USO DO PROTOCOLO HINTS PARA AVALIAÇÃO DA CRISE VESTIBULAR  AGUDA: REVISÃO SISTEMÁTICA INTEGRATIVA DE LITERATURA 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10476879


Marcello Mendonça Vallim Cotrim*
Bernardo Cordeiro Castro
Raphael Mendes Nunes


RESUMO 

Quadro clínico de crise vestibulares agudas tem sido um desafio para médicos de pronto atendimento  no que tange sua discriminação entre causa central e periférica. OBJETIVO: realizar revisão integrativa  de literatura acerca do uso do protocolo HINTS (head impulse, nystagmus, test of skew) em relação a  métodos de imagens. METODOLOGIA: Optou-se por revisão integrativa de literatura em que foram  usados a base de dados PubMED, consultados entre 2013 e 2015. Utilizou-se os seguintes descritores: HINTS e acute vestibular syndrome. RESULTADO: A tontura e vertigens são responsáveis por grande  parte da procura ao atendimento pronto socorro. Cerca de 40% da população vai apresentar em algum  momento sintomas, porém menos da metade procuram atendimento médico. Ao chegar ao pronto  socorro se torna um desafio para médicos definir qual etiologia do quadro agudo. A necessidade de  protocolos rápidos e menos invasivos faz o HINTS obter grande evidência nos protocolos institucionais.  CONCLUSÃO: A utilização da bateria de exames HINTS teste beira leito, realizado por médico  experiente, em pacientes com síndrome vestibular aguda, tem a precisão de identificar acidentes  vasculares cerebrais maior até mesmo que a ressonância nuclear magnética desde que seja aplicado no  período agudo inicial.  

Palavras-chave: Síndrome vestibular aguda; Nistagmo; HINTS.

ABSTRACT 

The clinical picture of acute vestibular crises has been a challenge for emergency physicians in terms of  discriminating between central and peripheral causes. OBJECTIVE: to carry out an integrative  literature review on the use of the HINTS protocol (head impulse, nystagmus, test of skew) in relation  to imaging methods. METHODOLOGY: We opted for an integrative literature review in which the  PubMED database was used, consulted between 2013 and 2015. The following descriptors were used:  HINTS and acute vestibular syndrome. RESULT: Dizziness and vertigo are responsible for a large part  of the demand for emergency care. Around 40% of the population will experience symptoms at some  point, but less than half seek medical attention. When arriving at the emergency room, it becomes a  challenge for doctors to define the etiology of the acute condition. The need for quick and less invasive  protocols makes HINTS obtain great evidence in institutional protocols. CONCLUSION: The use of  the HINTS bedside test battery, carried out by an experienced doctor, in patients with acute vestibular  syndrome, has the accuracy of identifying cerebrovascular accidents even greater than magnetic  resonance imaging, as long as it is applied in the initial acute period. 

Keywords: Acute vestibular syndrome; Nystagmus; HINTS.

INTRODUÇÃO 

As síndromes vestibulares agudas são causas de procura ao pronto atendimento em todo mundo.  A rápida identificação de acidentes vasculares periféricos é importante para definir de forma rápida e  segura o início do tratamento e prevenir suas complicações.3 

O protocolo de teste a beira leito, head impulse, nystagmus, test of skew (HINTS), acrescenta  um novo paradigma para médicos de pronto atendimento diferenciarem os acidentes vasculares  encefálicos agudos de síndromes vestibulares periféricas.1 

Diversos são os pacientes que chegam ao pronto atendimento e os sintomas de vertigem aguda  ou tontura são frequentemente identificados erroneamente. São então perdidas oportunidades de  tratamento rápido de entidades como os AVCs (acidentes vasculares cerebrais), que posteriormente  podem se tornar perigosos e com desfecho ruim.2  

Por outro lado, exames mal indicados e tratamentos invasivos para pacientes com causas  periféricas benignas elevam os custos e causam danos aos pacientes. Sabe-se que através de testes a  beira leito, utilizando se das bases fisiológicas, reflexos neurológicos, podemos identificar acidentes  vasculares agudos com maior precisão na fase aguda que por exemplo exames de ressonância nuclear  magnética.2, 4, 5 

Em estudos acompanhados observacionais e descritivos, comparou a aplicação da metodologia  HINTS com uso da ressonância nuclear magnética. Paciente com vertigem ou tontura que iniciaram  atendimento com uso dos protocolos a beira leito HINTS, obtiveram especificidade 0,96 e sensibilidade  de 0,88. O exame adequado e direcionado de um paciente que chega ao pronto-socorro com síndrome  vestibular aguda é de vital importância para estabelecer o diagnóstico diferencial entre patologia  periférica e central, uma vez que alguns acidentes cerebrovasculares podem se apresentar sob o aspecto  de vertigem aguda.

MATERIAIS E MÉTODOS 

Utilizou-se uma revisão sistemática integrativa de literatura, com utilização das bases de  dados do PubMED consultados entre 2013 e 2015. Utilizou-se os seguintes descritores de saúde:  “Acute vestibular syndrome” e “HINTS”. Os critérios de inclusão para os estudos foram artigos  publicados no período que abordassem atualidades relacionadas ao tema. Os critérios de exclusão  foram: textos não encontrados na íntegra. Utilizando os descritores de saúde no PUB MED  (title/abstract), 8 artigos foram encontrados, considerando os critérios de inclusão e exclusão, apenas  6 artigos ficaram para análise. Após análise dos títulos e dos resumos, 6 artigos foram selecionados  para leitura na íntegra para a confecção do estudo. Os outros 2 artigos foram excluídos devido à não  os encontrar na íntegra.  

RESULTADO E DISCUSSÃO 

O nosso medo diante de pacientes com síndromes vestibulares agudas se resume a  diferenciar as duas principais etiologias: neurite vestibular x AVC de fossa posterior. Entramos então  no grande ponto do atendimento na emergência, médicos se deparam com a dúvida pois ao pensar em  lesão central logo vem pensamento de solicitarmos tomografia de crânio. Exame mais acessível e custo  menor para avaliação central, porém com algumas dificuldades no método visto que o mais comum seria  AVCs isquêmicos e não os hemorrágicos além de ser método tem dificuldades de avaliar a fossa  posterior. 

Sabendo que exame de imagem não é tão bom devemos sempre lembrar da possibilidade  de realização de diagnósticos com uso dos aspectos fisiológicos e exame físico do paciente. Em se  tratando de uma patologia potencialmente grave e com tempo limite em caso de trombólise para causa  centrais faz ainda mais evidente que métodos a beira leito ganhem relevância desde que sejam eficazes. 

Com HINTS avaliamos três aspectos: reflexo óculo-cefálico, nistagmo e oclusão da órbita  de maneira alternada e observarmos o desalinhamento sutil do olhar. Cada ponto com suas  características que podem sugerir ou não acometimentos centrais. 

A associação entre desvio de inclinação e acidente vascular cerebral do tronco cerebral não  é surpreendente. O desvio de inclinação alternada no olhar tem com frequência lesão no tronco cerebral.  No caso em relação ao nistagmo características de ser unidirecional, horizontal, fatigável e aumentar a  velocidade ao desviar olhar para o lado rápido do nistagmo (lei de Alexander), nos faz pensar em causas  periféricas.  

Reflexo óculo-cefálicos positivo, ou seja, sacada corretiva ao realizar teste fala a favor de  causa periférica. Em contraposição se negativo ao teste o quadro pode ser central. Qualquer alteração  nesta tríade de exames que fale a favor de causa central é mandatório realização de exames  complementares de imagem. 

CONCLUSÃO 

Quando os pacientes com vertigem chegam ao pronto-socorro, a maioria sofre de condições  benignas. No entanto, uma pequena fração desses pacientes apresenta condições potencialmente fatais,  como acidentes vasculares cerebrais. A decisão clínica baseada no exame beira leito HINTS (Head-

Impulse Test, Nystagmus, Test-of-Skew) permite ao médico identificar pacientes com síndrome  vestibular aguda de origem central. O HINTS realizado de maneira precoce quando comparado com a ressonância magnética, vem sendo mais sensível. Esse tipo de manobra simples de realização é eficaz  para identificar e distinguir causas centrais dos sintomas de vertigem posicional paroxística benigna e  neurite vestibular. A função fundamental do departamento de emergência é considerar situações que  podem ser fatais, sendo assim de suma importância utilização de métodos com alta especificidade e  sensibilidade. 

REFERÊNCIAS 

1. Carmona S, Martínez C, Zalazar G, Moro M, Batuecas-Caletrio A, Luis L, Gordon C. The Diagnostic  Accuracy of Truncal Ataxia and HINTS as Cardinal Signs for Acute Vestibular Syndrome. Neurol  Frontal, 8:7:125 de agosto de 2015. doi: 10.3389/fneur.2015.00125. eCollection 2015. 

2. Newman-Toker DE, Curthoys IS, Halmagyi GM. Diagnosing Stroke in Acute Vertigo: The HINTS  Family of Eye Movement Tests and the Future of the “Eye ECG”. Semin NeurolOutubro de  2015;35(5):506-21.doi: 10.1055/s-0035-1564298. 

3. Newman-Toker DE, Kerber KA, Hsieh YH, Pula JH, Omron R, Saber Tehrani AS, Mantokoudis G,  Hanley DF, Zee DS, Kattah JC. HINTS outperforms ABCD2 to screen for stroke in acute continuous  vertigo and dizziness. Acad Emerg Med, Outubro de 2013;20(10):986-96.doi: 10.1111/acem.12223. 

4. Mochalina N, Khoshnood A, Karlberg M, Dryver E. Dizziness in the emergency room.Lakartidningen  24 de fevereiro de 2015: 112: C9LR. 

5. Saber Tehrani AS, Kattah JC, Mantokoudis G, Pula JH, Nair D, Blitz A, Ying S, Hanley DF, Zee DS,  Newman-Toker DE. Small strokes causing severe vertigo: frequency of false-negative MRIs and  nonlacunar mechanisms.Neurologia. 8 de julho de 2014;83(2):169-73. doi:  10.1212/WNL.0000000000000573. Epub 2014, 11 de junho.

6. Batuecas-Caletrío Á, Yáñez-González R, Sánchez-Blanco C, González-Sánchez E, Benito J, Gómez  JC, Santa Cruz-Ruiz S. Peripheral vertigo versus central vertigo. Application of the HINTS protocol.  Rev Neurol16 de outubro de 2014;59(8):349-53.


*E-mail: marcellovmcotrim@hotmail.com