EXCESSIVE USE OF BENZODIAZEPINES IN THE HEALTH OF THE ELDERLY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202409071422
Dhannattan Cláudia Felix Nascimento1
James Lima de Souza2
Jéssica Souza dos Santos3
Orientadora: Talita Brito de Oliveira4
RESUMO
O presente estudo aborda o uso demasiado de benzodiazepínicos na saúde do idoso. O objetivo geral busca avaliar as implicações do uso demasiado de benzodiazepínicos na saúde do idoso. Os objetivos específicos procuram identificar o grupo de idosos que são mais susceptíveis a doenças crônicas; relatar as complicações e reações adversas do uso de benzodiazepínicos no sistema nervoso central; e por fim descrever clinicamente as complicações associadas ao uso de benzodiazepínicos. Para alcançar os objetivos, este trabalho pautou-se em uma pesquisa bibliográfica de natureza descritiva. Os resultados da pesquisa mostram que é fundamental que os profissionais de saúde estejam cientes dos riscos associados ao uso prolongado de benzodiazepínicos em idosos e busquem estratégias mais seguras e eficazes para o manejo das condições clínicas.
Palavras-chave: Terceira Idade, Saúde, Medicamentos, Ansiolíticos.
ABSTRACT
The present study addresses the excessive use of benzodiazepines in the health of the elderly. The general objective seeks to evaluate the implications of excessive use of benzodiazepines on the health of the elderly. The specific objectives seek to identify the group of elderly people who are most susceptible to chronic diseases; report complications and adverse reactions from the use of benzodiazepines on the central nervous system; and finally, clinically describe the complications associated with the use of benzodiazepines. To achieve objectives, this work was based on bibliographical research of a descriptive nature. The research results show that it is essential that healthcare professionals are aware of the risks associated with the prolonged use of benzodiazepines in the elderly and seek safer and more effective strategies for managing clinical conditions.
Keywords: Elderly, Health, Medications, Anxiolytics.
INTRODUÇÃO
Uso Excessivo de Benzodiazepínicos na Saúde do Idoso
O uso prolongado de benzodiazepínicos em idosos é uma questão de grande preocupação na área da saúde. Esses medicamentos são frequentemente prescritos para tratar condições como ansiedade e distúrbios do sono, mas seu uso prolongado pode trazer sérios riscos à saúde, especialmente em populações vulneráveis como os idosos.
Os benzodiazepínicos agem no sistema nervoso central, potencializando a ação do neurotransmissor GABA, o que resulta em efeitos sedativos e ansiolíticos. No entanto, o uso contínuo pode levar ao desenvolvimento de dependência e a complicações no funcionamento cognitivo e motor dos idosos.
Diversos estudos apontam que os idosos são mais suscetíveis aos efeitos adversos dessa classe de medicamentos devido a fatores como o declínio natural das funções orgânicas com a idade e a presença de comorbidades. As reações adversas mais comuns incluem sonolência excessiva, confusão mental, e um risco elevado de quedas, o que pode resultar em fraturas graves.
Além disso, a automedicação com benzodiazepínicos é um comportamento preocupante nessa faixa etária, uma vez que a falta de orientação médica adequada pode agravar o estado de saúde, levando a interações medicamentosas perigosas. Diante desse cenário, é essencial que os profissionais de saúde estejam atentos aos riscos do uso prolongado desses medicamentos e busquem alternativas terapêuticas mais seguras e eficazes, como terapias não farmacológicas para o manejo da ansiedade e distúrbios do sono.
METODOLOGIA
Este trabalho foi conduzido por meio de uma revisão integrativa da literatura, cujo objetivo é sintetizar os resultados de pesquisas anteriores de maneira crítica e abrangente, conforme descrito por Souza, Silva e Carvalho (2010). Para a condução dessa revisão, foram consultadas fontes de dados de reconhecida relevância científica, como as bases de dados PUBMED, SCIELO e Google Acadêmico. A revisão integrativa permite identificar lacunas no conhecimento existente e gerar novas perspectivas sobre o uso de benzodiazepínicos em idosos, uma vez que oferece um panorama amplo das investigações realizadas até o momento (Mendes, Silveira & Galvão, 2008).
A abordagem metodológica foi de natureza descritiva, caracterizada pela coleta de dados sobre um tema específico com o objetivo de oferecer uma visão objetiva do problema. Segundo Gil (2008), a pesquisa descritiva busca apenas descrever fenômenos, sem necessariamente propor intervenções ou soluções, o que se aplica diretamente à análise dos riscos e benefícios do uso de benzodiazepínicos em idosos.
Para a seleção das fontes, adotou-se o critério de inclusão de artigos publicados em língua portuguesa entre 2019 e 2024, que abordassem diretamente a temática do uso de ansiolíticos na terceira idade. Foram excluídos estudos com mais de cinco anos ou que não contribuíssem de maneira relevante para a discussão. As palavras chave utilizadas para a busca foram: “Benzodiazepínicos”, “Terceira Idade”, “Saúde do Idoso” e “Ansiolíticos”, com base nos descritores sugeridos por Campos et al. (2019).
A coleta de dados foi realizada entre os meses de fevereiro e agosto de 2024, com a identificação de 40 artigos, um livro e três manuais do Ministério da Saúde. De acordo com Pereira e Santos (2022), a análise crítica das fontes é essencial para garantir que a revisão de literatura não se limite a um resumo das publicações, mas que ofereça uma interpretação aprofundada dos achados. Após a seleção dos documentos, foram realizadas análises sistemáticas para destacar os pontos mais relevantes, de acordo com a metodologia descrita por Bardin (2016).
Essa abordagem garantiu uma visão crítica e bem fundamentada do impacto dos benzodiazepínicos na saúde do idoso, permitindo a identificação de lacunas na literatura e sugerindo áreas para futuras pesquisas.
REVISÃO DE LITERATURA
No Brasil, a Constituição Federal estabelece que os idosos são pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, enquanto o Estatuto do Idoso amplia a proteção aos maiores de 60 anos, incluindo aqueles em situação de vulnerabilidade social e econômica. A Política Nacional do Idoso, define como idosa pessoa maior de 60 anos de idade, e tem por objetivo assegurar os direitos sociais daqueles com essa faixa etária (ESTATUTO DO IDOSO, 2024).
Essa política compreende uma população heterogênea, que se assemelha por sua fisiologia diferenciada das demais idades. Desse modo, pode parecer difícil estabelecer uma época específica para o envelhecimento devido às particularidades fisiológicas e às relações sociais de cada indivíduo (BRASIL, 2021).
De 2010 a 2022, o índice de envelhecimento subiu de 30,7 para 55,2 indicando que há 55,2 pessoas com 65 anos ou mais de idade para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. O número de idosos brasileiros tende a crescer ainda mais nos próximos anos, contudo a perspectiva para o cuidado deles não é positiva, sabe-se da necessidade de atendimento especializado para essa população (IBGE, 2022).
A mudança de perfil populacional ocorre de forma abrupta, para a qual o Brasil não se encontra preparado, gerando consequências negativas que se traduzem na mudança dos dados epidemiológicos, como o aumento progressivo na representatividade das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na morbidade e mortalidade, e na mortalidade por causas distintas (POST, 2019).
O processo fisiológico do envelhecimento é muito individual, sofrendo influências multifatoriais, para tanto nem sempre a aparência e capacidade reflete a idade que se espera de uma pessoa. O processo de envelhecimento tem como fatores determinantes elementos de caráter: biológico, psíquico e social. Estes determinantes podem acelerar ou retardar o aparecimento e a instalação de doenças características da idade madura (PEREIRA, 2024).
A verdade é que até hoje a medicina não desvendou o “mistério” do envelhecimento, procura-se um padrão normal de velhice e continua-se com o desafio de distinguir entre as alterações relacionadas com doenças, idade e as interferências do estilo de vida. Sabe-se que os pacientes idosos diferem das outras faixas etárias em muitos aspectos, como pela multimorbidade, risco de deficiência e dependência que aumenta com a presença de algumas doenças. Além disso, a fragilidade, comorbidades e incapacidade são comuns e geram um círculo vicioso deixando o idoso cada vez mais dependente (POST, 2019).
O envelhecimento da população, impulsionado pela redução da taxa de natalidade e pelo aumento da expectativa de vida, é uma tendência global, com previsão de 12% da população mundial ter 60 anos ou mais até 2030. Destaca-se a importância da colaboração entre governos, organizações internacionais e comunidades locais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do envelhecimento populacional, adaptando infraestruturas, serviços públicos e políticas urbanas para garantir ambientes ideais para o envelhecimento saudável e ativo (NESPOLO et al., 2024).
O envelhecimento populacional carrega consigo problemas de saúde que estimulam os sistemas de saúde e de previdência social. Envelhecer não se expressa necessariamente adoecendo. A menos que exista doença associada, está associado a um bom nível de saúde. O processo envelhecimento ocasiona alterações biológicas, psicológicas, econômicas, sociais e familiares no organismo humano, que comprova o avançar da idade (FREITAS; COSTA & GALERA, 2019).
Existe também, uma crescente preocupação com as implicações do envelhecimento populacional para cuidados de saúde mental, motivado pela alta prevalência de transtornos mentais na população dessa faixa etária. O envelhecimento populacional é uma realidade global, e com ele surgem desafios significativos para a saúde pública, exigindo abordagens inovadoras e eficazes. O conceito de envelhecimento ativo propõe uma visão mais abrangente e positiva do processo de envelhecimento, enfatizando a importância da participação social, da saúde mental e física e da qualidade de vida na terceira idade (PUGLIA et al., 2024).
O envelhecimento é um processo gradual e inevitável, e com essa maior expectativa de vida, há consequentemente um aumento do número de doenças crônicas degenerativas, dentre elas a demência (VERAS, 2023).
Esta condição geralmente é crônica e progressiva, além de incapacitante, o que causa dependência do idoso, gerando grande impacto na vida dos familiares e cuidadores. Ainda, o diagnóstico precoce de demência nem sempre é feito de forma simples pelo fato de ser confundida com o declínio cognitivo observado como normal devido à idade (SANTOS, BESSA & XAVIER, 2020).
O envelhecimento individual é multifacetado e inclui aspectos fisiológicos, sociais e culturais. As mudanças que constituem o envelhecimento no plano biológico estão associadas com a acumulação de danos moleculares e celulares que aumentam o risco de doenças e afetam a capacidade corporal dos indivíduos (ROMERO, 2022). Nessa fase da vida, começam a aparecer distúrbios relacionados ao sono, quadros depressivos, bem como o surgimento de casos de doenças neurodegenerativas (CARDOSO et al., 2021).
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que incluem as doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer, doença respiratória crônica, entre outras, representam a maior carga de morbimortalidade no mundo (70% das mortes globais), e no Brasil correspondem a 76% das causas de morte (VERAS, 2023).
Vale destacar que essas doenças frequentemente provocam consequências funcionais com implicações mais percebidas nos idosos e que podem resultar em perda de qualidade de vida, limitações e incapacidades, ocasionando sofrimento e maior vulnerabilidade na velhice. Entre as condições observadas nos idosos com DCNT, destacam-se as restrições para a realização de atividades habituais, impondo novas demandas às famílias e comunidades, além de sobrecarregar os sistemas de saúde (BRASIL, 2019).
O acompanhamento farmacoterapêutico enfoca essa necessidade de acompanhar o idoso no seu dia a dia, observando a terapia medicamentosa e seus efeitos. Já que além de envolver alterações neurobiológicas estruturais, funcionais e químicas, o envelhecimento, também está associado a fatores socioculturais e ambientais, tais como: estilo de vida, dieta, entre outros. Sendo essencial investigar as particularidades de cada pessoa (POLIDORO & ALVES FILHO, 2022).
Não é por acaso que as demandas relacionadas ao envelhecimento da população se configuram como alguns dos principais desafios para os sistemas públicos de saúde, especialmente porque os idosos geralmente apresentam duas ou mais doenças crônicas. Esta ocorrência concomitante entre doenças crônicas é chamada de comorbidades (SANTANA et al., 2024). O uso de medicamentos nesta fase é inevitável, configurando uma polifarmácia, a qual é definida como o uso simultâneo de cinco ou mais medicamentos (CARDOSO et al., 2022).
Essa prática eleva os riscos de interações medicamentosas, reações adversas, toxicidade. Esse padrão de consumo medicamentoso, associado às doenças e alterações próprias do envelhecimento, desencadeia constantemente efeitos colaterais e interações medicamentosas com graves consequências a pacientes nessa faixa etária. Assim, deve fazer parte da prática clínica a revisão periódica dos medicamentos utilizados por idosos (CARDOSO et al., 2022).
Na década de 60, o Clordiazepóxido, ao ser sintetizado por acidente, foi o primeiro benzodiazepínico lançado no mercado. A estrutura química básica desses medicamentos apresenta um anel de sete membros com um anel aromático com quatro grupos substitutos principais (NASCIMENTO et al., 2022).
O mecanismo de ação se dá pela atuação seletiva nos receptores A do ácido gama-aminobutírico (GABA), potencializando os efeitos do principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central, através da facilitação da abertura de canais de cloreto, o que provoca hiperpolarização da membrana neuronal (RANG et al. 2020).
Os benzodiazepínicos são fármacos com um potencial de alto risco para os idosos ao analisarmos a queda como efeito adverso. Tal classe de medicamentos oferece mais riscos do que benefícios quando feito um comparativo, sendo caracterizado como um medicamento potencialmente inapropriado para o grupo abordado nesta revisão (SILVA; SILVA & GUEDES, 2022).
Ao se ter a relação risco-benefício desfavorável, torna-se claro o conceito de iatrogenia nesse contexto, tendo em vista a geração de maiores complicações ao quadro do idoso quando comparado a resolução do problema. Diante disso, nota-se a importância de conhecer de forma detalhada a ação dos benzodiazepínicos no organismo da pessoa idosa, além de sempre buscar terapias alternativas, se existirem, e forem comprovadas cientificamente melhores que os benzodiazepínicos em cada caso abordado (BARBOSA et al., 2024).
Os benzodiazepínicos são medicamentos largamente utilizados para combater a insônia, ansiedade e depressão. principalmente em idosos, porém só são efetivos para estes fins quando utilizados por um curto espaço de tempo, ao contrário do que acontece com muitos usuários, que prolongam o tratamento e continuam utilizando por muitos anos devido a diversas razões (POST, 2019).
A variação na estrutura química desses medicamentos influencia diretamente suas propriedades farmacológicas, tais como a potência, tempo de início de ação e duração dos efeitos. Benzodiazepínicos de ação curta, como o lorazepam, apresentaram um rápido início de ação, mas com maior risco de dependência e sintomas de abstinência (FREIRE et al., 2022).
Por outro lado, agentes de ação prolongada, como o diazepam, demonstraram um perfil de risco diferente, com potencial para acumulação, especialmente em pacientes idosos com função renal comprometida (BARBOSA, 2024).
Os benzodiazepínicos exercem seu efeito terapêutico principalmente através do potencializamento do neurotransmissor GABA, o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central. Esta ação resulta em efeitos ansiolíticos, hipnóticos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes (MAUST et al., 2022).
No entanto, este mesmo mecanismo pode predispor os pacientes, especialmente os idosos, a efeitos adversos como sedação, ataxia, comprometimento cognitivo e, consequentemente, um aumento no risco de quedas (FILARDI et al., 2019). Os diferentes tipos de benzodiazepínicos evidenciam a importância da seleção cuidadosa do agente específico, baseada nas necessidades clínicas do paciente, seu perfil de efeitos colaterais e riscos associados (RODRIGUES et al., 2021).
Em particular, a escolha entre um benzodiazepínico de ação curta ou longa deve levar em conta o equilíbrio entre eficácia e segurança, especialmente em populações vulneráveis como os idosos. A compreensão detalhada do mecanismo de ação dos benzodiazepínicos é necessária para o manejo clínico eficaz e seguro desses medicamentos. Enquanto isso, os profissionais de saúde devem estar cientes dos potenciais efeitos adversos e monitorar de perto os pacientes, especialmente os idosos, para sinais de sedação excessiva, ataxia e outros efeitos que possam aumentar o risco de quedas (FALLEIROS et al., 2021).
No tocante a parte de dispensação, ainda há uma certa ausência de profissionais farmacêuticos presentes nas Unidades Básicas de Saúde, e uma certa desvalorização, de modo que os poucos existentes, frequentemente, se veem sobrecarregados tendo que se dividir entre questões administrativas da instituição e o cuidado com o paciente. Diante disso, muitas vezes a dispensação é exercida por auxiliares de farmácia, que não têm o mesmo conhecimento que o farmacêutico e, por isso, a dispensação fica resumida a entrega do medicamento sem nenhuma orientação (CUNHA & QUINTILLIO, 2023).
Os benzodiazepínicos quando comparados a outros ansiolíticos apresentam uma certa segurança e isso faz com que os pacientes por conta própria façam uso de doses acima da prescrita ou até mesmo se automediquem por indicação de outros usuários, o que resulta num quadro de tolerância, precisando cada vez mais de uma dosagem maior para obtenção do efeito (SILVA; SILVA & GUEDES, 2022).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo mostra que as características farmacológicas associadas a alta lipossolubilidade dos BZDs e o seu uso prolongado aumentam as chances do desenvolvimento de dependência e de síndromes de abstinência. Á interrupção repentina do uso dos benzodiazepínicos resulta em síndromes de abstinência e a remoção deve ser gradativa e acompanhada (SILVA; SILVA & GUEDES, 2022).
O farmacêutico é o profissional responsável por auxiliar nos problemas mais comuns que ocorrem no uso de medicamentos, especialmente por pessoas idosas, identificando medicamentos inapropriados, presença de interações medicamentosas, duplicidade terapêutica, reações adversas, efeitos colaterais, efeitos paradoxal, usos inadequados, automedicação e doses incorretas (LIMA et al., 2021). Além disso, fornece informações sobre doenças e medicamentos prescritos, de modo que a adesão do paciente ao tratamento possa melhorar. Com isso, o farmacêutico pode garantir que a terapia prescrita alcance seus objetivos terapêuticos de forma segura (QUINALHA & CORRER, 2020).
Vale ressaltar que ainda que seja os próprios farmacêuticos que estejam atuando na dispensação, muitos deles, no momento da entrega do medicamento, não explicam ao paciente sobre como é feito o tratamento correto dos benzodiazepínicos e quais seus efeitos adversos e seus possíveis agravantes, como o possível desenvolvimento de dependência química desse medicamento, e essa falta de conhecimento por meio da população leva ao uso abusivo e crônico desses fármacos (LOPES & BEZERRA, 2019).
Cabe destacar que o uso irracional dos benzodiazepínicos é uma importante questão a ser avaliada pelas equipes multiprofissionais na saúde pública, desde a real necessidade da prescrição pelo médico até a dispensação realizada pelo farmacêutico, para que situações de consumo prolongado destes medicamentos sejam evitadas ou devidamente acompanhadas (BARBOSA et al., 2024).
A população idosa usuária de benzodiazepínicos tem risco de dependência, e esse risco varia conforme a idade e o tempo de uso. Esse estudo proporcionou um maior conhecimento sobre a dependência ao idoso (FILARDI et al. 2019). É necessário que o profissional que prescreve assim como o farmacêutico forneça informações ao paciente como também elaborem estratégias que ajudem a diminuir o risco de uso prolongado de BZDs (PEREIRA et al. 2022).
Dessa forma, o uso prolongado dessa classe medicamentosa provoca, não só problemas de tolerância, dependência e abstinência, como também, problemas farmacocinéticos e farmacodinâmicos, descritos no trabalho, o que é muito comum para quem faz uso dessa classe de medicamentos. Sendo assim, é importante que o farmacêutico oriente sobre o uso racional dos benzodiazepínicos para tentar minimizar o uso abusivo dos mesmos. O que vai em divergência como preconizado pela Política Nacional de Assistência Farmacêutica que preza pelo uso racional do medicamento através da prescrição, dispensação e tratamento feitos da forma correta (ALMEIDA; BARROS & LUGTENBERG, 2022).
Quando se analisam as características sociais do Brasil, sobressai um país marcado pelas diferenças e vulnerabilidades sociais, nas quais se encontram indivíduos com dificuldades para lidar com as circunstâncias do cotidiano da vida em sociedade. Essas condições sociais podem favorecer o consumo de medicamentos como os BZD (BIGAL & NAPPO, 2024).
O que se evidencia, na atualidade, é que a atenção primária de saúde aparenta ter dificuldades para lidar, ao mesmo tempo, com doenças físicas e mentais. Na falta de melhores recursos, estão recorrendo à medicalização como principal saída (FERNANDES; SANTOS & MENDONÇA, 2022).
Os benzodiazepínicos são os ansiolíticos mais comuns, conhecidos por suas propriedades ansiolíticas, sedativas e hipnóticas. Entretanto, o uso indiscriminado desses ansiolíticos, em particular, tem sido associado a diversos problemas de saúde. A dependência química surge como uma das principais preocupações, visto que a utilização prolongada desses medicamentos pode resultar em tolerância, exigindo doses crescentes para manter o efeito desejado (OLIVEIRA, 2020). Além disso, a interrupção abrupta do seu uso pode ocasionar sintomas de abstinência, que incluem ansiedade, insônia, tremores, náuseas e sudorese (KATZUNG et al., 2021).
Dentro do contexto existem evidências que sugerem que o uso de benzodiazepínicos na população idosa está associado ao declínio cognitivo, demência e doença de Alzheimer, embora as evidências sobre a correlação entre o uso de benzodiazepínicos e demência sejam conflitantes, os estudos mais recentes nessa área se concentraram na eliminação do viés de causalidade (ALMEIDA, BARROS & LUGTENBERG, 2022). Para avaliar questões neuropsiquiátricas é preciso o profundo conhecimento do funcionamento psíquico e neuronal do paciente idoso (POST, 2019).
1fonte: pessoal. Principais Efeitos Colaterais do Uso Prolongado de Benzodiazepínicos
O gráfico acima ilustra os principais efeitos colaterais associados ao uso prolongado de benzodiazepínicos, com as seguintes categorias:
1. Dependência (35%): A dependência química é o efeito mais prevalente, resultado do uso prolongado de benzodiazepínicos.
2. Tolerância (30%): A tolerância ocorre quando doses maiores do medicamento são necessárias para atingir os mesmos efeitos terapêuticos.
3. Abstinência (20%): A interrupção abrupta do uso de benzodiazepínicos pode causar sintomas como ansiedade e tremores.
4. Declínio Cognitivo (10%): Estudos sugerem que o uso prolongado está associado à diminuição da função cognitiva.
5. Demência (5%): Embora as evidências sejam conflitantes, há indícios de que o uso prolongado pode aumentar o risco de demência e doença de Alzheimer.
Os dados são baseados em estudos revisados sobre os efeitos do uso prolongado de benzodiazepínicos, conforme discutido por diversos autores mencionados no texto, incluindo Katzung et al. (2021), Almeida, Barros & Lugtenberg (2022), e outros especialistas que abordam a relação entre o uso desses medicamentos e suas implicações na saúde do idoso.
CONCLUSÃO
Este estudo mostra que o uso por tempo prolongado, e não monitorado de benzodiazepínicos deve ser evitado, impreterivelmente em pacientes idosos, por motivo de serem considerados potencialmente inapropriados para essa faixa etária que possui um metabolismo diferenciado, mais suscetível e vulnerável a apresentar complicações de saúde em razão do uso irracional do medicamento.
Os idosos fazem parte da população que mais consomem medicamentos, pois a grande maioria trata patologias e usam, às vezes, mais de quatro fármacos por dia, o que se denomina de polifarmácia. Por isso, a introdução dos Benzodiazepínicos deve ser controlada e monitorada, visando sempre a qualidade de vida dos pacientes.
Assim, a indicação desses medicamentos deve ser feita por profissionais habilitados, caso seja necessário o uso de benzodiazepínicos, deve haver prescrição médica. Além disso, recomenda-se optar por manter um período de tratamento curto, em especial para evitar complicações devido aos efeitos adversos.
Os efeitos adversos dos Benzodiazepínicos consistem na maioria das vezes com a diminuição da atividade psicomotora, interação com outros medicamentos e o desenvolvimento de dependência. Existe a dificuldade para o desmame, o risco de interação medicamentosa, em sua maioria são indicações médicas, chamando atenção para que se haja um protocolo adequado para uso.
Nesse cenário o farmacêutico ganha visível destaque, em razão de possuir a responsabilidade de orientar o uso racional de medicamentos conforme estabelecido pelo Código de Ética da Profissão Farmacêutica.
E de grande valia procurar novas abordagens, principalmente aquelas que sejam menos nocivas, com a finalidade sanar as queixas mais frequentes dos idosos, como a insônia, ansiedade e depressão.
Recomenda-se que haja mais investimento na capacitação técnica dos profissionais de saúde, a fim de identificar medicamentos com uso não recomendado para idosos e propor formas de otimizar as prescrições, sempre com monitoramento e controle, para não dilatar os prazos de uso. Além disso, essas ações devem acontecer principalmente nas unidades de atenção primária à saúde, pois é possível implementar um acompanhamento junto a comunidade, com instrumentos como palestras de uso racional de medicamentos, visitas domiciliar de farmacêuticos com a finalidade de sanar respectivas dúvidas sobre o uso de determinados medicamentos, incluindo os Benzodiazepínicos.
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1Bacharel em Farmácia. Centro Universitário Fametro. Email: dhan.claudia1990@gmail.com
2Bacharel em Farmácia. Centro Universitário Fametro. Email: jlmsouza13@gmail.com
3Bacharel em Farmácia. Centro Universitário Fametro. Email: Jessicasdsantos88@gmail.com
4Bióloga, Bioquímica. Centro Universitário Fametro. Email: talita.oliveira@fametro.edu.br