USE OF MANUAL THERAPIES IN THE REHABILITATION OF PLANTAR FASCITIS: A SYSTEMATIC REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411122133
Amanda Thayse Becher Cano1
Caroline Ditzel Ferraro2
Claudia Regina Deda Kulka3
Drieli Kintopp Moreira Kimmel4
Eduarda Borges Fabricio5
Franciele dos Santos Kadamoto6
Lucas Coltri Dembinski7
Yuri Roberto de Lima8
Professora/orientadora: Laura de Moura Rodrigues9
Orientador/coordenador: Fabricio Vieira Cavalcanti10
RESUMO
A fascite plantar é uma inflamação da fáscia plantar, estrutura que ajuda no suporte do arco medial do pé e é projetada para absorver grande parte do impacto. A fascite plantar pode decorrer de vários fatores, como estresse excessivo e sobrecarga, o que pode resultar em inflamação, fratura de estresse do calcâneo, neuropatia compressiva dos nervos plantares dentre outros. O objetivo deste estudo é elucidar como as terapias manuais podem ser eficazes no tratamento da fascite plantar. Na sua elaboração foi realizada uma revisão de literatura para avaliar a eficácia ou não das terapias manuais no tratamento da fascite plantas, as bases de dados utilizadas foram: Pubmed, SciElo e PEDro, nos idiomas português e inglês, no período de janeiro 2019 a dezembro de 2024. Foram incluídos 10 estudos para serem analisados nesta revisão sistemática, e mostrou que a terapia manual proporciona benefícios significativos, como reduzir a dor e melhorar a função de pacientes que tem fascite plantar. Em conclusão, este estudo oferece uma visão valiosa sobre como uma abordagem integrada pode beneficiar pacientes com fascite plantar. Os achados reforçam a necessidade de tratamentos personalizados, enfatizando que a combinação de diferentes modalidades pode ser a chave para uma recuperação bem sucedida. Porém foi constatado pouco número de artigos científicos destas técnicas manuais, portanto vale ressaltar, a importância de estimular novos estudos.
Palavras-chave: Fascite Plantar; Terapias Manuais; Liberação Miofascial; Alongamento.
ABSTRACT
Fasciitis is an inflammation of the plantar fascia, a structure that helps support the medial arch of the foot and is designed to absorb much of the impact. Plantar fasciitis can result from a number of factors, including excessive stress and overload, which can result in inflammation, stress fractures of the calcaneus, compressive neuropathy of the plantar nerves, and more. The aim of this study is to to elucidate how manual therapies can be effective in the treatment of plantar fasciitis. In its preparation, a literature review was carried out to evaluate the effectiveness or not of manual therapies in the treatment of plantar fasciitis, the databases used were: Pubmed, SciElo and PEDro , in Portuguese and English, in the period from January 2019 to December 2024. Ten studies were included to be analyzed in this systematic review, and it showed that manual therapy provides significant benefits, such as reducing pain and improving the function of patients with plantar fasciitis. In conclusion, this study offers valuable insight into how an integrated approach can benefit patients with plantar fasciitis . The findings reinforce the need for personalized treatments, emphasizing that combining different modalities may be key to successful recovery. However, there have been few scientific articles on these manual techniques, so it is worth highlighting the importance of encouraging further studies.
Keywords: Plantar Fasciitis; Manual Therapies; Myofascial Release; Stretching.
INTRODUÇÃO
A FP é o problema mais comum da região posterior do pé em corredores, causa dor na face plantar do calcanhar e na face medial do pé. Sendo também a principal causa de talalgia, em indivíduos adultos, caracterizando-se por quadro doloroso na região plantar do retropé (METZKER, 2012 apud MEJIA; SILVA, 2018). Os sintomas são descritos como incômodos e dores latentes na fáscia do pé nas primeiras horas do dia, logo quando é feito o primeiro apoio no chão, pois durante o repouso há um encurtamento e a fáscia plantar tende a retrair-se. Longas caminhadas e extensos períodos em posição ortostática são resultados de dor e desconforto, visto que traumatismos repetidos conduzem à degeneração do colágeno. E como consequência surge a limitação do paciente em poder realizar suas atividades desejadas no cotidiano (CASTRO, 2010 apud MEJIA; SILVA, 2018).
A liberação miosfacial é uma técnica manual a qual mescla apoios, pressão manual e deslizamentos no tecido miosfascial, que requer o reconhecimento das áreas e trajetos de resistências e tensões, que se dá num processo interativo, pois necessita da resposta do corpo do paciente para determinar a duração, profundidade e direção da pressão exercidas sobre o tecido (RÊGO, 2012 apud ROCHA; ROCHA; GUIMARÃES, 2023). É um dos recursos utilizados no tratamento de FP, pois promove: alongamento dos músculos e fáscias; ajudando a relaxar tecidos tensos, alongando os músculos e a fáscia plantar, restabelecimento da liberdade de movimento; o destravar e reequilibrar os músculos e o tecido conjuntivo, a LM melhora a mobilidade, redução da dor e inflamação e promoção do alinhamento postural; a LM ajuda a liberar retrações e reorganizar a postura estrutural e biomecânica.
A fascite plantar pode ser muito incômoda e dolorosa para o indivíduo acometido. A atuação fisioterapêutica no tratamento da fascite plantar demonstra ter grande importância tanto na prevenção, como na redução dos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes.
O tema foi escolhido para elucidar e unir técnicas de terapias manuais que demonstrem eficácia no tratamento da fascite plantar. Utilizando abordagens manuais, o fisioterapeuta tem um leque abrangente de formas de tratar pacientes que estejam acometidos com fascite plantar, principalmente sendo de fácil acesso e possível de ser realizada em clínicas, hospitais, home care, entre outros.
A importância de se realizar a revisão de literatura é agrupar informações em um local e proporcionar agilidade e facilidade para profissionais da área da fisioterapia terem como referência várias técnicas possíveis e elencar o que melhor se encaixa para seu paciente.
METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho utilizou-se do modelo de revisão sistemática de literatura, metodologia bastante utilizada na área da saúde para reunir informações e resultados do meio científico. Definida como sendo um método sistemático, explícito e reproduzível que permite identificar, avaliar e sintetizar os estudos realizados por investigadores, acadêmicos e profissionais nas bases de dados científicos (SOUSA,2018).
A busca bibliográfica científica foi realizada no período de abril a maio de 2024, onde os autores do trabalho avaliaram e identificaram estudos de forma abrangente, visando utilizar os critérios de inclusão e exclusão para definir pontos específicos na busca de trabalhos sobre a temática proposta. Foram utilizadas plataformas digitais PEDro (Physiotherapy Evidence Database), SciElo (Scientific Eletronic Library Online) e PubMed, como base de dados, onde foram utilizados os idiomas português e inglês, pois ambos são de domínio de um ou mais autores. O recorte temporal foi de 5 anos da data do ano da pesquisa (2019- 2024). A estratégia de busca foi dada pela combinação das seguintes palavras-chaves: “fascite plantar”, “terapias manuais”, “liberação miofascial” e “alongamento” e seus referentes em inglês: “plantar fasciitis”, “manual therapy”, “myofascial release” e “stretching”, associando aos operadores boleanos “E” em português e “And” em inglês. Os autores em conjunto realizaram a busca inicial, sendo adequado posteriormente a cada etapa da metodologia estabelecida por meio da inserção dos critérios de inclusão e exclusão.
Optou-se por incluir na revisão apenas os estudos que tivessem ligação direta com a fascite plantar e terapias manuais, estas, independentemente de quais fossem e foram excluídos os trabalhos que abordavam terapias manuais em outras patologias, que abordavam outras formas de tratamento da fascite plantar que não as terapias manuais, estudos fora dos idiomas escolhidos, estudos fora do recorte temporal, capítulos de livros, resumos científicos, teses, dissertações, editoriais, cartas ao editor e anais de congresso, assim como os estudos que não tivessem seu conteúdo com acesso gratuito.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo revisou na literatura os artigos de maior relevância entre abril e maio de 2024. Foram encontrados 83 artigos, sendo que destes 10 se enquadraram, de acordo com os critérios pré-estabelecidos. Para melhor detalhar o passo a passo da sistematização da busca dos artigos selecionados segue fluxograma descrito na Figura 1 com o quantitativo de artigos coletados. O resultado qualitativo após a análise de dados é apresentado de forma sucinta na figura 1.
Figura 1. Sistematização da busca
Tabela 1. Artigos selecionados para o estudo
Autor | Ano/Revista | Objetivo | Métodos | Resultados |
Frasera J.J. et al | Journal of Manual & Manipulative Therapy, 2018 | Avaliar se a terapia manual no tratamento de pacientes com fascite plantar melhora a dor e a função de forma eficaz do que outras intervenções | Foi realizada uma revisão sistemática de todos os ensaios clínicos randomizados (RCTs) que investigam os efeitos da terapia manual no tratamento de pacientes humanos com Fascite plantar, fasciose plantar e dor no calcanhar, publicados em inglês nos bancos de dados PubMed, CINAHL, Cochrane e Web of Science. A qualidade da pesquisa foi avaliada utilizando a escala PEDro. Os tamanhos de efeito de Cohen e os intervalos de confiança de 95% associados foram calculados entre os grupos de tratamento. Os autores fizeram uma analise rigorosa de várias pesquisas existentes, considerando tanto os métodos de terapia manual, como mobilizações e manipulações, quanto comparação com outros tratamentos convencionais, como fisioterapia e intervenções farmacológicas. | Os resultados indicam benefícios significativos e discute as implicações clinicas da terapia manual, sugerindo que, embora os resultados sejam promissores, a abordagem deve ser individualizada para atender as necessidades especificas de cada paciente. Os autores concluem que, apesar das limitações, a terapia manual representa uma opção viável no manejo da fascite plantar, destacando a importância de um tratamento abrangente e bem estruturado. |
Pollack Y. et al | The Foot, 2017 | Determinar se a massagem profunda, massagem miofascial, a liberação ou mobilização articular são eficazes no tratamento da dor plantar no calcanhar. | Uma revisão crítica de todos os estudos disponíveis com ênfase em ECRs, os bancos de dados PubMed, PEDro e Google Acadêmico foram pesquisados. Foram encontrados seis ECR relevantes: dois examinaram a eficácia de mobilização articular na dor plantar do calcanhar e quatro a eficácia das técnicas de tecidos moles. Cinco estudos mostraram um efeito positivo de curto prazo após o tratamento de terapia manual, principalmente suaves mobilizações de tecidos, com ou sem exercícios de alongamento para pacientes com dor plantar no calcanhar Um estudo observou que adicionar mobilização articular ao o tratamento da dor plantar do calcanhar não foi eficaz. | De acordo com os ECRs revisados, a mobilização de tecidos moles é uma modalidade eficaz para o tratamento da dor plantar no calcanhar. Resultados da mobilização articular são controversas. |
Yelverton C. et al | Health AS Gesondheid,2019 | Comparar a manipulação do pé e tornozelo e a massagem de fricção cruzada da fáscia plantar; a massagem de fricção cruzada da fáscia plantar e o alongamento do complexo gastroesóleo; e uma combinação dos protocolos acima mencionados no tratamento da fascite plantar | Quarenta e cinco participantes entre 18 e 50 anos com dor no calcanhar por mais de 3 meses foram divididos em três grupos e receberam uma das intervenções de tratamento propostas. Manipulação do pé e tornozelo combinada com massagem de fricção cruzada; alongamento do complexo gastrocsoleus combinado com massagem de fricção cruzada; e uma combinação de manipulação do pé e tornozelo, massagem de fricção cruzada e alongamento do complexo gastrocsoleus. Os dados coletados foram ADM do tornozelo (usando um goniômetro) e percepção da dor usando o Questionário de Dor McGill e o Índice Funcional do Pé e Algômetro | Os resultados deste estudo sugerem que todas as três abordagens utilizadas têm um efeito benéfico em pacientes com fascite plantar. O uso da manipulação parece aumentar a flexão plantar, enquanto o alongamento passivo aumenta a ROM e diminui a dor. |
Fraser J.J. et al | J Orthop Sports Phys Ther, 2017; | Avaliar a utilização e o emprego de terapia manual e reabilitação supervisionada por fisioterapeutas no tratamento de pacientes com fascite plantar. | Pesquisadores revisaram os registros de pessoas com fascite plantar que foram enviadas para fisioterapia para determinar se esse tratamento diminuiu sua dor. Os pesquisadores estudaram um banco de dados de 819.963 pacientes diagnosticados com fascite plantar. Apenas 7,1% desses pacientes receberam prescrição de fisioterapia. No geral, os pacientes enviados para fisioterapia receberam tratamento baseado em evidências. Esses pacientes receberam terapia manual 87% do tempo e exercícios de reabilitação supervisionados 90% do tempo. | Os pesquisadores descobriram que os pacientes que receberam terapia manual como parte do tratamento tiveram, em média, menos consultas e tiveram um custo de tratamento menor. Esses resultados corroboram estudos anteriores que mostram um tempo de recuperação mais rápido para aqueles que recebem fisioterapia baseada em evidências para dor no pé. Este estudo mostra que, apesar das fortes evidências sobre os benefícios da fisioterapia para fascite plantar, muito poucos pacientes receberam esse tratamento. Se você tem dor no pé, as evidências sugerem que a fisioterapia ajudará você a se recuperar mais rápido e custará menos do que se você não receber esse tratamento. Este estudo também indica que os fisioterapeutas estão adotando rapidamente as recomendações nas diretrizes de prática clínica atualizadas sobre fascite plantar. O uso de terapia manual pelos terapeutas aumentou de 78% em 2007 para 94% em 2011, enquanto o uso de exercícios de reabilitação supervisionados aumentou de 85% para 91% durante o mesmo período. |
Mischke J.J. et al | Journal of Manual & Manipulative Therapy, 2017 | A dor plantar no calcanhar é comum e pode ser gravemente incapacitante. Infelizmente, existe uma lacuna na literatura em relação à intervenção ideal para essa condição dolorosa. Consequentemente, foi realizada uma revisão sistemática da literatura atual sobre terapia manual para o tratamento da dor plantar no calcanhar. | Foram selecionados oito artigos, onde dois apresentam a pontuação 7/10 na Escala PEDro. Ambos os estudos mostram resultados significativos, sempre indicando que a intervenção da Terapia Manual leva a melhora no sintomas e funções dos pacientes. No tratamento foram incluídas Técnicas de Mobilização Neural e tratamento de Tecidos Moles e Articulações. | Cerca de 2 milhões de pessoas gastam US$285 milhões na avaliação e tratamento de dor plantar e no calcâneo. 10% da população ainda sofrera de dor plantar e no calcanhar em algum momento da vida. Estudos indicam que a Terapia Manual é eficaz a longo prazo para o tratamento de dor na região plantar e no calcanhar, os efeitos a curto prazo são mais difíceis de interpretação. |
Brantingham,J.W. et al | Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics, 2009; | Essa abordagem visa consolidar as evidências disponíveis e também fornecer diretrizes mais claras sobre a eficácia das intervenções manipulativas para diversas condições que afetam os membros inferiores. | Entre dezembro de 2006 e fevereiro de 2008, foram realizadas buscas em diversas bases de dados, utilizando termos relacionados à quiropraxia e condições ortopédicas. A seleção incluiu estudos que abordavam diagnósticos e terapia manipulativa, excluindo dor sem diagnóstico claro ou encaminhamentos cirúrgicos. | Resultados: Das 389 citações, 39 foram relevantes. Os achados indicam: Nível C (evidência limitada): Terapia manipulativa combinada com terapia multimodal ou exercício para osteoartrite do quadril. Nível B (evidência justa): Terapia manipulativa para joelho e/ou tornozelo, associada a exercícios, é benéfica em casos de osteoartrite do joelho, síndrome da dor patelofemoral e entorse de tornozelo. Nível C: Terapia manipulativa do tornozelo e pé em condições como fascite plantar e metatarsalgia. Nível I (evidência insuficiente): Para terapia manipulativa em caso de hálux valgo. Esses resultados sugerem que a terapia manipulativa pode ser eficaz quando combinada com abordagens multimodais, embora a evidência varie conforme a condição tratada. |
Ordine R.R. et al | Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy,2011; | Investigar os efeitos da terapia manual de pontos-gatilho (PG) combinada com um programa de autoalongamento para o manejo de pacientes com dor plantar no calcanhar. | 60 pacientes com dor no calcanhar foram randomizados em dois grupos. Foram avaliados a função física, dor corporal, limiares de dor à pressão nos músculos gastrocnêmio, sóleo e calcâneo. Ambos os grupos realizaram um protocolo de autoalongamento. O grupo 2 recebeu, adicionalmente, terapia manual para pontos gatilho miofasciais. | Os resultados sugerem que a adição da terapia manual para pontos gatilho miofasciais a um protocolo de autoalongamento pode ser uma estratégia eficaz para o tratamento da dor no calcanhar, proporcionando alívio da dor e melhora da função física em um curto período de tempo. |
Santos B. et al | Journal of Chiropractic Medicine,2016; | O objetivo deste relato de caso é descrever o manejo do uso de uma combinação de fortalecimento do quadril e terapia manipulativa (TM) em um paciente com fascite plantar. | Inicialmente, foi realizada avaliação clínica para mensurar a intensidade da dor (Escala Numérica de Avaliação da Dor), limiar de dor à pressão (algometria) e percepção de esforço (Escala de Exercício Resistido OMNI). O paciente foi então submetido a 10 sessões de fortalecimento de quadril e TM durante um período de 3 meses. Após o tratamento, a intensidade da dor e o limiar de dor à pressão foram reavaliados. | A combinação de fortalecimento de quadril e TM melhorou a dor no pé em paciente com diagnóstico clínico de fascite plantar. |
Young B. et al | Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 2004 | Examinar uma abordagem de tratamento combinada para a dor plantar, focando na fascite plantar. Os autores apresentam uma série de casos clínicos que demonstram a eficácia de uma estratégia de tratamento que integra terapia manual e fisioterapia baseada em deficiências específicas dos pacientes. | A metodologia adotada pelos autores enfatiza a personalização do tratamento. Cada paciente passou por uma avaliação detalhada que identificou as suas necessidades individuais, permitindo a seleção de técnicas manuais apropriadas e a implementação de exercícios terapêuticos específicos. O protocolo de tratamento não apenas visa a redução da dor, mas também busca melhorar a função geral do pé e prevenir a recorrência dos sintomas. | Os resultados observados são encorajadores, com muitos pacientes reportando uma redução significativa na dor e uma melhora nas atividades diárias. O artigo destaca que a combinação de terapia manual com exercícios de fortalecimento contribuiu para uma recuperação mais completa, permitindo que os pacientes retornassem às suas atividades normais de maneira mais eficiente. Os autores também discutem as implicações clínicas de suas descobertas, sugerindo que a abordagem combinada pode ser mais eficaz do que métodos isolados. Eles enfatizam a importância de um acompanhamento contínuo, pois a reavaliação periódica permite ajustes no tratamento conforme necessário. |
Lee T.L. et al | Journal of Acupuncture and Meridian Studies, 2018; | O artigo explora uma abordagem não invasiva e multimodal para o tratamento da fascite plantar, destacando um estudo de caso que ilustra a eficácia desse método. A fascite plantar é uma condição dolorosa que afeta a qualidade de vida, e o tratamento convencional pode nem sempre ser suficiente. | Os autores adotaram um protocolo que combina terapia manual, exercícios de alongamento e fortalecimento, e técnicas complementares, como terapia por ultrassom e o uso de órteses. Essa estratégia holística visa abordar tanto os sintomas quanto as causas subjacentes da dor. | Os resultados mostram que a abordagem não invasiva e multimodal não só alivia a dor, mas também ajuda na recuperação de forma mais eficaz. Os autores enfatizam que é importante acompanhar como o paciente está se saindo e fazer ajustes no tratamento quando necessário. |
Figura 2. Gráfico apresentando resultados do estudo.
O que podemos constatar neste estudo é que a terapia manual é uma abordagem utilizada na reabilitação da fascite plantar que proporciona benefícios significativos. A reabilitação da fascite plantar é essencial para garantir a recuperação adequada e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
A fascite plantar ou dor no calcanhar afeta aproximadamente 10% da população geral ao longo da vida (AJIMSHA,2014). Foi relatado que a dor plantar no calcanhar abrange 8%- 15% das queixas nos pés (AJIMSHA,2014; ORDINE,2011), sem tendência específica de gênero (BEESON,2014) e tem um impacto negativo na qualidade de vida específica do pé e na saúde geral, apresentando padrões distintos de incapacidade em diferentes domínios funcionais (ORDINE,2011). Até o momento, há evidências de que esta condição pode não ser caracterizada por inflamação, mas sim por doença degenerativa não inflamatória e alterações na fáscia plantar (ORDINE,2011). A dor plantar do calcanhar está associada a um distúrbio do local de inserção do fáscia plantar caracterizada por rupturas microscópicas, ruptura do tecido colágeno e cicatrizes.
A fascite plantar é classificada como uma síndrome que resulta de traumas repetidos na fáscia plantar em sua origem no calcâneo, resultando em dor e disfunção, e pode frequentemente se tornar uma fonte de frustração tanto para o paciente quanto para o clínico (SCHWARTZ & SU, 2014). Para esse fim, apresentamos algumas técnicas de terapia manual que podem ser usadas isoladamente ou em conjunto com outros tratamentos. Nossa pesquisa se preocupou em determinar quais técnicas eram mais eficazes no tratamento da fascite plantar. Embora todas mostram uma melhora, certas combinações de terapia mostraram mudanças mais significativas.
Yelverton et. al., 2019, concluiu por meio de suas pesquisas que a massagem de fricção cruzada da fáscia plantar e o alongamento do complexo gastrocsóleo apresentaram a maior melhora geral em termos de redução da dor, incapacidade e amplitude de movimento da dorsiflexão do tornozelo, enquanto o grupo combinado apresentou o maior aumento na flexão plantar.
Ordine et. al, 2011, investigou os efeitos da terapia manual (TM) de trigger points (TRP) combinado com um programa de autoalongamento. O grupo controle recebeu um protocolo de exercícios de autoalongamento enquanto o grupo de intervenção recebeu o mesmo protocolo de exercícios e uma técnica de liberação de pressão TRP para ambos os músculos gastrocnêmios. A pressão foi aplicada sobre os pontos até que o clínico sentisse um aumento da resistência muscular (barreira tecidual) e foi mantida sucessivamente até a liberação da faixa tensa. O procedimento foi então repetido por 90 segundos (geralmente três repetições). Além disso, movimentos longitudinais profundos sobre o músculo gastrocnêmio foram realizados. Todos os participantes compareceram a uma clínica de fisioterapia, quatro dias por semana, durante quatro semanas, um período bem curto e já mostraram benefícios. Nos resultados, pacientes recebendo uma combinação de autoalongamento e terapia manual TRP, experimentaram uma maior melhora na função física e maior redução na dor em comparação com aqueles que receberam o protocolo de autoalongamento.
Na revisão de POLLACK, por exemplo, Saban et al. 2014, descobriram que a massagem profunda para os músculos posteriores da panturrilha em combinação com exercícios de mobilização neural é mais eficaz do que o ultrassom terapêutico. Cleland et al, 2009 concluíram que a terapia de mobilização tecidos moles, mobilização da articulação do retropé e exercícios foram superiores aos agentes eletrofísicos e exercícios no tratamento da dor no calcanhar. Devido às muitas técnicas e articulações envolvidas, não foi possível determinar qual técnica era superior e qual articulação era a mais relevante.
A TM está claramente associada à melhora da função e pode estar associada à redução da dor em pacientes com FP. É recomendado que os clínicos considerem o uso de técnicas de mobilização de articulações e tecidos moles em conjunto com alongamento e fortalecimento ao tratar pacientes com FP (FRASERA, 2018). A combinação de terapias manuais com exercícios de fortalecimento resultou em um aumento da força dos músculos intrínsecos do pé, contribuindo para uma melhor biomecânica durante atividades diárias (FRASERA,2018). As técnicas para tratamento de FP incluem manipulação articular passiva do tornozelo e do pé; manobras miofasciais do gastrocnêmio, músculos sóleo e fáscia plantar; mobilização neural do nervo tibial; e alongamento da fáscia plantar e tríceps sural (MARTIN, 2014). Um estudo relatou que o fortalecimento dos abdutores e rotadores externos do quadril é eficaz para reduzir a dor na fascite. O fortalecimento dos músculos do quadril tem sido recomendado para o tratamento de vários distúrbios musculoesqueléticos. Em outro estudo o fortalecimento do quadril combinado a TM teve um ótimo resultado (SANTOS,2016).
A recuperação da fascite plantar pode reduzir custos relacionados a tratamentos médicos contínuos, beneficiando não apenas o paciente, mas a sociedade como um todo. A utilização de TM por fisioterapeutas no cuidado de pacientes com FP aumentou progressivamente nos últimos anos e parece resultar em redução de custos e duração do tratamento (FRASER,2017)
O mecanismo de eficácia da TM é multifatorial e abrange efeitos mecânicos, neurofisiológicos e psicoemocionais (BIALOSKY,2009), todos os quais podem beneficiar pacientes com FP. Um tratamento eficaz geralmente envolve uma combinação de terapias manuais e exercícios proporcionando uma abordagem holística para a recuperação (YOUNG,2004; LEE,2018).
A variabilidade dos métodos de tratamento nos estudos revisados torna difícil comparar a eficácia de cada método.
De acordo com nossas descobertas, há evidências consistentes quanto à eficácia da mobilização de tecidos moles, enquanto existe uma inconsistência quanto à eficácia das mobilizações articulares no tratamento da fascite plantar. Parece que o encurtamento dos músculos e da fáscia estão envolvidos na patologia e não na amplitude limitada de movimento da articulação do tornozelo.
A limitação da nossa revisão é o pequeno número de estudos publicados e a heterogeneidade das técnicas de tratamento em cada uma delas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados sugerem que as terapias manuais desempenham um papel importante na reabilitação da fascite plantar, contribuindo para a redução da dor, melhoria da mobilidade e aumento da qualidade de vida. Uma abordagem holística que combine essas terapias com exercícios de fortalecimento, alongamento e educação do paciente é recomendada para otimizar os resultados clínicos.
Apesar dos resultados positivos, é importante considerar as limitações das pesquisas existentes, como tamanhos de amostra reduzidos e a falta de protocolos padronizados. Estudos futuros devem abordar essas questões para fortalecer as evidências sobre a eficácia das terapias manuais.
REFERÊNCIAS
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1Discente do Curso Superior de Fisioterapia, da Cruzeiro do Sul Educacional e-mail: Thayse.cano@hotmail.com
2Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Cruzeiro do Sul Educacional e-mail: carolineditzel@gmail.com
3Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Cruzeiro do Sul Educacional e-mail: claudiakulkaa@gmail.com
4Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Cruzeiro do Sul Educacional e-mail: drielikintopp@hotmail.com
5Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Cruzeiro do Sul Educacional e-mail: eduardabrgs2115@gmail.com
6Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Cruzeiro do Sul Educacional e-mail: franciele.kadamoto@gmail.com
7 Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Cruzeiro do Sul Educacional e-mail: Lucas.coltri@hotmail.com
8 Discente do Curso Superior de Fisioterapia da Cruzeiro do Sul Educacional e-mail: yuri.rlima@outlook.com
9 Docente do Curso Superior de Fisioterpaia, da Cruzeiro do Sul Educacional. e-mail: laura.rodrigues@fsg.edu.br
10 Docente do Curso Superior de Fisioterpaia, da Cruzeiro do Sul Educacional. e-mail: fabricioc@udf.edu.br