamento adequado das fibras colágenas e estímulo à vascularização; e na fase de remodelação, podem favorecer a maleabilidade do tecido e prevenir aderências fibrosas. A atuação alinhada ao tempo fisiológico do processo cicatricial representa um diferencial importante na recuperação dos pacientes.

Protocolos clínicos descritos por Pegorare, Júnior e Tibola (2021) indicam que a associação do Taping em formato polvo com drenagem linfática manual e uso de recursos eletrotermofototerapêuticos, como o ultrassom, apresenta efeitos mais eficazes na redução do edema e dor, e aceleração da cicatrização. A padronização dessas combinações terapêuticas, com base no tempo cirúrgico e perfil clínico, é essencial para a otimização dos resultados.

Além do contexto cirúrgico estético, estudos vêm apontando o potencial uso do Taping e Linfotaping em outras áreas da fisioterapia, como no tratamento de lesões musculares, distúrbios ortopédicos e dor crônica. Essa versatilidade amplia a relevância da técnica, ao mesmo tempo que reforça a necessidade de mais investigações científicas para validar suas aplicações em diferentes contextos clínicos.

5. CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou que as técnicas de Taping e Linfotaping desempenham um papel fundamental na reabilitação pós-operatória de pacientes submetidos a cirurgias plásticas, como abdominoplastia e lipoaspiração. A análise dos artigos revisados revelou benefícios significativos no controle do edema, redução da dor e das equimoses, além da prevenção de fibroses. Além disso, essas técnicas contribuíram para uma melhora no processo de cicatrização e recuperação funcional dos pacientes.

A aplicação do Linfotaping, especialmente no formato “polvo”, mostrou-se particularmente eficaz na estimulação da drenagem linfática, promovendo um alívio imediato do edema e acelerando o retorno à normalidade funcional. O Taping, por sua vez, apresentou efeitos positivos no controle de dor e na prevenção de complicações, como a formação de seromas, quando utilizado de forma precoce e em conjunto com outras terapias, como a drenagem linfática manual e a eletrotermofototerapia.

Os resultados indicam que a combinação dessas técnicas com um acompanhamento fisioterapêutico adequado pode otimizar os resultados pós-operatórios, proporcionando uma recuperação mais rápida e menos dolorosa, além de melhorar a satisfação do paciente com os resultados estéticos. A literatura revisada também destaca a importância da personalização do tratamento, considerando a individualidade de cada paciente, o tipo de cirurgia realizada e o perfil clínico.

Portanto, o Taping e o Linfotaping se apresentam como abordagens terapêuticas eficazes, de baixo custo e com boa aceitação pelos pacientes, contribuindo significativamente para a qualidade de vida e bem-estar no pós-operatório de cirurgias plásticas. Esses achados reforçam a necessidade de incorporar essas técnicas aos protocolos de recuperação pós-cirúrgica, como parte integrante do cuidado fisioterapêutico na reabilitação de pacientes submetidos a procedimentos estéticos.

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