USO DO CANABIDIOL E DO TETRA-HIDROCANABINOL NO TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA: REVISÃO NARRATIVA

USE OF CANNABIDIOL AND TETRAHYDROCANNABINOL IN THE TREATMENT OF CHRONIC PAIN: A NARRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10001285


Bruno Henrique Silva Orta1
Rodrigo Eduardo De Almeida Lima2
Vitória Caroline de Macedo3
Joyce Mendes-Gomes4


Resumo

A dor pode ser subclassificada quanto à evolução em: aguda ou crônica, sendo essa importante causa de perda de funcionalidade, de estresse e de custos financeiros e sociais. Ressalta-se que nem todos os pacientes conseguem alívio dessa afecção através dos fármacos convencionais disponíveis, além de terem que lidar com inúmeras reações adversas. Assim, essa pesquisa teve como objetivo reunir dados a respeito do uso dos canabinoides canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), extraídos da planta Cannabis Sativa, no tratamento de dores crônicas. Para isso, foi  realizada uma revisão narrativa, de modo que, foram selecionados artigos de bibliotecas virtuais e de bases de dados, como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Cochrane Library, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), PubMed e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Cabe ressaltar que, embora haja inúmeros trabalhos a respeito das ações farmacológicas da Cannabis, há poucos com testes clínicos que avaliaram seus efeitos e de seus derivados no controle da dor crônica, provavelmente, porque a legalização para o uso medicinal tem ocorrido de forma lenta no mundo. Além disso, poucos estudos testaram CBD ou THC isoladamente, mesmo porque foi aventada a hipótese de que ocorre sinergia quando esses canabinoides são usados conjuntamente. Diante dos resultados discutidos, e da extrema necessidade da busca por novos fármacos contra a dor, pode-se sugerir que os canabinoides demonstram resultados promissores no tratamento da dor crônica, principalmente a neuropática. Ademais, o tratamento com canabinoides parece levar à redução do uso de opioides, responsáveis por inúmeros efeitos adversos, trazendo assim, aumento da qualidade de vida do paciente.

Palavras-chave: canabidiol (CBD); tetrahidrocanabinol (THC); canabinoides; analgésico; dor crônica.

Abstract

Pain can be subclassified according to its evolution in acute or chronic, which is an important cause of loss of functionality and stress, and of financial and social costs. It is worth noting that not all patients can resolve this condition through the conventional medications available, in addition to having to deal with numerous side effects. Thus, this research aimed to gather data regarding the use of cannabidiol (CBD) and tetrahydrocannabinol (THC), cannabinoids extracted from the Cannabis Sativa plant, in the treatment of chronic pain. For this, a narrative review was carried out, so that articles were selected from virtual libraries and databases, such as the Virtual Health Library (VHL), Cochrane Library, Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), PubMed and Scientific Electronic Library Online (Scielo). It is worth noting that, although there are numerous studies regarding the pharmacological actions of Cannabis, there are few clinical tests that have evaluated its effects in controlling chronic pain, probably because legalization for medicinal use has been occurring slowly around the world. Furthermore, few studies have tested pure isolates of CBD or THC, even because a hypothesis was raised that the synergy of these compounds carries greater potential than the pure isolates themselves. Given the proposed results, and the extreme need to search for new pain medications, it can be suggested that cannabinoids demonstrate promising results in the treatment of chronic pain, especially neuropathic pain. Furthermore, treatment with cannabinoids appears to lead to a reduction in the use of opioids, responsible for considerable side effects, thus increasing the patient’s quality of life.

Keywords: cannabidiol (CBD); tetrahydrocannabinol (THC); cannabinoids; analgesic; chronic pain.

1. Introdução

1.1 Histórico do uso da Cannabis sativa e dos canabinoides 

Existem relatos de que a planta Cannabis sativa, com origem na Ásia, vem sendo utilizada desde 2.700 A.C. (Ribeiro, 2014) por várias nações com finalidades ritualísticas, recreativas e, principalmente, medicinais, como para aumentar o apetite e amenizar náuseas e dores.

 Mesmo tendo sido tão usada na antiguidade, seus efeitos adversos fizeram com que a Cannabis fosse vista de forma negativa, sendo inclusive proibida em muitos países, incluindo o Brasil (Honório et al., 2006; Ribeiro, 2014), destacam que isso ocorreu em razão de que os princípios ativos da planta não haviam sido isolados e estudados, visto que seus extratos ocasionam ações diversas, sendo muitas vezes incoerentes ou prejudiciais.

Desta forma, embora o uso medicinal da Cannabis e seus compostos sejam milenares, para a legalização de sua utilização terapêutica, se fez necessário um aprofundamento dos estudos a fim de resgatar a sua potencialidade clínica. E isso só aconteceu mais recentemente, em torno do final da década de 80 e início da de 90, ao serem descobertos os receptores CB1 e CB2, do sistema endocanabinoide, que inclusive, apontam novos possíveis usos terapêuticos da planta.  Cabe ressaltar que, os receptores CB1 e CB2 estão amplamente distribuídos pelo corpo, o que, possivelmente, explica os inúmeros efeitos da Cannabis. Para ser mais específico, o CB1 é encontrado por todo o corpo humano, incluindo o hipotálamo e a amígdala, responsáveis, respectivamente, pela regulação do apetite e processamento emocional. O CB2 está bastante presente no sistema imunitário e sistema nervoso periférico, de modo que, sua ativação está associada à redução da inflamação e reação às doenças (Ribeiro, 2014).

Conforme Ribeiro (2014) e Bonini et al. (2018), depois do descobrimento dos receptores canabinoides, os meios acadêmico e científico passaram a ter mais interesse pela Cannabis, provocando um aumento exponencial na quantidade de pesquisas direcionadas para o uso dessa planta na Medicina, bem como para pesquisas visando isolar os componentes químicos e averiguar os efeitos colaterais.

Com o intuito de melhor compreender as vantagens e funções da Cannabis, primeiramente é preciso compreender quais são seus princípios ativos, e como cada elemento atua no corpo humano. Outro benefício medicinal da Cannabis é o fato de que contém um elevado índice de compostos químicos, conhecidos como canabinoides. São mais de quatrocentas substâncias, com propriedades de ativar receptores em todo o corpo (Crocq, 2020). Vale destacar ainda, que os canabinoides parecem atuar inclusive em receptores opioides, possibilitando contribuições terapêuticas em diversas patologias (Legare; Raup-Konsavage, Vrana, 2022).

Os canabinoides mais importantes presentes na Cannabis são: o Δ-9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC ou THC), o canabidiol (CBD), o canabinol (CBN) e o Δ-8-tetrahidrocanabinol (Δ8-THC). O Δ9-THC é o componente que possui maior potencialidade psicoativa, visto que é uma substância de alta lipofilicidade, o que facilita sua entrada no sistema nervoso central (Netzahualcoyotzi et al., 2009).

1.2. Propriedades farmacológicas do canabidiol e do tetra-hidrocanabinol

Os canabinoides mais estudados são o THC e CBD, sendo que o primeiro parece estar mais associado a ações negativas, devido a seus efeitos psicoativos e neurotóxicos. Pesquisas destacam que as ações do THC no sistema nervoso abrangem alteração da percepção, mal-estar, letargia, alucinações, pensamentos anormais e transtornos depressivos e de personalidade (Matos et al., 2017). Ainda assim, em indivíduos neoplasias malignas ou com doenças relacionadas à imunodeficiência humana (HIV), relatou-se a utilização de derivados da Cannabis com elevadas quantidades de THC, tendo por finalidade aumentar a fome, preservar o peso corporal e atenuar os enjoos e náuseas induzidos por quimioterapia. 

Quanto ao CBD, foram relatados inúmeros efeitos farmacológicos, como anti-inflamatório, analgésico, antiespasmódico, antiemético, sedativo, além de ações em diversas doenças que afetam o SNC (Grotenhermen, 2002), como transtornos de ansiedade (Lima et al., 2021). Dessa forma, estudos sugerem que seja uma substância importante para o paliativismo de inúmeras patologias, tal como doenças epilépticas, carcinomas, esquizofrenia, esclerose múltipla e doenças de Parkinson e de Alzheimer (Lima et al., 2021). Os indícios de eficiência foram notados em variados graus, a começar de estudos pré-clínicos em animais, bem como, em portadores de inúmeras doenças (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2014). Essa substância, então, surge como alvo de diversas pesquisas e experimentos nos últimos anos, especialmente por causa dos seus atributos farmacológicos. Logo, o CBD parece atuar de forma mais benéfica, dado que dispõe de vários benefícios terapêuticos e, até mesmo, ações protetoras contra efeitos deletérios do THC, contendo em si finalidades antipsicóticas (Zuardi et al., 1982).

Cabe ressaltar que não está totalmente esclarecida a forma como o CBD possivelmente resguarda as células neurais da deterioração impelida pelo THC. Porém, essa potencialidade provocou o aumento do interesse em se pesquisar os possíveis recursos terapêuticos do CBD (Zuardi et al., 2012). Há relatos de que o CBD possa inibir, de forma seletiva, que se formem metabólitos do THC no organismo (Zuardi et al., 1982). Em contrapartida, Huestis (2005) descreveu que somente ocorre uma certa morosidade na formação dos metabólitos 11-Hidroxi-delta-9-tetra-hidrocanabinol e 11-nor-9-carboxi-delta-9-tetra-hidrocanabinol. Além disso, pontuou que a administração conjunta de canabidiol com THC não afetou de forma significativa o volume plasmático, a distribuição e a excreção dos metabólitos do THC (Swift et al., 2013). 

Nesse sentido, pesquisas também demonstram que as reações benéficas do CBD nem sempre suprem os malefícios do THC quando a Cannabis é fumada (Swift et al., 2013). Além disso, nos últimos anos se observa o crescimento nos níveis de THC e redução dos níveis de CBD nas variedades de Cannabis utilizadas. Os danos mostram-se desastrosos para os indivíduos que fazem uso da maconha, especialmente na condição mental (Gaoni, 1971). Em específico, consumidores de variedades com elevados níveis de THC e desfavorecidas em CBD encontram-se à sombra de maiores riscos de ataques psicóticos e redução volumétrica de áreas do encéfalo responsáveis por análise e outras funções cognitivas (Swift et al., 2013). Desta forma, a utilização terapêutica de THC acabou se tornando limitada. Todavia, o THC é considerado a principal substância ativa na utilização recreativa da planta (Gaoni, 1971), de modo que, continua essencial o investimento em mais estudos fármaco toxicológicos. 

O principal modo através do qual o THC entra em contato com o organismo é através da inalação da fumaça procedente do fumo da maconha. Dessa forma, os canabinóides chegam de maneira rápida e eficaz no pulmão e no encéfalo, o que contribui para a utilização abusiva, dado que as reações produzidas no decorrer da exibição ao alucinógeno são intensas, prazerosas e totalmente reforçadoras (Huestis, 2005).

A disseminação do THC é ágil e começa de forma imediata, depois de ser absorvido no organismo. A associação da substância e de seus metabólitos às holoproteínas plasmáticas é intensamente elevada, em torno de 97%. Os níveis plasmáticos máximos acontecem entre 1,5 – 2,5 horas após a inalação da fumaça, sendo esses níveis equivalentes a cerca de um terço da quantidade inalada de THC (McGilvray, 2005). Pelo fato de ser um componente com elevada lipofília, se acumula nos adipócitos. Passa com facilidade a barreira hematoencefálica (BHE) e, desta forma, chega rapidamente ao encéfalo. A utilização crônica é capaz de ocasionar acúmulos de canabinóides nos tecidos, fazendo com que a sua ação dure por vários dias e, até mesmo, semanas (Widman et al., 1974). De acordo com Johansson et al. (1988), por meio de métodos analíticos sensíveis, é possível identificar o Δ9-THC no fluido corporal sanguíneo no período de um dia, após ter sido administrada uma dose única, e em até treze dias em usuários crônicos. Até então, não se obteve uma concordância no que concerne à meia vida desse componente, mas presume-se que seja de aproximadamente quatro dias (Huestis, 2005; McGilvray, 2005).

A excreção do THC e de seus metabólitos acontece em torno de sete dias, por meio das fezes e da urina. O componente fundamental localizado na urina, e que é muito importante para estudos toxicológicos da Cannabis, é o 11-nor-9-carboxi-Δ9-tetra-hidrocanabinol, ao passo que nas fezes, predomina o 11-hidroxi-Δ9-tetra-hidrocanabinol (Harvey, 1999). 

Cabe destacar que essências da maconha podem vir a ser administradas por outras vias, como por exemplo a sublingual e a dérmica, a fim de impedir o metabolismo pré-sistêmico através do fígado. Porém, não foram encontradas muitas pesquisas relacionadas a essas formas de aplicação. A utilização de essências da Cannabis aplicadas na pele está sendo analisada como uma forma de aperfeiçoar a biodisponibilidade das substâncias extraídas da C. sativa, especialmente em razão das conclusões promissoras para tratamentos terapêuticos (Huestis, 2005). 

Quanto ao CBD, a via oral é a principal via de administração terapêutica, em virtude das possíveis reações negativas (xerostomia, tontura, sonolência, pressão arterial baixa e entre outras) ao inalar o fumo, principalmente, associadas à fumaça aspirada. É um fitocanabinoide originário dos metabólitos secundários da planta Cannabis e possui a fórmula molecular C21H30O2 e massa molecular de 314,5 g/mol (De Gregorio et al., 2019). 

O CBD parece possuir a capacidade de interagir com muitos outros receptores (como alguns subtipos de receptores serotoninérgicos), que não somente os do sistema endocanabinoide, levando a ações terapêuticas no combate a depressão, psicose, inflamações e dores (Devinsky et al., 2014). No combate a dores, o efeito do CBD parece incluir a interação com receptores endocanabinoides, produzindo ação analgésica devido a diminuição da excitabilidade dos neurônios, sendo assim, um possível composto analgésico adjuvante e alternativo no combate a dor crônica (Gunter, 2018; Vale, 2006). 

1.3. Dor Crônica

De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, estima-se que 30% da população global possui dor crônica, ao passo que, conforme a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), no mínimo 37% dos indivíduos brasileiros relatam vivenciar algum dos tipos de dor crônica, tendo sua primazia assentida em 45,6% (Aguiar et al., 2021). Essa forma de dor normalmente leva ao estresse físico e mental, além dos elevados custos financeiros e sociais à população (Aguiar et al., 2021).

A International Association for the Study of Pain (IASP: Associação Internacional para o estudo da dor) define a dor como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial” (Raja et al., 2020; Desantana et al., 2020). É importante destacar que a dor pode ser subclassificada de diversas maneiras, como por exemplo quanto à evolução, em aguda ou crônica. Assim, a crônica se refere à dor que prevalece por mais de três a seis meses, além do período regular de cura de uma ou mais lesões, ou encontra-se relacionada ao processo patológico crônico, ocasionando a dor constante ou habitual (Aguiar et al., 2021). É possível também classificar a dor crônica quanto às suas características biológicas em neuropática, nociceptiva e nociplástica, baseando-se nas definições apresentadas a seguir. 

A dor neuropática, no ano de 2011, foi redefinida pela IASP como aquela decorrente de lesão ou doença que afeta diretamente o sistema somatossensitivo. Nesse caso, é possível sentir a dor longe da lesão ou doença do SNC (Sistema Nervoso Central), exemplificando: pernas e pés de sujeitos com radiculopatia lombar (Raja et al., 2020). Conforme a IASP, a dor nociceptiva é aquela que surge de uma lesão real ou potencial ao tecido não neural, e devido à ativação de nociceptores (dor relacionada à inflamação crônica). A dor nociplástica é descrita como dor que surge da nocicepção alterada, apesar de não haver evidência clara, ou ameaça, de lesão tecidual real provocando a ativação de nociceptores periféricos, ou evidência de doença ou lesão no sistema somatossensitivo que cause a dor. A síndrome de Joanina Dognini (fibromialgia), caracteriza-se como um exemplo de dor nociplástica (Raja et al., 2020). Cabe ressaltar que a dor pode ser mista, ou seja, ser decorrente de uma sobreposição complexa dos diferentes tipos de dor conhecidos (nociceptiva, neuropática, nociplásica) em qualquer combinação, agindo simultaneamente e/ou concomitantemente para causar dor na mesma área do corpo. Qualquer mecanismo pode ser mais clinicamente predominante em qualquer ponto do tempo (Freynhagen et al., 2020). Um exemplo de dor mista é a oncológica, em que não há somente compressão de nervos e raízes, gerando dor neuropática, mas também de ossos, facetas, articulações e ligamentos (estruturas musculoesqueléticas), gerando dor nociceptiva (Brasil, 2012). 

Segundo Chen et al. (2014) e Uberall (2020), as dores crônicas causam problemas de funcionalidade, afetando os indivíduos em inúmeras práticas cotidianas, com consequente danos sociais e pessoais ao acometido, sendo inclusive, altas as taxas de comorbidade com depressão, ansiedade e distúrbios do sono/insônia. É considerada constante ou recorrente ao longo do estágio de 3 meses. Devido ao fato de possuir uma causa não exata, faz com que nem sempre desapareça ao serem utilizadas técnicas terapêuticas convencionais, causando, assim, incapacidade e inabilidade duráveis. Desse modo, novas formas de aliviá-la são necessárias (Yeng et al., 2001). 

No que concerne a farmacoterapia para dores crônicas, para as dores nociceptiva e mista é usada a escada analgésica proposta pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 1986 (Aneka et al., 2023; Olivência et al., 2018), que de acordo com a intensidade da dor, sugere para a dor fraca o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). Para a dor moderada é sugerido o uso de opióides fracos, como a codeína e o tramadol, assim denominados por apresentarem efeito teto, isto é, acima de determinada dose não há aumento do efeito analgésico, somente se intensificam os efeitos colaterais. (Hennemann-Krause, 2012). Por fim, para a dores intensas, são indicados os opióides fortes, como a morfina, a fentanila, a oxicodona e a metadona,  assim denominados por não terem dose teto, de modo que o limite da dose é o aparecimento de efeitos adversos excessivos e intoleráveis (Hennemann-Krause, 2012). Conforme Abrams (2016), os opioides são uma ótima opção de analgésicos, entretanto, sua utilização contínua representa elevado risco de tolerância (necessidade de doses cada vez mais elevadas a fim de alcançar a ação analgésica inicial), crescendo de forma exponencial os riscos de acontecerem reações adversas e o uso descontrolado da substância, levando à dependência. 

No tratamento de dores neuropáticas, no Brasil, adota-se o protocolo de tratamento da dor neuropática (Brasil, 2012), que prevê, por ordem de prioridade, o uso de: 1- antidepressivos tricíclicos (ADTs), 2- anticonvulsivantes tradicionais, 3- anticonvulsivantes gabapentinoides e 4- opióides. Desta forma, a essência do tratamento da dor crônica neuropática inclui a utilização de fármacos antidepressivos e anticonvulsivantes na maior parte das situações (Finnerup et al., 2005), estando os opióides destinados unicamente aos pacientes com dores refratárias às classes de fármacos citadas. A primeira opção, logo, para situações de dor crônica são os antidepressivos tricíclicos. Se porventura, não ocorrer resposta satisfatória, é preciso associar anticonvulsivantes (gabapentina) e opióides (Finnerup et al., 2005). Cabe destacar que estudos apontam que está em torno de 50% a eficácia desses fármacos em aliviar a dor dentre um terço dos acometidos pela dor neuropática (Mendlik et al., 2015). Desse modo, fica perceptível a necessidade de outras opções de medicamentos destinados a melhorar ou combater a dor crônica.

1.4. Tratamento Tradicional de Dores Nociceptivas e Mistas Crônicas

1.4.1.  Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)

 Hodiernamente, na indústria farmacêutica tem mais de 50 variedades de anti-inflamatórios que são usados no tratamento de dores inflamatórias e mistas, tanto agudas como crônicas (Batlouni, 2010). Esses medicamentos se classificam em duas categorias: os anti-inflamatórios esteroidais, conhecidos como corticoides (AIEs), que exercem ação semelhante ao cortisol, diferentemente do que não ocorre nas estruturas dos anti-inflamatórios não esteroidais (Cardoso Valle Filho et al., 2013). Os anti-inflamatórios não esteroides AINEs compõem uma das classes de fármacos mais prescritos no mundo inteiro (Batlouni, 2010). Os AINEs se classificam em (Bonnesen; Schmidt, 2021): 1- Inibidores seletivos da COX-1, como por exemplo, o ácido acetilsalicílico; 2- Inibidores não seletivos da COX-1, como AAS > 100 mg, indometacina, piroxicam e ibuprofeno; 3 – Inibidores seletivos da COX 2, como meloxicam e nimesulida; 4- Inibidores altamente seletivos da COX-2, sendo que no Brasil são comercializados somente o celecoxibe e o etoricoxibe.

O mecanismo de ação dos AINEs consiste na inibição das enzimas ciclo-oxigenases (COX), impedindo que ocorra a produção das prostaglandinas (PGs), prostaciclinas (PGIs) e dos tromboxanos (TXA2), mediadores considerados os fundamentais interventores do processo inflamatório (Costa, 2010). A literatura destaca a existência de três isoformas das enzimas COX: COX-1, COX-2 e COX-3 (FitzGerald et al., 2001). A primeira é constitutiva em diversos tecidos, como: coração, estômago, rim e, está associada à sinalização celular dos componentes teciduais (Costa, 2010). Já a COX-2, acreditava-se ser somente induzida, ou seja, ativada, durante a resposta inflamatória, facilitando a ocorrência desse processo (FitzGerald et al., 2001). A isoforma COX-3, entretanto, é uma variação da COX-1, devido ao fato de se formar por meio de um splicing alternativo. É detectada de forma abundante no coração e na massa cinzenta do cérebro (córtex), existem estudos com o objetivo de adquirir mais conhecimentos acerca de modulações e especificações (FitzGerald et al., 2001).

Sendo assim, os AINEs correspondem a uma classe de fármacos que auxiliam no tratamento de reações indesejáveis causadas pela resposta inflamatória. Estes atuam diminuindo a febre, dores, edemas e o aumento do fluxo sanguíneo em alguma parte específica do corpo ((Batlouni, 2010). Dessa forma, melhoram a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes. Todos os AINEs possuem ações anti-inflamatórias, analgésicas, antipiréticas, com exceção do paracetamol e da dipirona, que somente tem ações antipiréticas e analgésicas (Muri et al., 2009). Esse fato faz com que alguns estudiosos não os considerem como pertencentes à classe dos AINEs. 

Cabe ressaltar que a ação anti-inflamatória é associada à inibição da COX-2, enquanto suas principais reações indesejáveis acontecem, principalmente, em decorrência da inibição da COX-1 ((Batlouni, 2010). Nesse sentido, embora sejam considerados relativamente seguros, é possível que os AINEs venham a causar efeitos colaterais, que variam de indigestão até a morte ocasionada pela perfuração de alguma úlcera ou hemorragias (Batlouni, 2010). Nesse sentido, seus principais efeitos colaterais são diarreias, indigestão, úlceras, hemorragias gastrointestinais, aumento no tempo de sangramento, insuficiência renal e alterações em exames de função renal (Batlouni, 2010). Sua utilização, desta forma, precisa ser de modo seguro, com acompanhamento de um profissional da saúde, a fim de que ofereça mais vantagens do que riscos aos pacientes. Quanto aos seletivos COX-2, conhecidos como coxibes, podem causar insuficiência renal, hepática e danos cardiovasculares, como infarto. Assim, é desaconselhado que os coxibes sejam utilizados por período superior a 7 dias, e sua venda somente pode ser efetuada sob a retenção de receita médica. 

Os AINEs encontram-se disponíveis para administração pelas vias intravenosa, oral, retal e transdérmica (Muri et. al., 2009). Todos os AINEs possuem excelente absorção pelas vias retal e transdérmica, atingindo a meia-vida entre 2 a 3 horas. Já na absorção pelo trato gastrointestinal superior, existe a possibilidade de comprometimento com a utilização simultânea de outros medicamentos ou alimentos (Muri et. al., 2009). No sangue, se ligam extensamente às proteínas plasmáticas, sendo que a fração livre desses fármacos em sua forma ativa é cerca de 1% (Muri et. al., 2009). A biotransformação é hepática e a excreção é pela via renal (Muri et. al., 2009).

1.4.2. Opióides

Os opióides são fármacos analgésicos bastante eficazes em tratar a dor crônica, especialmente a oncológica, mostrando-se mais eficientes que os antidepressivos tricíclicos e os anti-inflamatórios não esteroides nessa situação (Furlan., 2006). São também usados para alívio imediato da dor aguda de grau leve a moderado no decorrer da titulação de demais medicamentos, na exacerbação episódica de dor neuropática aguda ou associada a dor oncológica (Smith, 2012). 

Entretanto, antes de se realizar a prescrição de um opióide, é fundamental que seja realizada uma avaliação do histórico do paciente em relação ao uso de etanol e outras drogas de abuso, assim como a presença de comorbidades, visto que podem causar dependência (Chou et al., 2009; Trescot et al., 2008) e a overdose pode ser fatal (Wiesel et. al., 2018). Segundo o National Institute on Drug Abuse (NIDA), nos Estados Unidos, cerca de 80.411 pessoas no ano de 2021, morreram de overdose causadas pelos opióides, sendo que 16.706 os utilizavam sob prescrição médica.

Ademais, não devem ser usados por períodos prolongados, uma vez que, seu efeito analgésico pode sofrer rápida tolerância (Dumas et al., 2008), além de causarem inúmeros efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, sonolência, miose, depressão respiratória, constipação intestinal, retenção urinária (Blake et al., 2017; Deshpande et al., 2007).

A morfina é o fármaco modelo e o padrão de semelhança para demais opióides. Os fármacos dessa classe diferenciam-se quanto a dose (potencial analgésico relativo), farmacocinética (meia vida de eliminação), transformação metabólica (metabolização ativa) e, às vezes, na ação farmacológica, pois além de atuarem em receptores opioides, podem agir em receptores NMDA, como é o caso da metadona, e/ou atuar em vias serotoninérgicas e/ou dopaminérgicas, como por exemplo ocorre com o tramadol e a metadona (Vallejo et al., 2011). Seu principal mecanismo analgésico parece envolver a inibição de vias ascendentes nociceptivas, através de hiperpolarização, e redução de excitabilidade celular, modificando a percepção de nocicepção (Deshpande et al., 2007).

1.5. Tratamento Tradicional de Dores Neuropáticas Crônicas

1.5.1. Antidepressivos tricíclicos (ADT) e Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN)

No meio do século XX, deu-se início à investigação a respeito do possível efeito analgésico do cloridrato de imipramina, um antidepressivo tricíclico (AD), em dor neuropática e reumática. Os resultados foram promissores e ficou demonstrado que o efeito analgésico era independente de seu efeito antidepressivo (Hennemann-Krause et al., 2016), ou seja, se manifestam antes (poucos dias a uma semana comparado a duas a quatro semanas para se observar o efeito antidepressivo) e em doses mais baixas (Obata, 2017). Os AD, que também atuam como antagonistas competitivos em receptores pós-sinápticos colinérgicos muscarínicos, adrenérgicos alfa-1, serotoninérgicos 5HT-2 e histaminérgicos H1, têm como principal mecanismo de ação a inibição da recaptação de serotonina e noradrenalina (Moraczewski et al., 2022), aumentando os níveis desses neurotransmissores na fenda (Berton Muri et. al., 2009 2006; Dharmshaktu et al., 2012; Micó et al., 2006), o que em sistemas moduladores descendentes gera analgesia central (Silva et al., 2022). Nesse sentido, foi demonstrado que parecem inibir a transmissão de impulsos nociceptivos entre as fibras aferentes primárias e secundárias, no corno dorsal da medula espinal (Obata, 2017).

Dentre as várias opções de ADTs, a nortriptilina e a amitriptilina têm sido as mais usadas no tratamento da dor. São administradas pela via oral e alcançam o pico plasmático dentro de 2 a 8 horas. Seus principais possíveis efeitos colaterais são: boca seca, constipação intestinal, retenção urinária, visão embaçada, aumento da pressão ocular, taquicardia e confusão, decorrentes do bloqueio de receptores colinérgicos muscarínicos; aumento de apetite, ganho de peso e sedação, decorrentes do bloqueio de receptores histaminérgicos H1; inversão da onda T e QT prolongado na eletrocardiografia, hipotensão postural, taquicardia reflexa, vertigem, disfunção erétil e ejaculatória, devido ao bloqueio de receptores adrenérgicos alfa-1; fadiga, tontura, alterações do sono, irritabilidade, ganho de peso e disfunção sexual, em razão do bloqueio de receptores serotoninérgicos 5HT-2 (Moreno et al., 1999). Cabe ressaltar que são contraindicadas em pacientes com glaucoma e arritmia cardíaca (Hennemann-Krause et al., 2016).

Outra importante classe de antidepressivos, utilizados no combate às dores neuropáticas crônicas, são os inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN), popularmente conhecidos como duais. Pertencem a essa classe, a duloxetina, a venlafaxina e a desvenlafaxina, que parecem produzir seus efeitos analgésicos atuando de maneira semelhante aos ADTs (Obata, 2017), embora possam ser um pouco menos eficazes quando são comparados os índices de eficácia em pacientes com dor neuropática (Finnerup et al., 2015; Obata, 2017). Cabe ressaltar, entretanto, que não possuem tantos efeitos colaterais como os ADTs, pois não bloqueiam significativamente receptores muscarínicos, H1, alfa-1 e 5HT-2 (Hennemann-Krause et al, 2016). Ainda assim, podem provocar náusea, cefaleia, disfunção sexual, alteração de peso corporal, vertigem, insônia, sedação, constipação intestinal, aumento da pressão arterial e tremores (Scalco, 2002; Whalen et al., 2016).

1.5.2. Anticonvulsivantes tradicionais

Em 1942, Audrey Bergouignan publicou um estudo a respeito da utilização de fenitoína, um anticonvulsivante tradicional, no tratamento da neuralgia do trigêmeo (Bergouignan, 1942; Noble et al., 2010). Alguns anos depois, a fenitoína e a carbamazepina começaram a ser usadas no tratamento de dores neuropáticas crônicas. A partir de 1960, se intensificaram as pesquisas acerca dos aspectos clínicos da dor neuropática de variadas etiologias. Assim, surgem novos resultados demonstrando a ação da carbamazepina e fenitoína no combate às dores neuropáticas diabéticas e herpéticas (Silva et al., 2020). 

A fenitoína, administrada por via oral ou intravenosa, é eficiente em controlar a dor neuropática (DN) crônica, o que é confirmado por estudos de meta-análise incluindo inúmeros anticonvulsivantes, no qual calculou um NNT (número necessário para tratar – medida utilizada para descrever a eficiência de um medicamento no tratamento de uma dor) de 2,6 para diminuição dos sintomas da DN em 50% (McQuay, 1995). Entretanto, com o aparecimento de medicações mais eficientes e com menos interações medicamentosas, a fenitoína tornou-se uma alternativa pouco aprazível. No entanto, ainda é considerada uma alternativa de tratamento, caso a carbamazepina não seja eficaz. Seus possíveis efeitos incluem: hiperplasia ou aumento gengival, hirsutismo, polineuropatía periférica e toxicidade hepática (McCleane, 1999). 

Quanto à carbamazepina, inibe os canais iônicos dependentes de voltagem, delonga a recuperação iônica depois da inibição e extingue a atividade espontânea, sem inibir a condução habitual. Outrossim, inibe a recaptação de noradrenalina (IRN) (Noble et al., 2010). É principalmente indicada para a neuralgia do trigêmeo, sendo considerada primeira linha de tratamento. Vários estudos evidenciaram resultados pouco significativos em tratar a neuropatia diabética, neuralgia pós-herpética, polirradiculoneurite aguda e demais dores crônicas (Hennemann-Krause et al., 2016). Seus principais efeitos colaterais são alteração da função hepática, sono, vômitos, ataxia, diplopia, vertigem e leucopenia (Noble et al., 2010).

1.5.3. Anticonvulsivantes gabapentinoides

No ano de 1994, a gabapentina foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), um departamento de saúde dos Estados Unidos, como um medicamento auxiliar no tratamento da epilepsia. No ano de 2002, foi também aprovado o seu uso na neuralgia pós-herpética e outras dores neuropáticas (Gilron et al., 2009). Com base em estudos clínicos randomizados, se mostrou comprovada a eficácia da gabapentina em tratar a dor crônica  (Rowbotham et al., 1998). 

A gabapentina, assim como a pregabalina, pertence ao grupo dos anticonvulsivantes gabapentinoides. Uma metanálise equiparando a gabapentina, pregabalina e duloxetina constatou que o primeiro fármaco é o mais eficaz em combater os sintomas da DN, apesar de não haver diferenças dentre os gabapentinoides no que diz respeito aos efeitos colaterais (Sabatowski et al., 2004).

Esses fármacos bloqueiam a subunidade α2δ (alfa-2-delta) dos canais de cálcio (Gilron et al., 2009) de neurônios pré-sinápticos, reduzindo, assim, a liberação de neurotransmissores excitatórios na fenda sináptica. Em vários países são considerados medicamentos de primeira linha na farmacoterapia de dor neuropática. Seus efeitos colaterais mais frequentes são: sono, fadiga, ataxia, aumento de peso, vertigem e linfedema (Clivatti et al., 2009).

1.5.4. Opioides na Dor Neuropática

Não há comprovações categóricas de suas vantagens em pacientes com dores neuropáticas (Deshpande et al., 2007; Furlan, 2006). Provavelmente por isso, são apontados apenas como a quarta escolha de tratamento no protocolo brasileiro de tratamento da dor neuropática crônica (Brasil, 2012), diferentemente do que ocorre com a dor nociceptiva e mista que, conforme discutido anteriormente, são considerados como primeira linha de tratamento na dor moderada e intensa. 

1.6. O canabidiol e o tetra-hidrocanabinol como novas alternativas de tratamento da dor crônica 

Diante das limitações citadas com o uso de fármacos aprovados para o tratamento da dor neuropática crônica, as possíveis ações analgésicas da Cannabis vêm sendo exploradas. De acordo com Haroutounian et al. (2016) e Vigil et al. (2017), quando pacientes portadores de dores crônicas são submetidos ao tratamento com Cannabis, geralmente, apresentaram melhora de suas dores e aumento da qualidade de vida. Nesse sentido, dois de seus componentes, o CBD e o THC, vêm sendo mais intensamente estudados e têm se mostrado opções satisfatórias no alívio de alguns tipos de dores e conferindo aumento do bem-estar aos pacientes (Wiesel et al., 2018). 

Entretanto, é importante destacar que os resultados são ainda variáveis, assim como a adesão dos pacientes a esse tipo de tratamento farmacológico. Além de tudo, frequentemente, os pacientes sofrem com a indisponibilidade do CBD e THC (Rang et al., 2015), bem como com a desaprovação quanto ao uso, até mesmo por parte de pesquisadores e prescritores. Desse modo, o objetivo da presente revisão narrativa foi abordar o uso do CBD e do THC no tratamento de dores crônicas, principalmente as neuropáticas e as mistas. 

2. METODOLOGIA

            Para a realização desta revisão narrativa foram selecionados artigos de bibliotecas virtuais e de bases de dados, como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a Cochrane Library, a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), o Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), o PubMed e Scientific Electronic Library Online (Scielo), bem como, livros e trabalhos acadêmicos.

            É importante ressaltar que revisões narrativas não possuem metodologia que permita a reprodução dos dados, nem fornecem respostas quantitativas para questões específicas. Não obstante, permitem a aquisição e atualização do conhecimento (Solis et al., 2022).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 THC em dores crônicas

O THC, o fitocanabinoide da Cannabis sativa, assim como outros canabinóides sintéticos, demonstram efeitos analgésicos 10 vezes mais potentes que a morfina. Mesmo com esse alto potencial analgésico, seus efeitos adversos, decorrentes de sua psicoatividade, limitavam seu uso.  Nesse sentido, o THC é conhecido por estimular efeitos psicóticos em sujeitos vulneráveis, incluindo alterações perceptivas, disforia, alucinações, anormalidades no pensamento e transtornos de personalidade (Lima et al., 2021). Em contrapartida, estudos demonstram que a associação de doses mais baixas de canabinoides a opioides potencializa os efeitos analgésicos, promovendo a diminuição nas taxas de tolerância e dependência a opioides (Lessa et al., 2016; Wiesel et al., 2018).

Em um estudo de Ware et al. (2010), citado por Schestatsky et al. (2014), adultos com dor neuropática pós-traumática ou pós-operatória foram aleatoriamente selecionados para receber, por via inalatória, Cannabis contendo quatro concentrações diferentes de THC (0%, 2,5%, 6% e 9,4% de THC). O estudo, que durou 56 dias, foi do tipo cruzado, ou seja, todos os participantes receberam, em 4 ciclos de tratamento, as quatro diferentes concentrações de THC. Os participantes inalaram uma dose única de 25 mg de Cannabis através de um tubo, três vezes ao dia, durante os primeiros cinco dias de cada ciclo, seguido por um período de eliminação de nove dias. Os resultados demonstraram que a intensidade média diária da dor foi estatisticamente menor com THC 9,4%. Entretanto,  as preparações com concentrações 2,5 e 6% produziram algum alívio na dor, mas que não se demonstrou estatisticamente significativo. THC na concentração de 9,4% também produziu melhora na qualidade do sono. As reações adversas mais comuns decorrentes da inalação de Cannabis contendo THC 9,4% foram: dor de cabeça, olhos secos, tontura, dormência, tosse e sensação de queimação em áreas de dor neuropática.

Almog et al. (2020), realizou um estudo com um novo inalador de Cannabis que fornece doses significativamente baixas e precisas de THC, permitindo assim a administração de medicamentos inalatórios, produzidos a partir dessa planta. O estudo demonstrou que doses baixas de THC, ou seja 0,5 e 1 mg, foram capazes de produzir analgesia segura e eficaz em pacientes com síndrome da dor complexa regional, classificada como dor neuropática crônica. Cabe ressaltar que os eventos adversos foram em sua maioria leves e resolvidos espontaneamente, além de que não houve evidência de prejuízos consistentes no desempenho cognitivo.

Em contrapartida, Campbell et al. (2023), realizou um estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo com pacientes (N = 37; 65% mulheres; média de idade = 62) com osteoartrite no joelho que receberam, por via oral, dronabinol (THC sintético) e/ou hidromorfona (opioide), em uma das seguintes combinações de tratamentos: (1) placebo-placebo, (2) hidromorfona (4 mg)-placebo; (3) dronabinol (10 mg)-placebo e (4) hidromorfona (4 mg)-dronabinol (10 mg). A análise dos resultados demonstrou que todas as condições medicamentosas não alteraram significativamente a intensidade da dor. Além disso, foi observado que o dronabinol produziu pouco aumento da analgesia induzida por hidromorfona sob os índices de dor evocada.

Johnson et al., (2010) também realizou um estudo que não confirmou a eficácia de THC no alívio da dor de pacientes com câncer avançado. No total, 177 pacientes com dor oncológica, que experimentaram analgesia inadequada, apesar do uso crônico de opioides, foram analisados nesse estudo duplo-cego, randomizado, controlado por placebo e que durou duas semanas. Os pacientes foram randomizados para extrato de THC:CBD (n = 60), extrato de THC (n = 58) ou placebo (n = 59). Os extratos foram administrados através de um spray de uso oral. Cada 100 mL de extrato de THC:CBD continha 2,7 mg de THC e 2,5 mg de CBD, e cada 100 mL de extrato de THC continha 2,7 mg de THC. Era permitido no máximo 8 nebulizações a cada 3 horas, ou 48 nebulizações a cada 24 horas. Os resultados demonstraram que apenas os indivíduos que receberam o extrato THC:CBD apresentaram redução da dor quando comparado ao grupo placebo.

3.2. Canabidiol em dores crônicas

O canabidiol (CBD) é um dos mais de 100 canabinóides presentes na Cannabis, sendo normalmente, o segundo canabinóide mais abundante, depois do THC. Além de, possivelmente, ser responsável por vários efeitos terapêuticos da planta, não é intoxicante e não induz abuso ou dependência. O CBD pode ajudar a reduzir a inflamação e a dor em indivíduos com artrite, fibromialgia e outras condições dolorosas crônicas, além de promover alívio da náusea, ansiedade e de distúrbios do sono (Corroon; Phillips, 2018).

Foi demonstrado, por exemplo, a eficácia de óleo de CBD, administrado topicamente, no manejo da dor neuropática. Nesse estudo, randomizado e controlado por placebo, participaram 29 pacientes (sendo que 62,1% eram homens, e 37,9% mulheres, com idade ao redor de 68 anos) com neuropatia periférica sintomática, sendo que 15 pacientes foram randomizados para o grupo CBD (creme contendo 250 mg de CBD/88,72 ml), e 14 pacientes foram randomizados para o grupo placebo. Após quatro semanas, indivíduos do grupo placebo passaram para o grupo CBD e vice-versa . Os resultados demonstraram que houve uma redução estatisticamente significativa na dor intensa, sensação de frio e coceira no grupo CBD, quando comparado ao grupo placebo. Além disso, nenhum evento adverso foi relatado neste estudo (Xu et al., 2020).

Em um outro estudo foi investigado o impacto do uso de cápsulas contendo extrato de canabidiol (CBD), em pacientes com dor crônica e que faziam uso de opioides. Para isso, foram analisados 97 indivíduos, com idade entre 30 e 65 anos, que apresentavam dor crônica e que faziam uso de opioides há pelo menos 1 ano. A maioria dos pacientes optou por usar 2 cápsulas por dia, que correspondiam a, aproximadamente, 30 mg de CBD. Os dados foram coletados em três momentos diferentes: linha de base, 4 e 8 semanas. Os resultados demonstraram que 53% reduziram ou eliminaram o uso de opioides no prazo de 8 semanas após adicionarem extrato CBD aos seus regimes, e 94% relataram melhorias na qualidade de vida (Capano et al.,2019).

Foi também demonstrado que o óleo de CBD (contendo 100 mg de CBD/mL), administrado oralmente, trouxe melhora na dor, bem como nos sintomas de depressão e ansiedade, em 253 pacientes que apresentavam dores não relacionadas ao câncer. Assim, participaram do estudo pacientes com fibromialgia, osteoartrite, artrite reumatóide, dor neuropática, dor crônica inespecífica, dor devido à colite ulcerativa e enxaquecas. Os pacientes relataram ter usado entre 40 a 300 mg de CBD por dia. Cabe destacar que não foram relatados efeitos adversos importantes. Os efeitos colaterais positivos incluíram melhora do sono e do apetite (Gulbransen et al., 2020). 

3.3. Preparações contendo canabidiol e THC em dores crônicas

Conforme destacado por Stephens et al. (2022),  a maior parte dos estudos disponíveis na literatura centrou-se no uso combinado de CBD e THC, ou até mesmo, destes em combinação com outros canabinóides. Em outras palavras, poucos estudos testaram CBD ou THC isoladamente, mesmo porque parece que o uso combinado desses dois canabinoides produz resultados mais satisfatórios do que quando usados isoladamente (Johnson et al., 2010; Stephens et al., 2022).

Nesse sentido, Dykukha et al. (2021) publicou uma revisão sistemática com meta-análise, que analisou, no tratamento da dor neuropática crônica, a eficácia de nabiximol, uma preparação à base de Cannabis que fornece uma dose padronizada de 1:1 de THC e CBD. O estudo demonstrou que a administração de spray oral de nabiximol em pacientes com dor neuropática crônica, não oncológica e refratária aos tratamentos habituais, está associada a um benefício estatisticamente significativo em comparação com o placebo. Assim, a partir de uma análise do Registro Eletrônico Alemão de Dor de pacientes com dor crônica intensa e tratada com spray oral de THC:CBD (nabiximol), Urberall (2020) destacou haver melhores resultados no subgrupo dor neuropática quando comparado aos subgrupos dor nociceptiva ou mista.

Em outra revisão, Jones et al. (2020) também discute o uso de medicamentos contendo THC e CBD, dessa vez, no tratamento de dor e espasticidade verificadas em pacientes com esclerose múltipla (EM). Foi citado um estudo de Russo et al. (2016) que avaliou os efeitos da administração sublingual de um spray contendo Sativex®, uma combinação sintética de CBD e THC, em 20 pacientes com EM, sendo que metade deles também apresentavam dor neuropática. Os pacientes usaram o spray em uma média de 8 vezes ao dia, sendo que cada pulverização fornecia 100 µL de solução, contendo 2,7 mg de THC e 2,5 mg de CBD. Depois de um mês de administração de Sativex®, os pacientes com EM e dor neuropática mostraram reduções significativas nos escores de dor e apresentaram melhores pontuações em medidas de qualidade de vida.

Jones et al. (2020), assim como Schestatsky et al. (2014), citaram que Rog et al. (2005) também relataram a eficácia da mistura de THC e CBD, administrada através de um spray oral, no tratamento adjuvante da dor neuropática de pacientes com EM. Esses autores conduziram um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo em 66 pacientes. Cada pulverização da mistura continha 2,7 mg de THC e 2,5 mg de CBD, e os pacientes podiam se autoadministrar até no máximo de 48 vezes a cada 24 horas. Entretanto, a média de pulverizações diárias foi 9,6. Após 5 semanas de tratamento, 97% dos pacientes completaram o ensaio, sendo que 36 receberam a mistura de THC e CBD. Em relação ao placebo, a mistura de canabinoides demonstrou superioridade na redução da intensidade média da dor e dos distúrbios do sono, sendo, em geral, muito bem tolerada. Alguns pacientes relataram tontura, boca seca e sonolência, mas os efeitos colaterais foram, principalmente, cognitivos, como déficits no armazenamento da memória de longo prazo.

Os efeitos da administração conjunta de CBD e THC também foram verificados em pacientes com dor crônica decorrente de fibromialgia. Em um ensaio clínico randomizado cruzado de 4 vias, controlado por placebo, 20 pacientes receberam, por inalação, os seguintes tipos de Cannabis medicinal: Bedrocan (22,4 mg de THC, 1 mg de CBD), Bediol (13,4 mg de THC e 17,8 mg de CBD), Bedrolite (18,4 mg CBD e 1 mg THC) e uma variedade de placebo (sem THC ou CBD). Após a inalação de vapor de Cannabis, foram avaliados, por 3 horas, os escores de dor espontânea e os limiares de dor evocada por pressão. Embora nenhum dos tratamentos tenha produzido efeito diferente do placebo nos escores de dor espontânea, indivíduos que inalaram Bediol apresentaram uma redução de 30% nos escores de dor espontânea em comparação ao placebo, em pelo menos um dos períodos de análise. Além disso, o limiar de dor à pressão aumentou significativamente em pacientes tratados com Bedrocan e Bediol, ou seja, as variedades de Cannabis com alto teor de THC (Van de Donk et al., 2019).

Foram também analisados os efeitos da autoadministração de spray de THC/CBD em trinta e nove pacientes com dor relacionada ao câncer terminal, principalmente do tipo mista e neuropática, apresentando analgesia inadequada, apesar do uso crônico de opioides. Era lhes permitido que usassem o spray até oito vezes em um período de três horas, e até um máximo de 48 pulverizações por período de 24 horas. Cada vez que o spray era usado, era aplicado na mucosa oral 100 μL de uma mistura contendo 2,7 mg de THC e 2,5 mg de CBD. Foi demonstrado que o uso prolongado (que chegou em parte dos pacientes a 579 dias) do spray oral contendo THC/CBD foi, em geral, bem tolerado, sem evidência de perda do alívio da dor relacionada ao câncer. Além disso, os pacientes não procuraram aumentar a dose deste ou de outro medicamento usado no alívio da dor ao longo do tempo, sugerindo que o uso adjuvante de canabinóides na dor relacionada com o câncer poderia proporcionar benefícios terapêuticos, como a não necessidade de doses excessivas de opioides. Os principais efeitos colaterais relatados foram tontura, náusea, vômito, xerostomia, sonolência e confusão (Johnson et al., 2013).

Cabe ressaltar, entretanto, que há estudos que não confirmam a eficácia do uso conjunto de canabidiol e THC. Isso pode ser verificado, por exemplo, ao se analisar os resultados produzidos em um ensaio clínico randomizado com 23 pacientes com anemia falciforme e dor crônica decorrente de vaso-oclusão. O estudo cruzado demonstrou que, em comparação com o placebo vaporizado, a cannabis vaporizada (4,4% de THC e 4,9% de canabidiol) três vezes ao dia, por 5 dias, não reduziu estatisticamente significativamente a dor e os sintomas associados, exceto no fato de que interferiu no humor (Abrams et al., 2020).

4. Considerações Finais

Esta revisão narrativa apresenta uma coletânea de alguns estudos clínicos representativos que avaliaram a eficácia de terapias à base de canabinóides contendo tetrahidrocanabinol (THC) e/ou canabidiol (CBD) no tratamento da dor crônica, principalmente a neuropática. De acordo com esse levantamento bibliográfico, é possível evidenciar que os canabinóides podem não somente ser utilizados como adjuvantes analgésicos, mas também como ansiolíticos, anticonvulsivantes, antieméticos, broncodilatadores. Além disso, são usados no controle de espasmos em pacientes portadores de esclerose múltipla e no tratamento de glaucoma e autismo. Quanto aos efeitos adversos, a administração conjunta ou não de THC e CBD pode causar, principalmente, alterações na cognição e memória, euforia, cefaleia, tontura, náusea, vômito, xerostomia, sonolência e confusão.

Cabe ressaltar que embora haja inúmeros trabalhos a respeito das ações farmacológicas da Cannabis, há poucos com testes clínicos que avaliaram os efeitos dessa planta e de seus derivados no controle da dor crônica. Isso se deve, provavelmente, porque a legalização para o uso medicinal tem ocorrido de forma lenta no mundo. Além disso, a maior parte dos estudos disponíveis na literatura centrou-se no uso combinado de CBD e THC, ou até mesmo destes em combinação com outros canabinóides. Em outras palavras, poucos estudos testaram CBD ou THC isoladamente, mesmo porque foi aventada a hipótese de que ocorre sinergia quando esses canabinoides são usados conjuntamente.

Diante dos resultados discutidos e da extrema necessidade da busca por novos fármacos contra a dor, pode-se sugerir que os derivados da Cannabis medicinal demonstram resultados promissores no tratamento da dor crônica, principalmente a neuropática. Além disso, vale ressaltar que o tratamento com canabinoides pode levar à redução do uso de opioides, responsáveis por inúmeros efeitos adversos, trazendo assim, aumento da qualidade de vida do paciente.

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1 Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3949-688
Faculdades de Dracena – Fundação Dracenense de Educação e Cultura (UNIFADRA), Brasil
E-mail: bruno.orta@unifadra.fundec.edu.br

2 Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7103-9442
Faculdades de Dracena – Fundação Dracenense de Educação e Cultura (UNIFADRA), Brasil
E-mail: rodrigo.lima@unifadra.fundec.edu.com

3 Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1240-4104
Faculdades de Dracena – Fundação Dracenense de Educação e Cultura (UNIFADRA), Brasil
E-mail: vitoria.macedo@unifadra.fundec.edu.br

4 Orcid: https://orcid.org/0000-0002-3342-0058
Faculdades de Dracena – Fundação Dracenense de Educação e Cultura (UNIFADRA), Brasil
E-mail: joyce.gomes@docente.fundec.edu.br