USE OF LOW-LEVEL LASER FOR THE TREATMENT OF BELL’S PALSY: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7633389
Iorrana da Silva Ramos
Orientadora: Profa. Dra. Ângela Alexandre Meira Dias
RESUMO
A paralisia de Bell é uma doença onde há uma fraqueza repentina dos movimentos de um lado da face. De etiologia complexa, não existe uma unanimidade em relação aos tratamentos para sua recuperação, porém, uso de fármacos, fisioterapia e tratamento com laser de baixa potência vem sendo utilizados e mostrando resultados benéficos. Objetivo: O objetivo desta revisão de literatura foi abordar as formas de tratamento para a paralisia de Bell, destacando o uso do Laser de baixa potência para esta finalidade. Material e Métodos: Para este trabalho, foram realizadas pesquisas na plataforma PubMed e Google Acadêmico acerca do tema Uso do laser de baixa potência para o tratamento da Paralisia de Bell, utilizando as seguintes palavras-chave: Paralisia de Bell; Etiologia da Paralisia de Bell; Laserterapia; Laser de baixa potência; Laserterapia de baixa potência; Laser de baixa potência e odontologia. A busca encontrou um total de 207 estudos. Apenas 1 artigo foi utilizado na plataforma Google Acadêmico. Após leitura dos títulos e dos resumos, foram excluídos 181, chegando ao número total de 26 estudos, que foram utilizados para este trabalho. Conclusão: Para o tratamento para a Paralisia de Bell, são indicados o uso de corticosteróides, antivirais, tratamento fisioterápico e tratamento com laser de baixa potência. O tratamento com lasers de baixa potência se mostrou eficaz no tratamento da Paralisia de Bell, pela sua propriedade anti-inflamatória e analgésica, estando relacionado à recuperação de movimentos e prevenção de sequelas, podendo ser indicado para pacientes diabéticos, que não podem fazer uso de corticosteróides, e pediátricos.
Palavras-Chave: Paralisia de Bell; Etiologia da Paralisia de Bell; Laserterapia; Laser de baixa potência; Laserterapia de baixa potência; Laser de baixa potência e odontologia.
ABSTRACT
Bell’s Palsy is a condition characterized by loss of movements on one side of the face. From complex etiology, there is no consensus regarding treatments for its recovery, however, the use of pharmacologic therapy as well as physiotherapy and low-level laser treatment have been utilized and have been showing beneficial results. Objective: The objective of this literature review was to give an approach of the different treatments for Bell’s Palsy, focusing on the low-level laser treatment. Material and Methods: For this review, searches on PubMed and Google Scholar platforms have been done regarding the low-level laser treatment theme for Bell’s Palsy treatment, using key search words as Bell’s palsy; Etiology of Bell’s palsy; Laser Therapy; Low-level laser; Low-level laser therapy; Low level laser and dentistry. Only one paper has been used from Google Scholar platform. Post paper titles and abstracts reading, a total of 181 papers were excluded, giving a total of 26 studies left which have been utilized for this review. Conclusion: For Bell’s Palsy treatment it is indicated the use of corticosteroids, antivirals, physiotherapy, and low-level laser therapy. The treatment with low-level laser has been shown to be effective for Bell’s Palsy due to its anti-inflammatory and analgesic properties, and for being related to movements recovery and sequels prevention, and by being indicated for diabetic patients that can not take corticoids, as well as for pediatric patients.
Keywords: Bell’s palsy; Etiology of Bell’s palsy; Laser Therapy; Low-level laser; Low-level laser therapy; Low level laser and dentistry.
1. INTRODUÇÃO
A paralisia de Bell é uma patologia que se caracteriza pela ocorrência de fraqueza repentina dos músculos responsáveis pelas expressões faciais.1 Geralmente acontece em apenas um lado da face e o próprio paciente é capaz de percebê-la ao se olhar no espelho. A paralisia facial de Bell ocorre tanto em mulheres quanto em homens de forma semelhante, não havendo, portanto, uma preferência em relação ao gênero do indivíduo.1
A paralisia de Bell é assim chamada porque foi o cirurgião escocês Sir Charles Bell (1774 – 1842) quem reconheceu que os movimentos da mímica facial são controlados pelo sétimo nervo craniano e que, quando este nervo é afetado, ocorre então uma paralisia nesta região. A causa exata da paralisia facial de Bell ainda é incerta, mas existem algumas hipóteses diagnósticas para o seu surgimento.2
Como não há uma exatidão em relação às causas que levam à essa disfunção, também não há uma forma de tratamento exata para a cura. No entanto, o uso de corticoides e antivirais é defendido e tem resultados benéficos como recurso terapêutico.1,3 Além do tratamento farmacológico, existem também outras formas para se tratar os sinais e sintomas da paralisia facial de Bell, como o uso de colírios, fisioterapia, acupuntura e o tratamento com laser de baixa potência.1
O Laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation), em português Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação, surgiu de uma pesquisa sobre os princípios físicos da emissão de luz estimulada. Atualmente, baseado em diversos estudos, o laser é utilizado como tratamento em muitas áreas das ciências médicas. Na Odontologia, pode-se exemplificar sua utilização nas áreas de estomatologia, endodontia, periodontia, dentística, dentre outras. 4,5
Em relação a paralisia facial de Bell, o tratamento com o laser de baixa potência associado ao tratamento farmacológico vem sendo utilizado e mostrando resultados eficazes na recuperação das funções motoras e na prevenção de possíveis sequelas.1,6 Este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o tratamento da Paralisia facial de Bell e seu tratamento com o Laser de Baixa Potência.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Para esta revisão foi realizada uma pesquisa no banco de dados da plataforma PubMed, acerca do tema Uso do Laser de baixa potência para o tratamento da paralisia de Bell, utilizando as seguintes palavras-chave (keywords): Paralisia de Bell (Bell’s Palsy); Etiologia da paralisia de Bell (Etiology of Bell’s palsy); Laserterapia (Laser Therapy); Laser de baixa intensidade (Low-level laser); Terapia com laser de baixa intensidade (Low-level laser therapy); Laser de baixa intensidade e odontologia (Low level laser and dentistry).
Como critérios de inclusão, foram utilizados estudos que foram publicados entre os anos de 2017 até 2022, que estivessem nos idiomas inglês e português. Apenas dois estudos em português foram utilizados para esta pesquisa e, um deles, da Revista Portuguesa de Estomatologia e Cirurgia Maxilofacial, de 2006. 1(um) livro sobre Laserterapia também foi utilizado para esta revisão.
Como critério de exclusão, após leitura de títulos e resumos, foram excluídos estudos que estavam em outros idiomas e artigos que não abordavam o tema proposto.
Quadro 1: Fluxograma do processo de seleção dos artigos pesquisados.
3. REVISÃO DE LITERATURA
A mímica facial é uma ferramenta que os seres vivos utilizam a fim de comunicar-se uns com os outros e está presente tanto nos seres humanos, quanto nos animais.2 Através destes movimentos, é possível reconhecer sentimentos e passar informações. A expressão facial acontece como consequência da movimentação dos músculos responsáveis por determinada área. Estes músculos são comandados por estímulos vindos do sétimo par de nervos cranianos (Nervo Facial) e das suas ramificações que, se comprometidas, farão com que haja um enfraquecimento muscular, ocasionando uma paralisia. 2,7
Porém, não só os movimentos de mímica facial são coordenados pelo Nervo Facial. As fibras aferentes e as parassimpáticas também são afetadas quando ocorre um acometimento do sétimo par e interferem na sensação do conduto auditivo externo, na mucosa do palato, no pavilhão auricular, da função sensorial dos dois terços anteriores da língua, das glândulas lacrimais e das glândulas salivares menores2, fazendo com que o indivíduo não apenas seja prejudicado em relação aos movimentos da face, como também em funções fisiológicas.
A paralisia de Bell é uma das condições onde ocorre um enfraquecimento repentino dos músculos da mímica facial, causando uma paralisia periférica. A etiologia da PB ainda é incerta, porém, existem algumas possíveis causas para a sua ocorrência, sendo elas virais, inflamatórias, auto imunes, vasculares e mudanças abruptas de temperatura 1,2,3,7,8.
Clinicamente, os sinais e sintomas podem variar, podendo ser leves, moderados ou severos. De forma geral, o próprio paciente é capaz de observar e identificar a PB, visto que, ao se olhar no espelho e tentar fazer mímicas faciais, não conseguirá. Em seu estudo, Reich 2 cita Romberg, que diz: “O paciente é incapaz de enrugar a testa. Os sulcos desaparecem de uma vez com a paralisia, de modo que a testa de um homem idoso torna-se tão suave quanto a de uma criança. E nenhum cosmético pode ser mais eficaz […]”2. Além da incapacidade de franzir a testa, é possível também observar a queda das pálpebras e do canto da boca no lado afetado, a incapacidade de fechar o olho completamente, o que causa secura no globo ocular, dificuldade em comer alimentos líquidos, escovar os dentes, pois o músculo orbicular da boca é incapaz de impedir que extravasam pela lateral, dor de ouvido do lado afetado, incapacidade de assoviar, mandar beijo, sentir o gosto dos alimentos, pois os dois terços anteriores da língua são afetados pela condição, sensibilidade ao som, movimentar a narina e mexer o músculo platisma 8,9.
Pelo fato de ainda não haver uma certeza em relação à etiologia da PB, também não há uma exatidão em relação às formas de tratamento da mesma. No entanto, o uso de corticosteróides e antivirais vêm mostrando resultados positivos e podem reduzir sequelas a longo prazo 1,3,9. Além do tratamento farmacológico, outras formas para se tratar os sinais e sintomas da paralisia facial de Bell estão sendo utilizadas, como: uso de colírios para evitar o ressecamento ocular e possíveis sequelas, fisioterapia, onde serão utilizados métodos para estimular a volta da função do nervo, acupuntura e uso de laser de baixa potência1.
O Laser é um equipamento capaz de produzir uma luz. Esta energia luminosa é produzida por meio de uma amplificação óptica com a emissão estimulada de radiação4,5,6. De alguns anos para cá, foi possível observar um aumento no uso do Laser na área médica. Os lasers utilizados na fototerapia são os Lasers de baixa potência, ou Classe III. O tratamento com o laser não é invasivo e se mostrou muito eficaz na redução da inflamação e na analgesia do local onde é aplicado10,11,12,13,14,15,16,17.
A influência que a luz terá sobre o tecido onde é aplicada será definida de acordo com os parâmetros usados, como: densidade de energia utilizada, fonte de luz, pulsação da luz e comprimento de onda. A Luz Vermelha e a Infravermelha (IR) são as mais utilizadas4,10,12,13,14,16,17. Os comprimentos de onda mais baixos serão absorvidos pelos tecidos encontrados mais superficialmente e de coloração avermelhada (luz vermelha). Já para atingir os tecidos mais profundos, é necessário que se utilize lasers com comprimento de onda mais altos (Infravermelho). Os tecidos mais superficiais não serão atingidos por eles.
Na odontologia, pode-se exemplificar sua utilização nas áreas de estomatologia, para tratamento de lesões de herpes simples, herpes zoster, xerostomia, estomatite aftosa e mucosite. Na ortodontia, seu uso é defendido para que a dor após a colocação do aparelho seja reduzida, bem como para facilitar o processo de osseointegração e uma remodelação óssea mais rápida. Também utilizado na área de cirurgia e implantodontia, o laser de baixa potência é capaz de auxiliar na redução do tempo de cicatrização, diminuindo o edema e, assim, fazendo com que o pós-operatório se torne um momento menos desconfortável. Já na endodontia, o laser é capaz de reduzir as bactérias em canais radiculares infectados, bem como reduzir a dor e inflamação nos tecidos afetados. Na dentística, pode-se utilizar a LLLT para proteção do tecido dentinopulpar. O uso de brocas pode ser traumático para a polpa, sendo assim, pode se lançar mão do aparato para que reduza os danos aos odontoblastos e ocorra uma rápida formação de colágeno e de dentina secundária. O laser também pode ser utilizado para auxiliar na redução da hipersensibilidade dentinária, pois produzirá um efeito na camada odontoblástica, também estimulando a produção de dentina secundária. Se utilizado juntamente com agentes dessensibilizantes, terá um excelente resultado. Já na periodontia, podemos dizer que os pacientes que foram submetidos a terapias periodontais tiveram melhores resultados com o auxílio da LLLT, por sua capacidade de diminuir a inflamação nos tecidos. Na DTM, pode-se utilizá-la para a melhora de trismo e também no pós-operatório10,18.
No que concerne à paralisia facial de Bell, o tratamento farmacológico combinado com a fisioterapia vem trazendo resultados benéficos para o paciente1,6, devolvendo a função do nervo e, consequentemente, dos músculos envolvidos na mímica facial. Porém, apesar de os resultados serem animadores, estima-se que 30% dos pacientes não alcançam uma recuperação completa da PB. Estudos revelam que a LLLT combinada com os tratamentos mencionados acima, pode obter um resultado mais rápido, pois estimula a cicatrização celular e a condução nervosa19. O Laser ativa os fotorreceptores que estão presentes nas membranas mitocondrial e celular, convertem essa energia luminosa em energia química, sendo capaz de aumentar a produção de ATP nas mitocôndrias e fazer com que as células consomem oxigênio, tendo como consequência um relaxamento muscular. Também produz efeitos anti inflamatórios, aumenta a drenagem linfática, diminuindo edemas e aumentando o suprimento sanguíneo da pele. Além disso, tem efeitos que causam regeneração e cicatrização de nervos periféricos e reduz a degeneração após um trauma. A laserterapia influencia diretamente a estrutura do nervo20.
A LLLT é um tratamento não invasivo, indolor e pode ser uma excelente alternativa para pacientes com PB que, por alguma razão, não podem fazer tratamento com corticosteróides, como os diabéticos e os hipertensos21. Para pacientes acometidos com a PB, o laser infravermelho é o mais utilizado, pois o tratamento deve atingir as fibras nervosas, que estão em regiões mais profundas22. O mecanismo de ação da fotobiomodulação (PBM) na Paralisia de Bell acontece tanto pela ação antiinflamatória que ela tem, quanto pelo seu efeito direto sobre os nervos. Esta ação antiinflamatória se dá pela redução dos níveis de citocinas pró inflamatórias, a Interlucina-1 alfa (IL-1α) e a Interlucina-2 beta (IL-1β). Além de causar dilatação dos vasos sanguíneos, o que também ajuda na diminuição do inchaço causado pela inflamação23,24.
Os equipamentos de laser mais utilizados com luz de baixa intensidade são os de Hélio-Neônio (He-Ne) e o Arseneto de Gálio e Alumínio (GaAlAs)25. Geralmente, o GaAlAs é o laser mais utilizado no tratamento da PB, sendo aplicado em comprimento de onda de 830nm, potência de 100Mw e frequência de 1Hz. É necessário que haja uma aplicação por dois minutos e em oito pontos no lado do rosto afetado pela paralisia com uma densidade de energia média de 10J/cm2. É recomendável que sejam realizadas de duas a três sessões por semana, com um intervalo de 48 horas entre elas. Recomenda-se que o paciente continue fazendo os exercícios faciais, como mandar beijo, assoviar, encher balão de festa, levantar as sobrancelhas, sorrir, entre outros6,20,21,22. O uso do Laser de baixa potência para qualquer tipo de tratamento é seguro, porém, existem algumas poucas contraindicações para o uso do equipamento, como: Pacientes com desordens de coagulação, pois o tratamento com o laser afeta o fluxo sanguíneo e ainda de forma indefinida, pacientes que têm alguma malignidade, pois o tratamento estimula o crescimento celular. Também deve-se sempre evitar seu uso diretamente sobre a glândula tireóide. Os óculos de proteção específicos para a utilização do laser nunca devem deixar de ser utilizados18.
4. DISCUSSÃO
Para o tratamento da Paralisia facial de Bell, estudos diversos analisam e comparam a ação de fármacos, associados ou não à fisioterapia e ao tratamento com laser de baixa potência. Estes estudos têm mostrado efeitos benéficos destes tipos de tratamento na recuperação dos movimentos musculares e na redução das sequelas.
Para Somasundara e Sullivan8, a inflamação e o edema do nervo facial são os responsáveis pelos sintomas. Por este motivo, os autores defendem o uso de corticosteroides, devido à sua ação antiinflamatória. Já em relação aos antivirais combinados ao antiinflamatório, os mesmos afirmam que não há certeza quanto ao benefício da combinação destes dois medicamentos, sendo o mais utilizado, o Aciclovir.
No estudo de Vanderlei et al.25, foi realizada uma revisão de literatura integrativa para estudar sobre a utilização e os efeitos do laser de baixa potência como forma de tratamento de paralisias faciais periféricas. Os autores observaram que o laser infravermelho é capaz de penetrar em regiões mais profundas, sendo absorvido pela membrana plasmática das células. Eles acreditam que, por esta razão, o uso deste tipo de laser é defendido para este fim. No entanto, dois estudos apontaram que, utilizar o laser vermelho ao final do tratamento com o infravermelho traz bons resultados, pois aumentam a síntese de colágeno e elastina. Os autores também observaram que a dosagem, o tempo de aplicação e os pontos onde o laser foi irradiado variaram muito entre os estudos. De acordo com um dos estudos analisados por eles, não há uma dosagem padrão para a utilização do laser e nem uma única técnica. Por isso, os resultados dos tratamentos também podem variar.
Visando avaliar os efeitos dos antivirais tanto sozinhos, como em combinação com outra medicação, Gagyor et al.9 concluíram que a terapia combinada entre antivirais e corticosteróides tiveram pouco ou nenhum efeito nas taxas de recuperação completa quando comparadas com os corticosteróides sozinhos. Eles afirmam que, provavelmente, a combinação dos medicamentos reduz sequelas tardias da PB.
Uma outra forma de tratamento para a paralisia facial de Bell, é o uso do laser de baixa potência, que pode ser utilizado ou de forma coadjuvante, ou como primeira escolha em pacientes que não podem fazer uso de corticosteróides21.
Viegas et al.6realizaram um caso onde uma paciente acometida pela PB foi submetida a quatro sessões de LLLT, com intervalo de 48h entre elas. Foram marcados, com caneta, o trajeto dos cinco ramos principais do nervo facial e alguns pontos de inserção dos músculos que foram paralisados. Na região muscular, foram utilizados 21J/cm² com o laser vermelho (HeNe), em comprimento de onda de 635nm, potência de saída de 50mW e frequência de 72Hz e com o infravermelho (GaAIAs), em comprimento de onda de 830nm, potência de saída de 50mW e frequência de 72Hz. Já na região correspondente aos principais ramos do nervo facial, utilizaram 1J/cm², em varredura, com o laser vermelho. Na segunda sessão já foi possível perceber uma melhora. Durante os 40 dias de controle clínico, a partir do início da terapia com o laser de baixa potência, observou-se que os movimentos de mímica facial da paciente estavam normalizados.
Em um estudo com 30 pacientes diabéticos, que não poderiam fazer uso de corticosteróides, Ahamohamdi et al.20 submeteram os pacientes a 12 sessões de LLLT, com potência de saída de 334mW, frequência de 100Hz, comprimento de onda de 830nm e dose de 16J/cm² por três vezes na semana. Foram marcados 9 pontos no lado do rosto afetado pela PB e o laser foi aplicado em cada ponto por 1 minuto. Ao final do estudo, observou-se que 6 casos tiveram recuperação completa e 4 apresentaram sequelas leves após o tratamento. No período de acompanhamento, durante 3 meses, não foi observada a recorrência em nenhum caso e, os pacientes que haviam obtido recuperação incompleta, alcançaram a completa.
No estudo realizado por Ordahan e Karahan21, onde 46 pacientes com PB foram recrutados para serem submetidos a LLLT associado a fisioterapia, o tratamento foi realizado em três sessões por semana, durante 6 semanas, em comprimento de onda de 830nm, potência de saída de 100Mw e frequência de 1Hz, utilizando um laser infravermelho (GaAIAs), com densidade de energia média de 10J/cm². Foram marcados oito pontos no lado afetado no rosto dos pacientes, onde o laser foi aplicado por 2 minutos em cada. Foi recomendado que os pacientes também fizessem exercícios de expressão facial durante todo o tratamento. Com isso, os autores puderam observar que o tratamento combinado de LLLT e fisioterapia traz uma melhora significativa no quadro, quando comparado com a fisioterapia de forma isolada.
Poloni et al.22, em seu estudo, relataram o caso de uma paciente pediátrica (13 anos) que foi diagnosticada com PB. A paciente foi submetida a 3 sessões da LLLT com o laser infravermelho (GaAIAs), com comprimento de onda de 830nm e potência de saída de 100Mw, 100J/cm² de densidade energética. O tempo de aplicação foi de 28 segundos por ponto (origem e inserção do músculo masseter direito). Nenhum outro tratamento coadjuvante foi empregado neste caso. Uma semana após a primeira sessão, a paciente retornou com uma pequena melhora, tanto no quadro clínico, quanto na sintomatologia. Uma nova sessão foi realizada e, após 3 dias, já foram observadas melhoras na fala e na mastigação. A terceira sessão foi realizada e, após 3 semanas desde o início do tratamento, a paciente já havia se recuperado completamente.
Fornaini et al.23, em um estudo bem diferente, relataram o caso de uma menina de 15 anos que recebeu o aparelho e todas as instruções para utilizá-lo em casa, o que chamou de “PBM autoadministrado”. O dispositivo utilizado foi o B-Cure Laser Pro,Good Energies Ltd., um laser de classe II, que emite um comprimento de onda próximo de 808nm. Sua potência de saída de 250Mw é emitida em micropulsos, com frequência de 15KH. O tratamento foi realizado duas vezes ao dia por aplicações cutâneas, a cada 15 minutos, posicionando o dispositivo na área que corresponde à glândula parótida. Foi observado que, após a primeira sessão, houve uma importante melhora, tanto do quadro clínico, quanto da sintomatologia. Duas semanas depois do início do tratamento, notou-se que a paciente estava se recuperando completamente.
De acordo com o estudo de Javaherian et. al26, que teve como objetivo realizar uma revisão sistemática para avaliar os efeitos da LLLT na recuperação da PB, observou-se que em todos os estudos incluídos na revisão realizada, exercícios faciais foram utilizados em combinação com a laserterapia. Eles acreditam que a presença da fisioterapia seja importante e que tenha uma grande influência na melhora dos pacientes. Afirmam também não haver muitas evidências sobre a eficácia da LLLT para a PB e, por isso, deve-se ter uma maior cautela ao indicá-la. Por fim, os autores afirmam que o número de estudos limitados não permitiu que fosse feita uma metanálise para melhor esclarecimento.
5. CONCLUSÃO
De acordo com o estudo realizado, pôde-se concluir que:
1. Existem diversas formas de tratamento para a Paralisia de Bell, sendo estas: o uso de corticosteróides, antivirais, tratamento fisioterápico e tratamento com laser de baixa potência;
2. O uso do laser de baixa potência se mostrou eficaz no tratamento da Paralisia de Bell, pela sua propriedade anti-inflamatória e analgésica, estando relacionado à recuperação de movimentos e prevenção de sequelas, podendo ser indicado para pacientes diabéticos, que não podem fazer uso de corticosteróides, e pediátricos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Heckmann JG, Urban PP, Pitz S, Guntinas-Lichius O, Gágyor I. The Diagnosis and Treatment of Idiopathic Facial Paresis (Bell’s Palsy). Dtsch Arztebl Int. 2019;116(41):692-702.
2. Reich SG. Bell’s Palsy. Continuum (Minneap Minn). 2017:447-466.
3. Zhang W, Xu L, Luo T, Wu F, Zhao B, Li X. The etiology of Bell’s palsy: a review. J Neurol. 2020;267(7):1896-1905.
4. Arjmand B, Khodadost M, Jahani Sherafat S, Rezaei Tavirani M, Ahmadi N, Hamzeloo Moghadam M, et al. Low-Level Laser Therapy: Potential and Complications. J Lasers Med Sci. 2021-12:42.
5. Nadhreen AA, Alamoudi NM, Elkhodary HM. Low-level laser therapy in dentistry: Extra-oral applications. Niger J Clin Pract. 2019;(10):1313-1318.
6. Viegas VN, Kreisner PE, Mariani C, Pagnoncelli RM. Laserterapia Associada ao Tratamento da Paralisia Facial de Bell. Rev Port Estomatol Cir Maxilofac 2006; 47:43-48.
7. Owusu JA, Stewart CM, Boahene K. Facial Nerve Paralysis. Med Clin North Am. 2018;102(6):1135-1143.
8. Somasundara D, Sullivan F. Management of Bell’s palsy. Aust Prescr. 2017;40(3):94-97.
9. Gagyor I, Madhok VB, Daly F, Sullivan F. Antiviral treatment for Bell’s palsy (idiopathic facial paralysis). Cochrane Database Syst Rev. 2019.
10.Dompe C, Moncrieff L, Matys J, Grzech-Leśniak K, Kocherova I, Bryja A, et al. Photobiomodulation-Underlying Mechanism and Clinical Applications. J Clin Med. 2020 Jun 3;9(6):1724.
11.Fabre HS, Navarro RL, Oltramari-Navarro PV, Oliveira RF, Pires-Oliveira DA, Andraus RA, Fuirini N, Fernandes KB. Anti-inflammatory and analgesic effects of low-level laser therapy on the postoperative healing process. J Phys Ther Sci. 2015;(6):1645-8.
12.Tsai SR, Hamblin MR. Biological effects and medical applications of infrared radiation. J Photochem Photobiol B. 2017;170:197-207.
13.Mussttaf RA, Jenkins DFL, Jha AN. Assessing the impact of low level laser therapy (LLLT) on biological systems: a review. Int J Radiat Biol. 2019;95(2):120-143.
14.Kalhori KAM, Vahdatinia F, Jamalpour MR, Vescovi P, Fornaini C, Merigo E, et al. Photobiomodulation in Oral Medicine. Photobiomodul Photomed Laser Surg. 2019;37(12):837-861
15.Cronshaw M, Parker S, Anagnostaki E, Mylona V, Lynch E, Grootveld M. Photobiomodulation Dose Parameters in Dentistry: A Systematic Review and Meta Analysis. Dent J (Basel). 2020 Oct 6;8(4):114
16.Wickenheisser VA, Zywot EM, Rabjohns EM, Lee HH, Lawrence DS, Tarrant TK. Laser Light Therapy in Inflammatory, Musculoskeletal, and Autoimmune Disease. Curr Allergy Asthma Rep. 2019;19(8):37
17.Mansouri V, Arjmand B, Rezaei Tavirani M, Razzaghi M, Rostami-Nejad M, Hamdieh M. Evaluation of Efficacy of Low-Level Laser Therapy. J Lasers 2020;11(4):369-380.
18.Convissar, R. Princípios e Práticas do Laser na Odontologia. São Paulo: Editora Elsevier, 2011.230p.
19.Kandakurti PK, Shanmugam S, Basha SA, Amaravadi SK, Suganthirababu P, Gopal K, et al. The effectiveness of low-level laser therapy combined with facial expression exercises in patients with moderate-to-severe Bell’s palsy: A study protocol for a randomised controlled trial. Int J Surg Protoc. 2020;24:39-44.
20.Ahamohamdi D, Fakhari S, Farhoudi M, Farzin H. The Efficacy of Low-Level Laser Therapy in the Treatment of Bell’s Palsy in Diabetic Patients. J Lasers Med Sci 2020:(3):310-315.
21.Ordahan B, Karahan AY. Role of low-level laser therapy added to facial expression exercises in patients with idiopathic facial (Bell’s) palsy. J Lasers Med Sci. 2017;32(4):931-936
22.Poloni MM, Marques NP, Ribeiro Junior NV, Sperandio FF, Hanemann JAC, de Carli ML. Bell’s palsy treated with photobiomodulation in an adolescent: Rare case report and review of the published literature. Int J Paediatr Dent. 2018: 28(6):658- 662
23.Fornaini C, Meng Z, Merigo E, Rocca JP. “At-Home” Photobiomodulation: A New Approach for Bell’s Palsy Treatment. Case Rep Neurol Med. 2021:5043458
24.Alayat MS, Elsodany AM, El Fiky AA. Efficacy of high and low level laser therapy in the treatment of Bell’s palsy: a randomized double blind placebo-controlled trial. Lasers Med Sci. 2014;29(1):335-42.
25.VANDERLEI, Thales; BANDEIRA , Rafael Nóbrega; CANUTO, Marisa Siqueira Brandão; ALVES, Giorvan Anderson dos Santos. Laserterapia de baixa potência e paralisia facial periférica: revisão integrativa da literatura. Distúrbios da comunicação, São Paulo, v. 31, n. 4, 20 jan. 2020. Artigos, p. 557-564
26 .Javaherian M, Attarbashi Moghaddam B, Bashardoust Tajali S, Dabbaghipour N. Efficacy of low-level laser therapy on management of Bell’s palsy: a systematic review. Lasers Med Sci. 2020 Aug;35(6):1245-1252.